A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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quarta-feira, 30 de março de 2022

A Praça - Alberto Landi

 



A Praça

Alberto Landi

 

No bairro onde moro, há uma grande praça, muito linda, com muitas árvores frutíferas e algumas espécies de flores.

Também tem calçadas, passarelas e ciclovias.

Bem no centro tem uma paineira nativa. Árvores enormes, e há também um chafariz, onde todas as pessoas que passam, ficam extasiadas.

À noite, ela é muito bem iluminada, quando há lua cheia fica ainda mais clara.

Há parque para as crianças, até quadras de areia para elas brincarem.

Quando acontece o aniversário do bairro, é aqui que tudo acontece, festa, muita gente circulando e tem até seresta.

Trata-se de um local de beleza e memória, constituindo a alma do lugar. Nela se encontram marcos referenciais, projetos paisagísticos que estimulam o convívio. Além de se constituírem de um espaço não construído dentro da malha urbana, ela carrega diversas funções e benefícios ao bem-estar social.

Todo espaço público deveria ter área verde, com sombras, bancos e mesas limpas, lixeiras.

É importante para a comunidade contribuir também para melhor qualidade de vida e redução dos níveis de violência.

Caminhar diariamente neste local, contemplar a natureza que há, isso me traz paz, e as flores que ali florescem exalam um perfume, que traz tranquilidade para alma.

Gosto de levar minha mente para passear em lugares tranquilos.

Aprecio muitos os pássaros, e todos os dias os admiro. Eles são um tanto arredios, pois comem na minha mão, mas evitam serem tocados. Esta amizade com eles está perdurando e me entristeço de pensar em quando nos separarmos.

Quando chego para caminhar, parece que eles percebem a minha presença e se postam nos galhos das árvores, como se fossem desfilar para mim. Às vezes procuro entender esta relação com eles, mas, sinceramente não encontrei.

Posso dizer que é muito emocionante estar com eles e prazeroso fazer as caminhadas todos os dias nesse local.

 


Uma festa em Las Vegas - Alberto Landi

 

Uma festa em Las Vegas

Alberto Landi

 

A percepção geral das pessoas é de que Las Vegas e a máfia estão intimamente ligadas e, esta visão nunca vai ser mudada.

Filmes como O Poderoso Chefão e Casino, reforçaram isso ao longo dos anos.

Esta cidade, foi considerada o quintal das maiores famílias dessa organização.

Mas o tempo da máfia colorida há muito já se foi e nunca será esquecida.

O lugar tem uma dívida de gratidão para com ela, pelo seu desenvolvimento.

Kate, filha de um senador eleito pelo Estado de Massachusetts   recebeu convite de amigas do colégio para passar uns dias em Las Vegas.

Haveria uma festa, num dos salões do Hotel Casino Flamingo.

Houve muita música, dança, a bebida rolava solta no salão, até que numa certa altura da noite, não se sentindo bem, teve que ir ao banheiro, porém, ao procurar a porta se enganou, e entrou numa ampla dependência, onde pessoas fumavam, jogavam e esbravejavam.

Ao saber que a entrada era vetada para estranhos, ficou constrangida e amedrontada, pois percebeu que eram criminosos, e a seguiam com olhares ameaçadores e tenebrosos.

Seu pai, um democrata politicamente ambicioso, estava realizando audiências em todo país sobre o crime organizado praticado em jogos de cassino, e mal sabia que sua filha estava nas mãos de um deles.

O senador juntamente com seus assessores, começaram a interrogar sob juramento algumas pessoas que julgavam supostamente envolvidas.

A indagação se iniciou e o assunto era: Las Vegas e a máfia.  Aos olhos do público americano, nada retardou o crescimento de jogos de azar nesse local, assim como, não reduziu a influência da máfia nessa cidade.

Kate foi pega e questionada pelos gângsteres, e estes ao saberem que era filha de um político influente e que estava aqui, no local, pressionando os cassinos e os envolvidos, a fizeram refém.  Nesse tempo eram ilegais os jogos, e crimes organizados.

O senador acreditava que os jogos eram a alma do crime coordenado e para estrangular isso, teria que atacar essas instituições. Escutas telefônicas foram instaladas em todos eles.

Os gangsteres, então, propuseram ao senador uma negociação; este teria que abandonar a blitz tanto nos Casinos como na organização, e tornar público junto às mídias americanas.

Assim que foi feita a negociação, Kate retornou aos braços de sua família.

Com o decorrer do tempo, os jogos praticados nesta cidade e Estados foram legalizados, e praticamente toda a máfia envolvida foram punidas e extintas.

