A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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quarta-feira, 12 de setembro de 2018

O MISTÉRIO DE PADRE AUGUSTO. - Do Carmo



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O MISTÉRIO DE PADRE AUGUSTO.
Do Carmo

Em uma pequena cidade do interior paulista, corria um boato muito estranho a respeito do pároco da igreja matriz, uma figura controversa, por conta de sua atitude taciturna, discreta, séria, porém solícita e sempre presente quando necessária: Padre Augusto, seu nome.

Há bastante tempo que as senhoras carolas, frequentadoras assíduas e obedientes a Lei Divina, comentavam com certa malícia, sobre um fato intrigante praticado por tão sóbrio senhor.

Pontualmente as portas da igreja eram fechadas e toda s as luzes apagadas, por volta das vinte horas, demonstrando que o padre Augusto estaria recolhido aos seus aposentos, que ficavam atrás da igreja.

Assim apresentado, as “carolas” eram faladeiras, pois muito natural era a conduta do padre.

Contudo, uma dessas respeitadas senhoras, de língua comprida, era mãe de uma professora de alfabetização de adultos, da escola municipal, cuja aula terminava entre dez e dez e meia da noite. Ela estava sempre acompanhada por alunos.

Certa noite, de inverno molhado, resolveu terminar a aula mais cedo, pois o frio era escuro e o ar alfinetado de umidade. Caminhavam a passos rápidos e subidamente, qual o espanto de todos, quando viram garbosamente o padre Augusto, acompanhado de alguns jovens, mais ou menos doze, entre meninos e meninas, entrarem sorrateiramente em uma casa totalmente as escuras.

Pararam atônitos. Os boatos tinham fundamento? O que significava aquela atitude? O que iria fazer com aqueles jovens? A professora foi a primeira que teve uma escaldante idéia para desmascarar o sórdido padre.

 Abriu o portão e com toda força feminina que possuía, esmurrou a porta que se abriu totalmente e marchando ferozmente, entrou em uma cozinha, fartamente iluminada e parou estupefata diante de uma grande mesa preparada para um jantar para mais mais de trinta andrajosos convidados, que iriam receber das mãos abençoadas do padre Augusto, uma suculenta sopa, com pãezinhos quentes, carne com batatas, arroz  e sobremesa de frutas.

Todos estavam assustados com a invasão desbaratada da professora, que sempre serena, estava totalmente irada. Envergonhada dos maus pensamentos quer tivera naqueles rápidos minutos, tenta desculpar-se, mas foi interrompida pelo sorridente padre, que calmamente e com um sorriso vitorioso nos lábios, diz :

- A senhorita e seus acompanhantes aceitam sentarem-se conosco e saborear um prato deste delicioso jantar, que toda noite com carinho fraterno, é feito  por estes meus jovens amigos de coração e fé?  

O VOO FRUSTRADO DO PADRE ANGELINO - Isabel Lopes


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O VOO FRUSTRADO DO PADRE ANGELINO
Isabel Lopes

Puxou a cadeira e deixou cair sobre o acento a batina, o amito, a alva e o cíngulo.

Aos domingos a missa costumava ser mais extensa e, no final da noite, Padre Angelino sentia o peso dos seus 65 anos, suportados pelas pernas cansadas depois de longas horas de sermão.

Tomou o banho morno e deixou-se cair na cama macia, com uma caneca de chá na mão.

Até meia noite daria para tirar uma bela soneca - pensou.

Havia dez anos que ele estava empenhado na construção secreta daquela engenhoca.

Desde menino, alimentava o sonho de um dia voar com um avião  feito pelas suas próprias mãos!

Padre Angelino sentia-se cada vez mais perto do sonho de ver sua Fly 2.2 alçar voo pelo céu azul de Campinas.

Os poucos anos na faculdade de engenharia, cursados antes da  ordenação, tinham-lhe servido de base para a construção daquele sonho: seu próprio avião!

Olhou o relógio na cabeceira e levantou-se apressado, com a urgência daqueles que não podem deixar o sonho lhe escapar pelas mãos.

Meia noite em ponto.

Vestiu-se e saiu sem fazer barulho. Fez a travessia pela rua, silenciosamente, tomando todas as precauções para não ser visto.

A vizinhança preferia acreditar que um padre não tinha vida própria e, se soubessem da sua invenção, na certa o tomariam como louco ou sabe Deus o quê.

Do outro lado do bairro, a fábrica abandonada abrigava secretamente o pequeno avião do padre Angelino, quase pronto para ser pilotado.

