A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

O trem saudoso! - Amora

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O trem saudoso!
Amora

Estou velho, usado, gasto! Parado aqui neste parque, sirvo apenas para exibição! Coisa antiga usada para locomoção e atraindo curiosos!
Alguns entram, sentam-se, exclamam” deveria ser gostoso viajar assim! Que época boa! ”

Era mesmo! Muito bons aqueles tempos, quando minha obrigação era sair logo cedo da estação e levar gente ocupada ao seu destino, trabalho ou passeio, ansiosos, alegres, felizes para chegar.

Levava meu trabalho a sério, obedecendo rigorosamente os horários. Assim que ouvia o apito do motorista, disparava em direção a Santos, ou, na volta, para São Paulo. Meu roteiro era esse. Ligar Santos a São Paulo e vice-versa, através dos trilhos.

Acho que hoje nem existem mais trilhos! Era tão gostoso ouvir aquele barulho diário, equilibrando-me para não sair deles. E as paradas, então, era um baque súbito que, levemente, eu freava, para ninguém cair.

Gostava muito dos meus passageiros. Muitos, andavam diariamente comigo. Ficávamos amigos. Assim que eu apontava na estação, corriam para mim como se fosse um abraço apertado dado num amigo. Eu ficava satisfeito!

Outros, desconhecidos, de cara emburrada, meio preocupados, logo mudavam suas fisionomias, ao começar a viagem. Sentavam tranquilos, olhando a bela paisagem, ainda mata cerrada. Sorriam e observavam pela janela o tempo todo.  Quando próximo ao mar, então, dia claro, ensolarado, a admiração era grande. Só ouvia exclamações de prazer.

Saudade daqueles tempos.  Havia vida, movimento. Não era apenas um objeto.  Lembrança de uma época passada.  Demonstração.

Nunca tive nenhum acidente nem acontecimento triste. Ah! Lembro-me agora, sofremos uma perda, certa ocasião. Quem nunca as teve.

Todos os dias levávamos a Santos um senhor muito distinto, elegante, com sua bengala de cabo de prata e cartola alta. Nunca soube se era passeio ou trabalho. Sr. Honório.

Acompanhava-o uma bela moça morena, de cabelos cacheados puxados num coque alto, bem trajada, sempre sorrindo. Parecia filha, afilhada, nada perguntamos.  Cada passageiro era livre, desde que tivesse sua passagem.
Acostumamo-nos com eles.  Gostávamos de vê-los sempre bonitos, bem vestidos, felizes.

Numa manhã meio escura, com neblina pelo caminho, paramos numa pequena estação para recolher um cavalheiro meio agitado, fazendo muitos sinais. Logo que subiu, não sentou, mas começou a percorrer os vagões como se estivesse procurando alguém. Parou bem à frente do sr. Honório e sua acompanhante. Olhou-os feio e, sacando de um revólver, atirou neles, bem no coração. Foi um escândalo. Gritaria por todo o lado. O bilheteiro, o maquinista, todos correram ao local, mas não deu tempo para salvá-los. Morreram os dois ali mesmo, ambos abraçados, enquanto o outro pulava minha janela. Tivemos que voltar, teve polícia, ambulância, declarações.

Meu coração ficou apertado! Mal conseguia dirigir.  Dó, susto, medo, não sei que sentimento me abateu. Fiquei pasmo por muitos dias!  Justo comigo, tão calmo, uma tragédia dessas!

Soube depois que a moça linda era casada, mal casada, pelo jeito, sendo sr. Honório seu amante. Iam a santos para namorar.

O assassino, descoberto, foi preso, julgado e, logo solto, achando os jurados que todo homem traído tinha que lavar a honra com sangue. Leis antigas do nosso passado, abolidas com o tempo, felizmente. Temos algumas mudanças, atualmente, que vieram para o bem.

Sem esse acontecimento, posso dizer que minha vida de trabalho foi muito boa, deixando saudade.  Gostei de ser um trem de passageiros, de percorrer aqueles trilhos, ver paisagens pitorescas, conhecer gente amável e alegre, que sabia vivenciar uma viagem, sem pressa de chegar


Fico aqui neste parque, enferrujando minhas peças, atraindo olhares, tentando gostar. Não é mais a mesma coisa!

