A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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segunda-feira, 24 de maio de 2021

O NÁUFRAGO - Dinah Chichit

 




O NÁUFRAGO

Dinah Chichit

 

João era um homem que trabalhava numa empresa que transportava cargas pelo mar.

Certa vez João estava levando uma carga pesada para outro país quando de repente começou a escurecer e o mar ficou muito agitado e a chuva começou a cair muito forte. João ficou muito desnorteado e foi arremessado para fora do barco, nadou, nadou e foi parar numa ilha.

Quando acordou percebeu que havia animais selvagens por todos os lados, tratou de recuar e se proteger subindo numa árvore. Conforme foi anoitecendo foi ficando com fome e foi em busca de alimentos, só achou árvores frutíferas que eram habitadas por macacos. Começou a colher frutas e folhas, e em seguida um macaco o atacou, correu com o que tinha, mais tarde construiu seu abrigo.

No dia seguinte não chovia mais, percebeu que o barco estava preso entre dois rochedos, saiu correndo e subiu a bordo e conseguiu seguir viagem.




Trabalho extra:

Premissa: E se uma mulher gostasse muito de dançar usando um vestido vermelho e um sapato preto e resolvesse dançar em um concurso?

Logline: Uma mulher que gostava muito de dançar, sempre usando um vestido vermelho e um sapato preto, foi ao baile em um concurso de dança que aconteceria dali a alguns dias. No entanto, ela percebeu que sua roupa favorita havia estava puída de tanto uso, feia e nada apresentável. Agora ela teria que montar um novo traje com os pedaços do outro.

AQUELE NAVIO - Claudionor Dias da Costa

 


AQUELE NAVIO

Claudionor Dias da Costa


Olhando o mar, voltou à minha mente a história ocorrida há mais de dez anos, quando eu e minha namorada, na época em férias, avistamos, encalhado junto às pedras e não muito longe da praia, aquele navio, partido ao meio, muito velho e enferrujado. Provavelmente acidente ocorrido a muito tempo.

Ficamos fixando o olhar nos detalhes daquela embarcação, quando naquela tarde quente e silenciosa escutamos vozes e gritos que vinham de dentro daqueles escombros. 

Aquilo nos intrigou e nos deixou amedrontados.

Voltando à nossa pousada, comentamos o fato com o Sr. Petrônio que pensativo e cuidadoso disse:

— Aquele navio afundou nos anos trinta e realmente muitas histórias são contadas sobre acontecimentos estranhos com ele. Também já falaram dessas vozes ...

O que nos contou só nos deixou mais pensativos. Como dono da pousada é residente há muito tempo na vila, e experiente com turistas, só aguçou nossa curiosidade com seu comentário curto e cuidadoso.

No dia seguinte voltamos ao local.

A nossa curiosidade era grande e aliada à coragem dos jovens que acreditam que nada lhes acontece por serem destemidos e corajosos, resolvemos ir até o navio.

Como estava partido ao meio, fomos na parte das cabines dos passageiros.

Caminhando por aqueles corredores escuros, úmidos, malcheirosos, nos assustamos quando surgiu uma figura estranha. Era um ser de estatura baixa, com asas, rosto parecendo de morcego, cor próximo do marrom.

Aquilo provocou a imediata reação de minha namorada que se agarrou fortemente em mim. Eu também recuei e nos encostamos na lateral do corredor tentando nos proteger.

O maior impacto veio quando ele se dirigiu a nós dizendo:

— Fiquem tranquilos. Sabemos quem vocês são e estamos aqui porque viemos para protegê-los.

Gaguejando e tentando manter a calma balbuciei:

— Para nos proteger?

— Sim. Eu e meus companheiros somos do planeta Bemfix que é de outra galáxia. Nossa civilização tem mais de quinhentos mil anos. Como observamos e exploramos o universo, vimos que na Terra, vocês estavam precisando de ajuda.

— Ajuda?

— Claro. Os habitantes de Endland, planeta que vive em conflito com muitos outros, e quer dominar, resolveu partir para cá e tentar escravizá-los. Procurariam estabelecer bases na Terra. Se alimentam de cápsulas que fabricam a partir de algas e alguns microrganismos marinhos e no planeta deles ficaram escassas porque os mares começaram a secar.

Conseguimos explodir a nave deles que afundou no mar. Se refugiaram neste navio e estão aguardando salvamento com grandes dificuldades de comunicação por enquanto. Com muita luta, aos poucos vamos eliminando estes Endlanders. Hoje, devem restar uns dez que se refugiam principalmente na outra metade deste navio que se encontra à frente.

Sem conseguir terminar o que dizia, ouvimos gritos ensurdecedores no convés e espreitando cuidadosamente vimos um horrendo ser também alado, assustador, grande, parecendo com um dragão.

Imediatamente o nosso novo amigo emitiu um estranho e sibilante som. Apareceram mais cinco iguais a ele e atacaram o dragão. Após uma luta intensa em que demonstraram muita agilidade desferiram um facho de luz com uma espécie de pistola, um pouco maior que consumiu o dragão numa nuvem de fumaça que cheirava a enxofre.

Vendo aquela cena dramática, escondidos e não acreditando, só nos acalmamos um pouco quando o Bemfixer chegou e disse:

— Podem ir sossegados. Acredito que nossa batalha estará ganha em pouco tempo. Aquele que vocês viram desaparecer é o líder. Logo, o grupo confuso tentará alguma medida extrema e conseguiremos nosso objetivo.

