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quarta-feira, 11 de agosto de 2021

CATEDRAL NOTRE DAME DE PARIS - Alberto Landi

 



CATEDRAL NOTRE DAME DE PARIS

Alberto Landi

 

Tive oportunidade de visitar essa Catedral por algumas vezes, mas desta vez me emocionei ao apreciar os detalhes de sua beleza.

É uma das edificações góticas mais belas do mundo. Muitos acontecimentos marcaram toda sua existência: Cenário de romances. O Corcunda de Notre Dame de Victor Hugo. Ali Napoleão coroou-se imperador da França em 1804...

A relíquia mais valiosa é a Santa Coroa que os católicos acreditam que foi usada por Jesus pouco antes de ser crucificado. Conserva ainda outras duas relíquias da Paixão de Cristo; um pedaço da cruz e um cravo.

Era um dia invernal de 6 de janeiro de 2014, havia muita neve nas margens do Sena e finas camadas de gelo se formavam na água. As gaivotas esfomeadas devido ao rigoroso inverno voavam em círculos no céu.

Nesse dia estava sendo celebrada pelo bispo de Paris, a Solenidade da Epifania do Senhor. Era a manifestação divina em Jesus, como sendo o escolhido Filho de Deus. O momento de revelação dele ao mundo. Tive o privilégio de assistir, e ao mesmo tempo de apreciar detalhes da Notre Dame, como a sua beleza e a sublimidade das cores etéreas de seus vitrais brilhantes e reluzentes e de sua calma gelada. Há 3 rosáceas que representam flores do paraíso. Nelas estão profetas, anjos, reis, cenas da vida dos santos. No centro das rosáceas figuram as imagens de Maria, o Menino Jesus e da Ascensão de Cristo. No centro, ao fundo, um grande órgão com 5 teclados e cerca de 8.000 tubos por onde saem ondas sonoras belíssimas. É o espetacular destaque da Catedral!

Interessante, também, é o sagrado ritual das pessoas em oração e a emoção das palavras pronunciadas na liturgia, como se fosse uma elevação de uma grande poesia.

A catedral é alma. Com suas torres, vitrais, sinos, órgãos, e espaços silenciosos. Não são meras edificações medievais, mas sim, é onde nos sentimos em casa. Nos encontramos com Deus em uma celebração conjunta dos seus seguidores.

Que mistério pode se esconder além das portas fechadas, luzes apagadas, e liturgias abreviadas?

Penso que é tempo de estarmos unidos e darmos as mãos pela construção de um mundo melhor e mais fraternal.

Nos meus sonhos vejo uma Catedral que representa por igual valor o mundo, o ser humano, as famílias e as raças de um modo geral como um todo, e a união entre nações.

E assim, a Catedral de Notre Dame em Paris, grande símbolo do cristianismo, me deslumbra sempre que a vejo, por sua magia, grandiosidade e encantamento.

O LÁPIS E SUAS QUALIDADES - Henrique Schnaider

 




O LÁPIS E SUAS QUALIDADES

Henrique Schnaider

 

O lápis tinha um papel muito importante naquela casa. “Maldoso” às vezes ficava sem ponta deixando todos, que precisavam dele para escrever, sem poder fazer o que precisavam. Ou seja, escrever uma carta, uma lição de casa ou algum desenho.

Quando estava de bom humor, podia ser “lúdico”, possibilitando através da escrita, umas brincadeiras legais. Ele estava sempre “faminto”, precisando do apontador para satisfazer suas vontades e ficar com uma bela ponta. Mas o apontador cobrava um preço caro para lhe apontar. Ele tinha que dar a cada apontada, a sua própria composição de madeira.

“Injusto”, às vezes, resolvia quebrar a ponta no meio de qualquer tarefa.  E pronto, lá vinha o salvador da pátria, o belo apontador com suas lâminas bem afiadas para apontar e deixar uma bela ponta novamente, alegrando quem estivesse usando o lápis.

“Matreiro”, de vez em quando, ficava com a ponta grossa só para se divertir e brincar com quem estivesse fazendo um desenho que acabava ficando muito feio.

O apontador também gostava de fazer das suas com o lápis e resolvia não apontar ele direito. Pois tinha que ser “preciso” para apontar e ficar uma bela ponta. O lápis ficava bravo com seu parceiro, pois sabia que sem o apontador, não teria como realizar suas funções.

As pessoas da casa gostavam muito do lápis, pois se divertiam através dele, escrevendo ou desenhando. Eles o achavam de extrema utilidade e cuidavam dele com o maior carinho.

