A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

quarta-feira, 10 de março de 2021

O LOBO BOM E OS TRES PORQUINHOS DO MAU - Henrique Schnaider

 



O LOBO BOM E OS TRES PORQUINHOS DO MAU

Henrique Schnaider


Era uma família terrível a dos três porquinhos, o pobre coitado do lobo bom, sofria demais nas mãos deles. Cada vez que ele passava nas casas onde moravam era um suplício.

O pobre do lobo só queria matar a fome e nem pensava neles como comida. Só pedia aos porquinhos algo para comer e assim não ter maus pensamentos. Com a barriga vazia poderiam vir à tona, desejos escondidos de tempos passados, grurrrr, grurrrr, onde ele sonhava em comê-los assados no espeto, mas falhava sempre. Aí resolveu se regenerar.

Cada vez que ele passava na casa deles. Tentando uma aproximação. Havia uma nova armadilha e o lobo bom que em outros tempos tinha uma pelagem tão bonita, lisa de cor brilhante. Agora estava todo chamuscado, por causa das artimanhas que sofria.

Ele andava com o estômago gemendo e roncando, roinnnnk roinnnnk, Os terríveis porquinhos comiam do bom e do melhor. As casas sempre exalam aromas que mexem com todos os meus sentidos. Guloseimas salgadas e doces dignos de chefs cozinheiros. Eles eram bons na cozinha e o lobo rondava as casas uivando, aaahuuu, aaahuuu com fome.

À noite o lobo se recolhia na toca. Enfrentando o seu pior inimigo, a fome. Acabava influenciado pela situação. Tendo terríveis pesadelos onde ele estava sendo assado numa enorme panela fervente, cheia de legumes.  Ele era o prato principal.

Na sequência dos péssimos sonhos. Ele se via sendo servido assado. Numa mesa, em uma travessa, com uma maçã na boca. Ele acordava suando frio ouvindo o assovio e ronco, roinnnnk, roinnnnk, era seu estômago vazio chamando-lhe a atenção.

Ele até deu umas voltas. Tentando comer umas frutas das árvores nas redondezas. Mas na verdade elas não faziam parte da sua dieta.  Não lhe dava nenhum prazer ao paladar.

Maus pensamentos já começavam a fluir. Ele tinha problemas de consciência e medo de ter uma recaída. Mudava o foco para coisas amenas. A fim de se acalmar.

Dia vai dia vem. Ele continuava a implorar, para mexer com o coração deles, mas eram ruins e continuavam a fazer traquinagens. Riam muito da situação triste. Se deliciavam por vê-lo naquele sofrimento.

O instinto de sobrevivência falou mais alto. Não teve jeito. O lobo bom recebeu de volta o lobo mau grurrrr, grurrrr. Não teve dúvidas foi a casa dos seus inimigos e eles pensando que, ele ainda era bom, se descuidaram. Facilmente os caçou.

Os três porquinhos assados no espeto eram uma delícia, Nham, nham nham, ele passando a língua enorme entre os lábios, de satisfação. Os olhos do lobo brilharam de prazer e alegria. Teria comida por vários dias. Desse jeito a história prova, que ninguém foge da sua natureza.

A Pistoleira - Adelaide Dittmers

 


A Pistoleira

Adelaide Dittmers

 

Rose saiu revoltada da sala do xerife.  Só porque era mulher não podia ajudar nas investigações.  Atirava muito melhor do que a maioria dos homens, que conhecia.  Não sentia medo de nada.  Seu avô e seu pai a prepararam para saber se defender em quaisquer circunstâncias.  Montou o seu cavalo, decidida a desvendar o que aconteceria naquele dia e a se vingar daqueles que provocaram aquele terrível tiroteio, em que morreu tanta gente.

A realização da primeira feira de gado leiteiro trouxe muitos rancheiros, que queriam exibir seus animais e vendê-los a bons preços, mas ela soube que apareceram por lá quatro forasteiros, que, segundo a descrição dos que os tinham visto, eram mal-encarados e metidos a valentões.  Olhavam os habitantes de soslaio, como se estivessem a avaliá-los um a um.  Iam ao salão para jogar, beber e tentar as mulheres.  E se alguém os encarassem, imediatamente punham a mão no coldre empunhando o revólver.

