A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A MELHOR FESTA JUNINA! - Amora

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A MELHOR FESTA JUNINA!
Amora

Festas juninas são sempre divertidas! Muitos enfeites, comidas e bebidas típicas, músicas alegres, vários tipos de dança.

Geralmente, seus visitantes ficam descontraídos, coloridos, com suas botas, chapéus, bigodes e lenços ou saias bordadas, cheias de retalhos, nas mulheres, tentando imitar o nosso caipira da roça, figura tão querida dos brasileiros.

Impossível dizer em poucas palavras a que gostei mais. Todas foram muito boas! Mas, lembrando um pouco o passado, comecei a prestar maior atenção nelas com a participação dos meus netos, na escola.

Assisti-los vestidos de caipira, dançando quadrilha aos pares, foi emocionante e engraçado. São mestiços, minha filha é clara, casada com nissei e eles puxaram mais o lado oriental. Vê-los fantasiados, procurando dançar, acompanhados de alguma coleguinha loira, de trancinhas, ou, a neta, com belo vestidinho trabalhado de fitas, moreninha, de olhos puxados, ao lado de um par completamente diferente, deixou-me sempre contente.

Todo ano, enquanto cresceram, a festa junina da escola foi a mais atraente e divertida, com papais e vovós encantados, preparando flashes para lembrança dos seus filhos e netos. Acho que fiz parte deste grupo, com grande entusiasmo. Tenho fotos pela casa inteira.

Até hoje, lembro com saudade dessa época, pena que cresceram tão rápido, já cursando faculdade, esquecidos talvez desse tempo de criança e das felizes festas escolares.


ANGÚSTIA, JAMAIS. - Do Carmo

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ANGÚSTIA, JAMAIS.
Do Carmo


Desde muito criança, talvez no segundo ou terceiro ano primário, tenho um sonho que acalentei até completar sessenta anos, quando me aposentei e dei asas a essa ideia de tornar-me escritora.
A cada ideia sugestiva surgida no meu imaginário, repleta de repleta de imagens, vinha cercada de insegurança ao passá-la para o papel, eu sentia uma angústia imensa, impotência decorrente da minha situação de vida, pois era uma correria total. Apenas rabiscava o teor do que seria meu texto e guardava para um futuro infinito.
O tempo passou, meus filhos cresceram, formaram-se, casaram-se, e eu acostumei-me com a viuvez. Fiquei vovó, e depois de dez anos, aposentei-me.
Maravilha, renasci como SEMHORA, LIVRE, LEVE E SOLTA.
Desse momento em diante, ninguém mais me impediu de nada. Tornei-me frequentadora assídua de Bibliotecas, Casas de Cultura, Oficinas Literária, onde descobria um espaço cultural, lá estava eu.
Sentia-me realizada, pois a angústia, ansiedade e a impotência, não tinham mais lugar em minha vida. Escrevia tudo o que surgia na mente e, pouco modesta como sou, achava todos os textos uma obra de arte. Leda ilusão. Quando nas aulas eu ouvia a leitura dos textos dos colegas, eu sentia-me uma traça esquecida numa gaveta.
Mas, toda nuvem negra passa e o sol brilha novamente.
Hoje estou livre daquela angústia anterior, quando colecionava ideias e nunca as concretizava.
Agora faço meus textos sem temor ou dúvidas, tranquilamente me submeto às considerações dos professores, as quais acato e tento cumpri-las.
As ideias continuam surgindo, mas aquela sensação de insegurança de não saber como expressar-me, desapareceu, uma vez que aprendi a ler o texto em voz alta, deixá-lo descansar, voltar a ler e se necessário, fazer cortes, rever palavras repetidas, pontuação, tempo dos verbos, concordâncias, enfim, deixar o mais perfeito possível.   
 Feliz e orgulhosa pelo feito, digito com muito cuidado, encaminho às mestras, minha sempre, para mim, obra prima, e espero os comentários e correções.
Estou realizada.


