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terça-feira, 2 de julho de 2024

O abraço da liberdade. - Alberto Landi

 




O abraço da liberdade.

Alberto Landi



Em uma manhã ensolarada no porto de Nova York, a majestosa estátua erguia-se imponente com sua tocha brilhante iluminando o caminho dos navios que se aproximavam.

Era ali, em meio ao vai e vem das embarcações e do burburinho dos turistas ansiosos, que um acontecimento inesperado estava prestes a surpreender a todos.

Enquanto os visitantes se aglomeravam para tirar fotos e contemplar a grandiosidade da escultura, algo incomum começou a acontecer.

Lentamente, os seus olhos pareciam ganhar vida, brilhando com uma luz dourada que indicava bondade e acolhimento para todos ao seu redor, seguido de um piscar de olhos para todos ali presentes.

Mal podiam acreditar no que viam, testemunhavam um momento mágico e único naquela manhã inesquecível.

À medida que o sol se elevava no horizonte, os braços da escultura se ergueram lentamente em um gesto acolhedor, como se estivesse saudando cada visitante que chegava ao local.

O silêncio tomou conta do lugar, enquanto todos observavam maravilhados aquela cena extraordinária que ultrapassava as barreiras do tempo e espaço.

Os pássaros voavam em círculos ao seu redor, como se celebrassem com ela aquele momento de magia e encantamento.

Os turistas sorriam emocionados, sentindo-se acolhidos pela presença imponente da escultura personificada diante de seus olhos.

E assim, sob o olhar atento que agora parecia sorrir para cada um dos presentes, as pessoas ali sentiram em seus corações a chama ardente da liberdade que aquela figura icônica representava.

 

E assim enquanto o sol brilhava sobre os céus de nova York, uma cidade que nunca dorme, ela continuava a sua vigília silenciosa e eterna saudando a quem chegasse, com sua luz radiante e seu gesto acolhedor lembrando a todos que a liberdade é um direito intransferível de cada ser humano neste imenso mundo.

 

PLAFT PLUFT, O FANTASMINHA CAMARADA! - Dinah Ribeiro de Amorim

 



PLAFT PLUFT, O FANTASMINHA CAMARADA!

Dinah Ribeiro de Amorim

 

 

Na cidade de Bruxolândia, afastada dos centros urbanos, inexistente nos mapas, caminha um solitário fantasminha, cabisbaixo e entristecido.

Acabou de sair de uma reunião com os fantasmas mais velhos, chefiados pelo bruxo mor, o fantasma Cruz Credo, que, enraivecido e soltando fumaça pelos ares, bravo mesmo, reclamou da situação atual dos fantasmas novos: “Não causavam mais medo nas crianças nem nos jovens!”

Plaft Pluft, o fantasminha legal, como era conhecido, até que se esforçava em fazer aparições repentinas e barulhos ensurdecedores, mas a criançada o achava engraçado, ria muito dele e convidava-o a entrar nas brincadeiras. Ele entrava e gostava. Que culpa tinha se a geração atual não temia mais fantasmas?

Aparecia nas ruas desertas, em casas abandonadas, cemitérios à noite, cumpria rigorosamente o que lhe ensinaram os antigos, mas as pessoas não o temiam, não eram mais como antigamente. Até gostavam de fantasmas.

Cruz Credo, o chefe velho, muito rigoroso, não percebeu que o mundo mudou. A educação das crianças e jovens é outra. Gostam do imaginário, do invisível, de tudo que é diferente do real e visível.

São atraídos, buscam o diferente, algo que os afaste de suas existências. São insatisfeitos com a vida que têm.

Quando ele aparece para assustá-los, não correm dele, mas cercam-no, curiosos, querem conhecê-lo, saber de onde vem, como vive, etc.

Fica até meio sem graça e não sabe como responder. Acha que os fantasmas, de hoje, necessitam de alguma ajuda, talvez algum psiquiatra, como os humanos, quem sabe?

Continua sua andança pelos caminhos, pensativo, procurando uma solução. Mudar de aparência, colocar alguma vestimenta semelhante aos jovens, cobrir suas partes imateriais, disfarçando-as, etc.

Percebe aos poucos que, no caminho, não está sozinho. Uma menina de verdade, não disforme como ele, chora baixinho, derrama muitas lágrimas. Despede-se de um jovem, com cara de zangado, que lhe dá um aceno e segue em direção a outra mocinha, mas diferente no olhar, na vestimenta, cheia de piercing pelo nariz e rosto, braços e pernas com desenhos pretos, de cobras e torres. Mais feia que as bruxinhas de verdade, até ele fica com medo.

