A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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quinta-feira, 10 de junho de 2021

Samantha - Alberto Landi

 

Samantha

Alberto Landi

 

Desde os tempos de ginásio conhecia Samantha. Uma menina vaidosa, comunicativa, bonita, inteligente, muito querida pelos colegas e admirada por todos que a conheciam.

Ela estava sempre presente nos bailinhos que eu frequentava e era muito requisitada por conta de sua beleza.

Eu lembro perfeitamente que em um dos bailes que fomos, uma formatura como tantas outras que estava acostumado a frequentar, eu de terno básico e ela em um vestido preto, longo, “tomara que caia”, linda! Seu vestido resplandecia na luz negra.

Sorvi um gole de cuba libre para dar coragem e, finalmente, me dirigi aquela bela e estonteante mulher.

Os minutos... as horas se passavam, a música tocava e rodopiávamos pelo salão. Eu estava inebriado pelo seu perfume de lavanda.

A princípio notei certo ar de tristeza nela, perguntei o motivo e tive a resposta; simplesmente ela estava só e sua amiga teve um problema familiar.

Depois de algum tempo, seus olhos começaram a brilhar de alegria. Após algumas danças e trocas de olhares sentamos em uma mesa reservada.

Era muito euforia. Infelizmente depois daquele momento inesquecível, o nosso relacionamento não prosperou.

O tempo passou, e após o ginásio tomamos rumos diferentes na vida, não a vi mais. Mas, a doce lembrança continuou na minha memória, até que resolvi procurá-la.

Felizmente, encontrei-a cursando Direito na Universidade São Francisco.  Voltamos a nos ver com frequência.

Ela continuava elegante, conversadora, linda, os óculos escuros que usava, escondiam aqueles olhos verdes lindos mas davam-lhe um aspecto soberbo e inteligente.

Sentimos muita emoção, pareceu que o tempo não havia passado.

Nunca pude imaginar reencontrar uma amiga tão querida. Algo estava para acontecer. Não foi, no entanto, apenas a emoção de sua presença física, mas também acho que nos perdemos no tempo, pós ginásio.

Na minha memória ela continuava igual ao que era naquele tempo. Tudo isso agora veio à tona. Passamos momentos agradáveis, estávamos livres em um passado com muitas lembranças.

Nos bailes promovidos pela faculdade ela sempre se mostrava alegre, aceitando meus convites para dançar. Vestia-se sempre adequadamente com uma roupa que se moldava naquele belo corpo sensual.

O nosso relacionamento de amizade florescia a cada dia, até tornar-se um grande e verdadeiro amor.

Acho que até esse momento, não acreditava em destino.

Acredito que o Universo tenha conspirado para isso....

JANE A MULHER MARAVILHA - Henrique Schnaider

 


JANE A MULHER MARAVILHA

Henrique Schnaider

 

Jane desde pequena foi muito esperta, garota precoce, já queria namorar os amiguinhos. Na escola se sobressaía, ganhava todos os prêmios, era sempre a primeira da classe.

Seu pai era um rico empresário, porém muito ambicioso, não se contentava com o patrimônio que possuía, guloso queria sempre mais. Jane filha única, recebia todos os mimos.

Seu pai saiu fora dos trilhos e começou a entrar em negócios de ganho fácil e quando viu, estava enterrado até o pescoço. As dívidas cresceram e o dinheiro encurtou. Daí à ruína foi um pequeno passo.

A vida de luxo e riqueza para a família terminou. Veio a miséria e os problemas para Jane e seus pais. Precisaram da ajuda de uma tia rica para não passarem fome.

Jane nessa situação de penúria, teve que trabalhar cedo para ajudar a família e continuar os estudos. Como sempre foi uma menina desembaraçada, a jovem aos 15 anos conseguiu emprego rapidamente, e foi sucesso na Empresa, sendo logo promovida de cargo. E, aos 25 anos já ocupava a gerência com um bom salário.

Ela continuou os estudos e formou-se em Administração de Empresas. Mas, continuava aquela mulher agitada e muito esperta, moderna e bonita.

Namoradeira, trocava de namorado como quem troca de roupa. Por estes motivos já caiu na boca dos fofoqueiros de plantão. Apesar disso, suas amigas a invejavam pelo fato de conseguir se sobressair.

Mas, algo surpreendente aconteceu. Fiquei sabendo por uma amiga íntima dela e minha, já que trabalhamos na mesma empresa, que ela um dia ao telefone confessou que apesar de namorar muitos homens, ainda não tinha amado nenhum deles.

Jane continuou a namorar muito e nunca me olhou ou demonstrou interesse por mim. Eu antes mesmo de saber que ela ainda não havia amado ninguém, não tirava os olhos dela, pois ela era muito bonita, elegante e com um corpo esbelto. Além de todas estas virtudes era culta, tudo que um homem deseja em uma mulher.

Jane alcançou cargo máximo na empresa, ficando abaixo só do presidente, dono de todo aquele complexo financeiro.

Eu consegui um cargo Administrativo alto e os meus contatos com Jane foram cada vez maiores, pois as reuniões se tornaram constantes.

