A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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FERRAMENTAS LITERÁRIAS

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O VALE PRESENTE -M.luiza de C.Malina


O VALE PRESENTE
M.luiza de C.Malina

Lá estava eu com o presente dos meus sonhos nas mãos.

Não o abri, apertei-o bem junto de mim e corri para o meu quarto. “Minha mãe me deu dinheiro e disse que eu poderia comprar o que eu quisesse. A festa continuava. Eu fiquei escondidinho no meu quarto, sentado no chão pensando no que vou comprar...

Vou comprar uma passagem para a terra do He-Man. Vou conhecer a irmã dele, a princesa She-Ra. Vou lutar e vencer, mostrar que também sou valente tanto quanto ele e, ela vai se apaixonar por mim e vem morar no meu quarto. Ninguém vai acreditar!

—  Felipe, Felipe, onde você está? Venha jantar! - Chama a mãe. Felipe nada responde.

A mãe abre a porta do quarto e vê que ele dorme sobre as almofadas no chão, com o envelope sobre o peito.

Comovida ela sussurra na tentativa de acordá-lo:

—  Felipe, querido, venha vamos jantar!

Felipe, sonolento balbucia:

—  She-Ra, princesa do poder! Vamos fugir, venha! Tenho um castelo de Grayskull em meu quarto. Bem grande!  Cheio de brinquedos, eu deixo você brincar com eles...

A mãe percebe que ele está enlevado em seus sonhos. Descobre o primeiro amor de Felipe. A mãe o beija na testa. Deixa-o junto a sua She-Ra.


Felipe sorri, vira-se e continua a sonhar na certeza de seu beijo.

MEU PRESENTE PREDILETO! Dinah Ribeiro de Amorim




MEU PRESENTE PREDILETO!
Dinah Ribeiro de Amorim

  Papai faleceu muito cedo, deixando sozinhos, eu, mamãe e minha irmã, além de certas dificuldades financeiras. Como aprendera costura desde mocinha, mamãe começou a costurar para fora, ganhando confiança e aumentando freguesia em pouco tempo. Fazia de tudo um pouco. Seu sonho era ir aperfeiçoando material e máquinas para confecção. Cada dinheirinho ganho, empregava-o em alguma coisa.
  Não sobrava muito para nós, que namorávamos brinquedos modernos e atraentes só nas vitrines. Nossos coleguinhas possuíam quase todos, e aproveitávamos para usar os deles. Não era a mesma coisa, claro, mas era o que tínhamos.  

  Sabíamos que seu sonho, agora, era comprar uma máquina de overloque, adiantando muito seu trabalho, mas levaria certo tempo para  economizar o dinheiro. Torcíamos muito para que isso acontecesse!

  Qual não foi seu espanto quando soube por Maneco, meu amigo predileto, que eu também tinha sonhos: comprar uma bicicleta azul, igualzinha a do Francisquinho, nosso vizinho da casa ao lado. O menino era  chatinho e, quando estava de boa, deixava-me dar uma volta.

 Pegou suas pequenas economias e deu-me de presente. A quantia exata para comprar uma bicicleta. Fiquei muito contente e corri para a loja, mas, no caminho, havia outra loja: máquinas para costura e confecção. Fiquei super indeciso e confuso: comprar para ela a máquina tão desejada, ou a minha bicicleta tão sonhada!

Situação delicada, envolvendo sentimento de filho, esforço de mãe... Fiquei mesmo sem saber o que fazer!

Finalmente, o amor e a dedicação de minha mãe venceram! Comprei sua tão necessária máquina!

  Valeu a pena ver sua alegria e agradecimento pela minha ação! Dera de coração e não esperava que eu fizesse isso. “Eu estava sendo a recompensa da educação que me dera”. Abrir mão do que é meu para pensar primeiro na necessidade do outro!
  Com o tempo, nossas necessidades foram diminuindo e o trabalho de mamãe rendendo mais frutos. Compreendi que fizera mesmo uma boa ação em todos os sentidos, pois não demorou muito, ganhei de aniversário a minha bicicleta azul.

  Agora, somos dois, Francisquinho e eu, apostando corridas pelo bairro!

A JOANINHA E A IGUANA - M.luiza de C.Malina




A JOANINHA E A IGUANA
M.luiza de C.Malina


“Outro dia escutei uma conversa do meu pai com a minha mãe. Eu não queria escutar, mas eles pensaram que eu estava dormindo. Meu pai disse que...”

