A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

DESCOBRI QUE ALCINÉIA É VAMPIRA! - Dinah Ribeiro de Amorim - CONTO DE FÉRIAS Nº 2


CONTO DE FÉRIAS Nº 2


DESCOBRI QUE ALCINÉIA É VAMPIRA!
Dinah Ribeiro de Amorim 

Mamãe arrumou uma babá meio velha e muito estranha... Vive comigo no colo, e já sou meio grandinho. Cobre-me de beijos, deixando-me todo lambuzado... Ao invés de gostar dela, acabo me aborrecendo e ficando enjoado com tanto mimo!

Usa um batom vermelho escuro, pintura preta nos olhos, tem o rosto muito rosado e, seus cabelos, azulados, compridos, parecendo o  espanador de penas que a Maria, nossa outra empregada, usa para tirar o pó.

Tenho medo de ficar sozinho com ela, o que acontece muitas vezes. Só fico melhor quando vamos passear na rua, vendo outras pessoas.

Preciso contar para mamãe, que não gosto dela! Todos, em casa, acham que é muito boa, carinhosa e engraçada, com aquele jeito estranho, parecendo atriz de circo. Ainda por cima, chama-se Alcinéia, nome muito esquisito para uma babá.

Olha-me com uns olhos enormes, brilhantes, escuros, chamando-me: “queridinho, vamos dormir!” Sinto medo e custo muito para pegar no sono.

Outro dia, vi na televisão um desenho de bruxas, voando em vassouras... 

Logo me lembrei dela! Muito parecidas! Assustado, perguntei para mamãe se bruxas existem? Ela deu risada e respondeu:

_ Claro que não, querido! Isso é brincadeira para assustar as crianças e avisar que no mundo, podem existir pessoas más! Só isso...

Fiquei mais tranquilo, tentando gostar de Alcinéia. Que nome estranho...

Até que um dia, entrei no banheiro para fazer xixi... Não sabia que ela estava lá. Fiquei muito espantado quando vi que ela estava de rosto murcho, horrível, com os dentes na mão, passando a escova cheia de espuma... Meu medo foi tão grande que não deu tempo de correr, fiz xixi ali mesmo, no chão. Queria gritar chamar a mamãe, mas não conseguia! Alcinéia me viu, colocou logo os dentes na boca e, correndo para mim, tentou me ajudar. Comecei a chorar tão alto que a casa toda me acudiu.

Minha mãe pegou-me no colo e queria saber o que eu tinha! A babá, meio sem graça, não soube responder, nem explicar porque eu estava todo molhado... Acabou sendo mandada embora! Que sorte a minha!  Parei de chorar e só consegui falar: “Alcinéia é uma vampira!”


Mamãe sorriu, disse-me que vampiros não existem. Mas, desconfiou que alguma coisa estivesse errada. Ainda bem!



MINHA PRIMEIRA MONTARIA! - Dinah Ribeiro de Amorim - CONTO DE FÉRIAS Nº 1

CONTO DE FÉRIAS Nº 1


MINHA PRIMEIRA MONTARIA!
Dinah Ribeiro de Amorim



Desde bem pequeno sou apaixonado por cavalos. Coleciono figuras deles, tenho um álbum cheinho de todos os tipos: altos, baixos, escuros, claros, manchados, raças diferentes e também de muitos países.

Meu pai, sempre me ajuda, e acabou comprando um sítio. E, no meu aniversário, ganhei um lindo cavalo preto, com crina branquinha, o nome era  
Reizinho. Mas, quem se sentia um rei nele era eu, quando fiz minha primeira montaria!

A emoção foi tanta que mal conseguia segurar nas rédeas ou colocar os pés nos estribos, nem sei bem se é assim que se fala. Também, ele era tão alto e, eu, que dava mesmo certo medo!

Gostei muito do presente e passava horas e horas ao lado dele, fazendo amizade, querendo que ele me conhecesse. Alisava seu pêlo, fazia carinhos, pegava umas espigas velhas no celeiro e adorava vê-lo mastigar com vontade.  Era mesmo um Reizinho o meu cavalo preto, e queria tratá-lo assim, de verdade, como um rei!

Lembro do meu passeio montado nele, pela primeira vez. Tenho muita saudade! Sentir que podia percorrer grandes distâncias, conhecer os arredores desconhecidos do sítio, dominá-lo, guiá-lo delicadamente para percorrer lugares que queria, ele me obedecendo com vontade. Êta bicho lindo e inteligente! Não conseguia achar animal melhor para se ter!

