A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

quinta-feira, 29 de abril de 2021

GILDA A INJUSTIÇADA - Henrique Schnaider

 



GILDA A INJUSTIÇADA

Henrique Schnaider

 

Gilda trabalhava a trinta anos desde a fundação da Empresa, sempre com muita dedicação e fidelidade. O patrão Carlo sempre a tratou com nenhuma consideração. Muito pelo contrário, a tratava de forma ríspida com casca e tudo.

A infeliz da Gilda andava sem paciência e a explosão poderia acontecer a qualquer momento. Continha-se a muito custo e além do que Carlo nunca deu nenhuma demonstração de reconhecimento por tantos anos de serviços prestados.

Gilda sentia-se humilhada, já que o patrão a tratava mal na frente de outras pessoas e não pode haver coisa pior do que você se sentir diminuído na presença de outras pessoas.

Gilda continuava solteira e sozinha, além de não ter casado, sua mãe faleceu e ela pouco via seus irmãos que moravam em outro País. Amigas tinha poucas e nenhuma mais chegada.

Quando ia para a Empresa onde entrava as sete da manhã, já chegava pensando com o estomago embrulhado de ter que olhar e passar mais um dia com Carlo.

— Quem este sujeito pensa que é! Não aguento mais tanta desconsideração e qualquer dia destes ele vai conhecer a outra Gilda que existe dentro de mim e tenho certeza de que não vai gostar.

Dali para frente, o desgosto foi tomando conta dela na forma de ódio e crescendo cada vez mais à medida que era maltratada e não reconhecida. Carlo para ela, se tornou o diabo em forma de gente.

Ideias estranhas e perigosas, começaram a fluir na mente dela num verdadeiro turbilhão de ódio incontrolável. Tomava conta de todo o seu ser. Começou a tomar forma, uma ideia de vingança contra Carlo e Gilda não conseguia mais dominar seus mais baixos instintos.

A perfeita funcionária iniciou um trabalho de sabotagem na Empresa. Carlo, apesar de como a tratava, tinha a mais absoluta confiança e entregava todos os seus investimentos nas mãos dela.

Sorrateiramente ela iniciou um trabalho para afundar a vida financeira de Carlo. Investiu em Empresas na Bolsa de Valores que tiveram uma desvalorização grande, dando um enorme prejuízo ao seu patrão.

Enquanto Carlo dormia tranquilo e confiante aceitando as explicações esfarrapadas dela, Gilda tratava de dar um fim a todo Patrimônio Financeiro do patrão.

Quando Carlo finalmente caiu na realidade, já estava quebrado e com muitas dívidas, totalmente enrolado. Gilda fez questão de ela mesma dizer a ele, que assim como foi tratada durante trinta anos de bons serviços de forma injusta e desleal, ela pagou na mesma moeda e se vingou por tudo o que passou.

Carlo teve que fechar a Empresa, pois faliu e ficou na miséria. Gilda sumiu e nunca mais foi mais encontrada, deve estar vivendo uma vidinha boa aposentada e vingada por tudo que passou na vida sendo maltratada pelo patrão.   

A Bruxa - Alberto Landi

 



A Bruxa

Alberto Landi

 

Próximo a um bosque situado num pequeno vilarejo de Portugal, na freguesia de Chaves, vivia uma jovem bruxa chamada Helen. Muito bonita, tinha cabelos longos enrolados, pretos como o céu em noite sem luar e os olhos eram verdes como folhas de arvores. Estava sempre com um vestido preto comprido, andando descalça pelo bosque.

As crianças traquinas tinham horror dela, pois, diziam que ela as transformava em sapo. Morava numa casa próximo a um riacho, um lugar aprazível, com muitas flores, plantas e pássaros. 

Helen tinha um cachorro Galgo e não um gato preto e malvado como normalmente as bruxas têm. Vivia feliz, estudava biologia, gostava de dar suas caminhadas diárias, de ler, escrever e fazer suas magias.

