A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

AINDA HÁ TEMPO PARA AMAR - CONTO COLETIVO 2011

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

LEON ALFONSIN VAGLIENGO - PROJETO MEU ROMANCE

 







A HISTÓRIA DE JOSÉ MALAGHETTA

 

 

Dizer o quê? A vida é assim... As coisas vão, mesmo, acontecendo...

                                                                                                                              

 

 

ORIGENS

Os italianos Vittorio Malaghetta e Francesca Bianchi eram naturais da Comuna de Lucca, na região Toscana. Conheceram-se por acaso numa missa na Basílica de San Frediano, e várias trocas de olhares muito interessados entre os dois perturbou a concentração de ambos na cerimônia religiosa. Ao final da missa, Vittorio apresentou-se para ela e, a partir desse momento, floresceu uma paixão que percorreu rapidamente as etapas de namoro e noivado e logo evoluiu para o enlace matrimonial, conforme preconizavam os costumes no final dos anos sessenta.

LUCCA

     

Infelizmente, desde os primeiros meses após o casamento, a vida em comum do casal Vittorio e Francesca Malaghetta não estava sendo facilitada pelas famílias. Ao contrário, muitas críticas e intrigas de lado a lado, motivadas principalmente pelo ciúme das “mammas”, envenenavam o relacionamento do casal, tornando insuportável seu relacionamento e impossível um convívio harmonioso. Coisa de italianos.

Porém, a cumplicidade entre Vittorio e Francesca foi mais forte e resolveram ir embora, para bem longe das famílias. Escolheram de comum acordo emigrar para o Brasil. Iriam para São Paulo, onde fixariam residência, e estariam livres daquelas interferências. Para tanto, contaram com a ajuda do pai de Vittorio que, mesmo a contragosto, reconheceu os motivos, respeitou a decisão do filho e contribuiu com os recursos necessários para que eles pudessem concretizar aquela difícil decisão, recomeçando seu casamento em outro país.

Ao fazerem escala no Rio de Janeiro, porém, encantaram-se com a cidade e mudaram de ideia. Não iriam mais para São Paulo, ficariam por lá mesmo. Vittorio procurou se informar sobre onde se concentrava a colônia italiana, e o casal sediou-se no bairro de Santa Teresa, numa casa modesta que o generoso dote recebido de seu pai proporcionou. Com o que sobrou, ainda montou uma loja de frios e laticínios para ganhar o sustento da família.

 

 

 

O MENINO

Dois anos depois que se estabeleceram no Rio de Janeiro, foram abençoados com o nascimento de um “bambino”, que foi batizado na Igreja com o nome de Giuseppe, mas registrado em cartório na versão brasileira de José Malaghetta. Em casa, porém, era o Beppe, e com esse nome ficou conhecido pela vizinhança durante toda a infância e juventude.

Sempre protegido pela atenção afetuosa dos pais, Beppe foi um garoto feliz, com amigos imaginários e outros de verdade, com quem brincava. Na escola era um bom aluno, sob o rigor carinhoso de sua mãe. O que tinha de diferente e causava admiração a seus pais, era o notório talento para encontrar coisas extraviadas em casa. Ele gostava disso. Nessas horas fazia perguntas, avaliava os passos de quem havia perdido o objeto, e quase sempre conseguia encontrá-lo por meio de deduções lógicas. Sempre que isso acontecia, sua mãe, admirada e divertida, exclamava:

— “Beppe, mio piccolo San Longuinho!” — e dava três pulinhos, olhando para ele, rindo.

Mal sabia ela...

Vittorio, o pai de Beppe, era um homem grandalhão, de rosto muito vermelho, que sempre valorizava com entusiasmo exagerado tudo o que se referia à Itália. Coisa de italianos.

Era apaixonado por automobilismo, e quando recebia a visita de Lorenzo, seu conterrâneo e vizinho de bairro, o assunto não era outro, e corria tão animado que impressionava os ouvidos de Beppe, ainda menino, que a tudo escutava com muita atenção. O final das animadas conversas era sempre o mesmo: os dois amigos concordavam que os carros Alfa-Romeu eram os melhores do mundo. Coisa de italianos.