Mas a vida do lápis foi relativamente curta. Com o passar dos dias, quanto mais ele era usado, pior para ele. E ele foi ficando aflito. Foi vendo sua vida encurtar cada vez mais e até que um dia, ele ficou tão pequeno que o seu triste destino foi a lata do lixo.

O MACACO SIMÃO - Henrique Schnaider

 




O MACACO SIMÃO

Henrique Schnaider

 

O macaco Simão era o “maldoso” do bando, mas também muito “matreiro”. Sempre era o primeiro a pegar as comidas que o bando “faminto” achava para comer.

Ele tinha a liderança do barulhento bando de macacos e não admitia que ninguém o desafiasse. Assim, de vez em quando, algum macho jovem empolgado, resolvia desafiar o líder Simão, o circo pegava fogo, mas na luta para manter a liderança ele era “preciso” nos seus golpes e punha para correr o desafiante.

Havia momentos em que ele era “injusto”, e que nem sequer tinha pena dos filhotes do bando, alguns dos quais eram seus filhos. Os pobres que ficavam aguardando os pais para poderem ser alimentados.

Sabia defender o bando como um verdadeiro líder tem que ser. Quando eram atacados por inimigos. Desta forma, era cada vez mais acatado e admirado. As fêmeas da turma se encantavam com ele e ficavam sedentas apenas por um olhar de interesse por uma delas.

Ele sabia escolher muito bem as preferidas. As macacas mais bonitas e aquelas que procriavam bem para lhe dar muitos filhotes. Mas tinha uma macaca jovem ainda, a Pimba que era a sua preferida e Simão se desmanchava todo por ela, lhe dando presentes de frutas madurinhas deliciosas.

Quando o bando era rodeado e atacado por grandes felinos como leões, leopardos e panteras, o líder Simão tratava de atrair as feras para proteger o resto do bando. “Preciso” e “matreiro”, sabia como enganar os atacantes que acabavam se cansando e desistindo da caça pelas estratégias de fuga do líder.

Assim, os anos foram passando e Simão continuava liderando e protegendo o seu bando. Mas, o tempo não perdoa nenhum ser vivo e o  macaco, começou a dar sinais de velhice e de fraqueza.

Um dos seus filhos King, já adulto, se tornou um vigoroso macaco temido por todos. Simão percebeu que seu filho qualquer dia, iria desafiá-lo, tomar o poder dele e assumir a liderança do bando.

O macaco Simão, demonstrando que tinha sabedoria e maturidade, antes que seu filho lhe tirasse o poder através de um combate, o chamou e deu-lhe o cetro do poder. Resolveu se aposentar daquela vida agitada e foi viver bem no alto de uma gigantesca árvore ao lado da sua amada Pimba.

O MACACO KING - Alberto Landi

 






O MACACO KING

Alberto Landi

 

Alguns animais tomavam sol à beira do rio. Mas estavam preocupados com o aparecimento de um leão ali nas redondezas, que ameaçava a tranquilidade deles.

O felino parecia idoso, mas era muito lúcido para perseguir os animais. Mas, o macaco, ele era do chifre furado. Pendurava frutas no pescoço da girafa, dava nó na tromba do elefante, aprontava muito.

Os bichos se reuniram para planejar um meio de se livrar do leão. King, o macaco, era lúdico e matreiro e se deliciava comendo bananas nos galhos da árvore. Rindo e ouvindo o que os bichos estavam tramando.

— De que você está rindo? Perguntaram. 

— Estou rindo porque todos vocês têm medo do leão, mas eu não!

— Vou fazê-lo trabalhar para mim!

Eles deram muitas gargalhadas do macaco quando disse isso.

— Vocês vão ver!  Isso é só a ponta do iceberg!

O leão se aproximou dos animais e perguntou com ar de austeridade:

— De que vocês estão rindo?

Informaram ao leão, o que King, o macaco matreiro, havia dito!

— Ah é! E, onde está ele? Perguntou o leão já furioso.

Apontam todos para a árvore onde ele estava sentado.

Quando o leão viu o símio, correu até ele:

— Você aí! Disseram que não tem medo de mim e que eu trabalharia para você. É verdade?

O símio muito dissimulado argumentou que não era bem assim:

— Eu disse que “gostaria” de poder trabalhar para você. 

— Ah! Disse o leão, agora entendi.

Se estabeleceu uma amizade entre o leão e o macaco e foram juntos em direção ao rio.