— Marta, por favor, Paulo é muito diferente de Alice, isso não vai dar certo – sua voz era calma e muito preocupada, e mamãe respondeu mais agitada:

—  E daí, eles cresceram juntos, já se conhecem muito bem.

Entendi tudo, estavam falando do meu irmão mais velho. Desde pequeno, eu conheci Paulo numa cadeira de rodas e andava de muletas. Para mim, ele era um super- herói dos filmes da TV, ele é forte e muito bem humorado, vive rodeado de amigas da faculdade.

Alice combina com ele sim, é mais alta do que ele, uma ruiva de longos cabelos que lembra a Rapunzel.

Mas, fiquei triste ao lembrar da Iguana. Ela come os insetos no aquário.  Só um ela não come. É a Joaninha toda enfeitada de vermelho e bolinhas pretas.  Ela sobe na língua comprida e a Iguana a joga na sua cabeça. Elas passeiam alegres e felizes pelo aquário. Acho que a Joaninha faz “cosquinhas” nas suas costas.

Numa certa hora ela voa. A Iguana a procura parada por toda a parte, vira a cabeça prá cá e prá lá, fica parada até encontrá-la.

Um dia pensei que era o fim. Que susto! Quase foi engolida.  Mas que nada! A Iguana deixou que ela passeasse pela língua e num vap-vup já estava nas costas e, os olhinhos da Iguana felizes rebolavam igual ao seu rabo no aquário.

Elas são diferentes, cada uma come o que precisa, vivem em seus ninhos diferentes, mas estão sempre juntas e felizes.

Pedro e Alice, amanhã vou contar isto para o papai.


Para a Alice, vou falar para ela colocar uma roupa vermelha de bolinhas pretas. Vai ficar mais bonita ainda e vai combinar com seus cabelos.

SAUDADE! - EDGARD RIBEIRO DE AMORIM




SAUDADE!
EDGARD RIBEIRO DE AMORIM

Quando findou
É que surpreende
Como o trivial
Foi essencial.

Um beijo de Mãe,
Uma brincadeira,
Um lar,
Um Natal, uma amizade,
Uma alegria escolar.

São honrosos
Os sucessos
Profissionais.

Porém, os pequenos gestos,
Os sorrisos, os carinhos,
À memória
Parecem valer mais!



-Edgard Amorim é irmão Dinah Ribeiro de Amorim-



PERDI O SONO - M.luiza de C.Malina






PERDI O SONO
M.luiza de C.Malina

Uma noite eu não conseguia dormir.

Girava e desvirava.  Acabei levantando.

“Vou fazer como minha irmã. Saio da cama e tiro o pijama. Desço a escada, abro a porta e já estou fora de casa”- pensei

Lá fui eu!   A rua estava meio escura.  Fui até a esquina, como quando a gente passeia com o Tutu, nosso cachorrinho.  Não passava nenhum carro na rua.
“Opa, onde estou?”

Achei melhor perguntar para um homem de capa preta.

— Moço, o senhor sabe onde eu moro? É que eu não sei.

— Ah! Menino, eu sei sim. Vou te levar pra casa. O que você está fazendo aqui fora pelado?

— Eu acordei, tirei o pijama e vim passear. A gente não passeia de pijama, não é? 

— Sua mãe vai levar um susto muito grande!

O vigia da rua olha as horas. São 3:00 da manhã, mas precisa tocar a campainha.

A correria da campainha se tornou um alvoroço maior com a surpresa do “malandrinho” correndo para os braços da mãe, justificando muito feliz:

— Fui passear e o Tutu não foi comigo!

— Dona! Olhe, o seu filho  saiu para a rua a esta hora da madrugada, e  saiu assim, pelado! Eu estava quase cochilando na guarita quando senti uma coisinha se mexendo no outro lado da calçada, pensei que estava sonhando. Firmei bem os olhos e vi que era seu filho, saí correndo e o trouxe. Agora, se ele virasse a esquina, nunca mais a gente iria encontrá-lo!

— Fui passear mamãe, e o Tutu não foi comigo!  - repeti.

Tudo em ordem. O guarda aconselha:


—Dona, sua casa precisa  de muro e portão. Vai que eu durmo numa noite destas!

