A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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segunda-feira, 2 de agosto de 2021

DESILUSÃO - Hirtis Lazarin

 



DESILUSÃO

Hirtis Lazarin

 

Aquela noite estava diferente de todas as outras.  Nuvens negras e volumosas roncavam no céu, escondendo lua e estrelas.

Uma única janela entreaberta no vilarejo.  Maria Rita, apoiada no parapeito de madeira desbotada, enxugava lágrimas de saudade que insistiam em brotar.  Cabelos amarrados displicentemente numa fita verde com pontas desfiadas.  Nenhum sintoma de esperança.

Ele se foi sorrateiro, sem despedida, nem explicação, numa noite de lua cheia.   

Perdida em aflição, ouviu sons agressivos e ásperos de pedras que se soltavam do asfalto rústico, já bem gasto.  Uma quantidade exagerada.  A moça manteve-se imóvel. Nenhum músculo saiu do lugar, como se nada a abalasse.  A dor imensa que a ardia era maior que o medo de qualquer coisa.

O vulto de um menino de aproximadamente dez anos, num salto acrobático apareceu bem ali à sua frente, quase rosto com rosto.  Emitia sons indecifráveis, acompanhados de trejeitos contorcidos e rápidos.

Uma alma penada?  Ninguém sabe nem nunca saberá.

Maria Rita foi encontrada estendida no chão do quarto.  E nunca mais pronunciou uma única palavra.

POR UM TRIZ - Alberto Landi

 


POR UM TRIZ

Alberto Landi

 

Eu tinha 9 anos quando isto aconteceu. Morava numa pequena cidade do interior paulista, Brodósqui.

Naquele tempo, falar em uma pequena cidade era quase um exagero; somente algumas ruas e uma praceta. O restante eram campos, plantações de trigo, mato, riachos, cachoeiras, muitos animais, espalhados por todo lugar, galinhas, patos, gansos, cavalos, burros.

O mais importante desta história é que havia um touro que ficava pastando junto com vacas, ao lado da pequena estrada, a qual eu usava todos os dias para ir à escola. Por sempre estar atrasado para as aulas, fiz um atalho pelo meio do pasto. Naquele dia, pulei a cerca e caminhei, bem perto das vacas e de um touro com aparência feroz.

Vocês já devem ter ouvido falar que touros não gostam da cor vermelha. Parece mentira isso, mas nas touradas da Espanha, a capa do toureiro é sempre vermelha, para deixá-lo bem bravo. Se isto está certo não sei, mas foi bem verdade para mim, porque estava com agasalho de moletom vermelho naquele dia.

Nem bem tinha dado uns passos bem próximo dos animais, quando percebi um barulho esquisito. Parecia um animal raivoso que escavava o chão com as patas e bufava pelas narinas. Era o touro. Cada vez mais bravo e pronto para correr atrás de mim a qualquer movimento brusco que eu fizesse.

Saí correndo. Estava tão apavorado quem nem dava tempo para pedir socorro. Somente pensava em correr o mais rápido para chegar à porteira antes que o touro me trucidasse.

Enquanto corria, tive a impressão de que não ia conseguiria chegarem tempo à porteira. Ele atrás de mim... E, quanto mais perto ele chegava, mais bravo ficava por causa do moletom vermelho. Repentinamente tive uma ideia para salvar minha vida.

Enquanto corria do touro, me lembrei das touradas e muito espertamente joguei meu agasalho vermelho para bem longe, o que fez com que o touro mudasse de direção,  e isto acabou salvando minha vida.  “POR UM TRIZ”.

Quando assisto TV e aparece alguma propaganda com vaca ou boi, preciso me esforçar para não ficar nervoso.

A história inteira lá no campo, deve ter durado alguns minutos, que me pareceram horas e eu jamais esquecerei.

Comigo boi e vaca, só no churrasco!    Nunca mais!

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