       — “Come vorrei avere quella macchina!” — exclamava Vittorio para o amigo em sua língua pátria, com voz emocionada, abrindo os braços em gestos exagerados e com olhos arregalados de euforia. Coisa de italianos.
 

De tanto ouvir as empolgadas conversas do pai sobre automóveis, nasceu no menino Beppe o sonho infantil de profissão: seria mecânico de automóveis. Ainda era adolescente quando começou a frequentar aulas de mecânica e a trabalhar como ajudante numa pequena oficina, com a aprovação de sua “mamma”, que já antevia um bom futuro para seu filho; quem sabe, ainda seria um engenheiro, e dizia para as amigas, orgulhosa, em sua língua:

— “Almeno, Beppe non sarà um venditore de mozzarelle come suo padre”.

Coisa de italianas.

 

UM SONHO REALIZADO

Aos quinze anos, Beppe ainda gostava de acompanhar os pais, aos domingos pela manhã, quando Vittorio costumava levar Francesca em passeios de carro, para conhecer os pontos mais bonitos da cidade. Num desses dias percorriam o bairro do Jardim Botânico, encantados com suas ruas densamente arborizadas, e Vittorio conduzia seu velho Fusca bem devagar, para poderem apreciar as lindas residências que as margeavam.

Quando passavam por uma antiga e bonita casa térrea, abriu-se a porta da garagem, chamando a atenção de Vittorio, que parou o carro imediatamente ao ver que lá dentro havia um belíssimo JK, o Alfa Romeo brasileiro, modelo que já tinha saído de linha havia alguns anos e não se via mais nas ruas. Mas estava reluzente, parecia novo.

Ao ver aquele Alfa Romeo, a paixão de Vittorio bateu forte, ficou agitado, quase maluco. Queria admirá-lo de perto. Encostou o Fusca e desceu, aproximando-se para conversar com o homem que saíra por aquela porta, perguntando se poderia ver o automóvel. Era o caseiro do imóvel, que já não tinha moradores.

Ele lhe contou que o carro quase não fora usado, porque seu Antero, o antigo proprietário, faleceu pouco tempo depois que o comprou. Dona Marieta, a viúva, manteve o carro do marido na garagem por muitos anos, com pena de vendê-lo; mas recentemente ela também havia falecido e seu único filho, quando aparecia, dizia que queria livrar-se logo daquele “carro velho”, como se referia a ele, pois pretendia mudar-se para a casa que herdou e precisaria da garagem.

— O JK está novo, e à venda. Essa garotada não dá valor para coisas antigas — comentou o caseiro, indiscreto.

A loja de frios e laticínios de Vittorio estava tendo um bom movimento e ele havia conseguido, mesmo com algum sacrifício, juntar algum dinheiro, que foi suficiente para comprar o tão sonhado Alfa-Romeo, o JK brasileiro.

— É só para nossos passeios — justificou-se para Francesca, que não estava gostando nada daquela gastança — “al lavoro, vado com la mia Volksvagen”, concluiu, conseguindo convencê-la.

Um carro lindo e raro. Por onde passava com ele, Vittorio chamava a atenção de todos. Só um sujeito muito rico pode andar com um carro desses, comentavam seus vizinhos, com uma pontinha de inveja.







 NASCE UM DETETIVE

Cerca de seis meses depois da compra do JK, numa noite quente de dezembro, o relógio bateu dezenove horas e o metódico Vittorio ainda não havia chegado de sua loja de frios e laticínios, como era de costume. Dona Francesca estranhou, mas resolveu aguardar mais um pouco. O tempo foi passando, já eram mais de nove horas, e nada do Vittorio. Não voltou, não telefonou. Cada vez mais preocupada, chamou o filho e foram à Delegacia, onde ouviram que, de acordo com o procedimento policial, ainda era cedo para iniciar uma procura.

— Não se preocupe, senhora — disse o policial sem conter aquela expressão de carioca, meio sugestiva — a noite está bonita, talvez ele tenha encontrado algum amigo e foram comemorar alguma coisa...deve estar se divertindo — concluiu.

