A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Nosso amor em quatro estações - LEON A. VAGLIENGO

 

 

 

 

NOSSO AMOR EM QUATRO ESTAÇÕES

Da primavera ao inverno, da paixão ao carinho.

 

Leon Alfonsin Vagliengo_

 

O perfume das flores na atmosfera,

provocando as mais doces sensações,

suavemente estimulou as paixões,

e nosso amor viveu sua primavera.

 

Floresceu o amor, planta da estação,

despertando o desejo e a intimidade,

que aferventou, vencendo a castidade,

quando esse amor alcançou o verão.

 

Sucedeu-se a paz e um doce abandono

no tempo em que a meia-idade chegou,

e vivemos o suave amor do outono.

 

Veio a velhice, e o carinho mais terno,

fruto da saudade do que passou,

nos aquece no frio amor do inverno.

 

 


SINTRA, UM LUGAR FANTÁSTICO - Alberto Landi


Palácio da Pena



SINTRA, UM LUGAR FANTÁSTICO

Alberto Landi

 

Foi terra de príncipes, princesas, castelos encantados, mitos.

Era o destino da nobreza e das elites portuguesas do passado, e a sua arquitetura romântica deixada, ajuda a recordar e criar certo carisma.

Escondidos entre a vegetação da serra ou bem no centro da vila, hoje conquistam visitantes de todo o mundo, encantado com a arquitetura singular e o ambiente de contos de fadas.

Elizabeth, uma professora americana, fascinada por castelos, palácios, gostava muito desses temas. Era professora de Geografia, na Universidade de Los Angeles, Califórnia. Sempre foi aficionada por Portugal do século XX, e sempre gostou de homens intelectuais.

Desde pequena tinha o habito de ler e sua preferência era por castelos e lugares místicos. Numa noite, teve um sonho interessante, onde se transportou para a vila de Sintra.

Em seu sonho voltava ao passado, início do século 20 por volta do ano de 1902.

Ela se viu percorrendo as ruas estreitas dos incríveis palácios e conheceu o respeitado escritor Ramalho Ortigão. Após conversarem, ele se mostrou muito gentil, e se propôs a acompanhá-la mostrando os lugares interessantes e místicos.

 Ortigão, era professor de Frances, escreveu junto com Eça de Queiroz “O Mistério da Estrada de Sintra” e em seus livros sempre faziam finas observações sobre a sociedade, a política, os costumes de Portugal.

— Este aqui, dizia Ramalho, é o Palácio da Pena e o parque em redor é o expoente máximo do estilo romântico em Portugal. D. Fernando em meados do século 19 transformou um antigo mosteiro no colorido e rebuscado palácio em um conto de fadas. No seu interior destaca-se a decoração ao gosto dos reis da época, a capela e as belas pinturas mural. Dalí se obtém uma vista deslumbrante sobre o Cabo da Roca e toda a costa até Cascais. A vegetação contemplada de pinheiros e ciprestes, com alguns carvalhos, embeleza a floresta que envolve a serra.

— E essa floresta? Ela pergunta. Elas são mesmo encantadas? Há duendes e fadas?

— Sim, há muitos deles, em cada canto deste lugarejo.

 Desceram a colina na mata sombria, até chegarem ao palácio Monserrate.

— Este é o palácio, residência de verão de Francis Cook, uma das mais belas e incríveis criações do romantismo. O interior com espaços elegantes e faustosos, a sala de música, de jantar e a biblioteca. Em seus jardins uma notável coleção botânica com várias espécies.

Um pouco mais a frente, a Quinta da Regaleira e o seu palácio, o local mais enigmático e místico da vila, exemplo de estilo romântico junto a elementos góticos, manuelinos, renascentistas, mas também muita simbologia esotérica. Sobressai a capela da Santíssima trindade e o poço iniciático, com a sua icônica escadaria em espiral.

— Vamos agora em direção ao Palácio Nacional, de origem árabe que foi residência da família real portuguesa desde o século 12. Revela diversos estilos arquitetônicos, do gótico ao mudejar, passando pelo manuelino.

 As cozinhas com suas grandes chaminés cônicas, as salas do cisne, brasões e das pegas. Estas são aves que nos caminhos grasnavam na passagem do casal real a caminho da fresca Serra de Sintra.

