A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Um brinde à descoberta - Hirtis Lazarin

 



Um brinde à descoberta

Hirtis Lazarin


Olhei para o relógio e os ponteiros do relógio já marcavam 1:30 horas da manhã.  O calor era tanto que expulsou meu sono.  

Abri a janela do meu quarto e lá estava a lua cheia, cheia de beleza.  Há tempos não a via assim explodindo de felicidade.  Parecia tão perto de mim que, quando me dei conta, eu estava na ponta dos pés, braço esticado tentando apalpá-la.  Senti vergonha desse gesto tão infantil.

Lá embaixo, as ruas bem iluminadas e solitárias.  Muitas árvores copadas.  As folhas aquietadas nos galhos por conta da ausência de uma brisa que as acalentasse.

Muros de concreto, janelas de edifícios  e casas vizinhas.

Vários containers sobrecarregados com pedaços de tijolos e de madeira que já foram paredes, portas e janelas.  São histórias de famílias antigas do bairro que desabam, se misturam à espera daqueles que as enterrarão.

Meus olhos buscam e, no prédio em frente, encontro uma sacada iluminada.  A única. Fixo atentamente os olhos e distingo a figura de um rapaz.  Na mão uma garrafa de cerveja.  "Boa ideia”.  Corro até a geladeira e imito-o naquele silêncio sem o latido de um cachorro assustado, sem o pio de uma ave noturna.

Brindo sozinha a descoberta.

VIAGEM À TOSCANA - Alberto Landi

 





VIAGEM À TOSCANA

Alberto Landi

 

Quando planejei minha viagem à Toscana, procurei ficar num hotel com uma boa localização e bom visual, de tal modo que eu pudesse saborear um bom café da manhã ao mesmo tempo olhar pela janela do apartamento do hotel, a vida cotidiana da cidade de Florença. Todas as manhãs, antes de sair para visitar os locais mais pitorescos da cidade, contemplava da janela o nascer do sol.

 

Os transeuntes passeavam logo cedo pela Ponte Vecchio e pelas ruas medievais. Conforme o sol despontava, via passar os primeiros trens com o reflexo do sol no teto lustroso em alta velocidade, que saía da estação de Santa Maria Novella.  Era o Flecha de Prata seguindo rumo ao norte, em direção a Veneza, traçando um gracioso arco ao longo da zona rural da Toscana.

 

Apesar de se afastar de Florença a uma velocidade de 300 km por hora, o trem quase não fazia barulho apenas leves estalos repetitivos e seu balançar suave surtiam um efeito relaxante nos passageiros.

 

O sol nascente da Toscana começava a tocar as torres mais altas da cidade de Florença, que despertava o Campanille, a Santa Maria del Fiore e Palazzo del Popolo.

 

O ar límpido e gelado daqueles primeiros dias de março ampliava todo o espectro da luz solar que agora despontava sobre as colinas.

 

A imponência da arquitetura de Florença se sobressaía ainda mais com aquele lindo por do sol.

 

Bem no meio do horizonte erguia-se uma cúpula descomunal de telhas vermelhas com o topo enfeitado por uma esfera dourada que reluzia como um farol. É Il Duomo. Sua grandiosidade, beleza, estética são motivos de encantamento para os que contemplam.

 

Brunelleschi já dominava bem os elementos da matemática e geometria ao projetar a cúpula del Duomo.

 

Ele tinha entrado para a história ao projetar a imensa cúpula, e agora, mais de 500 anos depois, a estrutura de quase 115 metros de altura continuava de pé, um gigante inabalável na Piazza Del Duomo.

 

Os campos de lavanda e girassóis reluzia ainda mais na Toscana, naqueles dias frios e ensolarados do mês de março.

 

O rio Arno cortando o centro histórico da cidade enfeita ainda mais o cenário com suas lindas pontes.

 

Admirar o rio Arno, com suas águas esverdeadas e limpidas, é outra atração.

 

Afinal, não estou acostumado com rios limpos cruzando a cidade onde moro.

 

Então, mais do que um encanto, o rio Arno é uma paixão para muitos, inclusive para mim também.

 

Percorrer ruelas por onde circularam Dante Alighieri, Maquiavel, Michelangelo, Vasari, entre outros, são experiências marcantes e inesquecíveis que enriquecem a alma.

 

Em cada canto, uma riqueza histórica e artística.  Toscana conhecida por suas belas paisagens, densas florestas e vegetação mediterrânea incluindo a videira, carvalho, oliveira e o cipreste, sendo este a arvore sagrada dos etruscos.

 

Foi uma experiência inesquecível.

 

 

 

 

LEMBRANÇAS DO PASSADO - Henrique Schnaider

 



LEMBRANÇAS DO PASSADO

Henrique Schnaider

 

Esta foto que tirei da minha janela me remete ao passado e a vontade de fazer um conto memorialista, quando em São Paulo havia prédios apenas no centro velho de São Paulo hoje minha querida cidade não para de crescer, me lembro de uma antiga vinheta da rádio Jovem Pan, vamos embora, vamos embora olha a hora, olha a hora, deixa São Paulo crescer.

