A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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terça-feira, 30 de março de 2021

A AFLIÇÃO DE LUCIANA - Leon Vagliengo

 

ÉDOUARD MANET


A AFLIÇÃO DE LUCIANA

Leon Vagliengo

 

Um conto elaborado com a colaboração da pandemia, da arte e do sonho.

 

Luciana estava mesmo muito cansada. Passara o dia inteiro, desde cedo, a estudar pelo Google as imagens de quadros famosos e a história de seus autores, aceitando a sugestão que lhe fizera a sua prima, quando lhe perguntou sobre um bom passatempo para enfrentar o isolamento imposto pela perigosa pandemia que a todos ameaça.

Como mora sozinha desde que enviuvou, os novos tempos de isolamento estavam sendo para ela muito entediantes, e já começava a sentir que lhe crescia uma sensação de muita tristeza. Algumas vezes ouvira falar em depressão e temia que essa tristeza se convertesse naquela grave doença. Foi isso que comentou ao telefone com sua prima e motivou a sugestão dela recebida.

Animada com a nova ideia, logo cedo ligou o computador e acessou o Google, procurando por alguns nomes de pintores, de que tinha apenas vago conhecimento, pois nunca se interessara por pinturas ou qualquer forma de arte. Seria uma nova experiência.

Aos poucos, nos sites consultados, foram surgindo novos nomes de pintores e imagens dos seus quadros. Ao expandi-las na tela de seu computador, Luciana foi-se encantando com a beleza daqueles quadros, pelas cores, temas e detalhes.

Ainda na primeira abordagem, um quadro do pintor francês Édouard Manet, O Almoço na Relva, a impressionou muito pela sensação estranha de desproteção e insegurança que lhe causou uma certa identificação com a circunstância retratada.

Depois, à medida em que prosseguia na pesquisa, os comentários que ia encontrando no Google auxiliaram a sua percepção e o entendimento do que observava, e Luciana foi descobrindo detalhes impressionantes em todos os quadros que examinou. Estudar a arte era uma atividade cultural, um entretenimento muito melhor, mais variado, enriquecedor e interessante do que resolver as palavras cruzadas e o Sudoku, ou assistir as notícias repetitivas da televisão.

Muito empolgada, naquele dia Luciana fez apenas um breve almoço e logo voltou às pinturas. Aos poucos foi-se amplificando a sua pesquisa, pois as informações que encontrava iam formando para ela uma estrutura do conhecimento sobre a arte. Haveria muito a estudar. A história dos pintores, as várias escolas seguidas, e outras abordagens e formas de manifestação da arte, como as representadas pela escultura e pela música.

O interesse foi tanto que passou praticamente todo o dia naquela nova atividade, sem se dar conta do passar das horas. Naquela situação de isolamento devido à pandemia não havia mesmo nada para interrompê-la, e nem mesmo recebeu nenhum telefonema naquele dia.

À noite estava faminta e exausta, mas feliz com a nova perspectiva que para ela se abriu. Avaliou que teria que moderar o seu interesse, havia mesmo exagerado. Após um belo banho, jantou fartamente, o que não fazia há algum tempo. Viu ainda o jornal e uma novela na televisão e foi deitar-se, esperando um belo descanso.

Não foi isso o que aconteceu.

Em breve Luciana estava sonhando, um sonho agitado, e em seu sonho foram se sucedendo, de maneira rápida e confusa, imagens de muitas pinturas, a cena que mais a impressionou, artistas com suas tintas e pincéis em plena criação, e um, em especial, que a olhava com muita insistência. Memórias de um tempo passado, distante, foram então substituindo aquele cenário: ela estava com um belo vestido de baile, era a sua formatura do curso colegial. Ao seu redor estavam vários rapazes muito bem trajados em seus ternos de formatura, seus colegas também formandos, todos com bigode fininho e cabelos pretos, mas não conseguia identificar nenhum deles. Começou uma música suave, ela foi tirada para dançar por um dos colegas. Deslizou pelo salão nos braços de seu par num momento de rara felicidade, logo interrompido, porém, pela desesperadora insegurança que a invadiu ao descobrir que agora estava completamente nua e exposta, em pleno salão de baile, mas continuava a dançar, cercada por tantas pessoas; elas, porém, não pareciam estranhar a sua nudez.

Aquela situação insólita provocou uma sensação de vulnerabilidade e insegurança tão forte em Luciana que o sono não resistiu. Acordou sobressaltada, dando-se conta de que tivera um pesadelo, como sempre ocorria quando exagerava ao jantar.