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

UM PRESENTE ESPECIAL PARA A MULHER DO CARROCEIRO - Do Carmo


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UM PRESENTE ESPECIAL PARA A  MULHER DO CARROCEIRO
Do Carmo

João e Maria formam um casal feliz há vinte e dois anos, mesmo não tendo filhos. Trabalhavam em conjunto na pequena chácara, atrás da casa que construíram antes do casamento.
Maria cuidava nos afazeres domésticos e ajudava o marido na colheita e armazenamento dos legumes, verduras e frutas , que cultivavam, os quais eram acomodados com cuidado, em cestos de vime, pois, segundo ela, ventilava os alimentos enquanto esperavam o momento das vendas.
A carroça de João, também muito bem conservada por Maria, estava sempre limpa a mula que a puxava bem alimentada, bem como o pequeno toldo que abrigava o condutor e a caçamba que transportava as mercadorias.
Diariamente, por volta das quinze horas, cansado, mas sorridente, João chegava em casa, gritando por Maria, que logo se acercava dele com uma sacolinha nas mãos. Era a “Sacolinha do Tesouro”, como diziam, pois toda renda das vendas era, religiosamente, guardada, depois de conferidas e separada uma parte, para as necessidades de sobrevivência.
Certo dia, João chegou mais alegre e gritando mais alto. Maria estranhou toda aquela euforia, porém, João saltou da carroça, abraçou com muito amor sua querida esposa e com voz embargada foi dizendo que ela não iria acreditar, pois restou um bonito repolho, que ninguém quis comprar. Então pensei em pedir para que o preparasse para o jantar.
Maria olhou os cestos e de repente parou. Em um deles, encontrou dormindo, um rosado e gorducho bebê, tal e qual idealizava em seus sonhos, para ser seu filho.
Ela começou a chorar e João abraçou-a, novamente, beijou-lhe o rosto molhado e muito emocionado, sussurrou-lhe ao ouvido, que do nada, naquele dia o sonho dela estava se tornando realidade e a felicidade , completa. Hoje, João e Maria, casados há quarenta e seis anos, preparam-se orgulhosos e entusiasmados para assistirem a solenidade da colação de grau do jovem Vitório, único e querido filho do casal.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

PARCERIA QUE DEU CERTO! - (Amora – 2016)


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PARCERIA QUE DEU CERTO!
(Amora – 2016)

Ademir passava todas as manhãs, pela minha rua, com sua carroça desgastada, mal equilibrada, fazendo barulho, pelo excesso de uso. Pedia jornais velhos, garrafas, roupas usadas, tudo que pudesse levar e rendesse algum dinheiro, nos mercados de troca ou reciclagem.

Sua aparência também não era das melhores. Meio sujo, suado, roupas rotas e desbotadas, revelavam o lugar que morava. A rua, talvez.

Acostumamo-nos com ele, com sua freqüência diária. Preparávamos sempre algo em bom estado que ele pudesse vender. Quando as crianças iam jogar fora brinquedos velhos, caixas, papéis de presentes, lembrava--os de Ademir e deixavam separado.

Aprenderam também a gostar dele. Vivia cantando e brincando, contando histórias engraçadas, fazendo-os rirem muito. Era esperado no bairro.

Um dia, conheceu Isaura, uma mulher também pobre, de aparência sofrida e rude, mas bastante esperta e mais inteligente que ele. Começaram a trabalhar juntos.

Isaura, bem mais moça, transformou a aparência de Ademir. Começou a usar roupas melhores, mais limpas, mudando também a visão da carroça velha. Surgiu pintada, enfeitada com flores de papel, rodas novas, rangendo menos e atraindo melhor freguesia. Acompanhava-o em seu trabalho diário, bem trajada, colorida, portando um radinho a tiracolo, com músicas alegres e altas, dançando muitas vezes à frente da carroça para chamar clientela.

Em pouco tempo, Ademir prosperou. Ao invés de pedir coisas velhas, passou a vender as que ainda estavam em bom estado ou, fazer trocas. Sua vida foi mudando, até que comprou uma carroça nova, guiada por um cavalo, fazendo parte das outras chiques, que trabalhavam no parque central da cidade. Levava crianças e turistas, a conhecerem os lugares mais bonitos da região. Virou trabalhador de turismo.

De morador de rua, logo mudou para pequeno barraco de dois cômodos, com boas perspectivas de melhorar ainda mais, convivendo com Isaura.


Sentimos um pouco sua falta, mas desejamos que todo carroceiro encontre uma Isaura na vida, levando-o à prosperidade.

Ajuste - Jany Patricio

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Ajuste
Jany Patricio

            Tudo começou quando certa rede de cinemas ligada a um grande banco fez uma reforma em duas de suas salas na Rua Augusta. As cadeiras ficaram maiores, não me permitindo apoiar as costas nem por os pés no chão. Felizmente, na reforma das outras três salas na mesma rua, os bancos ficaram como eram antes.

            Uma sala de outra rede de cinema também foi reformada, bem como o teatro, ambos no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. Os bancos ficaram grandes. Tive que riscar os dois da minha lista.

