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segunda-feira, 3 de outubro de 2022

O ENCONTRO SECRETO DE GILBERTO E SHILA NO PÍER NOVE - Leon Alfonsin

 




O ENCONTRO SECRETO DE GILBERTO E SHILA NO PÍER NOVE

Uma aventura intensa, um final....

 

                                                                                                                               Leon Alfonsin Vagliong



Gilberto nasceu na cidade de Lindo Vale num lar amoroso, filho de pais abastados e instruídos que lhe proporcionaram excelente educação integral. Em sua infância e início de juventude desfrutou do ótimo clima e da Natureza exuberante daquela tranquila cidade do interior, convivendo com uma sociedade de pessoas simples, mas felizes e de bons princípios.

Como resultado de tantas benesses e muito favorecido pela boa genética de seus pais, tornou-se um rapaz saudável e atraente, não apenas por seu rosto bonito e corpo de atleta, mas também por sua sensatez e ótimo caráter. Já era cobiçado pelas garotas de Lindo Vale e, mais ainda, pelas mães delas, que viam nele um ótimo partido para suas filhas. Mas era cedo, Gilberto ainda não se apaixonara, não passara de rápidos namoricos.

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Naquela tarde de sábado chovia muito na cidade de Lindo Vale, desanimando qualquer um a sair para a rua sem algum motivo imperioso.

Para um rapaz de dezesseis anos, uma situação entediante. Gilberto fuçava aqui e ali em sua casa, procurando alguma coisa para distrair-se, quando encontrou uma caixa de sapatos no armário de seu pai, cheia de livrinhos de bolso; uns quarenta. Curioso, verificou pelas capas que todos eram de histórias de espionagem estreladas pela espiã Brigitte Montfort, guardados meticulosamente na sequência dos números da edição. Pegou o primeiro, sentou-se numa confortável poltrona da varanda ao barulho da chuva, e pôs-se a ler.

Nessa história, a espiã Brigitte Montfort era a protagonista, vivendo momentos eletrizantes de ação, risco e mistério muito bem narrados, em que não faltava um clima de sensualidade, despertando um grande interesse e verdadeiro fascínio ao rapaz. A partir daí, sempre que tinha um tempo disponível, Gilberto lia algum desses livros. Apaixonou-se pelo assunto e, principalmente, pela imagem que fazia da espiã, caracterizada em suas aventuras como uma linda morena de olhos azuis, inteligente e sedutora, estimulando fantasias e bulindo com a sua imaginação de adolescente. Uma pena que ela não fosse real.

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Passados mais dezesseis anos, homem feito aos trinta e dois de idade, Gilberto ainda não tinha encontrado uma parceira fixa, alguém por quem se apaixonasse. Morando na capital desde os vinte anos, a sua vida amorosa continuava bastante tumultuada, muitas namoradas passaram por ela. Formou-se em Direito, trabalhou algum tempo num escritório de advocacia, e logo prestou concurso e foi aprovado como agente do Departamento Federal de Inteligência. Agora teria por função investigar assuntos ligados à segurança do país, frequentemente envolvendo ações de espionagem, e pensava no quanto aquelas histórias dos livretos tinham a ver com a sua situação atual.

Certo dia, logo após tomar posse de suas nas novas funções, percebeu um burburinho entre seus colegas mais antigos do Departamento. Ao perguntar, soube que era pela rara presença de uma Agente que, segundo eles, estava quase permanentemente em missão externa e, apesar de jovem, já era idolatrada e respeitada por todos no Departamento por seu pulso forte no comando das missões e, principalmente, pela audácia e autonomia que sempre demonstrara como agente infiltrada em perigosas organizações. Um autêntico mito.

   Um pouco depois, naquele mesmo dia, Gilberto realizava suas tarefas burocráticas de iniciante, quando ela entrou no mesmo salão de trabalho para terminar o relatório de uma missão encerrada. Ao vê-la pela primeira vez, ele lembrou-se imediatamente da espiã Brigitte Montfort, heroína das histórias que lia avidamente quando era adolescente; especialmente por sua beleza, que não ficava devendo em nada à imagem que ele fazia da espiã dos livretos. A não ser pelos olhos, que eram notoriamente verdes, em vez de azuis. Quanto ao restante, era também uma linda morena clara de uns trinta anos, de aparência reservada e sensual, com a vantagem de ser de carnes e ossos. E que carnes! pensou machistamente Gilberto, muito impressionado, desnudando-a em sua imaginação.

A presença do novo Agente no salão, entre os outros que ali tinham as suas mesas e ela já conhecia, não passou despercebida por Shila. Não foram apresentados, mas alguns discretos olhares seus que se cruzaram com os dele enquanto trabalhavam, revelavam que a curiosidade e o interesse eram recíprocos.

