A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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quarta-feira, 3 de agosto de 2022

O PATINHO FEIO


O patinho feio (1843)

O conto, de origem dinamarquesa, foi escrito por Hans Christian Andersen e publicado pela primeira vez em 1843.

A obra conta a história de um filhote de cisne que foi chocado em um ninho de patos. Como era diferente dos demais, foi zombado e perseguido por todos.

Cansado de tanta humilhação, resolveu ir embora. Durante o seu percurso, foi maltratado em todos os lugares por onde passou. Certa vez, foi acolhido por camponeses, mas o gato da família não reagiu bem à sua presença e ele teve de ir embora.

Um dia, viu um grupo de cisnes e ficou deslumbrado com a beleza deles. Ao se aproximar da água, viu seu reflexo e percebeu que tinha se tornado uma belíssima ave e que, afinal, não era um pato diferente, mas sim um cisne. Desde então, passou a ser respeitado e se tornou mais belo do que nunca.


(Toda Matéria)

O GATO DE BOTAS


O gato de botas (1500)

O conto teve origem oral e foi publicado pela primeira vez pelo italiano Giovanni Francesco Straparola, em 1500. Ao longo dos anos, a obra passou por adaptações. As mais famosas foram escritas por Giambattista Basile (1634), por Charles Perrault (1697) e pelos irmãos Grimm.

O conto relata a história de um gato falante que foi recebido por um jovem rapaz como parte de uma herança. Ao questionar o que faria com o animal, foi surpreendido ao perceber que o próprio gato estava respondendo sua pergunta.

O felino disse que se recebesse um par de botas, um chapéu e uma espada, faria de seu dono um homem rico.

Devido a algumas artimanhas, o rei acaba convencido a conceder a mão de sua filha ao dono do gato de botas.


(Toda Matéria)

JOÃO E MARIA


João e Maria (1812)

O conto é de origem oral alemã e foi publicado pelos irmãos Grimm, em 1812.

Trata-se da história de dois irmãos que foram abandonados em uma floresta. Ao tentarem voltar para casa, João e Maria decidiram que seguiriam as migalhas de pão que tinham espalhado para marcar o caminho. No entanto, tais migalhas haviam sido comidas pelos pássaros.

Os irmãos se perderam e acabaram por se deparar com uma casa feita de doces e biscoitos. Como estavam caminhando há bastante tempo sem comer nada, devoraram um pedaço da tal casa. Nela, foram acolhidos por uma senhora aparentemente gentil, que inicialmente os tratou bem.

Passado algum tempo, descobriram que a tal senhora era, na verdade, uma bruxa que os tinha acolhido com a intenção de devorá-los. Em um momento de distração da bruxa, empurraram-na para dentro de um forno em chamas. Depois de se livrarem dela, os irmãos fugiram e finalmente encontraram o caminho de volta para casa.

(Toda Matéria)

CHAPEUZINHO VERMELHO


Chapeuzinho vermelho (1697)

A primeira versão impressa do conto foi publicada por Charles Perrault, em 1697. No entanto, a versão mais popular é uma adaptação realizada pelos irmãos Grimm, em 1857.

A obra conta a história de uma menina que usa uma capa com capuz vermelho e passeia pela floresta a caminho da casa de sua avó.

Durante o trajeto, ela é interceptada por um lobo. Ele descobre onde a avó da menina mora e segue diretamente para lá, a fim de devorá-la.

Quando Chapeuzinho chega ao local, também é devorada pelo lobo. Ambas são salvas por um caçador que percebe a presença do lobo na casa e corta a barriga do animal, libertando assim as duas vítimas.


CINDERELA


Cinderela (1634)

Também conhecido como A gata borralheira, a primeira versão literária do conto foi publicada por Giambattista Basile, em 1634. As versões escritas mais populares são a de Charles Perrault, publicada em 1697, e a dos irmãos Grimm, de 1812.

Cinderela foi impedida de participar de um baile realizado por um príncipe, pois sua madrasta queria que o rapaz notasse as filhas dela, e receava que a beleza da jovem chamasse mais atenção. Conseguiu comparecer graças a uma fada madrinha, mas teve de sair de lá às pressas e deixou ficar para trás um de seus sapatos. Ao achá-lo, o príncipe percorreu toda a região até finalmente encontrar a jovem. Eles se casaram e viveram felizes para sempre.


BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES


Branca de neve e os sete anões (1634)

É um conto alemão do século XIX, cujo primeiro registro escrito é de Giambattista Basile. A versão mais popular foi uma adaptação publicada pelos irmãos Grimm, em 1812.

