A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

DESTINO ALTERADO - M.Luiza de C.Malina


DESTINO ALTERADO 
M.Luiza de C.Malina

- É evidente que é no meu, e continue a me chamar por senhora.

- Por que evidente, e por que  “senhora”?

- Porque já percebi que o senhor é um tanto entrão.

- Eu? Não, não. É a senhora.

- Ora! Vamos dizer que somos nós dois.

- É vamos dar a mão à palmatória. Afinal somos dois ratos de lixo alheio.
- E quanto ao lixo: no meu ou no seu?

- No seu, estaremos na sua cozinha. Sabe... A senhora não é boa observadora.
- Como assim?

- A senhora se apega a detalhes, não ao essencial.

- Então... Diga-me onde falhei.

- Aprecio bons vinhos. A garrafa sempre está no lixo. Nunca a rolha.
- E o que tem a ver a rolha com o lixo?

- Nada. Nada mesmo. Está vendo como a senhora não sabe nada sobre mim!
- E daí? Por um acaso, pinta seus bigodes com ela?

- Ah! O seu senso de humor... hahaha! A senhora perceberia através da falta da rolha, que sou um colecionador.

- Colecionador... Garanto que enche a casa de tranqueiras.

- Ah! este senso de humor...

- Como assim?

- O lixo é tão descartável quanto a senhora.

- Explica.

- Fácil. O que vai pro lixo é descartável.  Acho que é melhor não tirarmos conclusões com o lixo alheio. Passe bem!

Por coincidência, nunca mais colocaram o lixo em seus andares.


(Trabalho criado sobre a crônica O Lixo - de Luís Fernando Veríssmo)

A MAGIA DENTRO DO ESPELHO! - Dinah Ribeiro de Amorim



A MAGIA DENTRO DO ESPELHO!
Dinah Ribeiro de Amorim

  Carlinhos começou a olhar fixamente para o espelho do armário. Estava na adolescência, idade crítica, quando se observa qualquer espinha ou sinal novo que aparece no rosto.

  Sua imagem refletida, mostra também, objetos pessoais, livros colocados em uma estante, sua cama, alguns cartazes de shows e esportes radicais.

  Tanto olhou que, de repente, as coisas começaram a se mexer, dentro do espelho. Os objetos voavam e circulavam a sua cabeça, a cama arriou, os cartazes caíram ao chão como se tivessem sido arrancados e, seus livros prediletos, ah! Seus queridos livros, se abriram, saltando deles personagens assustadores.

  Homens usando armaduras e capacetes, com espadas na mão, gladiavam-se. Feras bravias, raivosas, famintas, ameaçavam avançar sobre ele. De um livro, um vampiro, horroroso, maquiavélico, olhava-o gulosamente, desejoso de sugar seu sangue. Morcegos barulhentos o acompanhavam, abrindo suas asas escuras e brilhantes, escurecendo o dia. Com dentes aguçados, lotaram o quarto.

  O menino, desesperado, não conseguia fugir nem desviar seus olhos. Estava paralisado, aguardando coisas piores ou o seu fim. Queria gritar, chamar seus pais, mas não conseguia.

  Alguns livros ainda não tinham sido abertos e, Carlinhos, antevendo o que haveria, conhecedor dos conteúdos, acreditou que sua hora chegara!

  “Por que comprara esses livros!” Pensa ele, arrependido.

  Realmente, de outro livro, surge uma mulher diabólica, meio bruxa meio fera, de olhar faiscante, cabelos vermelhos semelhante a fogo, soltando baforadas de fumaça, apontando uma varinha em sua direção, firme, com garras no lugar de mãos, ameaçando-o transformá-lo num sapo com gargalhadas estridentes.
  De repente, para seu espanto, abriu-se um livro da infância “A Casa Sonolenta”, esquecido no meio daqueles outros. De dentro dele saíram a vovó de vassoura na mão, expulsando os gladiadores e a bruxa, com um grito. O cachorro amigo, com seus latidos, expulsa os morcegos invasores e o vampiro. As feras raivosas se encolhem medrosas com o gato e o rato, fugindo para dentro do livro. A pulguinha, graciosa e saltitante, que acordara todos eles para auxiliá-lo, dá-lhe uma coceirinha no pescoço, libertando-o daquela alucinação.

