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terça-feira, 20 de junho de 2023

LIMA BARRETO - VIDA E OBRA - PESQUISADO POR CLAUDIONOR DIAS DA COSTA

 

Afonso Henriques de Lima Barreto

 

Nascimento: 13 de maio de 1881, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

Falecimento: 1 de novembro de 1922, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

Filhas: Amália Augusta de Lima Barreto

Pais: Amélia Augusta de Lima BarretoJoão Henriques de Lima Barreto

Formação: Escola Politécnica da UFRJ

 

Lima Barreto foi um dos principais escritores do pré-modernismo brasileiro. Além de escritor, ele foi jornalista e suas obras estão relacionadas com temáticas sociais e nacionalistas.

Publicou romances, sátiras, contos, crônicas e uma vasta obra em periódicos, principalmente em revistas populares ilustradas e periódicos anarquistas do início do século XX.

A maior parte de sua obra foi redescoberta e publicada em livro após sua morte levando-o a ser considerado um dos mais importantes escritores brasileiros. “Facílimo na língua, engenhoso, fino, dá impressão de escrever sem torturamento – ao modo das torneiras que fluem uniformemente a sua corda-d’água". (Monteiro Lobato)

 

Biografia

 Era filho de João Henriques de Lima Barreto, filho de uma antiga escrava e de um madeireiro português,[e de Amália Augusta, filha de escrava e agregada da família Pereira Carvalho.Seu pai ganhava a vida como tipógrafo. Aprendeu a profissão no Imperial Instituto Artístico. Sua mãe foi educada com esmero, sendo professora da 1ª à 4ª série. Ela faleceu quando ele tinha apenas seis anos e João Henriques trabalhou muito para sustentar os quatro filhos do casal. João Henriques era monarquista, ligado ao visconde de Ouro Preto, padrinho do futuro escritor. As lembranças de um período frutífero que era do Segundo Reinado[6] de Dom Pedro II, bem como a participação da Princesa Isabel na Abolição da Escravatura marcaram a visão crítica de Lima Barreto sobre o regime republicano.

Em abril de 1907, Lima Barreto fez suas primeiras contribuições para uma revista de grande circulação, ao se tornar secretário da Fon-Fon, a pedido do poeta e jornalista Mário Pederneiras.[7] Contudo, sua estadia na revista não durou muito: em junho do mesmo ano, sentindo-se desvalorizado, demite-se e, em outubro, lança a revista Floreal, da qual foi o diretor e principal contribuinte.[7] Além destas, Barreto também contribuiu para as revistas A.B.C. e Careta.[7]

Em 1911, publicou o romance Triste Fim de Policarpo Quaresma nas páginas do Jornal do Commercio, pagando do próprio bolso a edição em livro lançada em dezembro de 1915. Nessa época, tornaram-se mais agudas as crises de alcoolismo e depressão do escritor, o que provocou sua primeira internação no hospício em 1914.

Publicou textos em periódicos com viés socialista.

Passados quatro anos da primeira internação no Hospital dos Alienados devido ao alcoolismo, seus problemas de saúde pioraram e Lima Barreto foi aposentado em dezembro de 1918.( com 37 anos)

Nos  períodos de internação no hospício continuou a escrever para diários e romances.Em 1921,  o autor apresentaria sua terceira candidatura à Academia Brasileira de Letras (nas duas tentativas anteriores, fora preterido; nesta última, o próprio escritor desistiria antes das eleições).

De 1909 a 1922 foi excluído da crítica oficial com um "silêncio implacável" quanto aos seus escritos.[8] Em sua época não era fácil ter um original aceito pelos maiores editores do Rio, e ele, como vários outros apelaram por publicações em Portugal, tendo sido sua obra Recordações do Escrivão Isaías Caminha seguido esse caminho em 1907.

Sua "posição combativa" e sua "crítica contundente" custaram-lhe a marginalidade e a indiferença da elite cultural.[8] Este comportamento de seus pares temporais encontra-se refletido no fato da descoberta e valorização de sua obra após a sua morte, fato que pode facilmente ser associado à sua afirmação em artigo publicado no dia 6 de junho de 1922 na Revista Careta: "O Brasil não tem povo, tem público", típico de sua visão do mundo que o cercava e que aparece na dominante ironia presente em seu personagem narrador: Quaresma.

 

Morte

Com a saúde cada vez mais debilitada, Lima Barreto faleceu de um colapso cardíaco no dia 1º de novembro de 1922, aos 41 anos, em sua casa, no bairro de Todos os Santos, no Rio de Janeiro.

 

Crítica

Muitos críticos apontam que a obra literária de Lima Barreto ora alcança altos níveis de criatividade e realização estética, ora abdica de maiores preocupações artísticas para se assumir como panfleto ou meio de documentação social, política e histórica. 

Temas

Lima Barreto foi o crítico mais agudo da época da Primeira República Brasileira, rompendo com o nacionalismo ufanista e pondo a nu a roupagem republicana que manteve os privilégios de famílias aristocráticas e dos militares.Sua produção literária está quase inteiramente voltada para a investigação das desigualdades sociais, da hipocrisia e da falsidade dos homens e das mulheres em suas relações dentro da sociedade. Em muitas obras, como no seu célebre romance Triste Fim de Policarpo Quaresma e no conto "O Homem que Sabia Javanês", o método escolhido por Lima Barreto para tratar desses temas é o da sátira, cheia de ironia, humor e sarcasmo.