De repente King parou, chorando, suas lágrimas que lógico, eram como uma cascata, escorrendo pelas bochechas.

— O que há de errado com você? Perguntou o leão.

— Estou com dor no pé e receio de não poder te acompanhar.

— Você precisa dizer para aqueles bichos que realmente tem medo de mim, disse o leão.

Vamos fazer o seguinte disse o macaco matreiro:

— Você me deixa andar em suas costas?

Prontamente o leão concordou, e assim prosseguiram no caminho.

De repente o macaco gritou, espantado e com olhos como se fossem duas jabuticabas:

— As suas costas são muito irregulares. Ajudaria muito se tivesse uma espécie de sela para que eu pudesse ficar mais confortável.

O felino gentilmente pegou folhas de palmeira e colocou a sela.

— Agora sim, está confortável, disse o macaco. E assim continuaram caminhando.

Mais uma vez o dissimulado King gritou:

— Eu tenho medo de cair da sela, se eu tivesse algo para me segurar seria o ideal. O leão concordou e amarrou algumas videiras no seu pescoço. Passado algum tempo eis que o macaco grita novamente.

— O que está errado agora? Diz o felino, já bem irritado e feroz.

— Há muitas moscas por aqui, preciso de algo para espantá-las.

 Eis que o felino pegou um grande galho e deu ao símio.

— Isso vai ajudar, vamos em frente, diz King.

Quando estavam quase chegando, o macaco sentou-se no alto da sela, agarrou as videiras e golpeou o felino com as folhas e gritou:

— Vamos lá...

O felino surpreso disparou, e correu tão rápido que passou na frente dos animais que estavam reunidos. Todos eles começaram a rir quando viram o macaco saltar das costas do felino e pular de volta para as árvores.

Os risos foram tão altos que chegaram aos ouvidos do leão, e este envergonhado nunca mais voltou naquele lugar.

O macaco rindo disse:

Eu dominei a fera, e como falei, ele iria trabalhar para mim. Fazendo todas as minhas vontades...

FREDERICO - Henrique Schnaider

 





FREDERICO

Henrique Schnaider

 

Frederico tinha fama de ser um sujeito “faminto”, morto de fome. Casou-se com Sônia uma mulher rica e vaidosa que gostava de se cuidar, possuía uma bela silhueta, um corpo muito bem cuidado através de idas frequentes ao cabeleireiro e plásticas e aplicações de Botox.

A tristeza da vida dela, era que o Fred, como ela o chamava, era totalmente o contrário. Sujeito totalmente relaxado consigo mesmo. Não era chegado num banho, usava roupas desgrenhadas e raramente trocava de roupa. Sônia tinha que ficar pegando pesado para conseguir alguma coisa boa dele.

Não que ele fosse “maldoso”, mas ele amolava a esposa que tinha acabado de fazer as unhas. Dizia o “matreiro”, que estava com muita fome e ficava pedindo que ela fizesse aquela comidinha que ele gostava. Lá ia Sônia para o fogão satisfazer as vontades do marido.

Fred não ficou satisfeito e queria uma sobremesa daquelas superdifíceis de preparar e que só engordava o guloso do marido. Sônia, paciente, fazia todas as suas vontades. Porém, a paciência ia se esgotando.

Fred era “injusto” com a esposa, pois não era capaz de fazer um único elogio para ela, apesar de ela merecer muitos.

O Fred só tinha olhos para as guloseimas e usava e abusava da esposa que já estava com a chaleira fervendo.

Certo dia, Fred depois de se empanturrar de comidas feitas pela Sônia. Comeu tanto, mas tanto que começou a passar mal. Foi parar no hospital e acabou numa UTI com diverticulite, pois o estômago e os intestinos não resistiram a tamanha comilança.

O guloso teve que passar vários dias internado no hospital e quando teve alta, Sônia o fez prometer que iria se controlar na comida, e ele jurou que faria isso.

Passados alguns dias e a promessa estava sendo cumprida.

Mas, assim como diz o ditado que “o lobo perde o pelo, mas não perde o vício”, Fred voltou ao vício e “para comer um leão, mas para trabalhar só nos empurrões”.

Sônia não aguentava mais aquela vida de servir ao glutão. Um dia sem mais nem menos, fez as malas e foi embora para a casa da mãe e deixou a fominha sozinho, morrendo de fome já que ele não sabia cozinhar, preguiçoso como era. Iria precisar trabalhar se quisesse comer. Dessa forma acabou a boa vida de Fred, o faminto.

 

 

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