À PROCURA DO NOSSO CRAQUE! - Dinah Ribeiro de Amorim



À PROCURA DO NOSSO CRAQUE!
Dinah Ribeiro de Amorim

   Estudo em uma escola estadual conhecida por ter o melhor time de futebol da região. Estamos ficando famosos, o que nos orgulha e envaidece, embora tenhamos relaxado um pouco nos estudos. Às vezes, levamos umas broncas dos professores e de nossos pais, mas, quando o time “Campeões” entra em ação, todos se esquecem e torcem com a gente.

  Somos mesmo fortes, sendo o nosso goleiro Gustavo, o melhor jogador de todos, nunca perdendo uma bola! Já o elegemos nosso capitão! Verdadeiro representante. Segundo os treinadores mais velhos, promete muito...

  Treinamos às sextas e sábados, quando não há partidas. Estranhamos que nos últimos treinos, Gustavo não apareceu. Foi difícil substituí-lo e logo pensamos em viagem ou doença. Não costuma faltar.

  Na semana seguinte, tive uma forte dor de dente, fazendo com que mamãe, preocupada, levasse-me até o dentista. Enquanto esperava minha hora, folheei algumas revistas, principalmente de esportes, mas, outra, logo chamou atenção: menino desaparecido de casa há uma semana, chamado Gustavo. Fiquei super impressionado quando deparei com sua foto sorridente e amiga, numa manchete daquelas! Esqueci-me da dor de dente e quis sair imediatamente, ouvindo zanga de mamãe: “Está louco, filho! Já está chegando sua vez. Pode até dar uma infecção sem tratamento!” Não queria ouvir, só pensava no meu amigo, desaparecido; por isso, não tinha ido aos treinos.

  Fui correndo para a escola, reunir a turma. Tínhamos que fazer alguma coisa! Ver com a família quais foram seus últimos passos, se avisaram a polícia, que providências já tinham sido tomadas...

 Na sua casa, disseram que sua última saída fora numa sexta-feira, cedo, para ir ao ginásio, treinar. Não foi, não voltou, nem sabiam mais de nada.

  Conhecíamos times de outras escolas de olho em nós, com inveja de nossas vitórias, mas sempre achamos que não chegariam  a tanto. O espírito esportivo havia no meio estudantil. Pelo menos, achávamos!

 Pergunta daqui, escuta de lá, fizemos grande interrogatório em todo o bairro. Se a polícia estava agindo, nós também ajudaríamos. Ficamos sabendo de um tal Tonhão, meio perigoso, que costumava fazer apostas durante as partidas de futebol dentro dos colégios. Era o seu ganha-pão! Não foi muito fácil encontrá-lo! Ele escorregava dos lugares como bolas de sabão. Sumia no ar. Finalmente, encontramo-nos com ele num boteco afastado, namorando uma menina, e, após muita insistência e ameaças, concordou em falar conosco. Primeiro respondeu que nem sabia quem era Gustavo. Demos uma prensa, e ele disse que tinha um outro time, “Os Enquadrados”, de outra escola, que andava comentando que ele deveria ser afastado. Era bom demais e atrapalhava os outros times, que sempre acabavam derrotados. Isso não os estava agradando!

  Sem comentar muito, chegamos ao local que “Os Enquadrados” se reuniam para treino. Local bem afastado, preparando-se para uma partida de final de ano, importante. Ficamos sentados, assistindo ao treino, fingindo nem sermos jogadores de futebol. Nosso colega “Figura”, assim chamado por acabar observando tudo, sem que notássemos, descobriu um galpão, no fundo do terreno, bastante fechado. Achou que deveríamos dar uma olhada lá, meio disfarçados, pois poderia chamar a atenção e deveria ser local onde guardavam seus uniformes, bolas, etc... Figura foi andando, sozinho, à frente, no auge do treino, enquanto todos torciam. Reparou que tinha uma porta fortemente trancada, com uma pequena janela, meio escondida, mas semiaberta.

 Espiou através dela e quase não viu nada. Desconfiado, chamou por Gustavo e ouviu um barulho lá dentro. Chamou de novo e o barulho repetiu. Cauteloso, voltou para o resto da turma e disse que havia alguém preso lá. Fomos todos para lá e tentamos arrombar a porta. Figura, sabendo que os inimigos eram perigosos, chamou antes, a polícia. Fizemos tamanho barulho que o time parou de jogar e avançou em cima da gente. Foi um rolo de meninos se debatendo, esmurrando, empurrando pra valer, mas “Os campeões” venceram mais uma vez. Achamos Gustavo preso a uma cadeira, quase desfalecido, com a boca fechada por um pano.
  Pegamos o amigo, com cuidado, enquanto os sequestradores maldosos fugiam cada um para seu lado. A polícia chegou e pegou-os em flagrante. Não escapou nenhum!

