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sábado, 7 de setembro de 2019

O BOM RAPAZ... - Do Carmo




 

O BOM RAPAZ...
Do Carmo



Parte I -  Sínico e Malandro.

É incrível a criatividade de meu vizinho de apartamento, Eduardo! Mais conhecido por Dudu, sempre tem uma justificativa sentimental para suas malandragens.

Choraminga mais que uma carpideira para safar-se das mentiras e safadezas, culpando as crueldades dos invejosos. Ele é mestre na invenção de falsas justificativas dolorosas, com requinte de sofrimento, propiciando a falta que contra sua vontade, viu-se obrigado a cometer. 

Uma das desculpas mais estapafúrdia que aplicou, para fugir da cotização entre os condôminos para presentear os funcionários do condomínio, pelo Natal, foi homérica.

Descaradamente, fingindo conter lágrimas nervosas para rolar, pede aos amigos presentes isenção de pagamento, uma vez que foi assaltado há alguns dias e ficou sem tostão sequer, para uma refeição. Os colegas de trabalho é que o têm ajudado, até o próximo pagamento. Ainda com expressão de desespero, pede para que concedam a ele fazer parte do Cartão de Natal coletivo aos funcionários.

Por unanimidade, seu pedido foi aceito.  Diante desse comovente depoimento, a pauta continuou.

Poucos minutos para o encerramento, toca o celular de Dudu, que se desculpando, levanta-se e atende ao chamado. Com voz melancólica, pede para sair, uma vez que um amigo está enfartando e precisa de ajuda.

Sai apressadamente e ao chegar à garagem, enquanto pega seu carro, retorna a ligação e pergunta em qual boteco eles estão reunidos, seria mais umas noite de orgia.



Parte II - Mas o que é isso?

Passados alguns dias, da reunião de condomínio onde o Dudu e eu residimos, da qual saiu para socorrer um amigo enfartando, acontece uma convocação, em caráter de urgência, para nova reunião, cujo teor da pauta é de interesse geral e gravíssimo. 

Estando todos presentes, o Presidente da Assembleia dá início a sessão e diz que muito decepcionado, fez essa nova convocação para exibir um filme, que sabiamente um condômino realizou para mostrar o abuso de sensibilidade que sofremos.

Displicentemente sentado e tranqüilo, Dudu, de caderneta e caneta nas mãos, pronto para anotações sobre o tão importante assunto a ser tratado, espera a gravíssima revelação.

As luzes foram apagadas e o filme começa.

Uma exclamação de horror foi geral. Cenas de orgia depravada, danças eróticas e bebidas descontroladas. Um bacanal indecente.

O Presidente então diz:

- Dentre os participantes vê-se ridiculamente seminu, o nosso atencioso participante desta reunião, o digníssimo amigo leal e socorrista: Senhor Eduardo, carinhosamente por todos chamado de Dudu. 

- Mas o que é isso?    Grita Dudu.

Tranquilamente o Presidente da sessão continua:

- Senhor Eduardo, estas são as cenas de seu atendimento ao amigo enfartando, na noite de nossa reunião passada, há dois dias, quando nos contou sobre o assalto sofrido e que sequer tem recursos para alimentar-se.

Sem comentários senhores. Sessão encerrada.

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