Aos poucos foi passando a aflição e também a taquicardia provocada pelo agitado sonho. A respiração voltou ao compasso normal, e então ela sentiu que, desta vez, valera a pena.

Que lindo pesadelo!

Agora mais calma, Luciana reconheceu o artista que tanto a observara em seu sonho e ficou muito agradecida a ele, Édouard Manet, pelo seu quadro Almoço na Relva, que lhe proporcionara tão boas lembranças, curtidas com deliciosa aflição.

A História da escultura Pietà, de Michelangelo - Leon Vagliengo

 

A obra Pietá, do mestre Michelangelo data de 1499


A História da escultura Pietà, de Michelangelo

Leon Vagliengo

 

Pesquisa por seleção, adaptação e montagem de textos de sites do Google.

 

Pietà, a escultura feita num único bloco de mármore, que consagraria Michelangelo como um dos maiores gênios da arte, foi produzida quando ele tinha apenas 23 anos.

Na Itália, integrou as primeiras obras escultóricas com o tema Pietà, que já era bastante presente na pintura italiana, e possuía alguns exemplares em escultura na Alemanha e na França.

O trabalho foi uma encomenda do cardeal francês Jean Bilheres de Lagraulas para integrar seu monumento fúnebre. Em apenas um ano Michelangelo terminou sua obra-prima; entretanto, o cardeal faleceu antes dela ser concluída. Depois de finalizada, a Pietà foi então colocada no túmulo de Jean Bilheres, na Capela de Santa Petronilla. Por lá ficou durante 20 anos, até que foi transferida para a Basílica de São Pedro, na Cidade do Vaticano, onde se encontra hoje.

A escultura Pietà é uma das mais belas e impressionantes obras da história da arte do Ocidente e uma das mais conhecidas do autor.

Produzido em 1499, o trabalho possui 174 x 195 cm. Nele, o artista representa a cena bíblica em que a Virgem Maria segura, em seus braços, Cristo - seu Filho - já sem vida.

Esse tema cristão, chamado de Pietà, em italiano significa "piedade". Portanto, praticamente todas as obras feitas com esse mote recebem o mesmo nome. A cena está relacionada a Nossa Senhora da Piedade e Nossa Senhora das Dores.

 

A assinatura de Michelangelo

Michelangelo assinou apenas uma obra em sua vida, a escultura Pietà.

Pode-se ler na faixa que atravessa o torso de Maria a inscrição: MICHEA[N]GELVS BONAROTVS FLORENT[INVS] FACIEBAT, ou seja, Michelangelo Buonarroti, o florentino, fez.

Segundo consta, a assinatura foi feita depois que a obra foi concluída e entregue, pois Michelangelo teria ouvido rumores de que devido à sua pouca idade, outro artista seria o autor do impressionante trabalho.

O escultor então, num acesso de raiva, teria inscrito seu nome na obra a fim de sanar todas as dúvidas.


Análise da Pietà de Michelangelo

 

A Pietà exibe um trabalho técnico, preciso e excelente de escultura em mármore. O drapeado das vestimentas de Maria, a composição, os músculos relaxados de Cristo, as expressões das personagens, todos esses elementos contribuem para que a obra tenha força, beleza e serenidade ao mesmo tempo. Uma combinação dos ideais da beleza clássica típica do renascimento.

Pietà: elementos da composição


Produzida em 1499, a escultura Pietà exibe uma composição em formato de pirâmide, possuindo as dimensões de 174 x 195 cm. Ao esculpir Pietà, Michelangelo optou por utilizar um esquema de composição piramidal, que já era bastante usado na época renascentista.

O artista também alterou o tamanho do corpo de Jesus, esculpindo-o menor que o de Maria, a fim de melhor encaixá-lo na composição triangular.

O rosto da Virgem

 



A virgem Maria exibe um semblante sereno e jovem na escultura de Michelangelo.

O rosto de Maria é representado com uma aparência bem mais jovem do que seria o comum para uma mulher com um filho de 33 anos - idade com que Cristo foi crucificado, segundo a bíblia.

Isso porque dessa forma ela poderia simbolizar "todas as mães", além de manter uma expressão de pureza e virgindade.

A Virgem também exibe um semblante de conformidade e resignação, em que a dor da perda do filho é idealizada. Isso trouxe um contraste com as obras realizadas com o mesmo tema até então.

 

O rosto de Cristo


Jesus nos braços de sua mãe exibe feições europeias, com traços finos. Seu rosto, exibe uma expressão um tanto quanto serena, apesar de já estar sem vida.

 

O fato de as feições de Cristo serem as de um homem europeu explica-se porque  - devido ao seu caráter eurocêntrico - a história da arte ocidental sempre representou o Messias do povo cristão dessa maneira.

