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quarta-feira, 10 de junho de 2020

A BRAVURA DE JANJÃO - Do Carmo



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A BRAVURA DE JANJÃO
Do Carmo



Estamos vivendo um período de imenso isolamento em reclusão, o que me aborrece deveras. Gosto de conviver com meus amores e amigos, tomar cafezinho às tardes, como nosso hábito entre as amigas do prédio, cada dia em um apartamento, com acompanhamentos bem leves, ou seja, bolos recheados, bolachinhas com patês ou geleias e assim por diante.

Com essa apatia diária, comecei a bisbilhotar pela varandinha, os movimentos dos apartamentos vizinhos e da rua.

Fiquei conhecendo um homem andarilho, que apesar de sua aparência peculiar ao seu estilo, mostra-se educado com os poucos transeuntes, carinhoso com os cãezinhos que passeiam com seus donos, e sorrindo sempre, caminha vagarosamente amparado com uma muleta, pois tem uma improvisada perna de pau.

Hoje por volta das onze horas, como ultimamente tenho feito, depois do café da manhã, debruço-me no parapeito da varandinha e já espero ver o cadenciado andar do Janjão, como o apelidei.

Esperei como sempre até que ele desaparecesse do alcance do meu olhar, e fui cuidar de meus afazeres.

Qual foi minha surpresa ao ouvir gritos vindos da rua, onde se misturavam vozes de jovens e de adulto, e como fundo, uma de criança.

Rapidamente, voltei à varanda e com espanto vi o Janjão segurando um menino pelo braço amparando-o, querendo salvá-lo dos murros e pontapés de dois garotos, muito maiores do que ele.

A indignação do andarilho era comovente, pois advertia em voz alta, com propriedade e sabedoria, porém de nada adiantava. O que fez os malvados se acovardarem foi quando, num impulso de defesa, Janjão curvou-se, puxou sua perna de pau e como espada a empunhou em direção aos agressores, que dispararam em retirada.

Sentados na calçada, acarinhava o pequeno agredido e por alguns minutos, ainda fiquei vendo essa cena comovente.

Quando me refiz da emoção e voltei à varanda, já não estavam mais lá.



Barba Ruiva - Hirtis Lazarin




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Barba  Ruiva
Hirtis Lazarin



Suspeito e poderoso navio
Singra veloz o furioso mar
Enfrenta qualquer desafio
Quando a ordem é atacar.


Marinheiros a postos
Disparam canhões
Desfiguram-se rostos
Perdidos em explosões.


O alvo desatento
Rende-se ao ataque
Ao inimigo sedento
É hora do ataque.


A turba enfurecida
Carrega muito ouro
Após idas e vindas
Acumula um tesouro.


Ratos famintos, predadores
Matam, queimam, destroem
Epidemia de horrores.


Barba Ruiva
Capitão pirata
Lenda viva
Não é bravata.


"Eu sou o pirata da perna-de-pau
Dos olhos de vidro
Da cara de mau."


O PERNA DE PAU - Henrique Schnaider




O PERNA DE PAU   
Henrique Schnaider



João nasceu anão, a vida não foi fácil para ele desde pequeno, seus pais também eram, lutavam com muita dificuldade, para conseguir trabalho, sempre iam parar, em algum circo ou viviam de bicos.

Tinham que morar numa casa adaptada, casinha de bonecas. Até os seus primeiros passos, João custou a aprender com aquelas pernas curtinhas, pelo menos o tombo era perto do chão.

Arrumar amigos era problema para o pobre do João, com seu tamanhinho, as crianças vizinhas tinham o pé atrás com ele, já que era mais motivo de piadas, do que de amizade, “tampinha de garrafa, anão de jardim, amostra grátis, chaveirinho, cotoco”. Mas com o tempo, alguns garotos acabaram se afeiçoando a ele, tornaram-se amigos.

João adorava brincar de perna de pau, feitas pelo pai, o menino mostrava uma facilidade incrível com aquelas perninhas, deitava e rolava, os amigos ficavam bobos de ver tamanha habilidade, ganhou o respeito de todos.

Passou pela adolescência, chegou à idade adulta, sem muitas mudanças na vida, cresceu pouco, o mundo continuava grande ao seu redor.

Estudou primeiro e segundo graus, não sentiu ânimo de ir frente nos estudos, quem iria contratar um toquinho de gente?

Incentivou os pais a irem, junto com ele pedir emprego, num circo que passava na cidade de Paripueira, próxima a São Luís do Quitunde, onde moravam, a trezentos quilômetros de Maceió.  

Lá foram eles, falar com o dono do circo, próximos, viram aquela lona vistosa, surpresa, o circo pertencia a sete anões, sentiram-se em casa, o chefe dos sete, era Carlos, o zangado, topou contrata-los, a Companhia era quase só de anões. Os pais iriam trabalhar na coxia, o rapaz deu um show com as pernas de pau, daí o apelido do mesmo nome. Zangado ficou encantado, disse que ia preparar um número de picadeiro só para ele.

Incorporaram a vida ao circo, foram em frente, de cidade em cidade, até chegarem a Maceió, capital do Sergipe. No circo João conheceu Cidinha, anãzinha graciosa, se encantou, adorou o jeitinho faceiro dela, ela por sua vez, se deixou encantar.

Algo imprevisto acontece, eis que chega o inimigo invisível, nada mais nada menos, do que o Corona Vírus, acabaram as apresentações, o circo ficou às moscas, todos os membros do circo ficaram sem trabalho, vivendo de doações. O futuro ficou nebuloso, ninguém sabe qual será.



O cãozinho aventureiro - Alberto Landi

    O cãozinho aventureiro Alberto Landi                                       Era uma vez um cãozinho da raça Shih Tzu, quando ele chegou p...