  Tudo volta ao normal! Carlinhos acalma-se.


 Que bom ter conservado aquele inocente livro da infância! - Pensa.

CÃES E GATOS - M.Luiza de C.Malina



CÃES E GATOS
M.Luiza de C.Malina

Cães e gatos vizinhos não combinam. Muito menos as vizinhas.

A vizinha, dona do cão de raça Dog Alemão, não suporta os 27 gatos uivando no cio e de sobra, fazendo sujeira no seu jardim, tampouco a gritaria que a mesma faz com os  filhos. A gritaria é tamanha que ao abrir a janela, o cão pula no muro latindo para a mesma. Acredito que o timbre da voz o incomode.
- Eu mato este cachorro, juro que o mato... Julianoooooo! Grita a vizinha chamando o filho.

- Au... Au... Au...

- Julianooooo! Está surdo? Venha aquiiiiii!

- Auauauauauauauauauauuuuuu!

- Ploft (a janela é fechada com toda a força) A conversa continua em tom de briga e o cachorro fica inquieto, sem latir, em posição de atenção. Juliano chora – o cão late e late...

- Eu mato este cão... Grita mais irritada abrindo a janela.

Dali a pouco é hora do almoço.

- Julianooooooooo! E o cão late....  - Eu já estou acreditando que o cão pensa que este é o nome dele.  É muito engraçado, eu fico na minha.

Em seguida:

- Blém... Blémmm... Blémmmmmmm  - batidas no panelão de alumínio chamando os gatos para o almoço que mais cheirava a carniça - MetidA! ExibidA! FeiosA! EspantalhA! FididA!... e os adjetivos seguiam boca à fora em número de 27 por todo o vale. Haja dicionário!

Um a um os gatos foram sumindo.  Juro. Eu não tive culpa no cartório.

Um dia a vizinha sumiu.


Sons ao redor - Jany Patricio



Sons ao redor  
Jany Patricio

Sábado à tarde. Marcia liga o aspirador que sufoca o som da música. Continua dançando no embalo do samba. Cantarolando Maria Rita ela se empolga na faxina.

        Seus ouvidos apurados percebem o barulho de chaves. É Rogério chegando com sacolas de supermercado que ao tocarem no chão revelam o som de garrafas.

        Sempre correndo. Trabalho, pós-graduação, academia, feira, mercado, cuidar de Bob, seu gato, ela não costumava prestar atenção nos sons da vizinhança. Só às vezes, quando latidos de cachorros ou disparos de alarmes atrapalhavam seu sono.

        Porém, num sábado à tarde, após terminar a limpeza da casa, tomar banho, e descansar no sofá, um som de bolero sorrateiramente entrou pelo vão da porta da sala.

        Lembrou-se das aulas de dança que parou de fazer desde que iniciou a pós.

        Desde então começou a observar os sons ao redor. Bolero, tango, samba e outros ritmos tocavam no apartamento vizinho aos sábados.

Na semana, ele saía cedo e ela chegava tarde.

        Numa segunda-feira, após participarem da assembleia do condomínio desceram juntos no elevador comentando sobre os assuntos da reunião. Pararam no mesmo andar. Olharam-se com surpresa.

        - Você mora neste?

        - Sim.

        - Damas primeiro.

        - Obrigada.

        Seus passos seguiram na mesma direção.

        - Somos vizinhos!

        Sorriram.

        - Boa noite, Márcia

        - Boa noite, Rogério

        Na semana seguinte iria ter uma festa na academia de dança do bairro. Convidada por uma amiga, Márcia foi espairecer.

        Quando chegou ao salão tocava um bolero. Avistou Rogério vindo em sua direção.

        - Você frequenta aqui?
                                                      





AS PAREDES FALAM! - Dinah Ribeiro de Amorim


AS PAREDES FALAM!
 Dinah Ribeiro de Amorim

  Quem pensa que vizinhos não escutam ou prestam atenção na vida da gente, engana-se. Principalmente casas geminadas ou apartamentos, quando o som vem de cima, dos lados ou de baixo.

 É o meu caso, pois moro num desses “apertamentos”, sem muito intervalo entre um andar e outro. Não ligo muito para barulhos, mesmo propositais, acho que estou meio surda ou desligada mesmo, mas tem gente que escuta demais! E se incomoda muito!

