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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

CORRENDO ATRÁS DOS SONHOS - Claudionor Dias da Costa

 

O que o motivou a sair de uma aldeia distante, se aventurar e chegar a outro país com dificuldades tão grandes?

Naquele universo que vivia onde transcorria a vida rotineira, tudo era previsível. O que acontecerá com Antônio e seus sonhos?

Sua aventura foi motivada por eles que não cabiam em sua pequena aldeia?

 

 


CORRENDO ATRÁS DOS SONHOS

Claudionor Dias da Costa

 

Era um modesto agricultor em sua terra arrendada. Este era o Antonio, vivendo com muitas dificuldades, se angustiava em ver sua Rosa, esposa dedicada a ele e aos dois pequeninos, frutos de um amor autêntico acontecido na simplicidade de sua aldeia, se esforçar por aceitar tudo aquilo como se fosse predestinada.

Não se continha em contar e contar à sua amada os sonhos de partir para outros lugares buscando vida melhor para eles. Ela ouvia olhando para o vazio, sem murmurar uma palavra.

Enquanto vivia nesses pensamentos, eis que aparece a convocação para ir à guerra. Todo jovem a partir de vinte anos deveria se apresentar.   Era o ano de 1917, em plena Primeira Guerra Mundial e seu Portugal aderia à Aliança dos países envolvidos.

Com seus parcos conhecimentos de artilharia, lá foi ele com coragem e ideal para a região de Flandres na França.

Será que Antonio sobreviveria para voltar à sua Rosa e se alegrar com o nascimento da filha Maria? Era o que a esposa ansiosa, grávida e preocupada desde que ele foi para lugar tão longe, passou a esperar junto aos parentes mais próximos.

Esse português sonhador entre tiros de canhões que disparava e recebia, queria sobreviver e se angustiava por uma juventude inquieta e preocupante deixando sua terra e seus amores.

Foram tantos os pedidos e orações que Deus ouviu os apelos e resolveu pôr um fim naquela guerra. E assim foi...

Em 1918, após um período não muito longo de combates, Antonio regressou à sua querida aldeia a tempo de ver o nascimento da Maria.

Escapou da terrível gripe espanhola que consumia muitas vidas e amedrontou mais do que a guerra. Foi um período difícil para a humanidade.

 A vida corria entre tirar a sobrevivência da terra e sonhos de conquistar o mundo, e assim nasceu o filho Manuel para sua alegria e alívio, pois seriam mais braços e fortes para ajudar na lavoura.

Com tantos percalços e emoções, após escutar vizinhos falarem de uma terra de esperança distante, “onde se plantando tudo dá” chamada Brasil, resolveu entender um pouco melhor do que se tratava esse paraíso que convidava.

Após conversas regadas a vinho, sardinhas assadas e risadas, a empolgação de se aventurar tomou conta dele novamente com muito mais força.

E tão empolgado ficou que correu com alguns vizinhos para se inscrever na lista de candidatos à imigração, assim que ouviu o chamado daquele sisudo alistador postadoà porta da pequena igreja de sua aldeia.

A noite empolgado contou tudo à Rosa, e desconfortado acrescentou que partiria para o Brasil por enquanto sozinho. Quando conseguisse a tão procurada estabilidade mandaria chamá-la junto os pequenos para viverem a vida na beleza e prosperidade do novo país.

Rosa no seu amor paciente ouviu...e ouviu...

Se aquietou e fez orações em silêncio. Mas, acreditou que tudo poderia dar certo.

Nada como a esperança com fé.

E após despedidas, não sem lágrimas da Rosa e dos filhos, Antonio com a garganta engasgada pela emoção e os vizinhos desejando boa sorte, ele partiu.

O que o motivou a sair de uma aldeia distante, se aventurar e chegar a outro país com dificuldades tão grandes?

Naquele universo que vivia onde transcorria a vida rotineira, tudo era previsível. O que acontecerá com Antônio e seus sonhos?

Sua aventura foi motivada por eles que não cabiam em sua pequena aldeia?

Ficaram os questionamentos por conta do destino...

 


 SEGUNDA PARTE


 

A SAGA DE UM SONHADOR

Claudionor Dias da Costa

 

O que o motivou a sair de uma aldeia distante, se aventurar e chegar a outro país com dificuldades tão grandes?

Naquele universo que vivia onde transcorria a vida rotineira, tudo era previsível. O que acontecerá com Antônio e seus sonhos?