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

FIGURAS DE LINGUAGEM - TABELA DE CONSULTA RÁPIDA

Tabelinha de consulta rápida: FIGURAS DE LINGUAGEM

FIGURAS DE PALAVRAS
FIGURAS DE PENSAMENTOS
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
Comparação:
Elementos ligados por conectivos comparativos explícitos. Ex.: Correu como um guepardo assustado.
Antítese:
Dois termos que contrastam entre si. Ex.: Ela guarda um coração grande em alma pequena.
Anáfora:
Repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases. Ex.: Ontem foi o último dia que a vi. Ontem jamais esquecerei.
Metáfora:
Comparação implícita entre dois elementos. Ex.: Seu olhar é um céu a me espreitar.
Ironia:
Dizer o contrário do que se pretende para ironiza-lo. Ex.:  A boazinha Dona Maria era  especialista em judiar dos pequenos.
Pleonasmo:
Redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem. Ex.: Subi a subida um picar de olhos!
Metonímia:
Uma analogia por sentidos próximos, relativos. A parte pelo todo. Ex.: Os cabelos brancos chegaram cedo = (a velhice).
Apostrofe:
Chamamento enfático a alguém (ou alguma coisa personificada).  Ex.: Senhor, não me abandone!
Elipse:
Omissão de um termo da frase que não foi enunciado anteriormente. Ex.: Na casa, nenhum sinal de vida. (Omissão do verbo haver)
Catacrese:
Quando por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo.  Ex.: Quebrei o braço do sofá!
Eufemismo:
União de ideias contraditórias. Ex.: Quanto mais trabalha, mais pobre fica.
Zeugma:
Variedade de elipse; omissão de termo anteriormente expresso. Ex.: O inocente foi preso, o culpado solto.
 Sinestesia:
Mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Ex.:  Era muito áspero o doce de seus olhos.
Hipérbole:
Exagerar uma ideia com finalidade enfática. Ex.:  Estou morrendo de medo!
Assindeto:
Falta de conjunção entre elementos coordenados. Ex.: Estava pálido, gelado, atrapalhado.
 Onomatopeia:
Imitar um som com um fonema ou palavra: Ruídos, gritos etc. Ex.: Ratatatá disparou  a metralhadora fria.
Prosopopeia:
Atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados. Ex.: O jardim dorme há anos.
Anacoluto:
Deixar um termo solto na frase. Ex.: O mundo, as leis precisam ser mais rígidas.

Por: Ana Maria Maruggi

A VIDA POR UM FIO - Henrique Schnaider


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A VIDA POR UM FIO
Henrique Schnaider

João nasceu de uma família abastada,  teve uma infância muito feliz, sempre cercado pelo carinho de seus familiares.

Seu pai Artur, era um senhor de figura austera, raramente era carinhoso ou brincava, chegando a causar no menino certo receio, tanto que o garoto evitava muito contato.

Mas, João tinha a proteção de um ente misterioso que ele não sabia quem era, de quem o menino tornou-se muito próximo, que  lhe sussurrava coisas quando ia dormir. O garoto não sabia se isso era apenas parte de seus sonhos.  Com o correr dos anos, por inúmeras vezes sentiu a presença daquele espirito, principalmente quando estava passando por alguma situação de perigo ou medo.  

A vida de João transcorreu sempre lutando com muitas dificuldades junto com a família de classe média baixa, até conseguir formar-se em Engenharia, o que melhorou seu padrão de vida. Casou-se com Cristina, com quem formou uma bela família, com dois filhos.

Trabalhava muito para manter o padrão de vida das crianças. As obras eram sempre em cidades periféricas e a rodovia passou a ser sua grande companheira de trabalho.  Até que uma tarde, voltando para casa, João sofreu um terrível desastre. Seu automóvel capotou e ele foi lançado distante. Imediatamente, foi socorrido,  levado para o hospital, onde se submeteu a  uma cirurgia de emergência.

Naquele estado de dormência anestésica, enquanto era operado, não lhe parecia que o fim estivesse ali, algo o mantinha atado à vida. Percebeu a presença de um homem dando-lhe a mão, carinhosamente. De onde estava visualizava os médicos em franco trabalho de salvar-lhe. Sentiu um misto de assombro e curiosidade, estava fora de seu corpo.   