Acredito muito que “paredes falam”! Tive um amigo que quase adoeceu por causa do barulho de uma vizinha. Até hoje, quando escuta alguma coisa, já bate com a bengala no chão. Fico até meio assustada porque alguns barulhos são naturais, intencionais ou falta de educação mesmo!

  Coitado, sofre muito de insônia, acho que por causa disso.

  Bastava chegar a noite, sua vizinha de cima trazia uns amigos e começava uma batucada infernal, até altas horas, incomodando todo mundo. Não era só ele que se queixava. O prédio inteiro reclamava, pois todo mundo trabalhava cedo, inclusive ele. Além dos amigos e da batucada, havia os gatos, acho que uns oito, miando e correndo pela casa. Foi difícil tirá-la de lá, ninguém conseguia até que se mudou para uma casa, para felicidade de todos.

  Morri de rir numa noite, em seu apartamento, quando, antes de dormir, ao se preparar, pegava em primeiro lugar: panelas, baldes, tampas e martelo, deixando ao lado da cama. Perguntei-lhe para que era aquilo, e ele respondeu: “para a hora em que começar a função.” Tenho a impressão que a moça não dormia. Era sambista, macumbeira, sei lá, adorando quando ele começava a responder. Batucavam mais alto! Só sei que isso o deixou cismado e muito sensível a qualquer tipo de som, reagindo imediatamente.

  Tenho também algumas experiências com barulhos, mas atualmente, quando é demais, coloco música ou fone de ouvido. Bendita tecnologia! Durmo tranquilamente. Quem não dorme são eles! Acabam se acomodando e ficando quietos. Afinal, estou aposentada, Graças a Deus, e eles não. Uma noite de sono faz falta. Envelhece mais cedo!

 Lembro-me, quando menina, de um apartamento pequeno, cheio de gente. Morava com minha mãe e irmão. Como só havia um quarto, ele dormia nele e eu e mamãe, na sala, num sofá cama. Tínhamos quatro vizinhos e, justamente o da direita, era um casal novo, bastante descontrolado. Ela, coitada, moça simples, casou-se com um rapaz grã-fino na época, de família rica, mal acostumado, e mimado. Gostava dela, tiveram até um filho, mas ele não trabalhava, dependia do pai, que de vez em quando aparecia para vê-la. Brigavam todas as noites, que coisa horrível! Ele chegava tarde, ela reclamava, pegava a criança e queria ir embora, mas ele não deixava. Ficava aquele empurra, empurra, até altas horas. Eu, com um copo, muito curiosa, tampava um ouvido e colocava o outro no copo, encostado na parede. Tipo telefone sem fio. Acho que era a novela ou conto da época, pois não tínhamos ainda televisão. Que curiosidade feia! Coisas da infância.

  Minha mãe, sabiamente, a primeira coisa que fazia era abrir a porta e pegar o litro de leite que o leiteiro deixava.  Sua preocupação principal era que o litro não fosse quebrado. Naquela época, havia leiteiro e o leite, vendido em garrafas.


  Foram e são tantos os casos de “paredes que falam,” cada casa uma família, cada família um caso, que se déssemos conta disso, não abriríamos mais a boca!

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

HOMENAGEM AO POETA MANOEL DE BARROS

Morre, aos 97 anos, o poeta Manoel de Barros em Campo Grande



O homem que reinventou a poesia.Que destinou às palavras outros tantos significados.
O homem que disse que apenas 10% do que diz é mentira, o resto é inventado".  deixa uma imensa lacuna na literatura brasileira.



Auto-Retrato Falado

Manoel de Barros


Venho de um Cuiabá de garimpos e de ruelas entortadas.

Meu pai teve uma venda no Beco da Marinha, onde nasci.

Me criei no Pantanal de Corumbá entre bichos do chão,

      aves, pessoas humildes, árvores e rios.

Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar

      entre pedras e lagartos.

Já publiquei 10 livros de poesia: ao publicá-los me sinto

      meio desonrado e fujo para o Pantanal onde sou

      abençoado a garças.

Me procurei a vida inteira e não me achei — pelo que

      fui salvo.

Não estou na sarjeta porque herdei uma fazenda de gado.