Dona Francesca não disse nada, mas ficou muito zangada, pensando “imagine que o meu marido faria isso, ainda mais sem me avisar. Mas quando chegar... Ah, vai ter que se explicar...”. Puxou Beppe pelo braço e voltaram para casa, na esperança de que Vittorio já houvesse chegado. Mas não, ele não estava lá.

       Já fazia dois dias que Vittorio estava desaparecido. Nenhum sinal dele, nenhuma pista tinha sido encontrada pelos policiais. O velho Fusca que usava para ir ao trabalho continuava estacionado próximo à loja de frios e laticínios, encontrada aberta e vazia, sem ninguém em seu interior. Nesses dois dias foi exaustivamente periciada pelos investigadores, mas não encontraram qualquer coisa que pudesse oferecer subsídios para a localização de Vittorio. Aparentemente, nada havia sido roubado.

Os investigadores fizeram muitas perguntas para a desesperada Francesca e para Beppe, buscando encontrar alguma pista. As perguntas ouvidas desencadearam o raciocínio do rapaz, que também procurava respostas lógicas para cada dúvida, como fazia quando era criança e procurava coisas extraviadas. Resolveu pedir licença na oficina para ajudar a mãe e tentar encontrar algum rumo que o levasse a entender o que havia acontecido com o pai.

       O Natal estava próximo e a esperança de encontrar Vittorio não diminuía. Nem Francesca e nem Beppe aceitavam admitir a pior hipótese. Mas o medo prevalecia em seus pensamentos quando pensavam nele.

       A perícia liberou o local no terceiro dia, e Francesca, impotente para encontrar seu marido e sem alternativa que não fosse aguardar os resultados dos trabalhos da polícia, mesmo enquanto vivia aquele drama, precisou reabrir a loja de frios e laticínios para atender a freguesia, contando com a ajuda de Beppe. Vittorio havia gastado quase todas as economias da família para comprar o JK e agora precisavam de dinheiro para pagar as contas que continuavam a chegar.

Naquele mesmo dia o telefone tocou muitas vezes, recebendo pedidos de clientes. Mas numa dessas chamadas, quando atendeu, Francesca teve que sentar-se, as pernas quase não a sustentaram. Foi um sequestro, meu Deus! E não tinham recursos para pagar nenhum resgate! Vittorio havia gastado as economias da família na compra do carro. Com mãos trêmulas ela anotou as exigências dos sequestradores, que lhe deram cinco dias para conseguir a quantia que queriam para libertar Vittorio; ameaçaram dar um fim nele se ela falasse com a polícia; e depois dariam as instruções para a entrega do dinheiro. Logo desligaram para evitar que fossem localizados.

Francesca, então, apavorada, contou tudo que ouvira para Beppe, concluindo:

— “Dio Mio! Pensano que siamo ricchi! Siamo perduti!”.

       Mesmo assustado com a notícia, Beppe procurou manter a calma; perguntou para a mãe como era a voz que ouviu, o jeito de falar do bandido e outros detalhes que imaginou sobre a conversa; em seguida, começou um levantamento de clientes e fornecedores, mas tinha apenas nomes. Precisava conhecê-los. Examinou as notas de compra e de venda, para tentar identificar quem havia estado na loja no dia em que seu pai não voltou para casa. Depois, repassou todas as anotações que havia feito; examinou clientes, fornecedores, amigos, vizinhos e até parentes e imigrantes conhecidos.

Passou a analisar tudo o que se referia aos hábitos de Vittorio O relacionamento amoroso profundo que seu pai tinha com a família era coisa de italiano, e derrubava qualquer hipótese de que a houvesse abandonado. Como seu pai circulava sempre pelas imediações, tirou um dia para visitar especialmente alguns locais que ele frequentava, por onde passava com seu carro antigo e luxuoso, que, naquele bairro modesto, sempre chamava muita atenção.