O meu amor por ela só crescia pela sua competência, e por se manter atraente. Finalmente, Jane começou a me notar com um certo interesse, além da troca de informações para melhoria da empresa. Até que um dia estávamos num papo descontraído, criei coragem e a convidei para jantar, e para minha surpresa ela aceitou.

Os jantares foram acontecendo de forma constante e, finalmente, o amor aconteceu. O meu amor por Jane é genuíno e ela, finalmente, declarou que eu sou o homem da vida dela e que me ama muito.

Nos casamos, tivemos 3 filhos e formamos uma bela família. Os pais de Jane faleceram e os meus também, todos bem idosos. Nos negócios estamos crescendo, pois, o Empresário, nosso patrão, resolveu se aposentar e nós compramos a Empresa,  e estamos nos expandindo para vários tipos de negócios, mas com muita cautela.

Somos felizes e temos tudo que queremos. Nossos filhos já todos formados, participam da nossa Empresa se preparando para nos suceder.

Presente pra toda gente - Helio F. Salema

 

 


Presente pra toda gente

Helio F. Salema

 

Claudinha adorava receber e dar presentes.  Quando ia à rua sempre parava em alguma loja. Observava, minuciosamente, cada objeto, e chegando em casa anotava num pequeno caderno os detalhes. Nas conversas com as amigas prestava muita atenção no que elas diziam sobre o que ganharam. Analisava cada informação que, posteriormente, seria incluída no caderno.

Quando necessitava presentear, a escolha era, cuidadosamente, depois de muito consultar suas anotações. Com toda certeza o presente agradaria.  Normalmente, provocava uma reação espantosa a quem recebia,  e às outras pessoas também.

Um dia uma grande amiga lhe perguntou como que ela conseguia escolher tão bem, já que para muitos, era uma tarefa difícil. Depois de hesitar bastante, resolveu revelar aquilo que na realidade nunca pensou em guardar como segredo. À medida que amiga folheava o caderno ficava mais admirada pelo que via.  Claudinha explicou como conseguiu reunir tudo aquilo, então a amiga pensou e resolveu perguntar se ela daria sugestões às outras pessoas. Novamente, hesitou um pouco, mas concordou.  Assim as outras amigas sempre que precisavam comprar presente primeiro a procuravam.  Algumas queriam saber outras informações, onde encontrar, e melhor preço, e isso fez aumentar os itens a serem pesquisados, o que tornou o pequeno caderno insuficiente

Numa das lojas, na qual pesquisava com frequência, uma vendedora lhe perguntou se era para trabalho da escola. Ela disse que não,  e explicou a finalidade. Enquanto fazia sua pesquisa a vendedora conversou com a dona da loja. A comerciante com larga experiência vislumbrou uma oportunidade. Foi até onde estava a menina, elogiou a disposição dela em ajudar as amigas, fez várias perguntas, principalmente, como era o contato entre elas.

Depois de ouvir atentamente, se colocou à disposição para entregar farto material sobre o que era pesquisado, concluiu dizendo daria desconto para quem ela indicasse. E uma comissão para ela.

Claudinha saiu da loja contentíssima e ao encontrar alguém logo revelava a novidade. Com isso, passou a receber, diariamente, várias pessoas interessadas.

Num dia, em que atendeu muita gente, estava em sua casa, Dona Helena, amiga antiga de sua mãe. Vendo todo o trabalho que dava para folhear, agora um grande caderno, pegar os panfletos e encontrar outras informações solicitadas, esperou ficar a sós com Claudinha, para perguntar por que não usava computador, onde teria tudo de maneira mais fácil e rápido. A mãe logo se apressou para dizer que já havia pensado nisso, mas o que ela recebia de pensão, como viúva, não sobrava o suficiente para tal gasto. Dona Helena, olhando para Claudinha, disse que tinha comprado um novo computador e que o antigo ainda estava funcionando. Ofereceu para que ela o experimentasse. Claudinha olhando para sua mãe e sorrindo, acenou com a cabeça. A emoção foi tanta que lhe faltaram palavras. D. Helena a convidou para ir até a casa dela para conhecer o velho computador.

Muito emocionada foi entrando, com o coração disparando e suando muito, louca para ver o presente que ela tanto desejava sem jamais ter revelado.

D. Helena o colocou numa mesa, ligou e pediu que ela sentasse na cadeira em frente. À medida que a tela do computador ia se alternando mais e mais emoção. Cada explicação era absorvida com facilidade, como se na imaginação das meninas, a muito aquilo lhe era familiar.

No mesmo dia estava o computador funcionando na casa da Claudinha. Poucas vezes ela precisou da ajuda de Dona Helena, que embora estivesse sempre à disposição, no entanto, as necessidades da Claudinha estavam aquém da capacidade de Dona Helena.

Passava várias horas consultando, pela internet, os mais variados artigos de presentes. Cada dia aumentava não só a quantidade como também a qualidade das anotações.

Certo momento, percebeu que seus conhecimentos de informática não eram suficientes para atender as necessidades do seu, agora, projeto comercial. Passou, então, a frequentar cursos de programação, adquirir livros, e se relacionar com pessoas que tinham interesses semelhantes.  Sua vida de menina de colégio foi-se transformando.

Finalmente, depois de muita dedicação conseguiu criar o aplicativo “cadernodepresentesdaclaudinha”

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