            Eu adoro cinema e teatro e ter estas quatro salas cortadas das minhas possibilidades me deixou limitada.

            Num sábado, eu e algumas amigas marcamos de ir ao cinema depois sair para jantar. Fomos ao Reserva Cultural. As cadeiras eram grandes. Lembrei que em alguns cinemas têm uma banqueta e fui procurar. Que maravilha! Lá havia o apoio de pés e pude me divertir tranquila assistindo Maryl Streep em Florence, Quem é essa mulher? Ela está hilária neste papel. Passamos momentos agradáveis, saboreando comida árabe, bebendo chopes ou sucos, conversando e rindo.

            Outro dia eu e uma amiga compramos ingressos no cine Belas Artes para assistir Julieta, um filme de Almodóvar. Eu já estava com dor nas costas por esforços no final de semana e ao deparar com os assentos grandes do cinema não tive coragem de sair deixando minha amiga desapontada. Por sorte o filme era bom e me deixou envolvida por duas horas. No dia seguinte minha coluna estava travada. Tive que parar de ir a academia, de caminhar no parque, ia começar aulas de dança e não pude. Até hoje me trato com fisioterapia e acupuntura.

            Passando em frente a um dos cinemas resolvi verificar se haviam colocado à disposição do público os tais aparelhos. Não haviam. Falei com a pessoa da bilheteria que me deu o telefone da administração. Liguei. Fui atendida cordialmente. Expliquei o meu caso. De início ela me aconselhou a carregar um banquinho. Eu retruquei dizendo que o volume é grande e que às vezes a decisão de assistir a um filme é momentânea. Disse também que no Reserva Cultural tem o banquinho e me parece que lá não há filmes infantis na programação. Cheguei a falar que é uma questão de acessibilidade. Ela, gentil e atenciosa disse que levaria o meu caso para os administradores. Ainda não fui lá conferir nem liguei para o cine Belas Artes, mas vou ligar!

            Acredito que outras pessoas de baixa estatura devam passar pela mesma situação, porém, não reclamam. Aliás, foi assim que falou a moça da bilheteria. – Nunca ninguém falou nada.

            Como a altura da população vem aumentando, não acho incorreto que os assentos fiquem maiores. Porém pode-se ser feito o ajuste para as pessoas de menor estatura disponibilizando as banquetas em todos os cinemas.

            Acho que vou carregar esta bandeira...


domingo, 16 de outubro de 2016

AS MENTES CRIATIVAS DO ICAL - ALGUMAS DELAS



Dinah Choichit 



Rejane Martins




Dinah Choichit - Hirtis Lazarin

Maria do Carmo


Noemia Iasz - Ricardo Augusto - Rejane Martins e Maria do Carmo


Jorge da Paixão

Eliana Dau Pelloni


Ana Catarina SantAnna Maues

Hirtis Lazarin



Eliana - Ana Catarina - Dinah Amora

Dinah Amorim - Amora


Noemia Iasz

Ricardo Augusto

Criando histórias

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

AMIZADE VERDADEIRA. - Do Carmo


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AMIZADE VERDADEIRA.
Do Carmo


Conheço muito bem uma distinta senhora, que em determinadas ocasiões, perde toda a elegância e por vezes retruca com aspereza.

 Desde criança, diante de uma situação de descriminação ou preconceito, ela fica indignada e chega a ser rude em sua fala.

Por volta de mil novecentos e quarenta e seis, estava ela no terceiro ano do curso primário, hoje fundamental, quando uma das colegas de classe convidou-a para seu aniversário, entregando um envelope com o convite.

Como era de seu hábito, estava sempre com uma menina,muito estudiosa, que dizia ser sua melhor amiga da escola,  Para nossa protagonista, cor de pele, religião ou classe social, era indiferente, o que ela julgava importante era a índole  da pessoa.

Indignada, sem agradecer ao convite, tremula e com voz embargada, perguntou a dona da festa, por que só ela estava sendo convidada?

Com muita tranquilidade ela disse que na festa dela só entravam meninas brancas, negras eram diferentes.

Ah, com o coração a saltar pela boca, essa menina com raiva, quis saber se o amor que ela sentia pela mãe, era diferente do que uma menina negra, sentia pela mãe negra.

Sem saber o que responder, muito admirada, estendeu novamente o convite dizendo que era só para ela.

Mais controlada, agradeceu e com voz mais doce que encontrou, disse que não poderia aceitar um convite de quem tem preconceito de cor ou raça e que onde uma amiga é barrada, ela também sente-se barrada..

