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quinta-feira, 11 de abril de 2019

FORTES EMOÇÕES - Hirtis Lazarin





FORTES EMOÇÕES
Hirtis Lazarin


     Chris só tinha dezoito anos.  Dinâmica e segura de si.  De personalidade forte vivia quebrando regras.  Era adepta do novo, do diferente, do secreto.  A rotina nunca fez parte de seu cardápio.  Jovem poderosa, se percebesse invasão à privacidade de sua alma, reagia com sarcasmo para proteger seus sentimentos.

     Sua beleza selvagem e cativante abria-lhe caminhos difíceis, transformando-os nos mais fáceis para se adentrar.  Os rapazes paparicavam-na e as meninas sentiam ciúmes. 

     Recentemente, a turma percebeu que Chris andava mais inquieta, mais impaciente e mais efusiva.  Somente Alice, amiga confidente, estava a par de que ela vivia um amor proibido, um amor bandido.  E, mesmo sabendo que Chris sempre buscava o incerto, o duvidoso, o arriscado, foram muitos os seus conselhos: uma desilusão, um adeus repentino ou a descoberta da traição.   O que importava pra Chris era rechear a vida com fortes emoções.  E, nesse momento, ela delirava de deslumbramento.

     Tudo começou no estacionamento do shopping, quando dois pares de olhos verdes se encontraram e aprisionados ficaram.  Eduardo era casado, quarenta e dois anos.  Nada disso impediu a troca de telefones e o primeiro encontro num hotel luxuoso.  O casamento perfeito do frescor juvenil com a virilidade masculina.  Era o jogo de sedução ininterrupto, o fascínio pelo proibido, as horas contadinhas no relógio para não se perder tempo com coisinhas.  O que importava era desfrutar emoções e prazer.  Cada encontro num ambiente novo e romântico, a fuga do cotidiano, um presente, uma flor.  E para apimentar a relação, criatividade é o que não faltava.

     Chris, mulher destemida e aventureira, escolheu viver esse momento intensamente.  Uma decisão consciente, sem promessas... sem compromisso.   Apenas viver...


EU SOU UMA PALAVRA - Hirtis Lazarin



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EU  SOU  UMA  PALAVRA
Hirtis Lazarin


     Eu sou uma palavra da língua portuguesa e tudo começou quando minha curiosidade despertou e eu quis saber exatamente o que sou e o que significo.

     Aconselharam-me a perguntar ao Google, mas a dificuldade no manuseio das tecnologias ultramodernas fez-me buscar outros meios.  E, num sótão empoeirado e invadido por traças famintas, encontrei um velho dicionário entre pilhas e pilhas de livros abandonados.  Abri-o com muito cuidado para não se desfazer em minhas mãos.  As folhas fininhas e amareladas mostravam o quanto fora usado.  Havia nele anotações, observações e muitas palavras coloridas com marca texto.  Emocionei-me e um nó formou-se na minha garganta quando li a dedicatória na contracapa:  "Eduardo, meu filho, na juventude, ganhei este dicionário do meu pai (naquela época poucos podiam ter um).  Você nem pode imaginar quanto me foi útil.  Espero que seja para você também.  Artur (02/03/1950)".

     Seguindo a ordem alfabética, encontrei-me.  Eu sou a palavra "FURACÃO".  Eu sou ciclone, tufão, tempestade, ventania devastadora.  Devastada ficou a minha alma.  Rancor e ódio vieram depois.  Tantas palavras lindas encontrei nas páginas e me presentearam com "FURAÇÃO".  Olha só as que rimam comigo: explosão, destruição, devastação.  Eu provoco medo, terror, pânico e morte.  Destruo tudo que vem a minha frente: campos e campinas, cidades e cidadãos, animais e plantação.  Eu sou odiada e creio que as pessoas nem ousam pronunciar meu nome.

     Encontrei no dicionário tantas outras palavras que eu gostaria de ser, mas o que me apaixonou mesmo foi a palavra "FELICIDADE".  Felicidade rima com serenidade, tranquilidade, bondade.  Lembra realização, paz, amor.          Frequentemente, as pessoas perdem-se por caminhos tortuosos em busca da felicidade, mas na verdade ela está sempre pertinho ou dentro de cada uma delas.  É só entender que felicidade não é ter o que se quer.  É querer o que se tem.  Uma simples bola faz um menino sentir-se o mais feliz do mundo.  Uma rosa faz da mulher romântica, a mais amada.  A volta do beija-flor e borboletas faz o jardineiro sonhar.

     "FELICIDADE" é poesia, é purpurinar o mundo de cor-de-rosa.  É vida.

     "FURACÃO" é tormenta, é guerra.  É morte.


O cãozinho aventureiro - Alberto Landi

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