Em sua obra, de temática social, privilegiou os pobres, os boêmios e os arruinados, assim como a sátira que criticava de maneira sagaz e bem-humorada os vícios e corrupções da sociedade e da política .Suas obras seguem duas vertentes principais: a sátira menipeiaA sátira menipeia é uma forma de sátira escrita geralmente em prosa, com extensão e estrutura similar a um romance, caracterizada pela crítica às atitudes mentais ao invés de a indivíduos específicos) e o romance do realismo resgatando em ambos os formatos as tradições cômicas, carnavalescas e picarescas da cultura popular.[11]

Para Lima Barreto, escrever tinha a finalidade de criticar o mundo circundante para despertar alternativas renovadoras dos costumes e de práticas que, na sociedade, privilegiavam certas classes sociais, indivíduos e grupos.

Barreto ganha certos contornos macabros ao narrar a história dos habitantes de uma pequena cidade que, ao descobrirem que se poderia fabricar ouro a partir de ossos humanos, esquecem todos os seus supostos valores éticos e morais, de extrato cristão, e cometem profanações e assassinatos em função da possibilidade de riqueza e ascensão social.

Lima Barreto declara diversas vezes não aprovar nenhum tipo de preciosismo na escrita literária. Também publicou sob pseudônimos.

 

Lista de obras

Romances

·         Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909)

·         Triste Fim de Policarpo Quaresma (1911)

·         Numa e a Ninfa (1915)

·         Clara dos Anjos (1922/1948), póstumo

Novelas

·         O Subterrâneo do Morro do Castelo[nota 1] (1905/1997), póstumo

·         As Aventuras do Dr. Bogoloff[nota 2] (1912/1950), póstumo

·         Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919)

Teatro

·         "Casa de Poetas" (1951), póstumo

·         "Os Negros" (1951), póstumo

Coletâneas de contos

·         Histórias e Sonhos (1920)

·         O homem que sabia javanês e outros contos (1997), póstumo

Coletâneas de crônicas

·         Bagatelas (1923), póstumo

·         Os Bruzundangas (1923), póstumo

·         Feiras e Mafuás (1953), póstumo

·         Marginália (1953), póstumo

·         Vida Urbana (1953), póstumo

·         Coisas do Reino de Jambon (1956), póstumo

·         Impressões de Leitura (1956), póstumo

·         Sátiras e outras subversões: textos inéditos[nota 3] (2016), póstumo

Memórias e correspondência

·         Diário Íntimo (1953), póstumo

·         Cemitério dos Vivos (1956), póstumo e inacabado

·         Correspondência (1956), póstumo, 2 volumes

Adaptações

·         Osso, Amor e Papagaios (1957), de Carlos Alberto de Souza Barros e César Memolo Jr.

·         O Homem que Sabia Javanês (1988), de Maurício Buffa

·         Fera Ferida (1993), de Aguinaldo SilvaAna Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares

·         O Homem que Sabia Javanês (1994), de Guel ArraesJorge Furtado e João Falcão

·         Policarpo Quaresma, Herói do Brasil (1998), de Paulo Thiago

·         Miss Edith e Seu Tio (2000), de Francisco Vilachã

·         O Homem que Sabia Javanês (2004), de Xavier de Oliveira

·         O Homem que Sabia Javanês (2005), de Jô Fevereiro

·         Um Músico Extraordinário (2005), de Francisco Vilachã

·         O Triste Fim de Policarpo Quaresma (2008), de Ronaldo Antonelli e Francisco Vilachã

·         Triste Fim de Policarpo Quaresma (2010), de Antunes Filho

·         A Nova Califórnia (2010), de Francisco Vilachã

·         Clara dos Anjos (2011), de Marcelo Lelis e Wander Antunes

·         Triste Fim de Policarpo Quaresma (2013), de Luiz Antonio Aguiar e Cesar Lobo




Características das Obras

As obras de Lima Barreto apresentam uma linguagem coloquial e fluida. Uma das características é o teor satírico e humorístico presente em seus escritos.

Em grande parte, suas obras estão pautadas na temática social, expressando muitas injustiças como preconceito e o racismo.

Além disso, criticou os modelos políticos da República Velha e do Positivismo. Foi simpatizante do socialismo e do anarquismo, rompendo com o nacionalista ufanista.

Triste Fim de Policarpo Quaresma

Sua obra que merece destaque é o “Triste Fim de Policarpo Quaresma”. Ela foi escrita em 1911 nos folhetins e representa uma das mais importantes do movimento pré-modernista.

Narrada em terceira pessoa, apresenta uma linguagem coloquial e trata-se de uma crítica à sociedade urbana da época.

Ela foi adaptada para o cinema em 1998 intitulada: Policarpo Quaresma, Herói do Brasil.

Frases de Lima Barreto

·    O Brasil não tem povo, tem público.”

·    Não é só a morte que iguala a gente. O crime, a doença e a loucura também acabam com as diferenças que a gente inventa.”

·    E chegada no mundo - escrevia em 1948 - a hora de reformarmos a sociedade, a humanidade, não politicamente, que nada adianta; mas socialmente, que é tudo.”

·    O football é uma escola de violência e brutalidade e não merece nenhuma proteção dos poderes públicos, a menos que estes nos queiram ensinar o assassinato.”

·    Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da cidade, a cuja existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e suntuárias noutros pontos do Rio de Janeiro.”

 


Retrato de Lima Barreto, em sua ficha de internação no Hospício Nacional de Alienados, no ano de 1914.

 

Ocupação

escritorjornalista

Período de atividade

1902–1922

Género literário

Movimento literário

 




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