Porém, havia uma coisa que a deixava muito triste, não ter amigos, porque as pessoas do Vilarejo falavam sobre sua maldade, somente pelo fato de ser bruxa. E ninguém queria se relacionar com ela.

Certo dia, um grupo de jovens estava passeando pelo bosque, na maior bagunça, quando a viram. Começaram a gritar:

— Olha a bruxa! E saíram correndo, nem deixaram ela se aproximar, nem sequer dar um oi. Dentre eles havia um rapaz que não acreditava em tudo que lhe falavam. Resolveu ficar e saber mais sobre a tal bruxa malvada.

Seu nome era Alan, cabelos castanhos, olhos verdes, alto, inteligente estudante de Direito. Ele a seguiu, para descobrir onde morava e saber um pouco mais sobre ela. Ela percebeu isso e aguardou para ver o que Alan iria fazer, e quem sabe ela finalmente teria um amigo.

Helen entrou em casa e ficou fazendo suas coisas, deixou a janela aberta, e assim o rapaz poderia ver que ela levava uma vida normal. Era muito esperta. Alan distraído nem percebeu que havia uma raiz de arvore a sua frente, andou um pouco, e enroscou o pé nela e caiu. Ficou tentando soltar o pé que estava preso. Helen escutou o grito e correu para ver o que havia acontecido. Se aproximou do rapaz e perguntou se poderia ajudá-lo. Receoso falou que sim. Ela soltou o pé dele da raiz. Ofereceu-lhe um remédio dizendo que era feito de folhas de arnica, e que todo mundo usava. Alan aceitou, e ela então o ajudou a levantar-se e caminhar até a sua casa.

Cuidou dele e ofereceu um suco de frutas com bolo. Perguntou a ela sobre o fato dela ser uma bruxa com fama de malvada. E descobriu, que ela era igual a todo mundo e acabaram, se tornando grandes amigos.

Ficou feliz por ter conhecido Helen e rumou para casa, prometendo a ela retornar em breve. Helen ficou feliz por finalmente ter conseguido um amigo. Mas os dias passaram......... e Alan não aparecia.

Até que um dia ele resolveu visitá-la e deu-lhe rosas vermelhas, se desculpando pela demora em revê-la. Helen ficou muito alegre e emocionada.

Os encontros se tornaram frequentes e a amizade aos poucos se transformou num grande amor. Passeavam constantemente no centrinho da freguesia. Com o passar do tempo, apresentou-a para a família, informando que ela era bruxa, mas do bem, fazia magias para ajudar as pessoas. A família de Alan até pedia a ela para fazer algumas magias e se divertiam com isso.

As crianças por serem muito curiosas, também foram se aproximando e como ela sabia contar um monte de histórias, foram se afeiçoando a ela. E assim todos descobriram que ela era muito legal.

Muito tempo depois, eles se casaram, muito felizes, em uma cerimônia bem simples. Não sei se esta felicidade durou para sempre. Porque desentendimentos fazem parte da vida de um casal, mas com certeza, tinham tudo para serem felizes, enquanto superassem os seus problemas.


INSÔNIA - Hirtis Lazarin


 


INSÔNIA

Hirtis Lazarin

 

Denise acorda chorando outra vez.  Sono conturbado.  O travesseiro e o edredom jogados ao chão.  Acende a luz fraca do abajur.  Olha para o relógio que marca dez os minutos da terceira hora.  Já virou rotina acordar àquela hora.  O lugar dele na cama está vazio.  Um nó aperta-lhe a garganta.  E dói.  Como dói... Uma reviravolta na vida quando achava que tudo estava tão perfeito!

A madrugada está fria.  Ela veste o roupão vermelho.  Descalça, desce as escadas.  Já na cozinha, abre metade da janela.  Observa a chuva fina.  Fecha os olhos e respira fundo.  O “vitrô” embaça.  Ouve o tilintar suave das gotas de chuva que batem na cobertura da garagem.

