A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

O aroma do amor - Alberto Landi

 




O aroma do amor

Alberto Landi

 

Todas as manhãs através do terraço do pequeno apartamento, ele era atraído por um aroma de café vindo do apartamento em frente ao seu e que era preparado por uma jovem.

Diariamente acompanhava esse ritual, pois além do aroma, existia uma bela jovem, que balançava já seu coração quando tinha oportunidade de vê-la.

A vida dele começou a ter outro sentido.

Agora havia motivos suficientes para longas caminhadas e quem sabe poder encontrá-la.

Começou a se tornar uma pessoa diferente.

Em um certo dia, no lugar certo e no momento oportuno, os dois se encontraram a caminho do parque.

Os dois, sem se conhecerem, sentiram algo de bom nos primeiros olhares, porém, cada um seguiu seu caminho sem trocarem palavras.

Os dias foram passando e o ritual do café continuava.

Acredito que o Universo conspirou um pouco para que os dois continuassem a trocar olhares., através do terraço do apartamento.

Mais tarde, seguiram os sorrisos.

Respiração acelerada e corações batendo no mesmo ritmo, até que surgiu o primeiro encontro.

A felicidade estava estampada na face de ambos e nada os separava agora.

A distância entre as moradias era cada vez menor, e a vontade de estarem juntos aumentava dia a dia.

Assim, as duas almas puderam se encontrar.

Veja o que o aroma de um café pode fazer. A união de dois corações que perdurou por muitos e muitos anos.



quarta-feira, 16 de setembro de 2020

AMIZADE MODERNA EM TEMPOS DIFÍCEIS - Dinah Ribeiro de Amorim

 








AMIZADE MODERNA EM TEMPOS DIFÍCEIS

Dinah Ribeiro de Amorim

 

Que faria eu sem amigos, nos momentos de solidão? São suas palavras que confortam através dos meios de comunicação.

Computadores, emails, whatsaap, Instagran, You Tube, Linkedin, Face, transmitem coragem, otimismo, amizade, unem corações.

Não critico quem os utiliza, como distração, são momentos de risadas ou de grande emoção.

Revelam notícias através das entrevistas e sabemos de novidades ainda não percebidas.

Claro que o mal também se introduz, desvirtua a verdade através dos fake news.

Mas numa análise geral, em tempos de pandemia, agradeço à tecnologia, principalmente os celulares, essa grande invenção, que permite comunicação com o mundo, com a vida, a arte, com outras formas de criação.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

A VIDA TEM SURPRESAS - Henrique Schnaider

Embriagado, homem chega nervoso em casa e agride o pai - JD1 Notícias

 


A VIDA TEM SURPRESAS

Henrique Schnaider


João era uma pessoa do tipo durão, não conseguia sequer ter  convivência agradável com a mulher e os dois filhos, que nunca recebiam um pingo de amor. Apesar de terem sido criados com muita rigidez, tiveram boa educação, se tornando responsáveis profissionais, médico e dentista.

 

Quando ainda os filhos eram crianças, João não tinha quase nenhuma atividade social, dos amigos mantinha distância, não dava nem sequer para considerá-los como tal, eram pessoas que estudaram com ele. Apesar de sempre receber convites dos colegas para encontros animados, o homem tinha um coração duro, não amolecia nunca.

 

Quanto a esposa, a pobre era uma santa, aguentava calada todas as grosserias do marido, mas o coração estava com uma ferida crônica, ela mal se recuperava de uma estupidez de João e lá vinha outra, os meninos tinham pavor do pai, quando chegava em casa, eles eram ratos fugindo do gato, senão sobrava para eles.

 

Quanto aos parentes, João tinha dois irmãos, mas mal via, mantinha-os longe da sua casa, já tinham brigado, pois o danado quis passar a perna neles, numa questão de herança mostrando daí seu mau caráter, os dois cunhados, irmãos da esposa, nem podiam ouvir falar o nome dele.

 

Os anos passaram, João envelheceu, a esposa acabou morrendo, seu coração não aguentou tantos maus tratos, a morte para ela foi uma benção. Os filhos casaram e trataram de sumir, largando João na mão. Em todos aqueles anos, ele não plantou o amor, e as plantinhas do amor dos filhos não foram regadas, feneceram.

 

O homem com mais de oitenta anos ficou sozinho, não recebia nunca uma visita, vivia cabisbaixo, andando de um lado para o outro, um sonâmbulo, ninguém aparecia nem os filhos nem os parentes, nem os amigos.

 

Os amigos de escola souberam da triste situação de João, acharam que não deveriam levar em conta o passado, e combinaram de visitá-lo e dar assim a ele o calor saboroso da amizade que ele sempre rejeitou.

 

A primeira visita do grupo, foi uma agradável surpresa para João, ele sabia que não merecia a gentileza. Os amigos encheram-no de agrados, e ele chorou de emoção. Aquele coração de pedra se desmanchou, pedia perdão por não ter dado o devido valor aos velhos amigos, finalmente descobriu o que é a felicidade, ficaram várias horas com ele, preenchendo o vazio do seu tempo.