Sua aventura foi motivada por eles que não cabiam em sua pequena aldeia?

 

Com essas perguntas, Claudio voltou-se a seus dois filhos Leonardo e Daniella fazendo suspense pelo interesse demonstrado em saber quem era aquela figura na fotografia antiga, amarelada e meio desbotada.

Aparecia um homem alto, forte, com sorriso sóbrio, cabelos até que alinhados vestindo camisa branca e calça preta amparada por suspensórios, acessório até bem curioso para as duas crianças, e segurando um chapéu que elas não entendiam para que servia. O pai sorria e explicava.

Naquele chão de madeira, sentados frente a frente pai e filhos se sentiam donos de uma história que começava a empolgá-los cada vez mais.

Enquanto Claudio continuava com seu ar de mistério falando de uma terra distante, de pequena aldeia onde morou aquele homem, os olhos das crianças brilhavam e o interesse aumentava.

E a narrativa continuou.

Seu nome era Antonio. Vivia numa aldeia. Nesse instante Claudio se deteve para explicar o significado e detalhes desta palavra, não sem fantasiar e contar curiosidades desse lugar.

Assim, surgiu a pequena igreja, feita com pedras que eram abundantes na região, com sua única torre com a cruz no topo, até meio desproporcional que chamava muito a atenção. A porta de madeira imensa e as janelas pequenas nas laterais. As casinhas no entorno, até bem construídas que compunham um cenário interessante. As ruas de terra onde carroças passavam transportando produtos das lavouras e, que serviam aos domingos para os encontros na igreja. Todos os moradores com os seus “trajes de missa” compareciam e, após o culto ficavam conversando sobre os acontecimentos e últimos detalhes das colheitas. Também falavam de política, muito embora as informações chegassem bem depois dos fatos acontecidos.

Novamente uma parada para explicar que naquela época não havia os recursos modernos de televisão, celulares e mesmo telefone. Acrescentou que no máximo chegavam as informações pelo rádio e jornais. Na mente das crianças tudo soou estranho e muito distante.

Daniella segurava a foto em suas mãozinhas inquietas e Leonardo espichava o pescoço para ver melhor aquele personagem que parecia ter saído de um filme.

Contou sua história com a esposa Rosa, descrevendo-a como moça simpática, de rosto redondo, alegria contida, mas com certa melancolia, talvez causada pela luta difícil e preocupante de ajudar Antônio na lavoura e ainda cuidar da casa e dos filhos. Procurou mais fotos naquela caixa velha de papelão e justificou que não encontrou a foto dela no momento, mas, procuraria com calma no seu amontoado sótão e com certeza encontraria e continuaria a história outro dia.

Leonardo não perdeu tempo e exclamou:

— Papai, mas quem é esse homem afinal? Ele é seu amigo?

Claudio sorriu, ficou pensativo, olhou para a claridade que entrava da mansarda e com os olhos que começavam a ficar úmidos disse:

— Sim... Ele era um grande amigo... Era o bisavô de vocês...

 

Um relato - Alberto Landi Jr.

 

 


Um relato

Alberto Landi Jr.

 

A minha felicidade hoje é quase que completa, porque agora vivo em kahala, um planeta que orbita a estrela Ramis, localizada na constelação de Nazca.

Longe do planeta Terra, a vida aqui é quase eterna, não tem guerras e nem doenças.

Desde o tempo estudantil, sonhava em conhecer e viver em outro planeta.

Uma certa ocasião assistia uma palestra, onde o tema nesse dia era a vida extraterrestre e a possível comunicação entre os seres humanos e os alienígenas.

Esse assunto começou a me fascinar.

No decorrer da palestra perguntei ao professor:

O senhor acredita que algum alienígena possa ter recebido mensagens de humanos?

Professor: mesmo que isto seja possível demoraria muito para chegar até nós e vice-versa.

Professor, talvez essas comunicações não sejam tão impossíveis assim, afinal se outras civilizações forem muito mais avançadas que nós, as mensagens enviadas por nós não seria tão problemático assim.

Pensei, e me convenci que ir embora para outro planeta seria a melhor escolha.

Quanto mais admirava o céu estrelado, mais sentia vontade de ir embora.

Comentei isso com amigos e todos riram dizendo que tudo isso era loucura.

Retruquei, tudo é possível nesse universo.

Os amigos comentaram, o homem mal chegou a Marte e você quer ir viver em outro planeta?