O que queriam aqueles homens?  O que estavam fazendo naquela pacata vila?  Perguntou-se ela.

Na volta para casa, passou por ela um amigo de seu pai, que quando a viu, puxou as rédeas de seu cavalo, chamou-a  e contou-lhe que muitos animais expostos na feira tinham sido roubados e tudo foi tão de repente que ninguém conseguiu reagir rapidamente e por isso começou aquela enorme troca de tiros.  Dois capangas levaram os animais e outros dois ficaram um tempo para cobrir os companheiros e depois desapareceram rapidamente.

Segundo a narrativa dele, a confusão se alastrou pela cidade como um rastilho de pólvora.  Ela ouviu-o atenta. Depois de ele externar seus sentimentos pela morte de seu pai, perguntou-lhe se precisava de alguma ajuda.  Ela balançou a cabeça, dizendo que não.  Os dois despediram-se e Rose seguiu seu caminho.

Agora tinha a certeza a que vieram os forasteiros.  Vieram para roubar o gado e ela iria persegui-los até ao fim do mundo e iria acabar com eles.

Chegou à casa, apeou-se do cavalo e entrou com passos firmes.  Seu rosto parecia ter sido esculpido em uma rocha.  Dirigiu-se ao quarto, onde pegou algumas roupas e dinheiro. Depois escolheu alguns víveres e encheu um cantil com água e colocou tudo em uma pequena bruaca.  Enfiou nos coldres dois Colts e à tiracolo uma tira de couro com munição adicional.  Olhou com tristeza a sua volta, despedindo-se de cada cantinho da casa, onde nascera,  crescera e onde fora muito feliz.

Montou o seu cavalo e a galope saiu de sua pequena cidade em busca dos assassinos de seu pai e de tanta gente do lugar.  Tinha que ir rápido para alcançá-los. 

Cavalgou por um bom tempo, mas eles tinham desaparecido.  Anoiteceu e Rose procurou um lugar perto de um rio para dormir.  Ao amanhecer, ela banhou-se nas águas frias do rio.  Sentiu-se disposta e com muita energia para seguir viagem e enfrentar aqueles capangas. E lá se foi atrás de seu objetivo.

Um pouco mais adiante, encontrou um homem, que colhia milho em uma pequena plantação.  Rose cumprimentou-o e perguntou-lhe se tinha visto quatro homens a cavalo, que tocavam várias cabeças de gado. O homem olhou curiosamente para ela e disse que não os vira, mas antes do amanhecer ouviu de sua casa, que ficava próxima, o barulho de um tropel de animais, que passaram velozmente por lá.

O rosto de Rose acendeu-se.  Não deviam estar muito longe.  Algum tempo depois, avistou o que estava procurando.  Bem adiante, à beira de um regato, sombreado por  frondosas árvores, lá estavam eles, em pé perto dos animais, que bebiam a água corrente.  Ela desmontou, puxou-o para o meio da folhagem espessa e silenciosamente caminhou até chegar bem perto deles.

Os bandidos conversavam e riam distraídos.  A jovem puxou seu revólver e com tiros certeiros atingiu três dos homens, que caíram mortos na relva.  O quarto, no entanto, virou-se rapidamente e pode divisá-la atrás de uma moita.  Apontou a sua arma e de repente ouviu-se um tiro vindo de outro lugar, que o atingiu em cheio nas costas e o matou.

Rose, muito surpresa, saiu de seu esconderijo.  Atrás do homem morto, apareceu um homem alto e forte, que desmontou o cavalo e veio até ela.

— Olá senhorita! Vi que estava em apuros e ia ser surpreendida por um dos homens.  Estava perto, observava os homens e supus que eram ladrões de gado.  Parabéns! Nunca vi uma mulher atirar tão bem como a senhorita.