Os bois me recriam.

Agora eu sou tão ocaso!

Estou na categoria de sofrer do moral porque só faço

      coisas inúteis.

No meu morrer tem uma dor de árvore.


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A Festa do povo - Suzana da Cunha Lima


A Festa do povo
Suzana da Cunha Lima

Quando meus filhos ainda eram meninos, lá pelos oito, dez anos, eu os levei a uma Festa patrocinada pelo Exército, no Ibirapuera. Estava cheio de gente e de atrações. E o que chamava mais atenção era a torre, muito alta, erguida para simulação de saltos de paraquedas.  Toda a meninada queria ir lá, então formou-se uma extensa fila, desde a manhã.  Mães e pais ali plantados,  esperando a sua vez e a garotada  correndo pelos brinquedos e a toda hora nos perguntando quando iriam subir no elevador para de lá se jogarem, presos a um paraquedas.

Eu mesma também estava curiosa para saber a sensação de se lançar no vácuo. Na hora do almoço,  os organizadores deram uma senha numerada a todos  que estavam na fila, para que retornassem, depois, exatamente no lugar que estavam ocupando.

No retorno,  todos observaram certinho seu número  e não houve problema algum.  Já tínhamos nos  enturmado e, embora cansados e suados daquela longa espera, como qualquer pai e mãe, queríamos proporcionar aos nossos filhos aquela oportunidade única.

Quanto mais perto da porta do elevador que subia para a torre, mais excitadas as crianças ficavam. Foi quando um senhor colocou uma menina de uns sete anos à nossa frente, avisando ao militar que guardava a entrada,   que ela iria subir na torre.

Eu pensei que ele não havia reparado que o fim da fila estava lá atrás.

Ele não me prestou a atenção e simplesmente mostrou sua carteira ao militar.
Aí  o sangue me subiu à cabeça e lhe falei, já com voz alterada:

- Se o senhor tem uma carteira, eu também tenho e todos aqui também. É minha identificação como cidadã brasileira, que, como o senhor deve saber, diz que todos somos iguais perante a lei. Se o senhor é militar, não sabemos, porque está à paisana. Se estivesse a serviço, estaria uniformizado, sem nenhuma criança junto. Então, como vem chegando aqui, querendo furar a fila?

Peguei a mão da criança, levando-a  para o pai, dizendo:

— Aqui tem fila, viu? E seu lugar é lá atrás -  Tanto o pai quanto o militar ficaram sem ação.

Mas, não contente, a indignação subindo na cabeça,  ainda falei em voz bem alta, como se estivesse fazendo um comício:

- Que péssimo exemplo está dando à sua filha, como se esta  carteirinha tivesse mais valor do que as nossas? Não tem não. Isto é uma Festa do Povo e todos nós ficamos horas debaixo do sol para podermos subir à torre. O senhor devia ter feito o mesmo para sua filha. E vou logo dizendo que na minha frente ninguém vai passar. E virei-me falando bem alto, para o pessoal de trás: - E vocês não sejam bobos não. Eles são pagos com o dinheiro de nossos impostos. Todos ficamos na fila, por que ele não?

E peguei meus filhos passando bem na frente dele e do militar, para entrar no elevador.  Ainda olhei com o rabo do olho, depois que me despenquei lá de cima e vi que os bobalhões tinham cedido lugar para a menininha.

É por esta e outras que este país não vai para  frente, pensei. Todo mundo tem medo de carteirada e não conhece seus direitos. E os próprios pais não sabem educar seus filhos dentro da lei e da ordem.


