PROJETO MEU ROMANCE INVESTIGATIVO 2024
O
DETETIVE MORAIS
HENRIQUE SCHNAIDER
João Morais era um nordestino Sertão da Paraíba. Era
década de 90, quando o jovem João chegou a São Paulo, com muita fibra, a mesma
que todo nordestino tem. Logo procurou se manter ocupado, fez de tudo para não
ficar parado, trabalhou como servente pedreiro em algumas obras, dando duro
danado em outras diversas atividades, agarrava todo bico que aparecia.
E com isso, conseguiu se estabilizar
financeiramente, não passou por apuros. Conseguiu até juntar um dinheirinho e
começou a fazer planos. Matriculou-se no curso intensivo, precisava aprender a
ler e escrever corretamente, pois tinha pressa, já que ousaria o concurso
público, queria seguir a carreira policial. Um antigo sonho de família.
Dedicado como era, intenso nos estudos, curioso para
a profissão, foi aprovado na sua primeira tentativa para o cargo de escrivão de
polícia.
Não cabia em si de tanta felicidade. Mandou logo
carta à família contando a novidade.
Meses depois tomou posse com muito orgulho. Agora
que ocupava a mesa do escrivão, e apesar de ser um cargo burocrático, João
dedicava-se mais e mais às suas funções, às minúcias, aos detalhes. Não faltava
jamais ao trabalho, não se atrasava, e cumpria rigorosamente todas as medidas
da lei.
Três anos mais tarde, João Morais recebia uma boa
promoção. Haveria melhoria financeira, além de que passaria a ocupar o cargo de
investigador de polícia, função que sempre almejou.
O mais impressionante de tudo era que o Morais
nasceu para aquilo. Era cuidadoso nos exames, infalível nas conclusões,
meticuloso nos detalhes.
Morais foi ganhando fama de melhor investigador
daquelas bandas. Todos os casos que caiam em suas mãos, ele conseguia resolver
com sucesso. E assim ele foi empilhando uma dezena de casos difíceis que
pareciam fáceis de resolver.
Até que um dia caiu em suas mãos o assassinato de
uma socialite. Examinou o boletim de ocorrência, o relatório do caso, e seguiu
para exame da cena do crime.
Quando o detetive Morais entrou naquela casa
luxuosa, os policiais já estavam por lá. A vítima estendida no chão do living
sobre o tapete persa. Os olhos corriam
por todos os cantos, a mobília limpa, os quadros no lugar, a vidraça da janela
fechada por dentro. Os funcionários espantados alinharam-se à porta do
ambiente.
De repente não sabe porque, veio à sua memória,
lembrou de fatos ocorridos quando de sua chegada a cidade grande, praticamente
sem recursos, conseguiu alugar um quartinho numa pensão da periferia.
A dona da pensão era uma senhora muito bondosa,
muito solícita. Assim, o Morais começou a trabalhar de servente de pedreiro
para poder se sustentar. Os pensamentos iam e vinham, borbulhavam, ao mesmo
tempo, em que se atentava ao corpo estendido no chão. A polícia técnica ainda
se movimentava por ali.
Voltam novamente os pensamentos do passado, e
lembrou com saudade daquele dia em que foi trabalhar de servente de pedreiro na
restauração de uma suntuosa residência onde morava Joana, uma mulher insinuante
que o olhava de forma diferente.
Logo ela puxou conversa, quantas doces lembranças.
Com o passar dos dias acabou acontecendo o envolvimento dos dois que se
transformou numa forte paixão. Tudo isso foi muito rápido. A família da moça,
quando notou aquela relação entre os dois entrou em polvorosa.
Até que um dia ele e Joana resolveram fugir e
acabaram se casando. Mas ali era a cena de um crime bárbaro, e o Morais,
lembrando daqueles dias maravilhosos. Agradeceu ao destino que os uniu até
hoje.
Morais desperta daquele sonho. Tem um caso para
solucionar. Enquanto o detetive
observava os detalhes da cena, entrou uma mulher muito estranha na sala, era
Estela, irmã da vítima.
Os policiais o advertiram que Estela era
completamente louca e inclusive esteve internada muitas vezes em casas de
tratamento de pessoas com problemas mentais. Estela começou a gritar e chorar
ao ponto que Morais, já perdendo a paciência, bradou: “Tirem esta mulher da
sala, pois está perturbando o bom andamento das investigações”.
Morais associou os gritos e o choro de Estela a ato
de teatro, de uma péssima atriz. Aí concluiu que ela estava se tornando uma
primeira suspeita, afinal para que tanto fingimento? Começou a perguntar aos
serviçais, como era o relacionamento das duas irmãs?
Pelas histórias que lhe contaram, realmente era uma
relação cheia de conflitos que até chegaram várias vezes as vias de fato, com
muitos casos de agressões que marcaram profundamente a vida daquelas duas
mulheres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.