A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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quarta-feira, 11 de outubro de 2023

AULA DE 11 DE OUTUBRO DE 23 - UMA POLTRONA QUE FALAVA MUITO

 






Vamos pensar como crianças.

Agir como crianças.

Escrever para criança.

 

Era uma vez uma poltrona imponente com espaldar altíssimo e braços enormes, que ficava no centro do salão real. O trono era vermelho, assim como eram vermelhos seus pés. Também era vermelho, o encosto curvo lembrava um velho acorcundando, e a língua que se sacudia dia e noite sem trégua.

A poltrona falava muito, falava o tempo todo, e fala muito alto...

Sobre o que ela falava?

Do que ela mais gostava?

Quem podia sentar nela? E quem não podia?

Até que um dia..... Algo aconteceu com a poltrona:

Um braço que se quebrou...

Uma invasão de cupim...

Foi considerada fora de época e jogada fora...

E o assunto dela mudou, agora falava sobre...

Ninguém mais suportava ouvi-la, e ela foi aos poucos, sendo abandonada num canto qualquer...

E...?


UM VELÓRIO INTRIGANTE - Helio Fernando Salema

 

 


UM VELÓRIO INTRIGANTE

Helio Fernando Salema

 

Antonio estava no velório do amigo, quase irmão, Lauro. A surpresa estava estampada nos rostos dos presentes, pois Lauro sempre gozou de boa saúde. Recentemente, fez check up e, muito contente, detalhou para todos os bons resultados dos exames.

Segundo familiares, na noite anterior, ele estava muito bem-disposto, inclusive fazendo planos para no dia seguinte quando consertaria o velho Jipe, já que pretendia participar de um churrasco na fazenda do Alberto no fim de semana.

Após o enterro, os amigos se despediram e partiram cada um para sua casa. Durante a viagem de retorno, Antonio demonstrava preocupação, sua esposa, também aflita, comentou:

— Segundo a cunhada do Lauro, o médico confidenciou, para alguns familiares, que, possivelmente, Lauro faleceu por volta das 6 horas da manhã, pois no celular havia uma resposta dele, às 5:48, para uma mensagem recebida na madrugada. Mas, o enterro aconteceu às 16 horas, ou seja, antes de completar 12 horas do possível momento do falecimento.

Após ouvir o que sua esposa acabara de falar, Antonio levou um susto, ainda bem que o carro já estava parado em frente a sua residência. Assim que entrou em casa, uma voz interna lhe martelava os pensamentos… “Ele foi enterrado vivo”.

Como não era ligado às coisas espirituais, não deu muita atenção. No entanto, aquela voz continuava e, cada vez mais, mexia com suas convicções. Foi até a cozinha, bebeu água, procurou alguma coisa para comer na geladeira, mas na realidade desejava mesmo era afastar aquele pensamento da sua cabeça. Várias vezes repetia. “Não acredito nessas coisas”.

Foi ver o cachorro que estava no quintal e se surpreendeu quando o animal olhou para ele de uma maneira estranha. Parecia querer dizer alguma coisa. Não brincou, como era habitual, permaneceu olhando para o dono com um olhar de súplica.

Lembrou que seus avós sempre mencionavam que o enterro deveria ser no dia seguinte, ou seja, depois de 24 horas. Subitamente um desespero tomou conta de Antonio. Saiu de casa, sem falar para a esposa, que estava no banho, entrou no carro e o mais rápido que podia chegou ao cemitério.

Os funcionários já estavam saindo. Antonio, muito aflito, pediu para que eles fossem abrir o túmulo, pois tinha certeza de que o amigo estava vivo. Os funcionários ficaram parados e surpresos, então Antonio explicou que o enterro aconteceu antes de 12 horas após o falecimento. Assim convenceu todos a acompanhá-lo até o túmulo.

Ao começarem o processo de abertura do túmulo, todos estavam assustados porque estava nítido um som de batidas. Antonio insistiu para abrirem rapidamente, pois o som das batidas era semelhante ao que ouvira em sua casa.

Conseguiram retirar o caixão, mas não tinham as ferramentas necessárias para abri-lo. Alguém pegou um martelo e começou a bater na tampa do caixão. Cada batida era seguida de outra semelhante. O pânico tomou conta de todos, e no desespero passaram a pisotear a tampa em uma tentativa desesperada de abrir o caixão. Finalmente conseguiram abri-lo.

Para alívio de todos, viram que não havia nada de anormal dentro do caixão. Sem saber o que fazer, ficaram em silêncio. Mas muito assustados, pois ainda ouviam as batidas. Por alguns segundos mais temerosos foram ficando. Até perceberem que as batidas vinham de uma obra próxima ao cemitério.

 

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