Olhou para aquele senhor de cara bondosa que sorrindo lhe disse: “Lembra-se daquela vez que você quase se afogou, eu estava lá. E quando você quebrou a perna jogando futebol tive que ajuda-lo de novo. Sou seu anjo da guarda e estou aqui mais uma vez para socorrê-lo, já que ainda não é sua hora de partir, portanto volte ao seu corpo que logo mais irá acordar são e salvo”.

João acordou com previu seu anjo da guarda e logo se lembrou da conversa que tivera com ele, sentindo-se tranquilo e confiante, pois sabia que sobreviveria. 

A partir daí o rapaz, sentia-se ainda mais confiante, sabendo que seu anjo, que o acompanhou por toda a vida, sempre estaria ao seu lado.



UM TREM COM ALMA - Henrique Schnaider


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UM TREM COM ALMA
Henrique Schnaider

Foguinho era um trem que possuía alma e falava,  sempre lembrando das histórias que seus passageiros contavam.

Sorriu lembrando-se do dia em que percebeu que Laura estava olhando fixamente pela janela, notou-lhe o semblante de desespero,  logo deduziu o pior, ela estava a ponto de um suicídio Isso já havia acontecido antes e Foguinho sabia bem como era. Diminuiu a velocidade ao extremo, rastejava pelos trilhos dando à Laura tempo de arrepender-se. E foi que aconteceu. Laura voltou para a cabine  arrependida da intenção tresloucada. Foguinho ria orgulhoso do que fizera salvando-lhe vida.

Foguinho estava entrando na estação, cautelosamente, até que finalmente parou certinho na plataforma de embarque dos passageiros. Ele era bom demais nestas manobras ao parar nas estações. Resfolegando todo e observando com curiosidade as pessoas que embarcavam.

Lá vinha um casal muito simpático, acompanhado dos três filho, na maior alegria já que iriam passar férias na fazenda que pertencia à família por mais de dois séculos, propriedade que lhes proporcionava muitas alegrias, muito lazer e muitas comidas gostosas.

Foguinho ouvia deliciado o filho do casal que queria andar a cavalo, pescar e comer as deliciosas comidas e os maravilhosos doces caseiros que a  Antônia fazia para eles com enorme prazer. Ah, pensava Foguinho, quem me dera tirar umas férias também, ir para oficina e entrar numa reforma completa.

De repente o trem surpreso, observou dois policiais trazendo um preso algemado. Ouviu quando um dos policiais disse ao preso que soubesse se comportar, enquanto estivessem viajando no trem, pois se fizesse algo errado sua pena de detenção aumentaria. Foguinho pensou e disse a si mesmo “acho que hoje teremos confusão”.

La vinha um grupo de escoteiros alegres, porém muito disciplinados. Ia para as montanhas acampar em treinamento de sobrevivência e Foguinho pensou como seria bom se ele pudesse acompanhá-los e se divertir junto com a garotada.

O trem deu um apito agudo e com todos a bordo, partiu vagarosamente levando todas aquelas histórias para o seu destino e sentiu-se muito orgulhoso, já que seria ele quem os levaria aos seus destinos.

Depois de alguns dias enquanto Foguinho já trazia de volta aquela família que foi para a fazenda,  ouvia encantado as conversas sobre todas as aventuras que aconteceram por lá.

Foguinho olhou na segunda cabine e lá estavam os dois guardas que levaram dias antes o preso algemado,  e pela conversa dos dois as coisas ocorreram na mais absoluta tranquilidade.

O trem ficou na maior alegria quando viu o grupo de escoteiros retornando das montanhas, chefiados pelo senhor Alberto, pelas conversas muito animadas, Foguinho entendeu que as aventuras foram muitas.


O velho trem pensou o quanto era feliz carregando seus passageiros e ouvindo tantas histórias de vida.

FINALMENTE O PARAÍSO - Do Carmo

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FINALMENTE O PARAÍSO
Do Carmo


Em uma das ilhas do arquipélago de Faroé, em paradisíaca praia da vila Gasadalur, território da Dinamarca, Ricardo, jovem turista apaixonado por fotografias, passa por uma inusitada experiência jamais imaginada e principalmente acontecendo em sua solitária e primeira viagem de turismo.

Deslumbrado pela paisagem de exuberante beleza, com variada topografia de montanhas cobertas de flores coloridas, tal qual um caleidoscópio, abismos terminando com um mar agressivo de esmeralda, quedas d’água e morosos riachos cortando campinas, Ricardo fotografava compulsivamente.