Segundo a própria bíblia, Jesus teria nascido em Belém, cidade localizada na Palestina. Cristo era, portanto, um homem típico do Oriente Médio.

Em 2011 foi realizado um documentário para a BBC em que pesquisadores recriaram o que seria a aparência real de um homem que tivesse vivido na mesma época e local de Cristo.

Assim, foi constatado que, ao contrário da representação europeia que conhecemos de Jesus, se ele de fato existiu, teria baixa estatura, cabelos aparados (como era usado na época), pele morena e traços mais próximos com os do povo negro.


RENÉ-FRANÇOIS-AUGUSTE RODIN - Leon Vagliengo

 


RENÉ-FRANÇOIS-AUGUSTE RODIN

Leon Vagliengo

 

 

Pesquisa biográfica

 

Auguste Rodin (1840-1917) foi um escultor francês. "O Pensador", "O Beijo", "A Porta do Inferno", são algumas de suas famosas esculturas. Foi um dos artistas mais influentes do século XX.

 

René-François-Auguste Rodin (1840-1917) nasceu em Paris, França, no dia 12 de novembro de 1840. Filho de um modesto funcionário do departamento de Polícia recebeu apoio da família para suas inclinações artísticas.

Com 14 anos ingressou na Escola Imperial especializada em artes e matemática onde aprendeu a desenhar e modelar, sob a orientação de Lecoq de Boisbaudran e de Louis Pierre Gustave Fort,

Com 18 anos, após ser reprovado por três vezes no exame de admissão da Escola de Belas Artes, passou a trabalhar como ornamentista para empresários de decoração na Paris reestruturada por Haussmann, no período do imperador Napoleão III.

Em 1864 passou a viver com a jovem costureira Rose Beuret, modelo de suas primeiras esculturas, com quem teve um filho.

Ainda em 1864 teve recusada a primeira obra que enviou ao salão oficial, “O Homem do Nariz Quebrado".

Rodin afastou-se das exposições e passou a colaborar com Albert-Ernest Carrier-Belleuse na decoração de monumentos em Bruxelas, entre eles, na Bolsa do Comércio.

Em 1875 visitou Florença e Roma, quando ficou fascinado pelas obras de Donatello e Michelangelo.

Primeira escultura

Sua primeira escultura exposta ao público foi "A Idade do Bronze" (1876), com traços chocantes para o gosto da época, provocando grande escândalo, e houve quem o acusasse de ter trabalhado com um modelo vivo.


De volta à França, preparou seus trabalhos para a exposição Universal de 1878 e chamou a atenção com a obra “São João Batista Pregando”.

Em 1880 recebeu a encomenda de uma porta monumental, em bronze, para o futuro Museu de Artes Decorativas de Paris. Nela trabalhou durante longos anos, mas deixou-a inacabada ao morrer.

Projetada como réplica da Porta do Paraíso, esculpida no século XV pelo italiano Lorenzo Ghiberti para o batistério de Florença, a obra, conhecida como “Porta do Inferno” deveria extrair seus temas da “Divina Comédia de Dante”.

Após uma viagem a Londres em 1881, onde tomou contato com as interpretações de Dante feitas pelos primeiros pré-rafaelistas e por William Blake, em suas obras visionárias, Rodin alterou seus planos originais, com a pretensão de fazer do monumento um universo de formas atormentadas pelas paixões humanas e a morte.

A "Porta do Inferno", esculpida entre 1880 e 1917, traz 180 esculturas de vários tamanhos.

Os motivos da “Porta do Inferno” foram aproveitados em outras esculturas independentes, em escala maior, entre elas, “O Beijo” (1889), esculpido em mármore:


Outra imagem elaborada para a porta, que se transformou em peça isolada e se tornou uma das mais famosas obras do autor foi o “O Pensador” (1902), esculpido em bronze. Existe mais de vinte copias da escultura em museus pelo mundo.


Amante da fotografia, Rodin deixou um arquivo com 7000 imagens, que permite seguir, passo a passo, a elaboração de suas esculturas, como a obra “Cidadãos de Calais" (1886).


Auguste Rodin recebeu a encomenda para esculpir o busto de Victor Hugo, mas o mesmo teve de ser refeito várias vezes, entre 1886 e 1909, por mostrar o escritor de peito nu.

Um monumental "Balzac" de corpo inteiro causou celeuma a partir de 1898, por já apontar para o ideário da arte moderna. Em 1939, essa obra foi posta no cruzamento dos boulevards Raspail e Montparnasse, em Paris.