O conto relata a história de uma bela jovem cuja beleza é invejada por uma madrasta que tenta matá-la. A jovem Branca de neve se esconde na floresta, na casa de 7 anões, mas é descoberta e acaba por comer uma maçã enfeitiçada que recebe da madrasta. A fruta a faz engasgar e desfalecer. Tida como morta, foi colocada em um caixão. Enquanto era transportada, sofreu um solavanco e o pedaço de maçã se desprendeu de sua garganta. Assim, voltou a respirar.

A versão mais popular do conto é uma adaptação de 1617, feita para um desenho animado. Nessa história, a maçã envenena a jovem e faz com que ela adormeça em um sono profundo. O feitiço só chega ao fim quando a moça é beijada por um príncipe


A BELA E A FERA


A bela e a fera (1740)

O conto é de origem francesa e foi escrito originalmente por Gabrielle-Suzanne Barbot. A versão do conto que se popularizou é uma adaptação feita por Jeanne-Marie LePrince de Beaumont em 1756, e fala sobre a relação entre uma criatura (a fera) que se apaixona por uma jovem (a bela). Ao ter seu amor correspondido, a criatura se vê livre de um feitiço que a transformara em monstro e volta finalmente à sua forma humana.


(Toda Matéria)

A BELA ADORMECIDA

 


A bela adormecida (1634)

O primeiro registro escrito do conto é de autoria de Giambattista Basile e foi publicado em 1634. A obra foi adaptada por Charles Perrault (em 1697), e depois pelos irmãos Grimm (em 1812). A versão do conto que se popularizou foi a dos irmãos Grimm. A adaptação conta a história de uma princesa que, quando bebê, é amaldiçoada.

De acordo com o feitiço, aos 16 anos a jovem furaria seu dedo, cairia em um sono profundo e só despertaria com um beijo de amor. O feitiço se desfez assim que a princesa foi beijada por um príncipe

(Toda Matéria)

O fantástico resgate do amor de uma mãe - Alberto Landi

 



O fantástico resgate do amor de uma mãe

Alberto Landi

 

Charlotte, nascida em 1920 em Castle Combe, interior da Inglaterra, pertencia a uma família de protestantes.

Ela tinha sonhos frequentes que a deixavam triste, deprimida, sonhava com seu próprio falecimento.

Estava desesperada, pois com quatro filhos não tinha o suporte e orientação necessária do marido, ex combatente da primeira Guerra mundial, que após retornar da guerra se entregou a bebida, um pai infeliz  e marido ausente.

O sonho, ao lado de certas lembranças que surgiam no estado de vigília, fazia parte de seu quotidiano, influenciando desta maneira o seu desenvolvimento psicológico, emocional e social.

Aconteceu que prematuramente o sonho tornou-se realidade, deixando os filhos pequenos.

 

Muitos anos se passaram...

Marta, americana natural e moradora de San Diego, tem dois filhos.

Sua profissão jornalista, fotógrafa e escritora.

Num determinado dia, viu um anuncio no jornal local: Vende-se uma casa no interior da Inglaterra, por um euro, no pequeno vilarejo de Castle Combe.

Como requisito seria necessária uma pequena reforma e fixar residência pelo menos por seis anos.

Como ela sempre quis conhecer esse país, entusiasmou-se pela publicação e começou a pesquisar.

Por ser uma escritora, achou que seria o local adequado para exercer a profissão.

Nesse lugar havia um pequeno castelo, que os moradores diziam ser rico em historias e lendas imaginarias.

Castle Combe se assemelhava a um cenário visto em filme de suspense, Psicose, ficava no alto de uma colina, com características bem sinistras. Um vilarejo que nasceu com os celtas e que até hoje nenhuma construção foi alterada e ou complementada.

Aproveitou um programa de incentivo do governo e adquiriu a casa.

Ela desde criança tinha visões com Charlotte e vivia dividida entre uma vida atual e passada. Era como um quebra-cabeça com certas peças apagadas, outras fora de lugar e outras nítidas, mas fáceis de se encaixarem.

Geralmente, nas pessoas as lembranças de infância assomam de forma desordenada sem nenhuma cronologia.

Dentre suas lembranças, destacava-se um chalé onde morava com filhos e marido.

Lembrava com muita clareza o lugar em que vivia bem como suas ocupações diárias.

Esses sonhos passaram a dominar sua vida, pois eram imagens claras de uma família, num pequeno lugar da Inglaterra.

Ela procurou um terapeuta. O analista, após submete-la a sessões de regressão, concluiu:

--Não são sonhos, são lembranças de vidas passadas!