Vejo a miríade de prédios, enxergo muito ao longe o estádio do meu querido Palmeiras, clube do coração, vejo um guindaste a direita, sinal da subida vertical de mais um arranha céu, à noite o céu se ilumina com tanta luz de lusco fusco de centenas de prédios. Vejo as torres iluminadas da Band e da Gazeta.

Parafraseando o cantor da minha preferência Zeca Baleiro. Estou aqui na minha janela, não me sinto um solitário paulistano, não me sinto só sozinho, não quero dar um beijo no português da padaria e nem vou receber um telegrama nem do Aracaju nem do Alabama.

Na parte baixa da foto visualizei três casas. A da esquerda é a do Luiz e da Lúcia, ele é meu massagista e assim foi durante alguns anos toda sexta feira, lá ia eu cair nas mãos dele para relaxar e sair pisando nas nuvens.

Veio a Pandemia e ele ficou meses sem ver ninguém e faltou seu ganha pão, o aluguel vencendo o dinheiro não chegando. Aos poucos os clientes foram voltando, só que eu sou dos grupos de risco e fico quietinho na minha casa.

Da casa de frente a minha no centro, morava a Yara mulher difícil geniosa, era complicado se relacionar com ela, morava sozinha, nunca foi para a beira do fogão, recebia comida em casa, não se relacionava bem, nem com filha única.

Aos poucos foi chegando à decadência, o Alzheimer pegando, esquecia chaves, não falava coisa com coisa e dizia que todo mundo queria o mal dela e assim ela ia no candomblé fazer um trabalho contra todos. Teimava em sair com o carro não batia por milagre.

Por fim faleceu sem reconhecer ninguém e agora eu olho para casa abandonada cheia de mato crescendo e é triste de se ver.

A direita fica a casa da pimenta italiana Domênica e do marido Petras, filho de lituanos, aí eu penso que só o Brasil conseguiu esta miscigenação de raças, de povos imigrantes vindos de todos os cantos do mundo.

Eu me relaciono bem com eles, ajudamo-nos mutuamente nas horas de necessidade. Domênica é cozinheira de mão cheia e vira e mexe lá vem ela, toca a campainha toda sem graça me trazendo macarrão com porpeta e outros pratos da cozinha italiana.

Como sou chegado na cozinha e o Petras também, ficamos trocando figurinhas, eu faço pratos da cozinha judaica, levo para ele e tenho a retribuição dele, trazendo para mim da cozinha lituana.

Enfim com tudo que eu vi da minha janela, me sinto feliz pois não estou só sozinho e nem sou um solitário paulistano, pois tenho muitos amigos onde moro e curto eles sempre que posso.

 

Da janela - Ana Catarina Sant'Anna Maués

 



Da janela

Ana Catarina Sant'Anna Maués

 

   Da janela lateral do meu quarto, eu o vejo todas as tardes. De onde virá? Para onde irá?

   Será que carrega algum empresário famoso? Será que disfarça malotes de dinheiro sujo? Talvez seja contrabandista de armas?  Não, não, por certo derrama todas os dias pétalas de rosas para alguma amada?

   São tantas indagações todas as vezes que o contemplo reluzindo ao sol, mas hoje ouso apostar que ele passa para me ver, observar minha janela lá de cima, pois eu aceno todas as vezes e ele, por certo, já espera por isso, não conseguindo mais viver sem essa visão.

   Do alto ele não enxerga meus cabelos alvos em neve, nem as maçãs enrugadas do meu rosto, mas nem por isso menos ruborizadas com a ansiedade de um dia ele chegar próximo e trocarmos juras de amor com olhinhos faiscantes de emoção. 

 Eu e meu piloto desconhecido mantemos um elo, a altura não é empecilho  para a paixão.

Olhando através da minha janela - Adelaide Dittmers

 

Olhando através da minha janela

 

A manhã de um lindo dia de verão. Ainda bem cedo, alguns dormem, outros começam a transitar pelas ruas do bairro! Observo a pressa de uns e de outros com passos lentos parecem admirar a manhã de sol, já quente e o céu límpido de um azul ímpar.

Uns pensando no seus projetos de vida, outros com pressa, imaginam como será seu dia e sua semana. Alguns nem observam a maravilha do dia que se descortina, pois estão preocupados demais com seus familiares, trabalho e tantas outras situações que perdem o espetáculo e a magia da natureza que a todos envia um bom dia, seja feliz, se cuide!  Pois o Senhor nos guiará e o momento é para que se tenha fé, esperança e que tudo vai passar!

Não é como um dia após o outro, cuidemos de sermos felizes e termos energias positivas para bem viver!

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