Rodin recebeu a encomenda de uma série de bustos, como o de Francisco I, Octave Mirbeau (1889), Puvis de Chavannes (1891) e Clemenceau (1911), o que contribuiu para situar o escultor como o mestre da arte do retrato em relevo pleno.

Embora atacado pelos críticos artísticos acadêmicos, Auguste Rodin conheceu a glória no fim da vida. Em 1900, um pavilhão inteiro - o Pavilhão das Almas, da Exposição Universal foi consagrado a seus trabalhos, que reuniu cento e cinquenta obras do artista.

Em 1908, Rodin se instalou no Hotel Biron, palacete parisiense do século XVIII. Em 1916, ofereceu ao Estado todas as suas obras na condição do Hotel Biron se tornar o Museu Rodin. A negociação foi oficializada em 24 de dezembro de 1916.

Em janeiro de 1917, Rodin casa-se com sua companheira Rose Beuret, mas ela morre duas semanas depois e Rodin morre no dia 17 de novembro do mesmo ano.

Ambos estão sepultados no parque da Villa des Brillants, em Meudon, França, onde o artista tinha um ateliê.

ALMOÇO NA RELVA - Alberto Landi

 



ALMOÇO NA RELVA

Alberto Landi

 

Louise era filha de um acrobata de rua e de uma cantora de cabaré. Teve uma infância dura, complicada e solitária.

Durante os seus primeiros anos foi criada pela avó materna, mas depois de maus-tratos, foi entregue à avó paterna, que dirigia um bordel nos subúrbios de Paris, e com frequência ficava sob os cuidados das prostitutas.

Saía do bordel para se encontrar com o seu pai no mundo dos acrobatas de rua, acompanhando em suas apresentações, em circos itinerantes.

Com 15 anos de idade mostrava dons musicais e passou a se apresentar nas ruas e subúrbios de Paris.

Começou a construir seu próprio caminho.

Deixando seu pai, começou a cantar nas ruas de Pigalle e Montmartre.

Levava sempre uma vida tumultuada, se relacionando com personagens do baixo mundo, até que um dia foi descoberta por um proprietário de um clube noturno de Montmartre que ofereceu a ela cantar algumas noites em seu cenário.

Com o decorrer do tempo, tornou-se a cantora mais importante da região.

Vale lembrar que essas duas regiões eram conhecidas como bairros dos pintores, ruas estreitas e empinadas formam uma rede que inclui cabarés até os arredores da Basílica de Sacré Coeur, ambiente frequentado também por boêmios e artistas.

Muitos deles moravam ou frequentavam essa região.

Degas, Cézanne, Manet, Van Gogh, Monet, Renoir, Lautrec frequentavam o lugar contribuindo para criar um clima libertário.

Por tornar-se uma cantora importante dessa região, atraiu a frequência desses pintores, artistas, intelectuais que se encantaram com o seu estilo de canto.

O próprio Manet em certa ocasião disse ao amigo Degas:

“Ela é um verdadeiro rouxinol, pois apresenta inúmeras tonalidades musicais”

Despertava assim com as suas canções o símbolo do amor e otimismo entre as pessoas, era um sinônimo de alegria vê-la cantar.

Com isso o clube noturno passara a ter uma lotação plena em todas as noites.

Em uma de suas apresentações, conheceu alguns pintores impressionistas.

Nessa altura já fazia parte da intelectualidade francesa, deixando para trás o baixo mundo.

Tornou-se uma grande amiga de Manet e Renoir, a ponto de ser convidada a fazer parte de uma composição que Manet há muito tempo estava a esboçar.

Manet escolheu uma pequena floresta nos arredores de Paris para um picnic. Na composição participavam Louise, uma amiga de Manet e seus dois irmãos. Ambiente descontraído apresentando liberdade de nudez.

Assim nascia uma pintura que se tornou famosa ao longo de todos os tempos:  ALMOÇO NA RELVA

Raios de sol e sombra predominavam no ambiente.

Louise estava posicionada num plano secundário da pintura, banhando-se num pequeno riacho tendo ao seu lado direito um pequeno barco ancorado. No primeiro plano aparece a amiga de Manet nua.

Muito criticado essa tela por conter nudez, mas com o tempo foi absolvido e elogiado pela crítica francesa.

Essa pintura se tornou famosa de um dos mais importantes pintores impressionistas, Manet.

Louise ficou muito envaidecida e agradecida pela oportunidade de sua participação nessa composição.

A pintura foi muito criticada não só pela sua nudez, mas também porque o pintor usou modelos familiares.

Era moderna demais para sua época, pois seguia o padrão do tamanho humano.

Esse foi o ponto de partida para o impressionismo e arte moderna.