Com o apoio da família, Marta viaja para averiguar a casa, em busca de pistas de seu passado.

Ela pressentia que os filhos de Charlotte que apareciam nos sonhos poderiam estar vivos e ela teria um papel relevante junto àquelas crianças de ontem. O sonho mostrava o local, justamente o mesmo do anuncio do jornal. 

O objeto central de suas preocupações eram os filhos deixados. Ela tinha lembranças de pessoas, lugares....

A dor da separação dos filhos devia ter sido tão intensa, aflitiva por deixá-los no mundo tão grande, o sentimento de culpa por não conseguir superar a morte e deixá-los desprotegidos.

Penso que o passado espiritual interfere diretamente sobre nossa existência atual.

Ela se recordava de que Charlotte gostava de ler, escrever pequenos contos infantis.

A jovem escritora, por sua vez sem muita aprendizagem escrevia desde pequena e demonstrava com livros, habilidade que constituía herança da existência anterior.

Tinha necessidade de encontrar sua família da vida passada.

Aquelas crianças tinham sido privadas ainda na infância daquilo que seus filhos atuais estavam desfrutando agora, por isso, sentia que tinha que fazer algo a respeito.

A intensificação das lembranças ocorreu na mesma faixa etária, 32 anos quando Charlotte faleceu.

Com o material recolhido das regressões e das lembranças espontâneas, deu inicio a uma grande busca, os filhos de sua vida anterior.

O quebra cabeça começava a mostrar contornos mais nítidos.

Escreveu várias cartas para os moradores locais, indagando sobre uma mulher chamada Charlotte, que teria vivido num chalé na década de 30, num determinado lugar do vilarejo.

Com o passar do tempo, apenas uma carta foi respondida e decisiva.

A mulher foi identificada como, Charlotte e os filhos tinham sido enviados para orfanatos diferentes.

A sua busca mostrava algum resultado.

Conseguiu o nome e data de nascimento dos quatro filhos: George, Oliver, Elizabeth e Bridget.

Certo dia recebeu um telefonema inesperado, de um de seus filhos da sua existência anterior, George.

O encontro com ele foi com muita emoção, ela com apenas 32 anos seria uma revelação um tanto quanto alucinatória para qualquer pessoa.

Apesar de certa confusão no inicio, este forneceu o endereço e numero do fone de Oliver, mas o paradeiro das meninas naquela ocasião era desconhecido, pois foram para outro orfanato diferente dos irmãos.

George então com 71 anos, demonstrou grande reserva e ceticismo diante desses fatos.

Ela revelou coisas que somente ele, seus irmãos e a mãe sabiam, como que levava as crianças para passear num pequeno lago, contava historias infantis, e que George, uma ocasião trouxera para casa uma pequena cabra, e ainda que uma das meninas havia se ferido na perna subindo a colina.

Ele ficou atônito com tudo que ela contava em detalhes. Não teve dúvidas, é minha mãe que voltou!

As irmãs foram localizadas e já com idade acima de 60 anos.

O contato presencial com George foi na pequena igreja local. As pessoas mais chegadas e até o pároco, ficaram conhecendo a historia e compareceram a esse encontro. Num longo abraço caíram num choro emocionado. Após algumas horas chegaram Oliver e as irmãs, e as emoções continuaram.

Conseguiu reunir em torno de si, os filhos de outra vida, reatando laços que nem o tempo nem a morte, foram capazes de extinguir.

É uma historia de busca e amor de uma mãe pelos seus filhos!

Abelha rainha - Hirtis Lazarin

 

Abelha rainha

Hirtis Lazarin

 

Quem diria que aquela garotinha se transformaria numa jovem tão inconsequente?  Uma garotinha que chegou a esse mundo pra trazer esperança, alegria e vida a um casal que a esperou por quase dez anos?

Uma criança mimada que cresceu não num quarto infantil rodeada de brinquedos, mas num aposento de princesa.

Ana Vitória descobriu bem cedo que tinha superpoderes naquela família. Usou e abusou deles.

Aos quatro anos, quis muito fazer balé,  igualzinho à menina do desenho animado.  Mas não entendia que bailarina não combina com pratos de macarronada acompanhados de brigadeiro.  A sapatilha de ponta sofria cada vez que era obrigada a acomodar aqueles pesinhos gorduchos. Vi muitas e muitas delas descartadas no cesto de lixo, boca aberta pedindo socorro. A desistência só aconteceu depois de uma queda roliça no “PLIE”.