Íamos ao sítio nos fins de semana e, logo que chegava, corria para o curral, procurando meu cavalo de estimação. Quem cuidava dele era seu Antonio, o Tonico, caseiro, morador da região. Dava logo todas as explicações de como estava o Reizinho, como tinha sido seus dias! Levava-o a passear de vez em quando, e eu sentia até um pouco de ciúmes. Já nem pensava em brincar com meus amigos de escola! Perdia logo o interesse. Só pensava no meu cavalo.

Num final de semana, logo que cheguei, fui procurá-lo, mas não o achei. Fiquei meio louco, perguntando a seu Tonico onde ele estava! Não havia passado bem, ele me respondeu, e fora levado ao povoado mais próximo, para ser observado por um veterinário. Não sosseguei enquanto meu pai não me levou até ele, para ver como estava. Fui chorando o tempo todo, já pensando na falta que deve ter sentido de mim!

Quando chegamos, notei que estava meio caído, cabisbaixo, um pouco fraco! Já poderíamos levá-lo. Tivera uma intoxicação por ter comido alguma porcaria, sem que seu Tonico percebesse. Fiquei danado da vida! Quase falei um palavrão feio para o caseiro, mas meu pai me segurou e fiquei quieto, engolindo minha raiva. Lá fomos nós, na camioneta do sítio, de volta para casa. Eu feliz com meu Reizinho e ele cheirando-me com seu focinho.


Logo, logo, estávamos novamente galopando pelos campos e estradas. Eu, crescendo, tornando-me um rapazinho, diziam.


Um cavaleiro de verdade – respondi.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

ACORDO ORTOGRÁFICO

Acordo Ortográfico


A ortografia da língua portuguesa é determinada por normas legais. No início do século XX Portugal estabeleceu pela primeira vez um modelo ortográfico de referência para as publicações oficiais e para o ensino. No entanto, as normas desse primeiro Formulário Ortográfico não foram adotadas pelo Brasil. Desde então, a ortografia da língua portuguesa foi alvo um longo processo de discussão e negociação, com o objetivo de instituir, através de um único tratado internacional, normas comuns que rejam a ortografia oficial de todos os países de língua portuguesa.

As tentativas iniciais materializaram-se num primeiro acordo, assinado em 1931, que, no entanto, viria a ser interpretado de forma diferente nos vocabulários ortográficos nacionais entretanto produzidos: em Portugal, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, de 1940; no Brasil, o Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, de 1943, acompanhado de um Formulário Ortográfico. A fim de eliminar estas divergências, foi assinado por ambos os países um novo acordo ortográfico, em 1945, mas este apenas foi aplicado por Portugal, continuando o Brasil a seguir o disposto no Formulário Ortográfico de 1943.

Nas décadas seguintes, houve várias tentativas de chegar a novo consenso, mas, embora no início da década de 1970 tenha havido revisões que aproximaram as duas variedades escritas, não foi aprovada oficialmente uma reforma que instituísse um documento normativo comum. Fruto de um longo trabalho da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa, os representantes oficiais dos então sete países de língua oficial portuguesa (além do Brasil e de Portugal, também Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe) assinaram em 1990 o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, ratificado também, depois da sua independência em 2004, por Timor-Leste. O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990) entrou em vigor no início de 2009 no Brasil e em 13 de maio de 2009 em Portugal. Em ambos os países foi estabelecido um período de transição em que tanto as normas anteriormente em vigor como a introduzida por esta nova reforma são válidas: esse período é de três anos no Brasil e de seis anos em Portugal. Com exceção de Angola e de Moçambique, todos os restantes países da CPLP já ratificaram todos os documentos conducentes à aplicação desta reforma.

Além do texto das reformas da ortografia do português, apresentamos aqui também o texto da Nomenclatura Gramatical Brasileira, de 28 de janeiro de 1959, e o da Nomenclatura Gramatical Portuguesa, publicada a 28 de abril de 1967. Este último documento foi entretanto substituído pelo Dicionário Terminológico, disponível aqui.

Todos estes documentos podem ser consultados e pesquisados seguindo as ligações que se encontram abaixo. Para ler o texto de cada uma das partes que constituem os documentos, basta clicar sobre o título respetivo.

  • ver Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de 1990 - em vigor desde 2009
  • ver Nota explicativa - Anexo II do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
  • ver Acordo Ortográfico de 1945 - Portugal e outros países da CPLP
  • ver Formulário Ortográfico de 1943 - Brasil
  • ver Formulário Ortográfico de 1911
  • Nomenclaturas gramaticais
  • ver Nomenclatura Gramatical Portuguesa (1967)
  • ver Nomenclatura Gramatical Brasileira (1959)



O caracol e a borboleta. - Hirtis Lazarin

  O caracol e a borboleta. Hirtis Lazarin   O jardim estava festivo e cheirava a flor. Afinal de contas, já era primavera. O carac...