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terça-feira, 19 de janeiro de 2021

O MENDIGO OSÉIAS - Alberto Landi

 




O MENDIGO OSÉIAS

Alberto Landi


Todos os mendigos são solitários pois a própria pobreza os faz desconfiar inclusive de outros também mendigos a sua volta.

Quando um tinha um cobertor melhor ou um apetitoso prato de comida, o outro já o olhava com inveja e raiva fazendo todo o possível para inverter a situação, até roubar do companheiro aquilo que lhe faltava. 

Oséias, um mendigo sofrido e bom, morando num canto sujo e úmido de um bairro fino, nunca levantou os olhos a quem quer que passasse ao seu lado mesmo porque ele era invisível aos olhos de quem não queria ver a decadência de um homem ainda jovem e aparentemente saudável naquele canto sujo e fétido.

Todo mundo o evitava, passavam longe. Era um dia lindo e ensolarado para todos, menos para Oséias.

Os dias eram sempre iguais, cansativos, tristes, monótonos, pois não tinha TV para se distrair, não tinha um sofá para descansar suas pernas ossudas e nem mesmo uma cama para seu corpo cansado!

A única vantagem de Oséias era que a noite ele tinha uma visão surreal do céu, que as estrelas pareciam saudá-lo. Ele conversava com elas, lhes dava nomes... Havia a Tiquinha que parecia estar sempre sorrindo pra ele, a Destreza que era muito séria, mas a mais brilhante, a lzinda que ficava o tempo todo apagando e acendendo parecia brincar de esconde-esconde com ele. Elas eram suas únicas amigas.

Só depois que clareava o dia é que Oséias pegava no sono já com os ossos tão cansados e doloridos de dormir no cimento duro e só acordava quando o sol já estava alto no céu.

Um dia, Oséias estava muito triste pois se sentia muito só e abandonado que resolveu andar...andar...  Até não aguentar mais, até suas pernas dobrarem pelo cansaço e ele partir desta vida. Estava resolvido. Quem iria se importar com ele, um sujeito sujo e fedido? 

Caminhando por aquele bairro de gente fina e inesperadamente à sua frente surge uma criança:

Um menino magro alto, de cabelos encaracolados, olhos muito claros encarou e disse:

— Tio, olha o brinquedo que eu ganhei.

E, ficou ao seu ado, sem nojo, sem a repugnância que eu causava dos adultos. O menino mostrava, com bastante euforia, tudo do novo brinquedo, como funcionava, como se Oséias amiguinho dele fosse. Com voz embargada e comovida o mendigo perguntou:  

— Qual é seu nome? 

— Gabriel  

Sem perceber essa criança pura e inocente mostrou-lhe o caminho a seguir.

Há anos Oséias havia deixado a mulher e filho, numa cidade muito longe dali. E na época Oséias achava que era um irresponsável e inútil, pois estava desempregado.

Envergonhado decidiu sair pelo mundo e nunca mais teve notícias da família. Resolveu voltar para casa, minha vida, minha família.

Ao chegar, de longe com os olhos embargados, viu o filho jogando bola e mulher ao portão, parecia estar a sua espera. Ao vê-lo, eles correram e o abraçaram. Oséias se sentiu tão acolhido e amado que não parava de chorar.

Aos prantos agradeceu aquele garoto que surgiu no seu caminho como por encanto mostrando sem perceber que ele tinha que voltar à vida, lutar e nunca, nunca desistir da vida.

 

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