Na adolescência foi a vez do piano.  “Quero um piano.   A Júlia tem piano. Adoro o som do piano. Quero também tocar piano”.   A ladainha  durou alguns meses,  até os pais conseguirem a quantia necessária.  Professores?  Vários.  Impossível tolerar tanto capricho e nenhum talento.

Depois veio a pintura e outras artes...

Eu me angustio quando me lembro daquele corpinho jovem e gracioso carregando uma menina que não sabia ouvir Não;  que esperneia  e dá vexame se contrariada. Pais batendo a cabeça nas paredes e cheios de culpa  quando o erro foi só amar demais.

Ana Vitória não se dava por vencida. A mente criativa e alerta, um farol iluminando o mar bravio, criou um perfil falso nas redes sociais, uma rede de intrigas e fofocas que se tornou a brincadeira mais gostosa de jogar. Misturava verdades e mentiras, um jogo de xadrez onde movimentava as peças ao seu bel prazer. Criar conflitos, brigas, inimizades era muito divertido.

Além de embaralhar a vida dos amigos e colegas, mirava também a vida dos vizinhos. Da janela do seu quarto de frente pra rua e protegida pelas cortinas, ela via, ouvia e arquitetava planos. Bisbilhotar era o verbo que movia suas ações.

Era uma noite chuvosa. Ela abriu parte da janela para o último cigarro. A rua arborizada cobria-se de folhas soltas e levadas pela ventania intensa e passageira. Um carro com faróis desligados apontou na esquina. Deslizava silenciosa e morosamente. Parecia à procura de algo sem chamar a atenção.  Ana Vitória apagou a luz e o cigarro. Escondeu-se atrás da cortina. Não perderia essa oportunidade de ouro, uma boa história de suspense pra espalhar. Do seu jeito, é claro.

O carro parou onde havia sacos de lixo empilhados à espera do coletor que viria só ao amanhecer.  O ouvido  aguçado prestou atenção no “tec tec” da maçaneta que se abria. O motorista olhou pra todos os lados, rua vazia e silenciosa;   abriu a porta e desceu.  Conferiu novamente a solidão,   tirou uma mala grande do banco de trás e escondeu-a  entre os sacos de lixo acumulado.

Ao retornar ao veículo, relâmpagos simultâneos fotografaram, detalhadamente, o rosto do rapaz.  Ana sufoca um grito antes que ele denuncie sua presença ou acorde os pais. Ela conhece o rapaz que, sorrateiramente, entra no carro e desaparece na escuridão. Aquilo não lhe cheirava bem. Ali rolava um mistério.

Ela reacendeu o cigarro não fumado. Mil pensamentos... O primeiro foi sair e abrir a mala. Caminhou até a porta da sala e abriu-a cuidadosamente. Já descia as escadas quando desistiu. Ainda bem que o bom senso   nessa hora venceu a curiosidade. Tentou dormir, mas como?  Pegou o telefone e ligou ao serviço policial e fez denúncia anônima. Sua ansiedade só diminuiu quando dois carros policiais estacionaram em frente ao endereço indicado.

Sem dificuldade, encontraram a mala e arrastaram-na   até o poste de luz mais próximo.  O zíper estava quebrado.  O couro resistente demorou a ceder.   Foi um tempo agonizante até que conseguiram abri-la.  Dentro estava o corpo desmembrado de uma mulher.  Só foi retirado do local quando o sol já ia alto e com autorização da polícia técnica.

Durante as investigações, muitos moradores da rua foram convocados pra depoimento, inclusive Ana Vitoria. Um “conflitaço” atormentava-a. A fama de fofoqueira, de inventar e distorcer fatos e brincar com a vida das pessoas conspirava contra ela. Não contou a ninguém o que viu. Essa decisão custou-lhe noites e dias de tortura. A consciência pesava e a razão gritava: “Não conte nada”.

Numa dessas noites em que não conseguia pregar os olhos, a perturbação era tanta que não sabia mais o que fazer. Acendeu a luz, tomou um calmante e, displicentemente, buscou um livro na estante. Qualquer um serviria.  Um deles veio ao chão aberto numa página qualquer.

A moça nem se deu ao trabalho de ler o índice e começou a ler o texto que se apresentou espontaneamente. E, ali, num canto “ESCONDIDO”,  estava escrito: “ Síndrome de Abelha – tem gente que pensa que é rainha, mas é apenas um inseto”.

Ela leu e releu essa frase milhões de vezes.  Copiou-a num cartaz em letras garrafais e colou-o em seu quarto.

Hoje, é na terapia intensiva que Maria Vitória busca forças pra se libertar do prazer que o vício da fofoca lhe proporciona e da sensação de empoderamento que a faz sentir superior aos outros.