Essa menina cresceu, estudou, formou-se em pedagogia, casou-se, teve filhos e  continua se indignando com preconceitos estúpidos.


Hoje é comadre da melhor amiga da infância, pois amizade sincera, tem olhos para o coração e despreza a cor da pele. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

LEMBRANÇAS DA MINHA INFÂNCIA - Do Carmo


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LEMBRANÇAS DA MINHA INFÂNCIA
Do Carmo


Como é bom recordar um passado feliz!

Assisti a um filme infantil que me fez voltar ao longínquo passado de minha infância, que foi extremamente alegre, cercada de carinhos, portanto feliz.

Como nasci dezessete anos depois de minha única irmã, fui muito mimada por meus pais e minha irmã, que era verdadeira irmãe.

Tive todos os brinquedos que eram da época: jogo de cozinha com fogão e pia, mesinha com cadeiras e armário para guardar, conjunto de panela, de  café, de refresco, pratos e talheres e um dormitório de boneca, com roupinhas variadas e também jogos diversos para brincar com as amigas. Brincávamos todas as tardes, cada dia na casa de uma delas.

Ganhei de minha irmã, a primeira boneca de louça fabricada aqui na capital.

Um boneco bebê, com rosto, braços e pernas de louça e o corpinho recheado de palha coberto de tecido de algodão. Ele chorava ao virá-lo de bruços e mexia os olhos, abrindo e fechando.

 Aos seis anos ganhei uma bicicleta, coisa rara para meninas na época.

Meu paciente e amoroso pai, por vários dias, depois do trabalho, ensinava-me a andar “com duas rodas” como dizia referindo-se à bicicleta. Demorou mais tempo do que ele esperava, mas aprendi.

 Passeava na calçada com minha amiga Raquel, amiga até hoje, que ganhou sua bicicleta no mesmo Natal que eu.

Minha infância foi maravilhosa, cheia de atenções, carinho e exemplos de boa conduta, moral e religião. Tudo com muita suavidade, porém com respeito,  disciplina e limites. Aprendi a agradecer e pedir perdão.

Que família estupenda eu tive!


Como fui feliz!

A CURA! - Amora


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A CURA!
Amora

Antonio amava sua mulher, Anita, que sofria de histeria. Tentou vários tratamentos, sem solução.

Ela  ficava histérica, transtornada, quando ouvia a palavra “dinheiro” ou qualquer comentário a respeito.

Não sabia comprar, vender, verificar aumento dos preços em lojas, mercados, etc. Nem participava das crises atuais do país.

Conversas sobre contas a pagar, dívidas, faziam-na entrar em crise e, o marido, coitado, assumia todas as tarefas domésticas. Vivia cansado.

Televisão, só novelas. Nada de Jornal Nacional, corrupção de políticos, passeatas, pouca companhia fazia ao marido.

Um dia Antonio resolve entrar na loteria e comprar um bilhete. Torce para sair premiado. Não é que foi mesmo! Ganha, sozinho, um montão de dinheiro.

Quando chega em casa, diz à mulher:

_ Ganhei na loteria. Não vá desmaiar!

_ Quanto? Pergunta Anita, branca de susto, quase desfalecendo.

_ Dois milhões, responde ele, já pegando o remédio.

_ Maravilha, Antonio! Acabaram nossos problemas.

Antonio, surpreso, sorri satisfeito, pensando “acabou a histeria”.


UM EXEMPLO DE AMOR. - Do Carmo

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UM EXEMPLO DE AMOR.
Do Carmo



Há dias deparei-me com uma cena tocante. Emocionei-me às lagrimas.
Estava chegando ao restaurante habitual para meu almoço, quando vi, um menino de rua, saindo equilibrando nas mãos, uma embalagem de comida e dois copos.
Sujinho e descalço, com olhar de felicidade nostálgica, sentou-se na calçada, colocou as embalagens no chão e soltou um vibrante assobio.
 Para minha surpresa, apareceu um alegre saltitante cachorrinho, sujinho como seu dono, rabinho balançando, aninhou-se em seu colo, lambendo-lhe o rosto. Seu semblante iluminou-se e abraçando seu companheiro, disse-lhe com voz emocionada: teremos hoje um banquete como almoço.
Abriu as embalagens, colocou na tampa a metade da comida e sorrindo disse:  
 — Bom apetite, companheiro!

Quem era ela? - Hirtis Lazarin

  Quem era ela? Hirtis Lazarin     A rua já estava quase deserta. Já se ouvia o cri-cri-lar dos grilos. A lua iluminava só um tantin...