Este aqui é o Palácio de Seteais, construído no século 18, oferece vistas incríveis que vão desde o Palácio da Pena ao mar. Seus jardins são deslumbrantes.

— Por hoje é só, disse Ortigão, amanhã poderemos percorrer algo mais, se não estiver cansada, pois o pintarroxo com o seu mavioso canto da tarde, escondido nas matas espessas, já soltava os prelúdios de um suave som melancólico, anunciando o anoitecer.

No dia seguinte bem cedo, Elizabeth acordou. A luz da manhã dissipou os sonhos da noite anterior e arrancou de sua alma a lembrança do que vivenciou. As flores de seu jardim se abriram aos raios do sol e as aves já cantavam.

A noite estava frio e chovendo muito. Ela encontrava-se prostrada no sofá da sala, mudava, insistentemente, os canais da TV, mas não encontrou nada interessante para ver. Inquieta, pegou a Revista Grande Hotel, especializada em fotonovela, que estava largada próximo ao abajur, então resolveu ler. Não era muito chegada a esse tipo de periódico. Suspirou mais uma vez, antes de se levantar e caminhar pela casa, à procura de algo para fazer.

Não encontrando nada interessante, foi dormir. Mais uma vez teve um sonho.

Encontrou-se com Eça de Queiroz, num café no hotel Lawrence. Aproximou-se sem acreditar, tocou-lhe os ombros e ele num sorriso lhe disse

— Boa noite linda jovem! Você é do estrangeiro? Pelas suas feições e porte elegante, de onde é?

— Sou professora de Geografia, na Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

— Em que poderia ser útil a jovem professora? Antes de tudo, deixe-me apresentar, sou Eça de Queiroz, nascido em Povoa de Varzim, em Portugal.

Formei-me em Direito pela Universidade de Coimbra, e me dediquei entre outras atividades, a literária, que sempre me agradou. Sou representante do realismo português, romancista e diplomata.  Escrevo para o Jornal A Gazeta de Portugal, faço também relatos de viagem. Fui cônsul em Havana, Bristol e New Castle.

Atualmente vivo um pouco cá em Lisboa e Paris, e sempre que posso venho aqui, pois este é um lugar que sempre me fascinou.

Em minha literatura faço críticas à elite burguesa, análise de comportamentos coletivos e outras mais. 

Ela tinha conhecimento do escritor através de livros, mas nunca poderia imaginar estar com ele, nem em sonho!

— Você gostaria de conhecer alguns mistérios que envolvem a vila? Posso lhe acompanhar e a medida que caminhamos posso mencionar algo interessante.  Há várias lendas e histórias de assombração.

— Ficaria grata, disse Elizabeth

— Aqui, onde estamos, no Palácio Nacional, costuma ser visto um cocheiro, com uma cartola do século 19, a passar com sua charrete. Apenas se sabe que é avistado de tempos em tempos, mas é na estação de comboios que habitualmente é visto.

Nas cozinhas há quem diga que ainda se ouvem os choros e gritos das crianças e ajudantes que lá morreram devido a inalação de fumos. Essas chaminés parecem um grande par de binóculos virado para o interior da terra que permite ver os mundos intraterrenos.

A Quinta dos alfinetes, conta em certa ocasião, que um noivo foi alvo de uma magia de morte, no dia de seu casamento. Um pássaro teria surgido, no dia da boda. Ao lado da ave, havia um pequeno papel com a palavra noivo. Mas ao que contam que tudo decorreu normalmente com o casamento, só que dois meses após, o mesmo morreu. Dizem que o espírito dele ronda o local.

Vamos agora percorrer a Quinta da Regaleira, que em minha opinião é o palácio mais enigmático e místico. Na entrada há um túnel secreto que liga diretamente ao poço iniciático. No subsolo de Sintra, há alguns túneis, janelas com gradeamento, que é uma espécie de respiradouro dos famosos túneis dos templários, que dá acesso a essa Quinta.

É um exemplo de estilo romântico, junta elementos góticos, manuelinos, renascentistas, mas também muita simbologia esotérica. Sobressai a Capela da Santíssima Trindade e o poço iniciático, com a sua icônica escadaria em espiral.

Mais adiante, há o Palácio Valença que serviu de residência ao Conde de Valença. Dizem que vivia um fantasma, a Palmira, antiga criada que se suicidou nesse local.