Lembra-se da guerra de travesseiros, do edredom estampado com coraçõezinhos brancos que ele achava tão infantil...

Lembra-se dele dormindo, olhos apertados, sobrancelhas grossas e lábios carnudos querendo ser beijados.

Lembra-lhe o corpo aquecido e suado.  Denise respira vagarosamente tentando encontrar seu cheiro.

Não consegue entender o que aconteceu.  Sem desentendimentos, sem brigas...Tudo estava tão perfeito.

Uma buzina incessante na rua, liberta-a daquele torpor tão sofrido.

Caminha até o fogão, aquece uma caneca de leite.  Volta à mesa da sala iluminada por lustres pendentes.  Fotos esparramadas, outras amassadas e muitas rasgadas nas horas de angústia e desespero.  Lembra-se de cada momento vivido intensamente e eternizado no papel.  Hoje, tão longínquos, tão frios quanto a máquina que os registrou.

O cheiro do leite queimado escorrendo pelas bordas da caneca acorda Denise.  Larga-a vazia na pia e resmunga.  Antes de apagar a luz, olha pra cadeira vazia à sua frente.

A saudade é tanta que sente chover dentro de si e a chuva transborda pelos olhos.  A saudade é tanta que a revira por dentro e tira tudo do lugar. Não há cheiro, nem olhares afetuosos, nem voz.  Um vazio só.

Sente náuseas.  Limpa a boca e o molhado do rosto na manga do roupão.

Os pés descalços sentem o gelado do piso de cerâmica.  Tão gelado quanto aquele espaço feito a dois para dois. Denise volta à cama, beija a foto dele na tela do celular, reza baixinho mesmo sem ter fé.  Fecha os olhos e, como já era esperado, não dorme. 

O dia já amanhece.  A moça toma alguns medicamentos e apaga.

O sol se põe.  Sonâmbula, deixa a cama.  Veste a camisola branca, a mesma usada na última noite que passaram juntos.  Vai até a praia.  A lua é cheia e lumeia seu caminhar solitário.  As ondas mansas chegam frias aos seus pés.  O corpo teso segue em frente como uma esfinge morena tendo as estrelas por testemunhas.

Seus pensamentos estão do outro lado do oceano.  Venâncio voou pra lá com a intenção de não mais voltar.  Não lhe deu chance, mesmo sabendo que levaria junto o coração de Denise.


LAMENTAR O PASSADO É CORRER ATRÁS DO VENTO - Claudionor Dias da Costa

 



 LAMENTAR O PASSADO É CORRER ATRÁS DO VENTO

Claudionor Dias da Costa


Romeu era um homem taciturno. Até demais para seus cinquenta e sete anos.

Vivia naquela casinha apertada localizada nos confins da Zona Leste de São Paulo numa vila de dez casas que se aglomeravam exprimidas num terreno em que caberiam no máximo metade delas. A dele era a última da esquerda com placa torta e apagada que mal dava para ver o número dez.

A morada de paredes de blocos sem revestimento não passava de um quarto, um sanitário minúsculo e um corredor que servia de cozinha com pequena pia e um vitrô que mal entrava a claridade e um fogão espremido. Vivia com sua aposentadoria por invalidez, devido a acidente em sua perna esquerda o que fazia com que andasse mancando.

Às vezes, sentava-se em sua única cadeira na porta e ficava observando a vida que corria na pequena comunidade à sua volta.  

Eram pessoas pobres, muitas sem mais nada a perder...

Contudo, havia uma viúva da casa 5 que começou a chamar sua atenção disfarçada. Ela saia as seis horas da manhã para trabalhar como faxineira, após atravessar a cidade enfrentando transporte lotado que custava quatro horas ou mais do dia. Era morena clara, por volta de seus cinquenta anos, cabelos na altura dos ombros e sempre com um sorriso cumprimentava os vizinhos. Aparentava felicidade e parecia não existir problemas para ela. Voltava para casa no final de tarde, com o mesmo sorriso que saia. Era a Marialva, pernambucana simpática e cativante.