Aos poucos foi descartando algumas possibilidades e elegendo outras. Ignorou a ameaça dos sequestradores sobre falar com a Polícia e foi à Delegacia, onde relatou a conversa telefônica e explicou suas deduções para os Investigadores, indicando possíveis implicados no sequestro. O tempo era curto, faltavam apenas dois dias para o pagamento do resgate e não tinham o dinheiro imaginado pelos sequestradores.

Vendo a coerência das conclusões do rapaz, os investigadores concordaram com aquelas análises e resolveram agir conforme as conclusões indicavam. Monitorando os suspeitos, os policiais perceberam que um deles, o dono de um boteco das imediações da casa de Vittorio, demonstrava comportamento incomum, parecia muito ansioso; no dia seguinte, ao afastar-se do boteco foi seguido sem que percebesse, e conduziu os policiais até o local onde Vittorio estava preso, vigiado por outros dois marginais. Mediante cuidadosa ação policial foi libertado sem resistência pelos sequestradores, que foram presos.

Depois de seis dias em cativeiro, na antevéspera do Natal, Vittorio voltou para casa, são e salvo. Assim que os viu, abraçou Francesca e Beppe, e os três ficaram assim por um longo tempo, enlaçados e chorando muito, enquanto pronunciavam frases melosas, candentes, emocionadas e dramáticas sobre o que sentiram naqueles momentos terríveis. Depois de muito choro e emoção, Dona Francesca finalmente se pronunciou, com profunda inspiração de suas origens:

­— “Quanto sei magro, Vittorio! Ti preparerò una bellíssima pasta com la brachola”!

 

A ajuda inteligente de Beppe, fundamental para a solução do caso, foi reconhecida e muito elogiada pelos dois policiais mais antigos do Departamento de Investigações, mas não pelo detetive mais novo da equipe, o Romualdo, que nada disse e se roeu de ciúmes.

Os cumprimentos que recebeu calaram fundo em sua cabeça de adolescente, e um novo sonho profissional foi se fortalecendo com o passar do tempo, até predominar,  e ele reformulou os seus planos.

Pouco tempo depois, concluiu o curso de mecânica, mas desistiu dessa profissão e pediu demissão da oficina para poder completar os estudos no ensino médio e preparar-se para o concurso para investigador de polícia.

Dona Francesca, em sua simplicidade, não concordava com isso:

— Vai trocar o certo pelo duvidoso. Você é maluco, não regula bem.

— Pois é, mãe. Um mecânico tem que fazer muitas regulagens, e eu não regulo bem. Prefiro ser investigador de polícia — respondeu Beppe, bem-humorado.

— Deixa o menino, Francesca. Ele sabe o que faz — completou Vittorio.

       E assim, resoluto, Beppe prestou, com sucesso, o concurso logo que completou o ensino médio, aos dezoito anos, e finalmente tornou-se José Malaghetta, o mais jovem investigador de toda a polícia do Rio de Janeiro, designado para a Delegacia Policial de Copacabana – 12º DP. Mas não pretendia parar por aí. Em seus planos, ainda havia o Curso de Direito.

<<<<< 0 >>>>>

 





UM DIA DE GRANDES EMOÇÕES

Ou, quando até os olhos sorriem...

                                                                                       

 

       — CARAMBA! CHEGUEI! UFA!

       Com essas exclamações de alívio, Romeu terminou seu longo treino de corrida naquela quente manhã carioca; estava cansado, ofegante, mas satisfeito. Enquanto caminhava com a camiseta molhada de suor, agora em passos lentos para recuperar o fôlego, tinha no rosto uma expressão de felicidade, sorrindo sozinho à toa, como um bobo, sem perceber, aquele sorriso feliz e suave de quem conseguira cumprir a dura meta diária de correr os dez quilômetros. Agora chegara o momento de relaxar.

       Como fazia todos os dias ao terminar o treino, no caminho de casa entrou no pequeno supermercado e dirigiu-se à geladeira das bebidas, onde procurou um gatorade. Com aquela sede toda, arregalou os olhos, que até brilharam ao ver que tinha o seu preferido, pois muitas vezes estava em falta.

       — Oba! Hoje tem de uva! — Exclamou, pegando a garrafinha.

