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quinta-feira, 9 de março de 2017

A BUSCA DA FELICIDADE! - Dinah Ribeiro de Amorim (AMORA)

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A BUSCA DA FELICIDADE! 
Dinah Ribeiro de Amorim (AMORA)

  “Buscai antes o reino de Deus e todas estas coisas vos serão acrescentadas...” (Lucas 12:31)

  Caminha um homem muito triste e abatido, cansado e decepcionado com as amarguras do mundo. Seus problemas foram tantos que abandona tudo e sai à busca da felicidade ou, pelo menos, momentos felizes.

  Percorre caminhos estreitos, perigosos, que se abrem em montanhas e vales. Atravessa rios perigosos, riachos profundos, cachoeiras volumosas que terminam em lagos quietos, tranquilos...

Conhece pessoas, grupos espalhados aqui e lá. Aparentemente felizes, cantadores, tocadores, dançarinos, rindo e brincando o tempo todo. Beberrões, tornam-se briguentos quando o álcool lhes sobe à cabeça. A alegria transforma-se em raiva, apartada pelos mais velhos. Falta-lhes domínio próprio!

  Alguns grupos que encontra na sua caminhada são cultivadores da natureza. Alimentam-se do que  plantam. São os naturalistas. Sente-se bem com eles, permanece ali certo tempo até que percebe: também brigam muito. Dedicam-se exageradamente ao sexo, possuindo seus homens inúmeras mulheres e grande número de filhos. Não há paz entre eles! Gera contenda e acalmar mulheres ciumentas é difícil, sem falar na criação da meninada, competindo o tempo todo. Problemas no relacionamento!

  Continua sua jornada, ainda desgostoso da vida, procurando um povo feliz e sem problemas para terminar seus dias e descansar finalmente.

  Chega a um lugar repleto de construções: casas, templos,  prédios. Homens trabalham o tempo todo. Mulheres e crianças também na lida. Não se importam  com a  plantação, com a terra, mas com o que podem tirar dela: sementes para vender, madeira para utilizar, borracha para transformar. Possuem petróleo nas terras. Isso os torna ricos e prósperos. Dão muito valor ao dinheiro e ao que podem adquirir e aplicar para conseguirem mais. Aparentemente, a fartura, a riqueza e o conforto imperam. Seriam felizes?

 Permanece por um tempo observando a fisionomia das crianças, mulheres, jovens e velhos. Não têm sentimento. Agem mecanicamente! Não expressam alegria. Verdadeiros robôs dedicados às finanças. Excesso de materialismo!

Não, também não são felizes, afasta-se e reinicia sua caminhada.

Cansado, senta-se em um local sombreado, cheio de árvores frutíferas que caem na sua cabeça. Observa ao redor, curioso e percebe muita água: lagos, rios, fontes, muita fartura de peixes e terra boa e úmida para plantação. Procura seus habitantes. Encontra-os  espalhados, indolentes, gordos e ociosos, comendo e dormindo a maior parte do tempo.

Tomam sol se é dia bonito e recolhem-se às choças de palha, nas chuvas fortes. Não possuem grandes preocupações, mas não se dedicam a nada. Gostam de comer e, para isso, utilizam-se da fartura da terra que possuem. Não trabalham, permanecendo obesos e aparentemente doentes. Até as crianças não correm e brincam. São apáticas e muito robustas.

O velho homem medita e chega à conclusão que também ali não permaneceria. Fartura demais naquela região. Embora fosse um presente dos céus, seus moradores não tinham objetivos a não ser comer e o excesso de comida acaba com eles. Transforma-os em preguiçosos e doentes. Não dão valor ao que têm!
Restabelece-se do cansaço e continua suas andanças pelo mundo.

Chega a um lugar fortificado, com estrondo de bombas e  tiros. Seus habitantes, continuamente em guerras, já não sabem como viver, a não ser odiar, guerrear e matar. A cidade apresenta características tristes e grotescas. Um eterno construir e destruir, atacar, defender, recomeçar.

Para entrar nesse lugar é feito prisioneiro, recebendo inúmeras perguntas. Quem era? O que queria? O que fazia?

 Amedrontado, justifica-se como pode, até que o largam a um canto, percebendo que era inofensivo.

 Adormece pensando “logo que puder, fujo daqui. Detesto  guerras e nem sei o por que de tanta luta, nem eles mesmos sabem. Se houve motivos, já se esqueceram! Virou um vício! O cultivo do ódio, do ataque, da defesa. Armas nas mãos de crianças! Excesso de ressentimento! Falta de amor e perdão!

 Afasta-se dali com o descuido da guarda e, mais infeliz e abatido, caminha um dia inteiro, só parando à noite, para descansar. Dormiria e, no dia seguinte, pensaria o que fazer de sua vida. Não aguentaria muito tempo. Talvez estivesse no fim!

Olhando para o céu escuro, cheio de estrelas que cintilam variadas cores, longínquas, inatingíveis, ofuscadas  por  uma lua cheia, clara, risonha, que insiste em se mostrar a ele, fecha os olhos. Qual seria esse mistério? O grande mistério do universo que ninguém ainda conseguiu desvendar. Também, poucos se interessam por isso! Nem o notam!

Sonha. Um anjo aparece e o conforta, dando-lhe uma paz incrível! Sente-se transportado em espírito. Uma voz suave, doce,  fala ao seu ouvido: “volte, retorne aos seus familiares, ao seu povo, recomece sua história. Escreva suas experiências. Sua procura pela felicidade fora de si mesmo. A felicidade que procura está dentro de nós, de nosso coração, de nossa mente, de nossa ligação com o Absoluto, de nossa ligação com Deus!”



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