Romeu ficava intrigado como poderia uma pessoa ser assim. Comparava com sua vida imersa no passado, após abandono de sua mulher que o traíra, empregos efêmeros e um acidente em sua perna que o empurrava por um abismo de pesadelos.

Os dias se sucediam e ele não via a hora da noite chegar e, se atirar numa cama tosca, como se pudesse renascer diferente.

Mas, aquela morena com seu belo sorriso e andar elegante e formoso começou a ocupar seus pensamentos.

Assim, tomou coragem e, toda a tarde procurava com seu caminhar lento, ficar na entrada da vila só para ver Marialva chegar. E, quando a via subir a pequena ladeira, virar no beco e ouvir “Boa tarde Romeu”, parecia que só os dois estavam no mundo e seus pés não estavam no chão. Os dias se sucediam nesse pequeno instante que parecia ser eterno para ele.

Numa tarde qualquer daquele quente verão, o encanto de Marialva com seu sorriso, provocou a coragem de Romeu a puxar conversa com ela. Palavras banais sobre o tempo e outras levaram-no a conhecer um pouco mais dela. Sua infância, adolescência e a perda prematura dos pais a tornaram sozinha com dezessete anos de idade. Veio de sua terra para São Paulo para trabalhar e morar em casa de família como doméstica. Não foi bem tratada e, sobreviveu residindo aqui e ali na imensidão da cidade grande. Seus amores, pouco ajudaram em sua vida, porque a maltratavam com agressões. Assim, passou a buscar a paz solitária.

Não foi uma vida fácil.

Romeu num rompante misto de indignação e curiosidade perguntou a ela:

“Como com tudo isto, você leva uma vida sempre alegre e cordial com todos? ”

Marialva sorriu e disse: “Por que deveria ser diferente? Eu tenho tudo que preciso.

Um teto modesto que me atende, a possibilidade de a cada manhã ver o sol, conviver com as pessoas e respirar a vida.... Lamentar o passado é tudo que não quero, com belos dias que ainda tenho para viver.

Aquelas palavras calaram fundo em Romeu. A partir daquele dia, parece que a vida começou novamente. Passou a se arrumar melhor, fazia a barba diariamente e até aquele xampu que escurecia os cabelos passou a usar. Tudo para ver Marialva e seu otimismo radiante, além daquele belo sorriso.

Suas tardes passaram a se chamar esperança e, quem sabe o despertar de um grande amor.

 

O CAPITÃO RAMOS - Claudionor Dias da Costa

 

 


O CAPITÃO RAMOS

Claudionor Dias da Costa

 

Esta história começa com Josué, homem forte, com mais de um metro e oitenta, pele morena enrijecida pelo sol em suas pescarias na luta pela sobrevivência dele e de sua família com esposa e quatro filhos.

Morava naquela ilha pequena, perdida a mais de uma hora de navegação do litoral com não mais do que duzentos habitantes que viviam basicamente da pesca e pequena agricultura.

Com quase sessenta anos, tornou-se um líder motivado por sua dura experiência de vida e sabedoria adquirida em conversas sozinho ou com poucos companheiros nas longas jornadas no mar. Era o Seu Josué Ramos, mestre navegador e amigo conselheiro para a gente do lugar. Conhecido por todos como o Capitão Ramos.

Naquele belo dia de outono, com seus dois fiéis companheiros Felício e Zé Pitéu, amigos de longa data, partiram para mais uma grande viagem em busca de pesca ambiciosa que ajudaria a suportar a vida por um bom tempo e alimentar a família e vizinhos.

Após uma semana, a pesca foi boa e propiciou uma carga bem grande que quase arriava aquela rústica embarcação como são todas a desses heróis anônimos pescadores valentes e esperançosos.