 

Quando saíram prometeram que voltariam outras vezes, deixando João feliz da vida, descobrindo o valor da amizade, começou até em pensar de pedir perdão aos filhos e quem sabe no final de sua vida, ainda aproveitar do valor do amor.

MUITO MAIS QUE AMOR - Hirtis Lazarin



O que significa sonhar com olhos? - Sonhar com - Significado dos Sonhos

MUITO MAIS QUE AMOR

Hirtis Lazarin

                                                                

Foi num baile de formatura que conheci Lily.  Destacou-se de pronto no salão de danças.  Dançava sozinha num ritmo cheio de graça, sorrindo e cantarolando a letra da canção.  Ao erguer os braços, mostrava os joelhos, balançava os quadris de tal jeito que seu corpo bem modelado distribuía malícia.  Sabia que estava provocando e sentia prazer com isso.  Seus olhos contavam.

 

Aproximei-me num momento em que ela chegou ao bar e devorava uma taça de bebida.  Derreti-me só em ouvir sua voz.  O sorriso amplo parecia sair não só da boca e dos olhos, mas também do nariz, da testa e das orelhas.  Eu não sabia se era de verdade ou de zombaria.

 

Encontramo-nos outras tantas vezes, uma conquista que me deu trabalho.  Estar perto dela era tudo o que eu mais queria.  Dominou-me inteirinho.

 

Eu, de família culta; ela, filha de pescadores.  Não escondia o fascínio que sentia pelo dinheiro, pelo poder.  Dizia sem restrições que o dinheiro dá segurança, permite aproveitar a vida e que o futuro está garantido.

 

Mesmo assim despertava-me desejo e ternura.  Encantou-me feito cobra feiticeira e paciência não me faltava.

 

Aceitou meu pedido de casamento quando meu tio Astolfo ofereceu-me trabalho num pequeno escritório de advocacia nos arredores de Paris.  Status e cifrão escreveram-se naqueles olhos que de tão claros pareciam líquidos.

 

Tão logo sentimo-nos bem instalados num pequeno apartamento, matriculei-a num curso de francês.  Era inteligente e comunicativa.  Familiarizou-se mais rápido do que eu supunha com a cidade, os hábitos e o idioma.  Em poucos meses, já entendia o interlocutor e se fazia entender.  Perdeu o medo e sozinha tomava o ônibus e fazia um tour pela cidade.

 

Mas Lily estava sempre insatisfeita e ansiosa.  Sem me consultar, matriculou-se numa escola de artes.  Contou-me que sempre gostara de desenhar, mas a dificuldade financeira da família nunca permitiu que estudasse.  Fingi que acreditei.  Nunca vi um desenho feito por ela. Em semanas, o quarto de visitas entulhou-se de tintas, cavaletes, telas e até livros de arte.  E eu trabalhava mais e mais pra dar conta dos gastos.

 

Várias vezes ela alterou o horário das aulas e começou a voltar pra casa cada vez mais tarde.  Desculpas e explicações não a embaraçavam.  Era muito criativa.

 

Discussões, cenas de ciúmes tornaram-se frequentes.  A minha confiança escapava  pelos vãos dos dedos e eu não segurava mais tanta decepção e tristeza.  Palavrões já faziam parte do meu vocabulário.  E ela, neutra e impassível.

 

Naquela tarde de inverno rigoroso, eu estava esquisito e muito ansioso.  De repente,  o escritório, as mesas, as pessoas começaram a girar.  Não enxerguei mais nada.  Quando acordei estava deitado num sofá improvisado e rodeado pelo médico,  enfermeira e colegas de trabalho.  Minha pressão arterial andava descontrolada.  Um certo tempo depois, um táxi me deixou em casa. 

 

Eram quinze horas.  A casa,  solitária, desarrumada e triste.  Ultimamente Lily saía e não me dava satisfação. Esperei inutilmente por ela e nada...   Acabei adormecendo...   Acordei assustado horas depois  e tudo continuava no silêncio e na escuridão.  Amaldiçoei a correria dos ponteiros do relógio.

 

Depois de muitas taças de bebida, apertei tanto a última que estilhaçou entre meus dedos.  Eram cacos de vidro por toda parte.  Um corte profundo na palma da mão esquerda sangrou...  Levantei-a tão bruscamente que pingos de sangue mancharam minha roupa e o tapete.  "Como pude enganar a mim mesmo por tanto tempo?"  A verdade, eu impedia-me de ver."

 

Dez horas da noite e eu cansado de tudo...

 

A preocupação que tinha virado ansiedade que virou raiva.  Um calorão sufocante e irado obrigou-me a arrancar a roupa. e atirá-la bem longe.  Parei em frente ao espelho.  Não me reconheci.  Na imagem refletida havia um rosto de expressão selvagem,  de ódio, os cabelos desgrenhados, as pupilas dilatadas, a boca seca e irônica.

 

Leônidas está na UTI e respira através de aparelhos.

 


O cãozinho aventureiro - Alberto Landi

    O cãozinho aventureiro Alberto Landi                                       Era uma vez um cãozinho da raça Shih Tzu, quando ele chegou p...