Quase três meses após a posse em seu novo cargo Gilberto ainda estava desempenhando funções burocráticas para conhecer e se ambientar com os serviços do Departamento, quando foi chamado à sala da chefia. Não tinha mais visto Shila, que estava envolvida com outros trabalhos externos.

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O Coronel Linhares, aos sessenta anos de idade, impunha respeito pela sua aparência. Alto e forte, cabelos grisalhos, sempre bem trajado, ostentava em sua face uma expressão que revelava a sua inteligência e perspicácia.  Chefe reconhecido pelo sucesso dos trabalhos realizados pelo Departamento sob seu comando, também sabia colocar-se adequadamente no relacionamento político, que muitas vezes demandava investigações delicadas envolvendo pessoas de destaque.

Ao receber Gilberto, procurou deixá-lo à vontade para dissipar qualquer eventual retraimento natural do novato.

— Seja muito bem-vindo ao Departamento, Gilberto. Finalmente surgiu a oportunidade da sua primeira missão externa. Tome um café enquanto conversamos para nos conhecermos melhor.

Apenas alguns minutos de conversa bastaram para que o Coronel e Gilberto granjeassem simpatia e confiança mútuas. Ao final da entrevista, Linhares anunciou:

— Você receberá hoje a primeira missão externa, será o teu batismo de fogo. Irá sozinho, mas não é nada muito complicado; apenas levará secretamente para a nossa agente Shila, que está numa ilha turística próxima, um malote lacrado contendo materiais importantes para a missão de espionagem em curso, devendo retornar no mesmo dia com o malote que ela vai te entregar e deverá merecer os mesmos cuidados quanto ao sigilo. E de quebra, vai ter a oportunidade de conhecer a nossa principal agente. Aliás, foi ela quem escolheu você e deu as instruções. Eu as imprimi, aqui estão. Faça tudo exatamente conforme ela mandou. Neste Departamento, todos nós, inclusive eu, seguimos rigorosamente as orientações que ela nos passa para os trabalhos de campo.

O Coronel esclareceu também que Shila havia chegado à ilha valendo-se da escuna do próprio resort onde ela se hospedara como turista. Porém, considerando que Gilberto ainda era muito novo no Departamento, não confiou a ele outros detalhes da incumbência da Agente, que havia sido designada pelo Departamento de Inteligência para investigar as atividades de um grupo sediado numa das mansões lá existentes, de propriedade de um conhecido Deputado cujo nome era mantido em sigilo, suspeito de estar praticando a importação clandestina de armas cuja destinação seria, provavelmente, para o crime organizado.

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                As instruções de Shila eram muito claras e precisas e Gilberto não teve nenhuma dificuldade em segui-las. Muito cedo, na quarta-feira, retirou do cofre do Departamento o malote lacrado que deveria levar, seguiu para o lugarejo litorâneo de Trindade, e alugou, na aldeia de pescadores, a pequena lancha com a qual rumaria no sentido norte por cerca de onze milhas, até a pequena ilha turística onde encontraria a Agente, no ponto por ela indicado, exatamente ao meio-dia.

Margeando a orla a uma milha da costa, ainda muito desabitada e de vegetação nativa, para evitar os rochedos que afloram no mar da região, Gilberto navegou por um bom tempo até localizar a ilha de seu destino, ao longo de cujas praias pôde visualizar, mesmo de longe, as belas casas e o prédio do resort daquele luxuoso condomínio onde ela estava hospedada. Aproximando-se, procurou um pouco mais, encontrando finalmente a pequena baía onde deveria atracar.

Adentrou a baía e dirigiu a pequena lancha cuidadosamente, bem devagar, até localizar o píer nove, conforme as instruções. Atracou a lancha sem dificuldade. Eram onze e meia da manhã, meia hora antes do horário combinado. 

Subiu ao píer e o percorreu até próximo da mansão à qual era ligado, que ficava no limite do luxuoso condomínio. Percebia-se que não era ocupada já havia alguns anos. Gilberto reconheceu que o local escolhido por Shila não poderia ser melhor do que aquele para um encontro secreto, sem testemunhas.  As plantas e o mato dos jardins abandonados haviam crescido muito, constituindo uma pequena selva fechada, proteção perfeita contra olhares externos; flores cor-de-tijolo e vermelhas das primaveras assomavam ao mato mais denso, embelezando o ambiente que ainda permanecia bastante agradável apesar do abandono. Voltando ao píer, sentou-se num velho banco de madeira para aguardar a chegada da sua colega.