Radiantes viajavam cantando, porque  Zé Pitéu tinha grande repertório aprendido nas rodas de bar com os companheiros de cachaça e grandes filosofias.

E assim soltava a voz que encantava até as gaivotas:

− Vem comigo é só alegria nessa pescaria vamos viajar... Vida boa é pescar... Bem longe da cidade contemplando a mãe natureza com suas belas paisagens.

Aquela cantoria e os “causos” desses dois companheiros ajudavam a passar o tempo e traziam uma agradável sensação de conquista e realização.

O capitão Ramos, mesmo entretido naquele encontro gostoso com os amigos após o trabalho exaustivo da pesca, começou a se intrigar observando o horizonte ao sul. Aquelas nuvens mais escuras ao longe, não indicavam boa coisa. Experiente e tarimbado com sentido aguçado nos sinais do céu, sol, ondas e voo dos pássaros passaram a inquietá-lo.

Os companheiros entre alguns goles de cachaça para amenizar a viagem, não haviam percebido ainda.

 

Depois de algum tempo, virou-se para Felício e Zé Pitéu:

— Vejam ao longe... aquelas nuvens preocupam. E o vento passou a ser mais forte.

Concordaram com ele e passaram a ficar mais quietos e providenciar organização nos equipamentos, proteger apetrechos menores na pequena cabine do barco, amarrar as caixas dos pescados e outros objetos.

Sabiam que não viria boa coisa, pois já haviam passado por intempéries desagradáveis e não gostavam nem de lembrar.

E muito mais rápido do que imaginavam o tempo mudou e o vento forte assobiava trazendo uma tempestade violenta que começou a abalar a estrutura da embarcação, tornando-a instável e jogando-a em grandes saltos nas ondas gigantescas que se formaram.

Embora com medo, o sentido de sobrevivência falou mais rápido e procuravam um em cada ponta compensar os movimentos violentos que deixavam o barco parecendo feito de papel.

Os gritos e as chamadas de atenção do capitão pouco adiantaram e ficou ofegante quando em forte balanço viu Zé Pitéu cair no mar. O desespero de Felício o fez ir para o lado em que ele havia caído, mas, em novo solavanco, também foi jogado para fora.

Josué ficou apavorado e viu seus amigos desaparecerem ao longe com o barco à deriva em ondas gigantescas.

Nesse momento, só conseguiu se agarrar firmemente no mastro e com uma corda conseguiu se afirmar melhor.

Como num filme começou a vir em seus pensamentos a imagem da mulher e dos filhos, seguido de passagens de sua vida.

Antevendo que seria difícil se safar, olhou para o céu e rogou a Deus que o ajudasse.

Em constantes súplicas, resistiu firme na posição que estava e após algum tempo o vento e tempestade acalmaram.

Chegou após hora e meia à ilha, onde encontrou a família e vizinhos preocupados.

Exausto, mas aliviado, muito entristecido entre lágrimas contou o desfecho de Felício e Zé Pitéu o que deixou o pessoal arrasado.

No dia seguinte final de tarde, após homenagens aos amigos perdidos, sentou-se na praia a olhar o mar e com o coração apertado ainda, percebeu que dali a alguns dias deveria voltar a navegar e exclamou para si mesmo:

− É a vida ...a minha vida



CARACTERIZAÇÃO DE PERSONAGENS - Claudionor Dias da Costa

 

                          


CARACTERIZAÇÃO DE PERSONAGENS

Claudionor Dias da Costa

 

- SARAH

Menina de seus quase quinze anos. Família de classe média. Vive com a mãe e mais dois irmãos.  Um deles com dezessete anos e outro com doze anos.

Seus pais se separaram quando tinha oito anos e a mãe voltou ao mercado de trabalho para completar a pensão que recebe do marido. Contudo, a renda da família não é alta o que pede controle e sacrifícios de cada um.