A moça estava espantada e olhou desconfiada para o seu salvador.

— Quem é você?

— Good Joe.  E a senhorita, quem é? Por que os perseguia?

Ela não respondeu à pergunta.  Muito admirada, falou:

— Good Joe! O famoso justiceiro do oeste, que persegue os malfeitores por todo o lado. Não acredito! Sempre o admirei muito!

Joe deu uma sonora gargalhada.

— Sim, sou eu e estou lisonjeado por ser admirado por uma garota tão bonita e corajosa.  Agora responda à minha pergunta. Por que perseguia esses capangas?

—Eles roubaram o gado de uma feira na minha vila.  Provocaram um grande tiroteio, que matou muita gente inocente e entre elas meu amado pai.  Então, sai da cidade em busca deles e me prometi que iria fazer justiça por este Oeste afora.

— Isso é muito perigoso.  Além de se ter que lutar com bandidos, temos que fugir dos patrulheiro, para quem somos foras da lei.

— Não tenho medo de nada. Fui criada pelo meu avô e meu pai, que me ensinaram a me defender e ter coragem para enfrentar qualquer obstáculo que estiver à minha frente. 

Joe estava pasmo. Nunca vira uma mulher tão corajosa e decidida.

— Então vou propor-lhe uma coisa.  Você quer vir comigo e juntar nossas forças e habilidades para vencer esses bandidos?

Rose abriu a boca numa expressão de espanto e contentamento.  O grande Joe a estava convidando-a para lutar pela justiça com ele.

— Claro que aceito e dando um passo em direção a ele, apertou-lhe a mão como a selar um acordo entre eles.

Ele sorriu satisfeito. Ia ter a companhia de uma linda e corajosa mulher.

— Primeiro temos que voltar à sua vila e devolver esse gado a quem pertencer.  

Rose concordou satisfeita e um sorriso iluminou seu belo rosto.

Montaram em seus cavalos, juntaram as vacas e as foram tocando pelo caminho de volta.  

Foi uma grande festa, quando os moradores da vila, viram Rose e Joe trazendo o gado que havia sido roubado. Estavam muito gratos pelo que os dois tinham feito e orgulhosos de Rose, uma moça da vila, que demonstrara tanta coragem.

 Por vários dias permaneceram na cidade para Rose organizar tudo o que lhe pertencia.  Escolheu um grande amigo de seu pai em quem confiava plenamente para administrar seus bens, cuja renda seria útil nas suas futuras andanças por aquela região inóspita e perigosa.

Quando tudo estava acertado, partiram e, durante muitos anos, vaguearam por todo o Oeste, defendendo os habitantes dos saqueadores, ladrões de banco e matadores. 

Joe e Rose tornaram-se a dupla de pistoleiros mais famosa daquela região.  Muitas vezes, os patrulheiros fingiam que não os viam porque tinham uma admiração secreta por eles, afinal faziam muito bem o trabalho que lhes cabia.

 Com o tempo, a convivência, os grandes desafios e perigos, que enfrentavam, foram os unindo cada vez mais e a confiança e admiração que sentiam um pelo outro se transformou em um grande e duradouro amor.

Viveram juntos até a velhice, quando se estabeleceram em um pequeno rancho, levando uma vida tranquila.   Nos fins de tarde, costumavam sentar-se na grande varanda, que circundava a casa e contavam as suas aventuras para os inúmeros amigos, que haviam conquistado durante os muitos anos, que vagaram por aquelas plagas.   E enquanto narravam as suas histórias, seus rostos cansados pareciam rejuvenescer e seus olhos brilhavam de alegria.

Depois de partirem para sua última e grande viagem, em uma das vilas, foi erguida uma estátua em homenagem ao casal, imortalizando todos os seus feitos e até hoje são considerados os grandes heróis de seu tempo.


O cãozinho aventureiro - Alberto Landi

    O cãozinho aventureiro Alberto Landi                                       Era uma vez um cãozinho da raça Shih Tzu, quando ele chegou p...