De súbito, surpreende-se ao avistar um pequeno casario, composto de cinco casebres. Aproxima-se e constata que todas estão abandonadas há anos, elas têm espessa cobertura de areia trazida pelo vento marinho.

Ricardo empolgado fotografa-as de vários ângulos, e ao passar por uma delas, ouve um grunhido entre animalesco e humano.  

Cautelosamente, aproxima-se da choupana e notando a porta apenas encostada, empurra-a e, oh! Assusta-se com o que vê.

 Meu Deus! Será que estou tendo uma visão diabólica? Que lugar fétido, mal iluminado, como vive essa criatura! 

Em pé, de braços esticados, vê um ser, misto de humano e animal, sujo, com barba e cabelos enormes, falando em italiano corretamente.

— Eu sou Bruno, de família italiana, morava na Itália com meus pais quando aos doze anos, voltando da escola, fui sequestrado por três homens mascarados, que me aplicaram uma injeção e quando dei por mim, estava aqui, sozinho e abandonado, sem nada, somente com esse colchão. Estou aqui há dez anos. Diariamente converso com as paredes para não enlouquecer, conto os dias para saber o tempo que aqui estou. Durante todos esses anos, ninguém apareceu. Por favor, tenha piedade de mim, ajude-me a voltar para minha família, se é que ainda a tenho. Poço dar-lhe um abraço?

Ricardo abraçou-o emocionado, sem importar-se pelo estado deplorável em que se encontrava a pobre criatura.

Alguns tempo depois dessa singular emoção, os dois rapazes partiram na lancha de Ricardo, sem pensar nos empecilhos que passariam para conseguirem chegar ao destino almejado, atracou na primeira ilha que encontrou, comprou alimentos e água, e depois de um bom e tépido mergulho, os amigos sorrindo, sentaram-se na areia macia e comeram como dois irmãos.     


O TREM DA ALEGRIA - Do Carmo


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O TREM DA ALEGRIA
Do Carmo


Sem falhar um dia, está parado na plataforma da cidadezinha de Boa Ventura, o majestoso Trem da Alegria, nome adorado por ele mesmo, em consequência de sua fama de milagroso

Chega pontualmente às quinze horas, em meio a grande algazarra, fica esperando seus passageiros para levá-los à conquista da felicidade.

Há alguns dias ele está um pouco intrigado com uma das passageiras, que diariamente faz a viagem sem descer do trem, quando chegam ao destino ela fica alheia ao movimento dos viajantes ao descer, conversando em alta voz e quando voltam, carregados de bugigangas, comentam os conselhos recebidos para resolverem os problemas que os afligiam.

Orgulhoso de sentir-se responsável pela felicidade de tantas pessoas, fica cantarolando enquanto espera seus passageiros acomodarem-se.

Na garagem, fica ansioso até chegar algum companheiro para, ostensivamente contar as vitórias que ele ajudou a realizar.

Contudo, ele tem um sonho há muito acalentado: deslizar por trilhos de outras estradas, não necessariamente grandes metrópoles, mas de pequenos vilarejos, onde todos se conhecem e são amigos e que aplaudiriam a felicidade conquistada.

Esse trem, se tivesse oportunidade de contar as histórias que conhece sobre essas viagens, certamente receberia um premio Nobel de Colaborador da Felicidade do Povo.

E assim pensando, com o coração feliz por ter cumprido com o seu dever, adormece sorrindo, para sonhar com anjos que o protegem de acidentes.


MITO OU VERDADE - Do Carmo


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MITO OU VERDADE
Do Carmo


Há muitos anos aconteceu uma ocupação britânica ao arquipélago Faroé. Decorrente desse fato, foi construída uma escadaria ligando a praia ao vilarejo “Gasadalur”, que fica na maior ilha daquele complexo.

Contam os mais antigos do lugar, que antes de mil novecentos e quarenta, quando ainda não havia essa ligação, o único meio de ir para a praia, era caminhar contornando as montanhas. Como eram muito altas, escolhiam as menores, menos altas,  porém perigosas, uma vez que havia vários abismos nesse percurso.

Em uma dessas histórias é citado o desaparecimento de uma menina, Esther, filha do rei Kelos, quando em uma tarde de primavera, colhia flores, passeava pelas montanhas que contornavam o castelo, desapareceu e nunca foi encontrada.