Sarah tem uma personalidade inquieta e pela própria ausência do pai se mostra ansiosa e, tenta se afirmar perante os colegas do colégio e professores. Com isto, procura ser independente e mostrar determinação como sua mãe.

Como contraponto a isto, devido a pouca idade e contexto familiar demonstra insegurança e certa ingenuidade, o que faz por vezes adotar atitudes abaixo de sua idade. Como exemplo, mascar chicletes em sala de aula, perder muito tempo com leituras e filmes infantis. Talvez, para compensar ausências e emoções contidas tentando fugir da realidade.

Começa a se apaixonar por um garoto mais velho do bairro, já com dezoito anos e nesse envolvimento muitos problemas surgem. Ele trabalha para traficante perigoso e havia se envolvido em confusões e mesmo com a família morando a muito tempo no bairro, passou a ser olhado com desconfiança e temor pelos vizinhos. Sarah passa a viver e enxergar outra realidade o que transforma sua vida.

 

 

-VELHO NICK

Aquele pequeno lugarejo no velho oeste americano, inserido num vale pitoresco da California tinha um xerife, chamado Nicholas, apelidado de Nick que desfrutava de prestígio entre os habitantes do lugar.

Possuía personalidade forte e marcante e com isto mantinha ordem e os aventureiros e bandidos não se arriscavam a praticar assaltos e ataques aos moradores.

Expulsou e prendeu muitos delinquentes até ajudando cidades vizinhas, o que dava fama e prestígio a ele.

Aquela cidade possuía um “dancing” dentro de um bar, típico do faroeste onde se apresentavam diversas garotas que se ofereciam aos frequentadores entre muitos drinks e algazarra com música e falatório. E como sempre um cheiro e fumaça no ar devido ao fumo.

Nick também visitava o lugar para inspecionar se tudo corria bem e procurava conversar e manter convívio social com todos.

Observava sempre uma corista bonita, sexy e charmosa chamada Corinne. E não é que Nick começou a se apaixonar por ela.  Contudo, ela procurava ser simpática a ele, mas, não correspondia a essa paixão.

Este envolvimento provocou uma reviravolta na vida de Nick, que o conduziu a um destino inesperado.

 

- Springfield – o herói noturno

 

José era um modesto mecânico, trabalhando naquela ruela da periferia da zona leste de São Paulo.

Emigrou do Nordeste a alguns anos e sobrevivia no ofício que aprendeu a duras penas, com o Carlão, dono de oficina de conserto de carros que ficou sensibilizado com sua penúria.

José vivia sozinho, tendo experiencias desastrosas de amores não correspondidos. Procurava nas horas vagas matar a solidão lendo romances em folhetins baratos de heróis justiceiros.

Assim, dentro de seu mundo pequeno e sem grandes perspectivas passou a se identificar com seus heróis e fantasiar aventuras e conquistas.

Trocou a frequência ao bar da esquina nas horas vagas por um “grande ideal” de buscar resolver problemas que acreditava poder, como limpar o bairro de meliantes e desocupados.

Com suas poucas economias, foi a lojas da Rua Vinte e Cinco de Março e comprou um belo cinturão com grande fivela, um cordão de metal com símbolo medieval, calça camuflada e um tênis preto barato.

Voltou com os apetrechos, mas, não se conformava e queria algo que pudesse complementar e mostrar dignidade e força. Daí lembrou-se de um brechó de roupas que havia visitado certa vez na Bela Vista. Foi até lá e não é que descobriu tudo que faltava: uma bela capa longa, com detalhes madre pérola brilhante.

Preparou-se em casa, não esquecendo de gel nos cabelos.

E assim, nasceu o herói Springfield, nome que adotou de romance que havia lido.

E aquele personagem saia no bairro à noite e a sua figura impressionava e realmente as aventuras de justiceiro começaram.

O cãozinho aventureiro - Alberto Landi

    O cãozinho aventureiro Alberto Landi                                       Era uma vez um cãozinho da raça Shih Tzu, quando ele chegou p...