Toda a vila era chamada de O Éden de Lorde Byron. Poeta inglês deixou-se encantar pelo lugarejo até mais que os nativos, tendo ficado maravilhado com o ambiente de neblina e mistério que envolvia os arredores e a vila.

 Vamos terminar a caminhada de hoje na Quinta do Relógio, edificada em estilo árabe supostamente assombrada, porque se ouviam os cânticos tristes dos escravos, pois o proprietário enriqueceu com o tráfico deles no Brasil.

Repentinamente em seu sonho, ela desapareceu no local mais sombrio do bosque. O sol ainda pairava suspenso no viso da serrania.

Ela escutava ainda o silêncio profundo do final da noite, já ao amanhecer, desta bela fantasia...

 

O GIGANTE GRANDÃO Helio Fernando Salema

 


O GIGANTE GRANDÃO

Helio Fernando Salema

 

Quando eu e meu irmão Felipe éramos pequenos, ele, por volta dos sete anos, e eu nove, costumávamos passar férias de fim de ano na fazenda do tio João. Já no meio do ano começavam as expectativas, os dias passavam, mas parecia que as férias não chegavam.

Não sei quando começou, mas até hoje marcadas em nossas memórias, as histórias contadas pelo tio. Geralmente era no início da noite, que ele, sentado na sua cadeira de balanço com almofadas feitas pela vovó, nos chamava para sentar perto dele, às vezes no chão de madeira.

Cada dia era uma história diferente e, certamente, a que mais marcou foi a do GIGANTE GRANDÃO. Começou quando ele, mais uma vez, nos alertou para não subirmos nos pés de janelão. Já tínhamos ouvido o seu Francisco, antigo funcionário da fazenda, falar que ele pegaria para nós aqueles frutos roxinhos;  ele os chamava de jambolão. Nada de subir naquelas árvores altas.

O tio explicava que aquelas frutas lá do alto eram do GIGANTE GRANDÃO. À noite ele vinha e se alimentava daqueles frutos maduros. Assim ninguém deveria subir nas árvores. O próprio tio puxava os galhos mais baixos e nós catávamos e saboreávamos aqueles frutos docinhos. Isso durante o dia, pois segundo o tio, com o dia claro o GIGANTE GRANDÃO ficava numa caverna, lá no pico do morro, no meio da mata virgem.

Descrevia a caverna como sendo muito pequena, pois quando o dia clareava o GIGANTE diminuía de tamanho e assim conseguia penetrar facilmente. Ao escurecer, ele saía e, ao caminhar nas trevas, seu tamanho aumentava assustadoramente.

Numa noite de temporal, o vento forte sacudia os galhos das árvores, movimentava as portas e janelas. Aquele barulhão, dizia o tio João, era provocado pelo GIGANTE GRANDÃO. Todos deveríamos ficar quietos e rezando baixinho até a chuva passar. Crianças obedientes e com as pernas balançando de tanto medo, como os galhos das árvores, rezávamos com fervor e silenciosamente.

No dia seguinte saíamos para ver os estragos causados pelo temporal e pelo GIGANTE GRANDÃO.

Um dia, próximo das férias, chega a triste notícia de que faleceu o tio João, ou melhor, foi para o céu e, junto com ele, o GIGANTE GRANDÃO  

— Que pena… Que saudades daquele tempo tão bom.

 

RIMAS COM Ã0 - Helio Fernando Salema

 



RIMAS COM Ã0 

Helio Fernando Salema

 

 

A HIRTIS DISSE EM REUNIÃO

SER POBRE A RIMA COM Ã0

SE NÃO CONSEGUIR, POBRETÃO

CHORAR E DESISTIR? NÃO… NÃO

 

NO DICIONÁRIO DE MÃO

OU RELENDO COM ATENÇÃO

AOS POUCOS COM DEDICAÇÃO

USANDO A MENTE E O CORAÇÃO

 

QUANTA RIQUEZA NO CHÃO

E NA MENTE DO CIDADÃO

QUISERA COM AUTORIZAÇÃO

FALAR SÓ COM O CORAÇÃO

 

 

FAZER COM AMOR E EMOÇÃO

MESMO QUE NÃO AGRADE, IRMÃO

POESIA DA ALEGRIA E SATISFAÇÃO

E UMA VERDADEIRA TESÃO!

 

 

 

 



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