Dizem que um peixe enorme, de um salto a engoliu e se escondeu no fundo do mar, entre os rochedos.

Na primavera, em noites de lua cheia, aparece um vulto vestido de branco, muito semelhante a Esther, carregando um grande buquê de flores coloridas, a mesma flor que dá volta à montanha mais alta. Esta montanha está de um lado, perto de outras montanhas formando uma pequena cordilheira e do oposto, o mar, que está constantemente revolto, com ondas atingindo o topo dos rochedos.

Há, bem próximo aos rochedos, um abismo, a encosta de uma altíssima montanha.

Nunca essa narrativa foi comprovada, alegam ser um lugar muito perigoso por seu difícil acesso.


Será um mito ou verdadeira essa história? É mais prudente não saber.

DESCOBERTA FELIZ - Do Carmo


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DESCOBERTA FELIZ
Do Carmo


Essa voz é da mamãe, seu “Olá!” é inconfundível. O papai tem a voz bem mais forte e grossa, os parentes e amigos, não conversam comigo, Ah! Essa vózinha suave, que murmura coisas lindas, Opa! agora estou ouvindo ela cantar, a canção é tão suave que vou aaaaahh! Dar uma cochilada.

O tempo passou, nasci, cresci e a vózinha continua a sussurrar suaves mensagens quando tenho alguma dúvida, quando estou em perigo, sempre com doces palavras de carinhosa amizade.

Hoje, já estou crescida, tenho seis anos. Como demorou em chegar a hora de poder ir para o Colégio. Ufa, que felicidade!

Hoje o dia foi imensamente feliz, pois a Madre Superiora fez uma palestra preparatória para as aulas de Catequese e liberou todas as alunas para assistirem, alegando ser uma iniciação espiritual.

Fiquei atenta a todas as palavras, quando Uau! De repente ela falou de um tal de Anjo da Guarda, que nos acompanha desde antes de nascermos.

Eta! Já sei de quem é o Psiu! Quando falo muito ou alto, Aiai! Quando faço algo errado e me embala com seu prolongado Chiiiiiiiii Chiiiiiiiiii Chiiiiiiiii! Para eu dormir.

Num Vapt Vupt! Batizei-o de Raio de Sol, que me aquece com carinho e ilumina a minha vida.

Como é bom ter um Amigo Celestial



segunda-feira, 21 de agosto de 2017

O contador de histórias - Henrique Schnaider


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O contador de histórias
Henrique Schnaider


John era um contador de histórias, as mais malucas possíveis.

Os habitantes da Vila Gasadalur, costumavam se reunir em volta fogueira que crepitava toda noite e ouviam as histórias que John contava com tanto entusiasmo,  e por mais absurdas que fossem as aventuras, todos atentos ouviam com a maior credibilidade.

Uma noite fria John chamou todos para próximo da fogueira e disse que iria contar uma história vivida  alguns anos atrás.

Contou que um dia ele saiu para alto-mar com seu barco vermelho que rangia de encontro com as ondas que chegavam à arrebentação e lutando bravamente, finalmente ganhou o alto-mar.

Quando tinha navegado mar adentro por duas horas, parou o barco e fez-se o silêncio quebrado apenas pela marola batendo.

Calmamente John preparou sua tralha de pescaria.  Escolheu a linha mais resistente, desta vez traria um peixe grande.  Arremessou-a para longe.  

Fumava  cachimbo e se lembrava de histórias passadas, enquanto aguardava algum sinal na  linha, quando de repente a vara vergou completamente. O velho pescador emocionado pensou que desta vez pegou o tão desejado peixe Agulhão.

Durante várias horas ele lutou bravamente com aquele peixe que insistia em não se entregar, saltava fora da água e se escondia em maravilhosos mergulhos. A esta altura John já sabia que era o seu tão esperado Agulhão Bandeira, e pelo tamanho e força de resistência, calculou que deveria ter uns sessenta quilos.

Quando o pescador já estava dando sinais de exaustão, pensando que mais uma vez perderia a batalha, finalmente conseguiu trazer aquele peixe para perto do barco.

John, então, percebeu que tinha um problema, já que o Agulhão não cabia no barco. Não titubeou, tratou de amarrar o peixe bem próximo e sem perder mais tempo quebrou o silêncio do mar ligando o motor, e com a máxima velocidade voltou para o porto.