O fato de abusar de bebidas, ocasionando entrar em porta errada, fez com que a investigação fosse suspensa pelo senador e seus assessores, ridicularizando desta maneira todo o trabalho feito anteriormente e repercutindo nas mídias americanas. 


O PEQUENO PARAÍSO. - Leon Vagliengo

 




O PEQUENO PARAÍSO.

Leon Vagliengo

 

Um lugar para ser feliz.

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        A pequena e agradável cidade de Lindo Vale tem apenas uma praça, grande e acolhedora, que se estende em frente à igreja matriz, cortada por algumas ruelas. São pequenas ruas bem calçadas, que servem para a passagem das pessoas e para organizar a distribuição de um belíssimo jardim, muito bem cuidado.  Ao longo dessas ruelas, muitos bancos de madeira maciça, sempre impecavelmente pintados de verde, atendem ao conforto dos frequentadores. A praça é a paixão e o orgulho dos moradores da cidade, que demonstram muito prazer em colaborar com sua conservação.

Existente há quase trinta anos e obedecendo a uma disposição harmônica e bem planejada de jardim, a praça ostenta árvores frondosas e bem copadas, que proporcionam sombra fresca e temperatura agradável nos dias de maior calor. Entre elas, dois ipês amarelos e um rosa encantam a todos na época de floração. O mesmo ocorre com os grandes arbustos de primaveras, de cores variadas, como o sulferino, o lilás e a cor de tijolo. Também não lhe faltam plantas menores, desde as rasteiras marias sem-vergonha que multicolorem canteiros mais sombreados, até outras maiores, como os hibiscos e as azaleias. Um canteiro especial de lírios da paz, bem protegido pela sombra das árvores, é simbolicamente o preferido do senhor vigário.

Muitos pássaros se abrigam e constroem ninhos entre os ramos das árvores maiores, longe dos espinhos ameaçadores das primaveras. São sabiás-laranjeira e bem-te-vis, pintassilgos, pardais e maritacas. Desde cedo, pela manhã, enquanto se alimentam com as sementes dos ipês e com os frutos das amoreiras e das pitangueiras que vicejam num canto da praça, a cantoria dos pássaros e o palrear das maritacas vão transformando o silêncio da madrugada em uma alegre e barulhenta sinfonia natural.

A missa das oito, anunciada pelo convidativo badalar do sino da igreja, todos os dias atrai várias pessoas, principalmente idosos que desejam ficar de bem com Deus, preparando-se para o que vem depois. Ao saírem da missa já encontram bastante movimento na praça, um ambiente familiar em que algumas jovens mães conversam animadamente entre elas, acomodadas em algum banco à sombra, enquanto observam os filhos pequenos que, alegremente, brincam ao sol, muitos jogando bola no gramado da praça, os minis Pelés e Ronaldinhos, outros se encarapitando corajosamente nos brinquedos do “playground”, os Homens-Aranha. As meninas, mais comportadas, usando normalmente as gangorras, balanças e escorregador, sem muitos delírios da imaginação.

Por volta das onze horas o movimento da praça diminui, está chegando a hora do almoço. No inverno a garotada fica com uma fome de leão. No verão fica muito quente, um forno.  As pessoas voltam então para as suas casas e a praça vive algumas horas de sossego, que se estendem até o final da tarde, quando se encerram as aulas do colégio e é a vez dos estudantes a ocuparem, encontrando-se para alegres e animadas conversas e muitos namoricos.

Às dezessete horas, religiosamente, o vigário assume sua posição num dos bancos, sempre o mesmo. Logo tira do bolso o seu breviário negro e inicia a sua leitura e as orações diárias. Quando termina, deixa-se ficar mais um pouco, às vezes em silêncio, apenas sentindo o prazer de estar naquele ambiente tão acolhedor; outras vezes, participa de conversas com os jovens, sempre muito proveitosas. A sua presença infalível, nesse período, já faz parte do cenário da praça.

Um pouco mais tarde, às dezoito horas, também religiosamente, o vigário retira-se para o jantar e mais algumas práticas antes do repouso. O barulho dos pássaros torna-se ensurdecedor, enquanto se recolhem para o período noturno. É quando também começa a se desfazer a rodinha de jovens, normalmente restando apenas alguns casais de namorados, que aguardam um momento mais romântico, ao escurecer e com menos testemunhas, para proferir as suas juras de amor e para intimidades mais ousadas, protegidas pela pouca iluminação das lâmpadas antigas da praça. Em breve, mais um presente da Natureza, o perfume de dama-da-noite toma conta do ar deliciando a quem o aspira.