A privacidade proporcionada pelo local e a expectativa do iminente encontro com a bela Shila povoaram de ideias a imaginação de Gilberto, que tinha permanentemente presentes em sua cabeça aquela provocante figura feminina e os olhares cruzados com ela, desde o dia em que a viu no Departamento. Enquanto esperava, só de pensar no encontro iminente, tanto a sua mente como o seu corpo reagiram, fazendo o seu coração bater mais forte, além de provocar outras respostas físicas menos nobres.

Precisamente no horário combinado, Shila chegou: linda, maravilhosa mesmo, para o encantamento de Gilberto. Trajes esportivos de muito bom gosto realçavam suas formas, e na privacidade daquele ambiente natural ela lhe pareceu ainda mais bela e sedutora do que quando a conhecera no Departamento. Por alguns segundos os dois se observaram de cima a baixo, sem disfarçar os olhares. A seguir, aparentemente satisfeita com o que viu e com um sorriso que pareceu malicioso, Shila ordenou:

— Pegue o malote e me siga.

Gilberto voltou à lancha, pegou o malote, subiu novamente ao pier e seguiu a espiã, que se dirigiu diretamente à casa desabitada, onde entraram, e esclareceu:

— Eu me hospedo no Resort para os contatos e ações, mas estou sediada aqui para os trabalhos de planejamento e guarda do material. Deixe o malote ao lado da mesa.

Shila havia providenciado a limpeza da grande sala, que estava impecável, e ainda aproveitara os móveis deixados em perfeito estado pelos antigos proprietários, redistribuindo-os como lhe convinha. Encostada à parede entre as janelas que davam para o jardim, uma grande mesa com duas cadeiras acomodava apenas um notebook, um bloco de anotações e alguns materiais de escritório. Ao lado dela, no chão, o malote que Gilberto iria levar no retorno, já lacrado. Nenhuma arma à vista. Em frente à mesa, do outro lado da sala, um grande e confortável sofá se sobressaía no exame do local e na imaginação atrevida de Gilberto. Nesse momento, os seus pensamentos foram interrompidos pela fala de Shila.

— Fui eu que disse ao Coronel para que mandasse você. Preparei uma refeição leve para nós, você vai embora mais tarde. Você é novo no Departamento, quero conhecê-lo melhor. Feche a porta e as cortinas para que não sejamos vistos.

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Após a refeição, a conversa foi deliciosa para ambos. Afinal, uma espiã também é humana, também gosta de conversas e outras coisas... Por isso, só se deram conta do tempo quando ouviram o som de um trovão ao longe. Eram quase dezessete horas. Abrindo as cortinas, viram pela janela que a tarde caía rapidamente e pesadas nuvens antecipavam o escurecer da noite que se aproximava.

Um pouco alarmado, Gilberto arrumou-se apressadamente. Tinha que voltar! Pegou o malote e seguiu com Shila até o píer nove, onde despediu-se dela com um longo e caloroso beijo; soltou as amarras e subiu na lancha, amarrou bem o malote para que ficasse seguro durante a travessia, tomou o timão, puxou o manche e zarpou em retorno ao continente. Ainda atordoado e exultante com a experiência por que tinha passado, nem pensou em vestir o colete salva-vidas.

No retorno teria novamente que rumar paralelamente à costa desabitada pelas onze milhas, até ver as luzes de Trindade, quando faria uma guinada de noventa graus e seguiria diretamente até a margem do lugarejo. Considerando a dificuldade de visão que o tempo oferecia, lembrou-se de guardar a distância aproximada de uma milha da costa durante a primeira parte do percurso, para evitar um acidente com aqueles pequenos rochedos.

Pouco depois que saiu as primeiras gotas de chuva molharam o seu rosto. Logo, já era um temporal. A noite também desceu de vez e a escuridão predominou. Com a mão sobre a testa para proteger os olhos da chuva, bem ao longe Gilberto já via as luzes de Trindade. Essas luzes seriam o seu guia naquele breu. Enquanto a lancha avançava, as ondas, cada vez maiores, desequilibravam a pequena embarcação, dificultando a navegação. De repente, uma vaga gigante atingiu a lancha lateralmente com forte impacto e Gilberto foi jogado ao mar.

Rapidamente a correnteza o arrastou para longe da embarcação e ele se viu perdido na escuridão. Tentou voltar para ela, que já se afastava, viu que seria impossível. Consciente da situação, o pavor o dominou. Ao nível da água, não conseguia nem ver as luzes do lugarejo distante para se orientar. Estava muito longe da costa e, mesmo sendo um bom nadador, encontrava imensa dificuldade para manter-se à tona, pois as vagas sombrias se sucediam impiedosamente sem que conseguisse vê-las a tempo de defender-se, devido à escuridão.