Para seu desespero o trajeto de volta foi cercado de grande pavor. Os tubarões não deram trégua colocando ele e seu peixe em perigo.  Maior surpresa de John foi,  quando chegou ao porto ver que só havia sobrado a cabeça do Agulhão.  

Os nativos ouviram respeitosamente toda a história e depois foram dormir, imaginando a aventura que o velho pescador havia passado.


John ficou sozinho se aquecendo na fogueira dando um sorriso maroto,  pensando em outras histórias que iria contar nas noites frias da Vila Gasaladur.

A CABANA BRANCA - Henrique Schnaider


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A CABANA BRANCA
Henrique Schnaider

Antony nascido na Itália em Veneza desde pequeno, como a maioria do povo Veneziano, conhecidos como grandes navegadores, acompanhava seu pai em viagens pelos Oceanos por rotas na época já conhecidas.

Robert, o pai,  era um comerciante bem sucedido e possuía uma bela caravela com a qual levava mercadorias e singrava os mares da Ásia chegando até a Índia, Filipinas, Malásia, Tailândia, Rússia e chegava a países como Coreia, Afeganistão, China onde comercializava deixando suas mercadorias e trazendo de todos estes países coisas interessantes como perfumes, Cury da Índia, temperos, seda da China, produtos que vendia na Itália.  

Estas viagens levavam alguns anos e desta forma Antony cresceu a maior parte do tempo no mar.  

Seu pai estava envelhecendo e sentindo que não aguentaria mais continuar em suas viagens, chamou o filho para conversar e explicou a situação e como achava que o rapaz já tinha experiência suficiente, poderia assumir os negócios.
Certa ocasião com Antony no comando, o navio enfrentou um motim a bordo e os amotinados, resolveram em vez de matar o rapaz, permitiram que ele desembarcasse na Ilha Faroe, na ocasião desabitada.

Os primeiros dias na ilha foram difíceis, além de estar revoltado com o que os seus marujos haviam feito com ele, não havia onde se abrigar nem o que comer.

Os dias se passavam lentamente e aos poucos Antony acostumou-se com a vida na ilha, pescava e comia animais silvestres. Engenhosamente construiu uma caixa que captava água da chuva e bebia água de cocos verdes.

Aos poucos com materiais que encontrava em suas andanças pela Ilha, construiu uma cabana branca para se abrigar das tempestades frequentes no local, tinha esperança de chamar atenção de algum navio que passasse pela costa.

Um dia quando Antony estava a perambular pela praia, avistou uma linda moça lutando com dificuldades vinda do mar em direção terra e correu para socorrê-la.

Tentou conversar com ela e teve dificuldades, já que Helen era inglesa e Antony tinha apenas vagas noções da língua inglesa.

Ele estava encantado com a beleza de Helen.

Com o correr dos dias, foram se entendendo cada vez mais, cada um ensinando ao outro o idioma. Assim, ele conseguiu entender a história que a moça  contou sobre seu navio que afundara depois de violenta tempestade. E, Antony lhe contou sua triste história.

Aquela situação acabou fatalmente levando ambos a apaixonaram-se perdidamente. Viveram por algum tempo a mais na Ilha até que um dia avistaram um Galeão Espanhol. Desesperadamente tentaram chamar a atenção até que foram avistados e resgatados.

A distância agora seria o que de pior poderia acontecer para ambos. Separados pela geografia, somente  a saudade lhes seria comum.


Com o correr do tempo foram chegando os primeiros habitantes do que viria a ser a Vila de Gasaladur,  e encontraram aquela cabana branca com sinais de que um homem e uma mulher ali viveram. Não demorou, os habitantes  espalharam uma lenda na qual, naquela cabana vivera um casal que tivera um estranho caso de amor.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

A MAIOR TRAGÉDIA DA VIDA DE ANA - Henrique Schnaider


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A MAIOR TRAGÉDIA DA VIDA DE ANA
Henrique Schnaider

Ana não conseguia se livrar das tristes lembranças do passado, de uma tragédia acontecida em sua vida que a marcou para sempre.

A jovem sempre sonhara em conhecer as Ilhas da região do Triangulo das Bermudas. Finalmente partiu de férias com seus pais para Ilha caribenha de Cayman quando, depois de uma bela refeição a bordo, eles perceberam que algo estava errado já que o comandante da aeronave pediu que prendessem os cintos de segurança, iriam passar por uma zona de turbulência muito grande, e de fato o balanço e os trancos que o avião enfrentou foi enorme e o Comandante não tendo alternativa já que o avião não resistiu à violência da intempérie, tentou um pouso forçado no mar.