REFORMA ORTOGRÁFICA: Minivocabulário

REFORMA ORTOGRÁFICA: Minivocabulário
Palavras e expressões com ou sem hífen
Inez Sautchuk*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Palavras e expressões mais usadas com ou sem hífen, atualizadas conforme o Acordo Ortográfico. 
A
a fim de
à queima-roupa
à toa 1
à vontade
abaixo-assinado
ab-rupto 2
acerca de
aeroespacial
afro-americano
afro-asiático
afro-brasileiro
afrodescendente
afro-luso-brasileiro
agroindustrial
água-de-colônia
além-Brasil
além-fronteiras
além-mar
amor-perfeito
andorinha-do-mar
anel de Saturno
anglomania
anglo-saxão
ano-luz
antessala
antiaderente
antiaéreo
antieconômico
anti-hemorrágico
anti-herói
anti-higiênico
anti-ibérico
anti-imperialista
anti-infeccioso
anti-inflacionário
anti-inflamatório
antirreligioso
antissemita
antissocial
ao deus-dará
arco e flecha
arco-da-velha
arco-íris
arqui-inimigo
autoadesivo
autoafirmação
autoajuda
autoaprendizagem
autoeducação
autoescola
autoestima
autoestrada
auto-hipnose
auto-observação
auto-ônibus
auto-organização
autorregulamentação
ave-maria
azul-escuro
B
Baía de Todos-os-Santos
belo-horizontino
bem-aventurado
bem-criado
bem-dito
bem-dizer
bem-estar
bem-falante
bem-humorado
bem-me-quer
bem-nascido
bem-te-vi
bem-vestido
bem-vindo
bem-visto
bendito (= abençoado)
benfazejo
benfeito
benfeitor
benfeitoria
benquerença
benquerer
benquisto
bico-de-papagaio (planta)
bio-histórico
biorritmo
biossocial
blá-blá-blá
boa-fé
bumba meu boi
C
café com leite
calcanhar de aquiles
cão de guarda
carboidrato 3
causa-mortis (a...)
centroafricano 4
centro-africano 5
circum-murado
circum-navegação
coabitação
coautor
cobra-d'água
coco-da-baía
coedição
coeducação
coenzima
coerdar
coerdeiro
coexistente
coexistir
cofator
coirmão
comum de dois
conta-gotas
contra-almirante
contra-ataque
contracheque
contraexemplo
contraindicação
contraindicado
contraofensiva
contraoferta
contraordem
contrarregra
contrassenha
contrassenso
coobrigação
coocupante
coocupar
cooptar
cor de café
cor de café com leite
cor de vinho
cor-de-rosa
couve-flor
criado-mudo
D
decreto-lei
dente-de-leão
depois de amanhã
desumano
deus nos acuda (um...)
dia a dia 6
disse me disse (um...)
doença de Chagas
E
em cima
embaixo
entre-eixo
euro-asiático
eurocêntrico
ex-almirante
ex-diretor
ex-presidente
ex-primeiro-ministro
ex-secretária
extra-alcance
extraclasse
extraescolar
extrafino
extraoficial
extrarregular
extrassolar
extrauterino
F
faz de contas (um ...)
feijão-verde
fim de século
fim de semana
folha de flandres
francofone
G
general de divisão
geo-história
giga-hertz
girassol
grã-fina
grão-duque
grão-mestre
Grão-Pará
guarda-chuva
guarda-noturno
Guiné-Bissau
H
habeas-corpus (o...)
hidroelétrico
hidrelétrico
hidrossolúvel
hidroterapia
hipermercado
hiper-raquítico
hiper-realista
hiper-requintado
I
inábil
indo-chinês 7
indochinês 8
indo-europeu
infra-assinado
infra-axilar
infraestrutura
infrassom
inter-hemisférico
inter-racial
inter-regional
inter-relacionado
intramuscular
intraocular
intraoral
intrauterino
inumano
J
joão-de-barro
joão-ninguém
L
latino-americano
lenga-lenga