Várias vezes submergiu e ficou sem poder respirar. Voltava à tona com forte puxada de ar para encher os pulmões. A tempestade, inclemente, açoitava a sua cabeça; as vagas enormes se sucediam com violência, elevando o seu corpo por alguns metros, para depois soltá-lo no vazio, caindo novamente na água; o esforço que fazia era descomunal, o cansaço o estava vencendo. Já sem forças, mais uma vaga; engoliu água, engasgou-se; outra veio, tentou manter-se à tona, foi em vão, submergiu. Faltou-lhe o ar, foi-se a consciência...

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Naquele trecho deserto da praia, um pouco ao norte da aldeia dos pescadores, várias gaivotas alimentavam-se dos pequenos peixes e mariscos que haviam sido arrastados pela maré e encalhado na areia ainda encharcada. Algumas deslizavam no ar, em voos suaves e graciosos. A forte tempestade da noite anterior deixara as suas marcas no cenário. Por toda a praia viam-se ramos de árvores trazidos pelas águas, de algum lugar distante. O vento diminuíra de intensidade e o mar já havia serenado um pouco e recuado, alargando-se bastante a faixa de beira-mar, mas ainda grandes ondas se formavam e quebravam ruidosamente, invadindo a praia, num movimento nervoso de vai e volta. Já passava do meio-dia e o sol forte dominava o cenário, provocando um calor abafado.  

O corpo inerte de um homem jazia, solitário, estendido na areia...

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QUADRINHAS - Leon Alfonsin

 





QUADRINHAS

Leon Alfonsin

 

TENTEI, MAS NÃO DEU

Um dia encontrei uma planta

daquelas que a gente se espanta:

Tinha quase cem metros de altura,

só de olhá-la me deu tontura.

 

Mas isso não me ajuda, que azar,

minha inspiração não alcança,

se assim eu continuar, criar

versinhos para uma criança.

 

 

PAPAI SABIDO

O meu pai sabe mesmo de tudo,

sempre responde ao que lhe pergunto.

Mas se lhe peço ajuda no estudo,

prontamente ele muda de assunto.

 

 

MANHA, MAMÃE, FOGUETE E SORVETE

Eu chorei, a mamãe disse que “é manha”,

E veio me pegar como um foguete,

me apavorando: “agora você apanha

e ainda vai ficar sem teu sorvete”.

 

 

O RELÓGIO E O SUCO

Aquele relógio maluco

sempre fazendo tique-taque,

de repente ele faz um “claque”.

Está na hora do meu suco.

 

 

BANANADA

Está chovendo, estou te escrevendo.

Eu queria comer um doce, ainda mesmo que fosse

aquele gostoso, de banana, que você fazia usando o meu tacho.

Era muito bacana, pelo menos eu acho.

A gente comia juntinho, sempre bem devagarinho

para demorar com você bastante, minha querida amante.

Agora não tem mais bananada, meu tacho não serve para nada,

e ainda está chovendo. Vendo o tacho, o tacho eu vendo.

 

 

Estrepulias - Hirtis Lazarin

 

 


Estrepulias

Hirtis Lazarin

 

 

Pulando... Pulando...

Numa perna só

Zombava de todo mundo

Enrolava até a cobra-cipó.

 

                                

                                  

                           O gorro vermelho

                           Voou e caiu no rio

                           Avisou-lhe o velho:

                          “ O peixe grande engoliu”.

 

Ficou bravo

Atarantado

Fez estripulias

Pra todo lado.

 

 

                                                   Assustou a borboleta

                                                   Que cheirava a flor

                                                   Golpeou o cavalo

                                                   Coitado, gemeu de dor.

 

Entrou na cozinha

Da tia Maria

Jogou tanta farinha

Que entupiu a pia.

 

                                                  Enrolou o rabo do gato

                                                  Escondido no mato.

 

E feliz da vida

Saiu gritando:

Sou o saci-pererê

Mais ardente que óleo de dendê.


FUGA PARA O CANADÁ -- Leon Alfonsin

 


FUGA PARA O CANADÁ

Ou, versos sobre a frustração por uma história travada.

 

                              Leon Alfonsin

 

Eu preciso escrever um conto,

porém me atrapalho num ponto.

Penso muito, até fico tonto,

nada do conto ficar pronto.

 

Mas nem assim me desaponto.

Vou conseguir, não me amedronto.

Sigo em frente, aceito o confronto,

qualquer dificuldade afronto.

 

O conto, então, monto e remonto,

até tento algum contraponto,

mais uma vez, conto e reconto,

o meu lápis todo desponto.

 

Com o fracasso me defronto

enfim, e abatido, desmonto.

Humilhado, logo me apronto,

compro passagem sem desconto,

faço as malas, vou pra Toronto.


O cãozinho aventureiro - Alberto Landi

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