  Gustavo, feliz por ter sido encontrado, abraçou seus amigos e voltou para casa, recuperando-se logo do trauma e voltando ao seu time do coração. Resolvemos todos andar sempre juntos, para maior proteção.

  Quanto aos Enquadrados por serem menores de idade e primários, iriam responder em liberdade, mas, proibidos de jogarem por muito tempo, e sob observação da polícia.


  Foi um choque para o colégio de ambos os times, que não esperavam que a violência estivesse assim tão alastrada no meio estudantil. Resolveram trabalhar mais nesse sentido.

Resistir essa saudade - Jorge da Paixão





Resistir essa saudade
Jorge da Paixão

Quem gosta de fazer trovas,
se considere poeta....
que a rima é uma prova,
que a poesia está certa...

A vida é uma canção,
para quem sabe amar...
E expulsar a solidão,
para a esperança chegar...

Uma flor lá na janela,
à Natureza a enfeitar....
A vida é sempre bela,
para quem sabe amar...

Resistir essa saudade,
meu coração tem que fazer...
Hoje aqui nesta cidade,
não me esqueço de você...

Um amor tão diferente,
é que sinto por São Paulo,,,
Cidade apinhada de gente,

dedicada ao trabalho...

UM GRITO DE SOCORRO! - Dinah Ribeiro de Amorim



UM GRITO DE SOCORRO!
Dinah Ribeiro de Amorim

  Gosto muito de circo! É a maior atração de nossa pequena cidade. Quando chega, o povo fica alvoroçado, escolhendo os melhores lugares, disputando cadeiras e dias melhores.

  Na verdade, eu e minhas amigas gostamos das exibições, mas mais da movimentação de pessoas, principalmente dos rapazes que costumamos paquerar!
 Nesse ano, prometiam grandes atrações como peças de teatro, malabaristas, motocicletas que se cruzavam, bailarinas famosas e, como sempre, engraçados palhaços.

  Chegou o dia da apresentação e o circo logo ficou cheio de convidados. Eu e Marita, minha melhor amiga, procuramos lugares meio no fundão, de onde veríamos melhor a apresentação e, também, os frequentadores. Estávamos loucas para arrumar namorado! Já tínhamos catorze anos.

  Quando as luzes se apagaram, o palco iluminou-se e o dono do circo, todo paramentado, com um belo casaco vermelho de lantejoulas,  ia dizendo: “Respeitável público! Muito boa noite! Teremos hoje...Não chegou a terminar. Ouviu-se um grito estridente, pavoroso, vindo de alguém da platéia.

  As luzes se acenderam imediatamente e as pessoas se levantaram, rápidas, para ver o acontecido.

 Os empregados do circo vieram num corre-corre danado e examinaram tudo. Não conseguiram descobrir nada! Até que apareceu uma mulher, vestida com folhas, de longos cabelos vermelhos, pintura exagerada,  chamando pelo nome a sua bichinha de estimação, que havia escapado: “Maninha!”. Fazia parte do seu número. Surgiu de baixo de umas cadeiras, roçando nos pés das pessoas, uma horrorosa e amedrontadora cobra verde, muito comprida, que tinha escapado do seu viveiro e só obedecia à sua dona. O pânico dominou os presentes que começaram a sair, desistindo daquele circo.

  Eu e Marita, aborrecidas com o acontecido, principalmente pelo fato de não termos conhecido ninguém, saímos resmungando e lamentando o azar que tivemos.


  O circo ainda ficou alguns dias na cidade, mas com poucos frequentadores. Só os mais corajosos, munidos de lanternas e facões. Os artistas e seu apresentador, diante disso, perderam também o entusiasmo e foram rápido para bem longe, onde ninguém tivesse ouvido falar nessa história. O medo de ir ao circo logo se instalou na região!

TODO MUNDO JUNTO! - Dinah Ribeiro de Amorim

Tela: “Família”, de Tarsila do Amaral.


TODO MUNDO JUNTO!
Dinah Ribeiro de Amorim

  Pedrinho adora festas! A casa fica cheia de gente, seus amigos, avós, tios, primos, até sua professora com seus filhos, muitas vezes aparece!