luso-brasileiro
lusofobia
lusofonia
M
macroestrutura
macrorregião
madressilva
mãe-d'água
má-fé
mais-que-perfeito
mal de Alzheimer
mal-acabado
mal-afortunado
malcriado
malditoso
mal-entendido
mal-estar
malgrado
mal-humorado
mal-informado
má-língua
mal-limpo
malmequer
malnascido
malpassado
malpesado
malquerer
malquisto
malsoante
malvisto
mandachuva
manda-lua
manda-tudo
maria vai com as outras
médico-cirurgião
mesa-redonda
mestre-d'armas
microcirurgia
microempresa
microestrutura
micro-ondas
micro-organismo
microssistema
minicurrículo
minissaia
minissérie
multissegmentado
N
não agressão
não fumante
não me toques 9
não violência
não-me-toques 10
neoafricano
neoexpressionista
neoimperialista
neo-ortodoxo
norte-americano
O
olho-d'água
P
pan-africano
pan-americano
pan-hispânico
para-brisa
para-choque
para-lama
paraquedas
paraquedismo
paraquedista
para-raios
pé-de-meia
pingue-pongue
plurianual
poli-hidratação
pontapé
ponto e vírgula
por baixo de
por isso
porta-aviões
porta-retrato
porto-alegrense
pós-graduação
pospor
pós-tônico
predeterminado
preenchido
pré-escolar
preexistente
preexistir
pré-história
pré-natal
pré-nupcial
pré-requisito
pressupor
primeiro-ministro
primeiro-sargento
pró-ativo
proeminente
propor
pró-reitor
pseudo-organização
pseudossigla
Q
quem quer que seja
R
reabilitar
reabituar
reaver
recém-casado
recém-eleito
recém-nascido
reco-reco
reedição
reeleição
reescrita
reidratar
retroalimentação
reumanizar
S
sala de jantar
segunda-feira
sem-cerimônia
semiaberto
semianalfabeto
semiárido
semicírculo
semi-interno
semiobscuridade
semirrígido
semisselvagem
sem-número
sem-vergonha
sobreaquecer
sobre-elevação
sobre-estimar
sobre-exceder
sobre-humano
sobrepor
social-democracia
social-democrata
sociocultural
socioeconômico
subalimentação
subalugar
subaquático
subarrendar
sub-brigadeiro
subemprego
subestimar
subdiretor
subumano (ou sub-humano)
subfaturar
sub-reitor
sub-rogar
sul-africano
superestrutura
super-homem
super-racional
super-resistente
super-revista
supraocular
suprarrenal
suprassumo
T
tenente-coronel
tico-tico
tio-avô
tique-taque
tomara que caia
U
ultraelevado
ultrarromântico
ultrassecreto
ultrassensível
ultrassom
ultrassonografia
V
vaga-lume
vassoura-de-bruxa
verbo-nominal
vice-almirante
vice-presidente
vice-rei
vira-casaca
X
xique-xique 11
xiquexique 12
Z
zás-trás
zé-povinho
zigue-zague
zum-zum
1 como adjetivo ou como advérbio.
2 preferível esta forma a "abrupto", também correta.
3 a forma carbo-hidrato também está correta.
4 refere-se à República Centroafricana.
5 refere-se à região central da África.
6 como substantivo ou como advérbio.
7 quando significar Índia + China; indianos + chineses.
8 referente à Indochina.
9 significando "facilidade de magoar-se".
10 planta.
11 chocalho.
12 planta.
Este quadro está apoiado nas obras: 
BECHARA, Evanildo. O que muda com o Novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2008.
INSTITUTO ANTÔNIO HOUAISS. Escrevendo pela Nova Ortografia. Rio de Janeiro/São Paulo, Houaiss/Publifolha, 2008.
GOMES, Francisco Álvaro. O Acordo Ortográfico. Porto, Porto Editora, 2008.