E, quem sabe, esclarecer o assassinato da mala, até então não esclarecido.


O sapo Bempuru, rei da lagoa Cachingó - Henrique Schnaider

 


O sapo Bempuru, rei da lagoa Cachingó

Henrique Schnaider

 

O sapo Bempuru tinha uma vida muito boa, na lagoa Cachingó.

Dormia boa parte do dia de papo pro ar e, quando estava acordado, seu prazer era coaxar: croc, croc, croc.

Se a barriga roncava, saía em busca de alimentos. Gostava dos mais variados bichinhos: aranhas, besouros, gafanhotos, moscas: tudo que encontrava pelo caminho. Após a farta refeição, cochilava bem satisfeito.

À época do namoro, saía todo empolgado à procura da sapinha Beleli. Seu maior prazer era cortejá-la. Emitia sons o mais alto que podia, mergulhava e rodeava-a todo cheio de si.

Beleli envaidecida não resistia aos encantos de Bempuru. Acabaram se casando e, dessa união, nasceram cinco sapinhos.

O casal orgulhoso saía a passear com eles em fila. Um verdadeiro cortejo real.

Mas toda história tem um “mas”.

Certo dia, apareceu na lagoa o lagarto Creck. Muito prepotente e terrível queria, a todo custo, tomar o poder de Bempuru.

A vida calma virou um enorme tumulto.

Bempuru soltava seu grito de guerra, o mais alto que podia. Creck mostrava sua língua comprida   desafiando-o. A guerra foi longe.

Até que, numa tarde bem ensolarada, apareceu uma águia rondando a lagoa.  Estava faminta e voava pra cá, pra lá só analisando qual dos dois iria comer.

A ave de rapina, esperta e inteligente, decidiu:

— O sapo é venenoso. O lagarto é bem mais apetitoso!

E, num voo rasante e mortal, abocanhou Creck. Voou pra bem longe e, sossegada em seu ninho, saboreou-o tranquilamente.

A paz voltou à lagoa Cachingó e o sapo Bempuru assumiu seu lugar de rei.

 

 

 

O lagarto Max - Alberto Landi

 


O lagarto Max

Alberto Landi

 

Havia um lago muito grande com água turva, causada pelas algas que brotavam ao fundo e ao seu redor; e uma ponte bem construída para atravessá-lo com segurança.

Margeando-o havia casas com jardins floridos, onde as crianças brincavam à vontade em contato com o verde.

O lago, ponto turístico, estava repleto de sapos e peixinhos. Todos viviam em perfeita harmonia. Divertiam-se em competições, saltando bem alto e apostando rapidez na travessia do lago.

Até que um dia, apareceu por lá um pequeno lagarto, o Max. E tudo mudou.

Max não era nada amistoso e não queria fazer amizade. Mantinha-se sempre afastado e de cara feia.

De um momento para outro, começou a atacar e a comer os animaizinhos que, até então, viviam em paz. O terror alterou o comportamento de todos eles.

Os sapos decidiram procurar outro lugar para morar. Era impossível viver fugindo e se escondendo.

De tanto procurar, encontraram um buraco no fundo do lago que os levaria a um lugar mais profundo, onde outros bichinhos já viviam.

 O sapo Hull, no comando, mantinha a turma organizada e, aos poucos, todos foram saindo por esse tubo.

O lago ficou vazio e Max, solitário e sem alimento.

Porém os fugitivos não se adaptaram à nova moradia: profundidade, algas de sabor diferente, amigos maiores que não gostavam de muita conversa, muitos anzóis a procura de caça.

Numa reunião prolongada, decidiram voltar e fazer uma proposta ao Max.

— Se você nos deixar em paz, todas as manhãs, traremos uma torta de maçã para você.

O lagarto pensou... pensou... e decidiu:

— Oh! Acordo fechado!

E, assim, todas as manhãs, Max degustava uma deliciosa torta.

Mas os sapos e peixinhos continuavam não satisfeitos com a situação e armaram um novo plano para se livrar daquele animal para sempre.

Como fazê-lo?

As ideias foram surgindo e a melhor delas foi posta em prática. Cobriram-se de algas e, juntos, transformaram-se num monstro. Assim que o lagarto aparecesse, levaria um grande susto.

Max se aproximou todo feliz para receber a torta do dia, mas quando entrou no lago, foi surpreendido com a presença daquele bicho de outro mundo.

Correu o mais rápido que pode e fugiu no mato.

Os sapos e peixinhos aprenderam que “a união faz a força”.

E o Max?

Desapareceu para sempre.

 

 

 

O cãozinho aventureiro - Alberto Landi

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