A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

terça-feira, 8 de agosto de 2023

O Velho CHICO - Alberto Landi

 



O Velho CHICO

Alberto Landi

 

Sou apenas um rio, não posso falar, mas quero fazer um alerta a todos vocês, não me tragam poluição! Meu nome é Chico, venho lá de longe, da Serra da Canastra, vou levando um pouco de irrigação a todas as regiões que percorro.

Por onde passo vou até o sertão.

Muita gente me chama de Velho Chico, mas também sou conhecido como um grande rio da integração.

Viajo por vários estados, e aquele que, por ventura, se arriscar em me poluir, saiba que é como tirar pedaços de mim.

Faço aqui para todos um apelo, para quem danificar o meu leito, peço por caridade um pouco mais de respeito.

Vejam vocês, sem poluição levo água potável para beber para toda a população, forneço minhas águas para as usinas hidrelétricas. Também solicito a todos que não joguem detritos em mim, isso me causa muita dor. Tratem bem seus esgotos, não acabem com meu leito.

Se vocês têm o direito de viver, eu também tenho.

Sou como a cana para o engenho, sou necessário.

Isso é um grande pedido que faço para toda a população, desde Minas Gerais até o sertão. Possuo grande importância social, econômica e cultural por onde vou, até no transporte de cargas sou útil, alem de abastecer açudes e rios menores, garantindo uma boa segurança hídrica em todas essas regiões. Através de sistemas de irrigação ajudo a realizar atividades agropecuárias como criação de gado e cultivo de frutas.

Agradeço antecipadamente a vossa compreensão, antes de eu secar é melhor me preservar!

 

 

UMA VIAGEM INTERESSANTE. - Alberto Landi

 

 


UMA VIAGEM INTERESSANTE.

Alberto Landi


Algum tempo atrás tive a oportunidade a convite da empresa, a qual trabalhava, de visitar as instalações fabris no município de Candeias, Bahia. Ela produzia a matéria-prima para fabricação de borracha e para utilização em outros segmentos de mercado Conhecido com o nome técnico de Carbon Black ou Negro de Fumo.

Ao chegar ao aeroporto, no município de Lauro de Freitas, saindo em direção a Salvador, há um grande bambuzal que forma uma espécie de túnel natural sobre a via, ocupando um trecho de um pouco mais de 1,5 km de extensão. O cenário se tornou um dos cartões postais da cidade. Seus feixes envergados existem há cerca de 80 anos e já faz parte da história do Brasil. 

Teve no passado, uma importância estratégica, esse local foi criado entre os anos 20 e 40 e serviu para proteger a base aérea brasileira e americana, em meio a tensão da Segunda Guerra. Esse corredor florestal era utilizado para esconder e camuflar o acesso à chegada da base, onde estavam os aviões da FAB e Americana.

Após esse período, se tornou o caminho oficial de Boas-vindas e despedidas dos visitantes. A cidade se desenvolveu para a região próxima do bambuzal. É o primeiro ponto turístico a ser visto por quem chega à capital baiana e também é o último, no caso de quem sai pelo aeroporto.

O encantamento pela paisagem não é novo, desde a segunda metade do século XX, os bambus chamam atenção, é um espaço a ser preservado.

Dirigindo por essa via elegante, ladeada por bambus, uma paisagem impecável, fiquei surpreso ao me pegar dirigindo muito mais rápido do que o generoso limite de 60 km por hora. O motor silencioso e a aceleração linear do veículo alugado, um Onix, faziam com que todas as velocidades parecessem quase idênticas.

Repentinamente, o trafego foi interrompido por um acidente na via, enquanto parado, fiquei navegando na internet no pequeno computador instalado no painel do carro, e me atualizava com as notícias divulgadas no mundo inteiro. Os noticiários já anunciavam novidades que permitiriam aos seres humanos limpar os oceanos poluídos, produzir água potável ilimitada, cultivar alimentos no deserto, curar doenças mortais, lançar enxames de drones movidos a energia solar.

Durante o meu estágio na fábrica, conheci pessoas simples, algumas voltadas para artes e cultura.

Findo o estágio, me restou três dias para explorar um pouco a capital, que esse ano comemorou 474 anos.

Visitei com algumas pessoas, iniciando pela Foz do rio Joanes, num local chamado Buraquinho, paradisíaco onde o mar e o rio se encontram, uma inigualável beleza, cercada por coqueiros, areia clara e cenários fotogênicos.

Farol da Barra, lindo monumento dos tempos da colonização, construído antes mesmo da cidade a ser fundada. Erguido em 1536, é a primeira fortificação do País. A torre atual foi instalada em dezembro de 1839, homenagem ao nascimento e D. Pedro II, abriga também o museu náutico da Bahia.

Visitamos algumas igrejas, muitas me chamaram a atenção, como a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco.

Este santuário era iluminado apenas com a luz natural virada dos altos vitrais e o ar tinha um cheiro forte de incenso. Altares dourados, e bancos de madeira polida, um estilo barroco, havia acordes crescentes vindos de um órgão de tubos que ressoavam por todo o santuário.

Repentinamente apareceu um homem, que aparentava uns 60 anos, ereto e régio, com uma postura até jovial e uma expressão convincente.

Pensei é o bispo! Que privilegio poder conhecer bem de perto.! Usava batina sacerdotal branca, estola dourada, uma faixa bordada e uma mitra cheia de pedras preciosas. Avançou com os braços estendidos para a congregação presente no momento, parecendo flutuar enquanto ia ao centro do altar, passando pelo púlpito formal e descendo, de modo a ficar no mesmo nível dos paroquianos. Em seguida fez a leitura de uma passagem do Evangelho de São Marcos.

Nos santuários que visitei, observei também a perfeição dos entalhes feitos manualmente, a ligação com Deus nas esculturas sacras e a conservação dos monumentos, simplesmente exuberante.

Posso afirmar que tudo isto me encantou nessa cidade com suas belezas do tempo colonial em contraste com o modernismo.  Povo alegre, comunicativo, descendente de uma miscigenação que deu origem ao povo baiano: europeu, indígena e negro africano.

Tenho que agradecer aos novos amigos que fiz, os quais demonstraram muita solidariedade! 

 

O cãozinho aventureiro - Alberto Landi

    O cãozinho aventureiro Alberto Landi                                       Era uma vez um cãozinho da raça Shih Tzu, quando ele chegou p...