Manet é tão importante para o impressionismo, como Cimabue e Giotto foram para o renascimento italiano.  


MICHELANGELO DI LODOVICO BUONARROTI SIMONI - Leon Vagliengo

 


MICHELANGELO DI LODOVICO BUONARROTI SIMONI

Leon Vagliengo

Pesquisa biográfica

 

A arte ocidental não seria a mesma sem Michelangelo Buonarroti. Vaidoso, ciumento, obsessivo, tímido, excêntrico e genial, ele transformou para sempre nossa ideia do que pode ser um artista. Sua vida e a complexidade das obras que produziu podem ser comparadas à saga de um herói da mitologia clássica. Do jovem artista tentando agradar um protetor rico, passando pelo homem que com apenas 26 anos escolhe um bloco de mármore para retirar dele o Davi, até o reconhecido mestre, já no início da velhice, pintando o enorme afresco do Juízo Final na capela Sistina.

 

Michelangelo Buonarroti foi um importante artista do Renascimento. Nasceu na Itália em 6 de março de 1475.

Na escola interessava-se apenas em desenhar, para desespero da família, que desprezava a profissão de artista. Sua obstinação acabou vencendo, e aos 13 anos de idade tornou-se aprendiz do estúdio de Domenico Ghirlandaio.

Desejando uma arte mais heroica, ingressou posteriormente na escola de escultura de Lourenço de Medicis, que o hospedou em seu palácio.

Convivendo com a elite nobre e intelectual, empolgou-se pelas ideias do Renascimento Italiano.

Sua grande paixão foi a escultura. Certa vez ele disse: “A figura já está na pedra, trata-se de arrancá-la para fora”.

Pintura

Em 1508, quando o Papa Júlio II encarregou o artista de decorar a Abóbada da Capela Sistina, na Catedral de São Pedro, em Roma, Michelangelo exclamou: “Não sou pintor, sou escultor”.

Mas seus protestos de nada valeram e, durante quatro anos, realizou esse exaustivo trabalho, que resultou em 300 figuras.

Na abóbada, de 40 metros de largura por 13 de altura, move-se uma multidão de figuras, umas sentadas, outras flutuando.

Michelangelo pintou os episódios do Gênesis: Criação de Adão, Pecado Original e Dilúvio, acompanhados de profetas.

Nos quatro ângulos, reviveu a libertação milagrosa de Israel: a Serpente de Bronze, os Triunfos de Davi, de Judite e Ester.


Durante o pontificado de Paulo II, entre 1534 e 1541, Michelangelo pintou um grande afresco na parede do altar da Capela Sistina: O Juízo Final.

A ideia que define este conjunto é a da vingança: Cristo aparece como um juiz inflexível e a Virgem, assustada, não se atreve a contemplar a cena.

Nesse afresco religioso, Michelangelo só pintou “nus”. Este fato provocou tanta polêmica, que o Papa Paulo IV pensou em destruir a obra. Mas, contentou-se em mandar o pintor Daniel de Volterra cobrir os nus mais ousados.


Escultura e Arquitetura

Entre 1501 e 1504 Michelangelo trabalhou na escultura de David, herói bíblico que venceu o gigante Golias.


Em 1505, foi para Roma a chamado do Papa Júlio II, para reconstruir a Catedral de São Pedro e a edificação de seu mausoléu.

Em 1499, trabalhou na escultura Pietà, onde o tema é a Virgem Maria envolvendo o Filho morto. O tema talvez lhe tenha sido o mais querido, pois o repetiu quatro vezes.


Sua paixão pela grandiosidade transpareceu principalmente na arquitetura. Em 1520 planejou o edifício e o interior da Capela de São Lourenço.

Em Florença, de 1523 a 1534 esculpiu as estátuas de Juliano e Lourenço de Medicis e as sombrias figuras da Noite, o Dia, a Aurora e o Crepúsculo, reclinadas sobre seus túmulos.

Em 1535, sob o pontificado de Paulo III, passou a ser o arquiteto, pintor e escultor do Palácio Apostólico e replanejou a Colina do Capitólio em Roma, obra que jamais foi terminada.

Em 1552 iniciou a construção da Catedral de São Pedro, mas só viveu o suficiente para ver sua enorme cúpula concluída. Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni morreu em Roma, no dia 15 de fevereiro de 1564.

Tinha orgulho de sua ascendência aristocrática, “por sua raça” – como escrevia em suas cartas: “Eu não sou o escultor Michelangelo, sou Michelangelo Buonarroti”. Entrou para a história como um ícone do período, conseguindo transportar para sua arte os ideais humanistas, as transformações culturais, políticas e religiosas.

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