Próximo à meia-noite a cidade dorme, esquecida da praça, onde a luz mortiça provinda das velhas lâmpadas projeta sombras fantasmagóricas, que parecem movimentar-se ao sabor da brisa que balança os ramos das plantas. A Praça torna-se um local triste, lúgubre e assustador. Ninguém ousa passar por ela, há muitas histórias e muitas lendas. Contam que antigos moradores da cidade, já falecidos, vagueiam pelas suas ruelas, esgueirando-se também entre as árvores. Houve quem dissesse ter ouvido gemidos lamentosos, plangentes, sinistros, vindos de lá.

De repente, com um soar macabro, o relógio da Igreja bate as doze badaladas da meia-noite, causando arrepios a quem o escuta. É a hora dos mortos, o alerta para que os vivos não se arrisquem a transpor os umbrais da Praça. Não há registros do que lá acontece depois.

Pela manhã os pássaros despertam, retomando a sua atividade alegre e buliçosa, sinalizando que é um novo dia, e tudo recomeça na encantadora praça de Lindo Vale.

 

A PORTA - Helio Fernando Salema

 



A PORTA

Helio Fernando Salema

 

Sexta-feira no início da noite, CRIS recebeu um telefonema de Sandra, que estava desesperada. Sua voz era trêmula, como o barulho das folhas das palmeiras em tempestade, e em alguns momentos interrompida por choro, como uma criança que não consegue separar o momento de falar e o de chorar.

Quase não conseguia explicar o que acontecera. Momentos de silêncio deixavam dúvidas e preocupações, várias vezes CRIS tinha que perguntar se ela estava se sentindo bem.

Quando finalmente, começou se acalmar, foi lentamente explicando o acontecido, a todo instante repetia palavras de ofensas:    

 “Aquele verme sem escrúpulos”, depois de 5 anos, resolveu terminar sem dar a menor satisfação, miserável…. Ele me paga…. Miserável.

Todo este desabafo sua amiga de infância ouviu atentamente. E a cada instante mais preocupada ficava. Não tinha a menor ideia de como socorrê-la.

Usando palavras de estímulo, lembrando a ela, que outrora já havia passado por maus momentos e teve forças para superar, certamente agora não seria diferente.

Depois de longos minutos, em que relatou tudo que lhe passava pela cabeça sem rumo, e ouvindo as palavras confortantes, aos poucos Sandra se deu conta de que o relacionamento chegara ao fim, mas na sua vida ainda havia muito chão para caminhar e água dos rios para ver passar.

Subitamente lhe surgiu uma ideia. Sair para uma balada para tentar se animar.

Mas, ao mesmo tempo, não se sentia forte o suficiente para ir sozinha. Apelou para a amiga acompanhá-la. O que, a princípio, esta não via o convite como algo bom para ambas.

O noivo da CRIS estava num congresso em outra cidade, só retornaria na próxima semana. Também porque não costumava sair à noite sem a presença do noivo. Nem frequentar baladas. Geralmente iam ao teatro, cinema e jantares com amigos. Tentou contatar com ele, mas em vão.

Não tendo outra alternativa, e diante da situação aflita da amiga, pensou na possibilidade de atendê-la. Mas colocou algumas restrições, como a escolha do local e não aceitar companhia de qualquer cavalheiro.

Assim, ao chegarem ao local da balada, escolhida por Sandra, CRIS percebeu que era um lugar que sua amiga conhecia muito bem.

Completamente avesso aos lugares preferidos por CRIS, que pensou até em desistir. Seria sair sem avisar a amiga ou inventar uma boa desculpa. Mas como ter certeza de que ela não ficaria aborrecida, sentindo-se abandonada? Ao perceber a mudança positiva de ânimo da amiga, preferiu aguardar.

Mas, finalmente, por mais que tentasse permanecer ali, não se sentia bem. Vendo que a amiga já arrumara um jovem para se distrair, decidiu ir ao toalhete e depois avisaria que estava saindo.

A casa estava lotada. Com muito custo, conseguiu seguir a indicação do letreiro. Ao abrir a porta, viu que era um corredor com várias outras portas, sem nenhuma indicação. Assustada ficou parada.

Poucos segundos depois, duas moças entraram pelo mesmo corredor, então decidiu segui-las. No toalhete ficou mais tranquila, principalmente por estar longe do barulho do salão, havia iluminação e perfumes que preenchiam o ar.

Pensou em ficar ali por um longo tempo ao invés de ir embora deixando sua amiga assim tão cedo. Comparando sua situação ali no toalhete, que não era nada agradável, era, porém, menos ruim do que a da amiga horas antes.