       Ao encaminhar-se para o pagamento, notou entrarem na loja outros três rapazes com roupas de atleta, mas não prestou muita atenção neles, porque agora o seu foco era outro.

       Do mesmo jeitinho de sempre, abriu o seu melhor sorriso para a Adriana, a bela moreninha do caixa que ele estava paquerando, e vice-versa. Já ia lhe dizer algum galanteio quando seu rosto se crispou e seus olhos se apertaram numa careta de dor intensa, em reação à forte coronhada que levara na cabeça.

       De repente, tudo escureceu. Romeu caiu ao chão e ficou desmaiado no meio do corredor, em frente ao balcão do caixa, mas fora da vista dos demais clientes, que correram para trás das prateleiras ao ver a agressão. Nem presenciou o assalto que ocorria a sua volta, realizado pelo eu agressor e  dois comparsas, todos vestidos como ele, com camisetas de mesma cor e marca esportiva. Também não ouviu os tiros disparados em direção ao gerente, que saiu do escritório para ver o que estava acontecendo, e, por muita sorte, não foi atingido.

       Os assaltantes levaram apenas o dinheiro do caixa e saíram rapidamente, andando com fingida naturalidade, cada um em uma direção diferente para dificultar uma possível caçada.

       Aos poucos, Romeu foi recobrando a consciência, mas seu rosto mantinha aquela expressão de dor. Ainda tonto, teve que se apoiar no balcão para se levantar do chão, e foi imediatamente cercado por três clientes que haviam se abrigado dos tiros no fundo da loja.

       Quando o viram em trajes de corredor iguais aos dos criminosos, não tiveram dúvidas em apontá-lo para os dois agentes da polícia militar que chegavam à loja naquele momento, e estes imobilizaram Romeu, completamente atordoado e com a cabeça ferida, vertendo sangue. Os ladrões já haviam desaparecido.

       A pequena sacola de pano que Romeu levava a tiracolo mostrava um volume suspeito que chamou a atenção dos policiais. Logo a examinaram, nela encontrando o revólver que o bandido havia escondido ao ouvir a sirene da radiopatrulha, para se desfazer dela e sair andando pela rua com seus comparsas sem nada que os incriminasse, assim não despertando suspeitas no caso de serem alcançados por uma revista policial.

       Mesmo atordoado, Romeu já se sentia em grande complicação. Como explicaria para a polícia a presença da arma em sua sacola?

       Nesse momento, sentindo-se mais segura, mas com a voz ainda trêmula pelo susto que passara, apareceu Adriana, a moreninha do caixa, que se abrigara debaixo do balcão e a tudo assistira de seu esconderijo.

       Ela relatou com clareza toda a ação que havia presenciado, e defendeu Romeu, esclarecendo que o assaltante o havia nocauteado com uma coronhada na cabeça e depois plantado a arma em sua sacola, acrescentando que o moço era um cliente habitual, muito “boa gente”.

       Como esse depoimento era coerente com o aspecto físico precário que viam no rapaz, e ainda com a confirmação do gerente, que também conhecia Romeu havia bastante tempo, os outros clientes e os guardas se convenceram de sua inocência no caso e ele foi liberado, ainda fazendo muitas caretas pela dor de cabeça.

       Na saída dos guardas, ouviu-se um dizer para o outro, em tom meio zombeteiro:

       — Ocorrência encerrada. Nem foi caso para chamar a Civil. Ainda bem, o detetive Malaghetta estica muito qualquer assunto.

       Encerrada, mas não para Romeu e Adriana.

       Mesmo com a cabeça doendo, mas um pouco menos atordoado, ele sentiu que o clima era propício e perguntou se poderia buscá-la na saída do serviço para… trocar umas ideias… tomar um lanche…

       ­— Sim — ela respondeu apenas, tímida, olhando para Romeu com um sorriso, sorrindo também com os olhos, seus lindos olhos de mel.

<<< 0 >>>

 

 



Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.

A ÚLTIMA QUARTA - LEON A. VAGLIENGO

  A ÚLTIMA QUARTA Dizer o quê? As coisas vão, mesmo, acontecendo...                                                                     ...