Mais que depressa nos despedimos porque já era noite e agradecendo muito a ele corremos para a pousada.

Mal conseguimos dormir naquela noite.

E no dia seguinte, pouco antes do almoço, alguns garotos vieram correndo da praia e ofegantes contaram que escutaram um grande estrondo e uma nuvem grande de fumaça subiu daquele navio com cheiro muito forte.

Várias pessoas foram, rapidamente, ver do que se tratava porque realmente haviam escutado o barulho. Quando chegaram só viram ao longe no céu uma nuvem escura. Pensaram que os garotos estavam fantasiando.

Eu e minha namorada sorrimos. Mais tranquilos e inspirados, voltamos à noitinha e fomos olhar aquele navio.

O silêncio era total. Só escutávamos o assobio do vento. A lua trazia uma agradável cor prateada sobre aqueles escombros.

Apaixonados e aproveitando aquele momento nos deparamos, num repente, com uma forte luz que surgia na montanha e se movia em nossa direção. Com muita velocidade uma grande nave parou ao alto sobre o navio. Eu e minha namorada, sentados na areia só tivemos tempo de olhar para cima porque um facho luminoso ficou sobre nós e ouvimos uma voz conhecida:

— Meus amigos, fiquem em paz. Agora nada temam. Tudo foi resolvido. Vocês ainda evoluirão muito. A Terra ainda surpreenderá o Universo. Ainda nos encontraremos um dia... Até breve.

Em segundos aquela visão desapareceu.

Até hoje esta história provoca olhares desconfiados quando conto.

Mas, eu me considero um privilegiado por ter vivido no presente um futuro promissor.

CONTO MEMORIALISTA - A BRUXA - Henrique Schnaider

 


CONTO MEMORIALISTA - A BRUXA

Henrique Schnaider


Eu tive uma infância inesquecível, com muitas peraltices, amor e carinho de meus pais, irmãos e amigos queridos. Formávamos a turma da rua Ezequiel Freire. Com quem eu mais me afinava, era meu amigo Carlos Azolini. No bairro onde nasci, as pessoas eram ou de descendência italiana como o Carlinhos ou judeu como eu.

Nós dois aprontávamos muito. Sempre dando dor de cabeça para nossos pais. Mas sempre sem maldade e sim ingenuidade. Acreditávamos em histórias de fantasmas, da mula sem cabeça e do Saci Pererê, de uma perna só fumando seu cachimbinho e que chegava num rodamoinho de vento.

Bastava a empregada da minha mãe, a Maria, sentar-se com a gente e lá vinham as histórias assombradas. Nunca saberei se ela inventava ou se também ouviu de pessoas mais velhas e passava para frente. Pois,  quem conta um conto aumenta um ponto.

Certo dia a Maria veio cheia de conversa fiada, pediu para a gente sentar-se ao redor. E nós com os olhinhos sem nem piscar, olhando curiosos, esperando o que ela tinha para nos contar. Era sobre a vizinha, a Cândida, que morava num barraco, na entrada da oficina mecânica do senhor Felício. Deixou-nos cheios de pavor. Contando que ela na verdade, era uma bruxa.

A noite ela se transformava e o seu rosto ficava enrugado. Tinha uma verruga na ponta do enorme nariz, tombado feito um rabo. Na boca havia um único dente. Uma risada horrorosa “hi hi hi hi”. Já estávamos tremendo de medo, encolhidos. E aí disse a Maria:

— Ela tem um tacho enorme de água fervente dentro de casa. Que está sempre no fogo e o cheiro que sai de dentro, é de carne humana. Contou que sumiram várias crianças. Os boatos foram que tinham sido raptadas pela bruxa, assadas e devoradas.

Criança é criança, crédulos e com muito medo, mas com espírito de curiosidade e peraltice, nos levava a fazer molecagens. Um atiçando o outro, lá íamos nós, bater na porta do barraco e pernas para que te quero.

Insatisfeitos atirávamos pedras na porta da bruxa. A Cândida se encheu da gente, “bruxinhos”, que não dávamos sossego para a pobre coitada e veio reclamar justamente com a Maria. Falou cobras e lagartos para ela e ameaçou dar queixa na delegacia. Enquanto isso eu e o meu amigo, ficamos quietinhos dentro de casa tremendo de medo.

Depois que a mulher foi embora. A danada da Maria veio procurar a gente e pôs fogo no caldeirão. Disse que a bruxa estava fazendo ameaças, dizendo que ia nos pegar num momento de distração. Nos levaria para dentro do barraco e nos jogaria no tacho fervente.

É evidente que a Maria estava inventando todas aquelas histórias, pois na verdade queria se divertir as nossas custas.  

Que saudades daquele tempo de inocência e peraltices. E da Maria que enchia nossa vida de histórias assombrosas e de amor e carinho. Nós adorávamos a malandra da empregada.

Como diz o velho ditado espanhol “Yo no creo en las brujas, pero que las hay, hay”. Quanto a nossa bruxa vizinha, nunca se provou nada contra ela, e realmente era apenas pura fama e maledicência.

O cãozinho aventureiro - Alberto Landi

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