Os amigos me alertaram para parar com essa loucura.

Vocês não entenderam, eu quero ir para uma civilização mais evoluída e não voltar mais.

Comecei a comprar e pesquisar material que falava sobre ufos, galáxias, planetas e assuntos afins.

Com a intenção futura de ser abduzido comecei a ler e treinar sobre telepatia.

Comprei telescópio e comecei a observar diariamente a galáxia.

Com o tempo me tornei um astrônomo amador, convicto de que algum dia eu iria embora para outro planeta.

Uma noite já em altas horas dormindo, ouvi um barulho externo, parecia de um avião.

Acordei e corri para o meu quintal para ver o que era.

Olhei para o céu estrelado e pairado sobre o teto da minha casa havia uma grande nave emitindo luzes brilhantes, coloridas e lindas, de forma intermitente.

A nave era de cor prateada, sendo que a parte inferior se abriu e um SER que parecia uma mulher saiu de dentro da nave.

Vestia roupa de cor prateada e capacete prateado também

Nesse momento fiquei vislumbrado.

A mulher tirou o capacete e com um sorriso, observei a beleza e perfeição que ela tinha, nada comparado com os mortais do planeta Terra.

Olhos azuis, brilhantes, pareciam diamantes lapidados, de tanta beleza.

Pele branca com textura macia como se fosse uma pluma.

Sorrindo estendeu sua mão direita para mim, me convidando a entrar.

Dentro da nave havia uma outra astronauta mulher, mas, não tirou o capacete.

Através de alguns gestos, compreendi que era para me vestir com as roupas idênticas a elas.

 

Perguntei à elas: Por que vieram, e obtive a resposta em meu pensamento, ela me disse por telepatia:

Escutamos os seus pensamentos de decidimos vir buscá-lo.

Mais uma vez me convenci que estamos rodeados de belos planetas, repleto de belas e milhares estrelas.

TENTATIVAS - Hirtis Lazarin

 



 TENTATIVAS 

HIRTIS LAZARIN


Eram dezessete horas quando Cícero subiu no ônibus.  E assim fazia todos os dias.  

Do sonho nordestino em busca de uma vida melhor na cidade grande, restavam apenas fiapos.

O rosto vincado pelo cansaço, os olhos sem brilho mostravam qualquer coisa de assustado que lembrava um bichinho tímido.

Atravessaria a cidade toda até chegar em casa.  Uma viagem que lhe permitia recostar a cabeça na mochila gasta e tirar uma soneca.

 Ele vivia numa viela com esposa e três filhos miudinhos.

As construções pareciam grudadas umas às outras.  Todas as casas eram muito pequenas e nervosas.  Não mais que duas janelas pra espiar o mundo lá fora.  Tijolos à vista desequilibrados e cimento escorrido feito sorvete derretido.  Poucas árvores.  A maioria nus mais parecendo porta-chapéus à entrada de residências estilosas.

As ruas no conjunto eram um longo tubo cinzento e corredores úmidos.  Um labirinto.

Cícero preferia descer alguns pontos antes, adiando pouco mais a chegada em casa.  A caminhada e uns goles de cachaça no boteco faziam-no inventar uma esperança que o deixava mais sereno.

Trocava conversa com conhecidos no bar, quando rajadas de vento chegaram inesperadamente, levantando poeira das ruas, arrastando lixo e atirando longe coberturas improvisadas dos barracos.

Nuvens negras mexiam-se tanto no céu parecendo sopa em ebulição; a chuva despencou e os bueiros entupidos devolviam água suja e garrafas pets rodopiavam na loucura do abandono.  Em pouco tempo, ruas e calçadas ficaram inundadas.

Cícero tentou correr, mas não deu.  Abrigou-se no bar.  O celular sem bateria.  Sua casa frágil, o teto com goteiras que não se opunham nem aos pingos finos da chuva.  As crianças indefesas... A ansiedade ardia... Aceitar o fracasso?  Arrumar as malas e voltar pro sertão? 

A chuva finalmente afinou.  Já era possível ver o asfalto esburacado.  As pessoas se juntando solidárias pra refazer o que tinha que ser feito.  Tudo voltaria como era antes. 

Cícero sabia que a noite é apressada, que o dia amanhece rápido e que às cinco da manhã tem que estar novamente dentro do mesmo ônibus.  Tudo igual outra vez.

 

"Nada pode nos salvar da morte, mas o AMOR pode nos salvar a vida."

 

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