A jovem que chora senta-se num banco da praça e Plaft Pluft, devagar, para não assustá-la, senta-se ao seu lado, compadecido. Olha-a de perto, vê como é linda, delicada, parece mais uma fada, ao contrário da outra, uma bruxa, que lhe roubou o namorado.

Olha-a com tanto carinho que, ao vê-lo, a jovem não sente medo e resolve contar-lhe a razão da sua mágoa.

Chama-se Lala e, Murilo, seu namorado, rompeu com ela e irá levar a outra moça, Frida, ao baile da escola. Diz que a tal Frida é mais bonita, mais jeitosa, mais moderna que ela. Lala é muito sem graça, não o interessa como a outra, que está mais de acordo com a época.

— E como é estar mais de acordo com a época? Pergunta-lhe o fantasminha, interessado.

— Ah! Gostar de tudo que é estranho, novidade, fora do normal, passeios assombrosos, roupas esquisitas, malcheirosas, andar em bandos, brigar muito, lutar mais do que se divertir, ser valentão no mundo dos fracos, responde Lala, recomeçando a chorar.

Plaft Pluft pensa, então é isso. Querem ter poderes, virar fantasmas, de verdade, fazer o mal. Não têm mais medo. A vida dos fantasmas agora é inútil. Quanto mais amedrontam, mais agradam.

Olha para Lala e acha-a tão bonita, tão suave, tão bem-feita, gostaria de ser um jovem, para sair com ela. Aprender a dançar, vê-la sorrir, acompanhá-la ao baile da escola, portar-se como um cavalheiro, seu par.

Lala pergunta-lhe curiosa, um pouco mais calma: “Não entendo isso. Como é tão gentil comigo? Não sinto medo de você. É um fantasma de verdade?”

Plaft Pluft, meio sem jeito, responde que é um fantasma novo, educado por uma mãe moderna, que não gostava de ser fantasma, e má. Queria ser uma mulher, real, como as outras.  Os mais velhos não deixaram.

— Mas, se quiserem, podem ser gente humana, mesmo? Pergunta, espantada, Lala.

— Algumas vezes, sim, responde o fantasminha, encabulado. Depende do nosso coração. Se a vontade de fazer o bem for maior do que a do mal, pode haver uma transformação.

— Então, você, se quiser, poderá ir comigo ao baile? Pergunta Lala já toda entusiasmada. Eu arrumo umas roupas legais, e ficará um jovem lindo.

Plaft Pluft, não pensou muito, acompanhá-la ao baile, seria para ele, tudo de bom e ainda faria inveja ao rapaz que a abandonara. Promete pensar no assunto, conseguir uma dispensa e lhe dar resposta no dia seguinte, àquela hora.

Despedem-se e Lala, mais feliz, vai para casa. Irá ao baile, sim, e acompanhada, imagine, por um fantasma de verdade, disfarçado. Não poderá haver maior triunfo entre os jovens.

No dia seguinte, Lala senta-se no mesmo lugar, mesmo banco, mesmo parque. Plaft Pluft, disfarçado, em atraente jovem transformado, senta-se ao seu lado e pergunta se ficou bem.

Lala, emocionada, reconhece-o pela voz e, encantada, combina um horário para buscá-la, como colega recém-chegado à escola, em sua casa. Ia apresentá-lo à mãe como o par predileto.

Chega a noite do baile e, como o combinado, Plaft Pluft acompanha, muito elegante, a mocinha Lala, que virou uma grande amiga. Toda linda, de vestido rosa bordado, entra no salão apoiada nos falsos braços do seu fantasma. Vaidosa, orgulhosa do seu belo par, começa a valsar, passando à frente do antigo namorado, que a olha, enciumado.

Todos os presentes a olham com admiração e Frida, a atual namorada de Murilo, coloca o pé à sua frente, para que caia ao chão, num grande baque.

Plaft Pluft, mais que depressa, ao perceber essa maldade, levanta rápido o corpo de Lala pela cintura, suspende-a no ar, fazendo-a rodopiar e valsar pelos ares.

Nossa! Exclamação geral da moçada! Que namorado legal! Estão valsando e voando. Aplausos gerais!

Lala e seu fantasminha legal são eleitos os reis do baile de final de ano!

Plaft Pluft, o fantasma, contraria seus ancestrais e resolve se transformar num homem de verdade, apaixonado pela menina Lala, que ganhou seu coração.

Nessa história, o fantasminha camarada se transforma no Paulo Pedro, um jovem muito legal.

 

 

A ÚLTIMA QUARTA - LEON A. VAGLIENGO

  A ÚLTIMA QUARTA Dizer o quê? As coisas vão, mesmo, acontecendo...                                                                     ...