O ambiente a bordo era de pânico e terror com gritos que se ouviam por todos os lados.  Ana agarrou-se com seus pais, todos esperavam pelo pior, começaram a rezar.

O choque na água foi violento,  a aeronave se partiu em vários pedaços. Corpos foram arremessados para todos os lados, criando uma cena de terror.

Ana recobrou os sentidos muito tempo depois sem ter noção de quantas horas permaneceu desacordada. Aterrorizada e atordoada sem entender direito a situação, olhava os destroços cheio de corpos despedaçados e espalhados pela ilha. Chorando de medo e pavor gritava por seus pais que não respondiam, já estavam mortos. De onde estava não conseguia ver mais nenhuma pessoa viva. Procurou desvencilhar-se dos pedaços de corpos e destroços enquanto instintivamente gritava desesperada por socorro, cambaleou em meio àquela cena dantesca e finalmente localizou os corpos de seus pais. Sentiu uma dor terrível e total desespero. Perguntava a Deus o que seria de vida agora. Impotente diante de tamanha tragédia, sozinha sem nada e ninguém para recorrer.

O instinto de sobrevivência falou mais alto e a jovem vagarosamente começou a pensar em alguma forma sair dali e procurar auxilio. Quando olhou atrás de si, viu que o avião tinha pousado bem próximo da praia de uma ilha deserta, pois não via ninguém e nem sinais de habitação. Ana se livrou dos objetos que havia pelo caminho, e, com dificuldade seguiu nadando em busca de auxilio e também escapar daquela situação.

Ana começou a pensar no que fazer para continuar vivendo, até que chegasse a tão desejada salvação.
A jovem encontrou uma caverna que dava exatamente para o mar e ali se aconchegou, Os pensamentos iam e vinham para a tragédia que acabara de viver. A dor da perda dos pais embrulhava seu estômago. A cena de corpos esparramados não lhe saia da mente. Até que o sono abateu-lhe já noite alta.  
Quando o dia amanheceu, ela tremia de frio e dor nos ossos. As imagens da tragédia deixaram-na abalada. Sentiu muita fome e começou a procurar em volta da caverna algo comestível e água potável.  Ana vislumbrou toda orla cheia de coqueiros com muitos cocos verdes e frutas como o abricó.

Depois de comer e beber, ficou imaginando que seria muito bom se achasse algum peixe ou fruto do mar para comer.

Como Ana tinha certa pratica, pois costumava pescar com seus pais acabou improvisando uma vara de pesca e com espinhos que achou na areia da praia fez um anzol e colocou como isca alguns frutos do mar que achou em sua procura. Não demorou conseguiu pescar uma bela pescada marisqueira, peixe comum que dá próximo as praias.

O fato de ter sido escoteira ajudou muito neste momento e lá estava ela a friccionar dois pauzinhos um contra o outro até virar uma brasa, que colocou no meio de palhas secas. Foi maravilhoso ver surgir, primeiro a fumaça e em seguida a primeira fagulha. Foi o peixe mais gostoso que comeu em sua vida.

Ana lembrou que provavelmente, haveria muitos alimentos e outras coisas que seriam úteis enquanto  estivesse naquele lugar,  e apesar do pavor da ideia de voltar ao avião, resolveu ir até lá dar uma busca. Aproveitou a maré baixa e chegou aos destroços com facilidade. Evitou olhar novamente os corpos de seus pais. Rapidamente reuniu alguns mantimentos e objetos necessários  em uma sacola e tratou de sair dali.  No caminho de volta cogitou que poderia haver tubarões no local do acidente devido ao cheiro de putrefação dos corpos. 


Assim se passaram três dias com Ana valente sobrevivendo graças a sua determinação, finalmente as equipes de salvamento apareceram. Quando Ana viu o helicóptero chegando, chorou de tristeza pela perda dos pais e de alegria por estar sendo salva.

Quem era ela? - Hirtis Lazarin

  Quem era ela? Hirtis Lazarin     A rua já estava quase deserta. Já se ouvia o cri-cri-lar dos grilos. A lua iluminava só um tantin...