http://educacao.uol.com.br/portugues/reforma-ortografica/2009/01/30/minivocabulario.jhtm




Vidas secas de Graciliano Ramos.wmv

sábado, 8 de novembro de 2014

“PERDE TEMPO”OU “POUPA TEMPO”? - Dinah Ribeiro de Amorim


“PERDE TEMPO”OU “POUPA TEMPO”?
  Dinah Ribeiro de Amorim

  Dª Sueli, aos setenta e cinco anos, tinha uma vida bastante ativa. Fazia exercícios diários, pintava, gostava de ler, frequentar festas, organizar serviços voluntários e, de vez em quando, escrever algumas poesias. Ia levando a chamada “nova idade” da melhor maneira possível. Seu maior prazer mesmo era dirigir, pegar o  carro e sair para uma bela estrada, num dia bonito de sol. Sentia-se livre, aventureira e independente.

  Ficou realmente muito preocupada quando notou que sua carteira de motorista estava vencendo. Dirigiu-se ao despachante mais próximo, achando que logo resolveria o assunto, mas com muita delicadeza e atenção, ele informou que teria que fazer exame médico novamente, agora, só no Detran. Ou, se quisesse, poderia tentar também nos Poupatempo da cidade, pois devido “a sua idade,” talvez tivesse menos fila, e poderia ser melhor atendida.
  Achou que mais perto seria o Poupatempo, Dª Sueli não perdeu tempo, e logo para lá se dirigiu. Muito bem atendida, indicaram-lhe a fila da 3ª idade, e não poderia fazer o exame de vista no mesmo dia, mas poderia marcar com antecedência e comparecer no dia e hora designados para ela. Como a fila estava comprida, perguntaram-lhe se não queria se sentar num banco adiante, que seria chamada na sua vez, pois a moça que marcava a consulta não estava atendendo no momento.

  Quanta gentileza! - pensou ela, sentando-se para aguardar. Após duas horas, dirigiu-se novamente à encarregada da fila que, com mil desculpas, colocou-a no lugar novamente,  afirmando ter esquecido de  chamá-la. Também, com tanta gente! Tudo bem - pensou ela, desejando marcar sua consulta e ir embora pois, já estava ficando realmente cansada.  “Acho que a idade já está me pegando,” (reflete).

  Finalmente, portando os papéis necessários para uma nova carteira, marcou um novo dia para seu exame de vista, não esquecendo antes do pagamento da taxa estabelecida, no banco existente ali mesmo, para esse fim.

  No dia combinado, compareceu ansiosa, louca para regularizar sua situação e tornar a dirigir seu carrinho que a levava, livre, a tantos lugares atraentes. Foi encaminhada novamente a uma fila especial, recebida com a mesma gentileza anterior, apresentou novamente os documentos necessários como da primeira vez, agora um pouco mais rápido, mas que decepção! A atendente pesquisou no computador e lhe disse que não poderia ainda fazer seu exame de vista, pois existia uma pendência na sua pontuação, vinda do DETRAN. Mas como! - pensou ela, não havia recebido nenhuma notificação, algumas multas que tivera sempre foram pagas corretamente, deveria haver algum engano.  Seus documentos estavam em ordem. Os funcionários se entreolharam e, resolveram encaminhá-la a um departamento do DETRAN, mais próximo, no centro mesmo, próximo ao Perdetempo, isto é,  Poupatempo para perguntar o que havia acontecido. Realmente, seria mais fácil para ela, “devido à idade,” com menos gente. Só não sabiam se estaria funcionando naquele horário. “Que sorte - pensou ela, em sua inocência.” “Fica aqui ao lado. Quem sabe ainda volto hoje mesmo e resolvo tudo.”

  Chegou ao prédio indicado, cheio de gente e com vários casos. Foi encaminhada a uma nova fila especial, atendida por um senhor muito gentil que olhando também pelo computador lhe disse que havia tido alguns pontos a mais. A contagem agora não era mais anual, mas outro tipo de contagem que ela não entendeu muito bem e, como sua carta estava vencendo, não poderia guiar até fazer um novo exame de trânsito, realizado no próprio DETRAN, passando antes por um julgamento do caso e de quanto tempo seria sua penalidade, sem poder dirigir!

  Pronto, Dª Sueli estava agora não só muito contrariada como entristecida, sentindo-se uma condenada por ter pretendido renovar sua carteira de motorista, cansada de tanta correria, recebendo e ouvindo novidades que, para ela, com tantos anos de trabalho em periferias de São Paulo, nunca  haviam acontecido. As coisas estavam se tornando mais difíceis ultimamente.
  E a escola do DETRAN, onde deveria fazer o curso, entrou em férias!

  Depois de muitas perguntas, encontrou uma escola do DETRAN perto de sua casa, e fez o curso pela Internet. Um advogado foi contratado, conseguindo lhe uma penalidade adequada ao caso e, finalmente,  adquirindo boa nota, para espanto de alguns, foi aprovada e ganhou o direito de fazer seu exame de vista, recebendo a carteira de motorista e permissão para guiar novamente. Que coisa boa!

  Muito satisfeita, recebeu essa notícia em Paris, através do celular, meio esquecida do fato, entrando na catedral de Notre Dame para ouvir um belo coral.

  Dª Sueli, realmente, sabia levar com sabedoria a sua “nova idade”.



O caracol e a borboleta. - Hirtis Lazarin

  O caracol e a borboleta. Hirtis Lazarin   O jardim estava festivo e cheirava a flor. Afinal de contas, já era primavera. O carac...