Até que entrou um grupo fazendo algazarra, não teve escolha, saiu. No corredor com tantas portas, com muita pressa e preocupada em encontrar a amiga na escuridão do salão. CRIS abriu a primeira porta que viu.

Ficou assustada ao ver que era uma sala, onde um casal, sem roupas, fazia amor tão caloroso que não perceberam sua presença. Muito assustada, não acreditava ser real o que estava vendo, parecia cena de um filme.

Quando o casal percebeu que estava sendo observado, houve um espanto, provocado pelo homem que reconheceu a CRIS, sua noiva.

Ela manteve a porta aberta ao máximo e imediatamente começou a gritar:

— Socorro…. Socorro!

Rapidamente apareceu um segurança, ela foi apontando para a sala:

— Foi dali…. Foi ela…. Um estupro …Estupro!

Vários outros seguranças foram entrando, seguidos por curiosos, ela aproveitou a multidão que lotava o local, logrou sair de mansinho, sem ser notada.

Com muito custo encontrou Sandra no salão e lhe disse que ia embora. Sandra a acompanhou. Na calçada encontraram um táxi, e foram para o apartamento de Sandra.

Lá chegando, depois de alguns minutos confortavelmente acomodadas, a sós e menos assustadas, CRIS pelo que viu, e Sandra pelo que não viu, mas sem entender o alvoroço da amiga para sair da balada tão depressa e nervosa. Ficaram por algum tempo em silêncio total.

Sandra aguardou até que tudo se acalmasse para perguntar o que aconteceu.

Após contar tudo com muita calma, como quem resignada, aceitava, o que sabiamente não tinha poderes para modificar. Ficou em silêncio, como se esperando uma resposta de Sandra.

Esta, mal acreditando no que acabara de ouvir e lembrando do sacrifício que a amiga fez para ajudá-la e também, pelo fato de que fora ela, quem sugeriu a balada, disse a CRIS que podia ficar ali aquela noite.

Foi uma noite difícil para ambas, que não conseguiram dormir tranquilamente. As lembranças atordoaram suas cabeças, ainda com dificuldades para se concentrarem em situações menos desagradáveis.

Na manhã seguinte, depois de um bom café e um momento de serenidade, Sandra deduz que seu problema já não era tão desastroso, como um terremoto, diante da situação de sua amiga.

Assim se sentiu em condições de ajudar. Iniciaram então a análise das possibilidades. Planos não faltaram. De comum acordo ficou decido que CRIS ficaria morando ali com Sandra.

 

Enquanto isso no apartamento de CRIS o telefone tocou e tocou por muitos dias. 


CABO DA ROCA - Alberto Landi

 




CABO DA ROCA

Alberto Landi

 

O cabo da Roca, é uma pequena península que se estende da serra de Sintra, a oeste de Lisboa, até o Atlântico.

A visão do sol envolto pela neblina nesse dia, parecia um disco de prata. O final da tarde era um espetáculo a parte, pois o sol refletia no azul e na vastidão do oceano, como uma bola de fogo cor de laranja.    

Localizado na freguesia de Colares, que faz parte de Sintra, a cerca de 40 km da região central de Lisboa e a 16 km de Cascais.

A visão que se tem dos paredões e rochas junto ao oceano é impressionante.

Camões já mencionava nos Lusíadas:   ¨Aqui é onde a terra se acaba e o mar começa.

Já diziam os poetas, que aqui é um promontório da lua.

A vista panorâmica também para a serra é fantástica.

A imensidão do oceano remete-nos imediatamente para uma reflexão pessoal e histórica sobre os descobrimentos portugueses.

É onde Febos repousa no oceano. Era o deus romano equivalente ao grego Apolo.

 

No céu, pairavam uma águia branca e dois falcões. Nos prados vizinhos, flores silvestres, arbustos de alecrim e amora, tremulavam na brisa.

Pelo caminho, em direção a feira dominical, um jumento puxava uma carroça carregada de legumes, limões, coentros. Do lado do mar, abaixo da falésia, contornando a costa de Cascais ouvia-se o chape chape lento dos barcos, que levavam o pescado para o mercado da Ribeira.

O cabo é uma grande falésia com mais de 140 metros de altura, é o ponto mais ocidental de Portugal continental e da Europa continental. Deste local ate Nova York, são aproximadamente 5.200 km de mar.

Este foi um passeio que me impressionou muito, devido a imensidão do oceano, falésias e a serra com sua imensa floresta.

 

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