 Dias de Natal, Páscoa, aniversários, vive esperando com o calendário na cabeceira da cama, com grande ansiedade!

Sua alegria é tanta que um dia perguntou ao pai:

— Paê, ô pai! Por que não moramos todos juntos, na mesma casa?

 Seu pai, espantado, respondeu:

— Nós moramos, filho! Eu, você, sua mãe, sua irmã! O que você acha?

— Não, pai! Todo mundo mesmo! A vovó, o vovô, os tios, o homem da farmácia, minha professora, seus filhos, as crianças do vizinho, seus pais.  Seria, então, uma grande festa, todos os dias!

  O pai de Pedrinho sorriu, pensou um pouco e ficou matutando como responder esta pergunta, sem magoá-lo e para que ele entendesse.

 — No começo do mundo, filho, era assim mesmo. Todos moravam juntos, numa grande casa, parecendo uma aldeia de índios, como você viu na televisão. Comiam o que plantavam ou caçavam, dormiam em redes, protegiam-se do frio e da chuva em palhoças ou uma grande oca, feita de palha. Formavam um pequeno grupo ou tribo.

— Era assim mesmo... pai!?

_ Com o tempo, filho, esse grupo foi crescendo, aumentando, conhecendo coisas novas, alguns querendo mudanças de vida, conhecer novos lugares! Aprenderam muitas coisas... Foram surgindo povoados, com casas próprias para cada família, igrejas para cultos, cartórios para registros de quem nascesse, um juizado para impor ordem porque algumas pessoas queriam mais que as outras, as primeiras brigas, campos de futebol, etc...

— Nossa pai, brigavam muito também!

— Sim filho, cada família gostava de uma coisa, uns queriam, outros não queriam, discutiam muito. Aí resolveram formar pequenos grupos que discutiam entre si, trocando ideias. Vencia quem convencesse mais. Houve, então, a necessidade de um chefe para todos, com formação de leis que todos obedeciam...Cada família mandava em sua casa e o pai era o chefe, mas para todos, havia um chefe geral, que cuidava do bem-estar de cada um... E foi assim que surgiram os municípios, cidades, estados, países, etc... O mundo como é hoje!

— Puxa pai! Que difícil, não!

— Sim, Filho! Quando você for para a escola irá entender melhor!


— Queria ir logo para a escola. - respondeu Pedrinho. Tanta coisa que não sei!


ADORO BRIGADEIROS! - Dinah Ribeiro de Amorim



ADORO BRIGADEIROS!
Dinah Ribeiro de Amorim

Sou louca por brigadeiros! Festa, para mim, sem brigadeiro, não tem cara de festa!

  Outro dia, fui convidada para um aniversário de uma coleguinha de escola. Logo pensei:

Que delícia, comer brigadeiro! Tomara que tenha!

Não tinha. Só o bolo de chocolate. A menina é meio alérgica, e muito chocolate faz mal. Comentei com mamãe sobre isso e ela respondeu:

Por que você não aprende! É tão fácil! Só precisa tomar cuidado com o fogo. Usar sempre fogo baixo para não queimar.

  Outro dia aprendi uma receita muito boa, dada por Belinha, uma amiga de meu irmão. É quase igual às outras, mas leva um pote de iogurte junto ao leite condensado. Fica mais leve e menos doce!

  Resolvi experimentar só que coloquei a lata de leite condensado dentro da panela de pressão, para virar doce de leite, primeiro. Tudo errado! Fiquei entretida na televisão e me esqueci da tal lata. De repente, ouvi um estouro, parecia uma explosão dentro da cozinha! A tampa da panela abriu, a lata estourou, a água secou e o doce se espalhou por toda a cozinha branca de mamãe, grudando até no teto!

 E, para limpar tudo, antes que ela chegasse! Foi muito difícil! Eu e meu irmão tivemos que colocar um pano molhado na vassoura, subir numa escadinha do quintal e tentar limpar o teto para que o doce desgrudasse.

  Mesmo assim, ficou todo manchado e, eu, esperando a hora que ela olhasse para cima. Seria bronca na certa!

  A dificuldade foi tanta que desisti de querer fazer o doce. Acho bom ficar só com os de festa, mas sempre pergunto antes:


Vai ter brigadeiro? 

Quem era ela? - Hirtis Lazarin

  Quem era ela? Hirtis Lazarin     A rua já estava quase deserta. Já se ouvia o cri-cri-lar dos grilos. A lua iluminava só um tantin...