Quando iniciou sua construção, pensou detalhadamente em cada peça, deu formas às placas de alumínio e pôs cada parafuso no seu devido lugar.

Nas laterais, a frase: “O Senhor é meu Pastor e nada me faltará”e em uma das asas suas iniciais.

Tudo bem planejado.

Só não havia planejado aquilo...

Seus passos antes apressados, agora davam lugar a passadas lentas, quase rastejantes...atônito, constatou: era a fábrica em chamas! E lá dentro seu avião!!!

Esforçou-se para não chorar. Não pegaria bem para um padre.

De longe pôde ver o Fly 2.2  tombando  entre os escombros!

Bombeiros  já tinham sido acionados, o fogo estava sendo dominado.

Antes de ser notado, padre Angelino pôs-se a fazer o caminho de volta, resignado.
Depois de alguns dias, voltou ao local e apanhou partes do avião que havia resistido ao fogo e começou a pensar em uma nova invenção...

Depois de duas semanas, as crianças da igreja  já estavam sendo presenteadas com miniaturas do avião Fly 2.2.

Esse padre Angelino é mesmo atencioso! Foi comprar brinquedinhos para as crianças, comentavam felizes as mães.

Padre Angelino olhava aquelas miniaturas um tanto desapontado.

Ainda não seria dessa vez que iria voar!


SÓ DEUS PODE - Henrique Schnaider



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SÓ DEUS PODE
Henrique Schnaider


Lina era um robô que foi construído à imagem e semelhança da mulher.

Ela foi levada para morar em uma cidade onde ninguém sabia sua origem.

Era tão perfeita que chegava a confundir as pessoas que a julgavam uma linda e doce menina de 8 anos.

Lina não fazia ideia de sua origem, se integrou às meninas de sua idade, brincando, procurava imitar o que todas faziam, jogos lúdicos, bonecas, se agitava, corria, brigava, mas era a mais inteligente, mente brilhante.

Logo suas amiguinhas, ficavam a sua volta, ávidas por suas explicações, ela sabia de tudo, mas não tinha sentimento, afinal era um robô, só imitava as amiguinhas.

Lina ficava alegre na hora da saída, ao mesmo tempo, sentia algo diferente das outras meninas, pois todas as crianças esperavam a chegada de seus pais, ela apenas ficava aguardando por um funcionário da Empresa Robotics.

Os cientistas desta Empresa, quebravam a cabeça para conseguir introduzir nos seus robôs, algo que lembrasse pelo menos, alguma coisa semelhante ao sentimento.

Mas parece que existe acima de nós, pobres mortais, mente mais poderosa, inexplicável para eles.

O sentimento é para as pessoas de fé, aquilo que ganhamos de Deus.

A Robotics brinca de ser Deus, mas nunca conseguirá aquilo que só Deus realiza.

A LINGUAGEM DO AMOR - Isabel Lopes



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Eu te amo


A LINGUAGEM DO AMOR
Isabel Lopes


A boca fala do que o coração está cheio”, dizia aquele versículo da Bíblia Sagrada.
Amanda terminava a ministração daquela palestra cristã em libras, com essa citação e, entre aplausos e felicitações, sentia-se grata pela oportunidade que havia recebido da Associação dos Deficientes Auditivos de sua cidade.

Amava esse versículo de uma maneira muito particular! Para ela não só a boca, mas também as mãos, falavam daquilo que está cheio o coração.

Desde que fora diagnosticada com Otosclerose, uma doença do ouvido médio que causa surdez progressiva, ganhara preciosas aliadas: suas ágeis mãos, encarregadas de facilitar sua comunicação.

Ela orgulhava-se de seus dedos longilíneos e das unhas bem cuidadas e, por saber que suas mãos eram sua ferramenta de contato com o mundo externo, tratava-as bem.

Em meio a tantos desafios que a vida lhe impusera, Amanda havia descoberto o encanto que esse mundo silencioso oferecia.

A perda gradual da audição proporcionou-lhe uma percepção diferenciada do mundo ao seu redor e era com suas mãos que ela o explorava.

Com elas, assim como faziam as outras pessoas: acenava, tocava, acariciava...mas o que fazia suas mãos serem diferentes das mãos dos das pessoas ouvintes é que  suas “falavam e ouviam”!

Num bailado frenético e ritmado, suas mãos iam projetando palavras e frases que expressavam suas emoções, opiniões, alegrias e tristezas em uma tela imaginária.
Como era fascinante se fazer entender! E que bom poder compreender o que os outros diziam.


Amanda tinha descoberto que as mãos das pessoas diziam muito a respeito delas e se pusera a observá-las, secretamente.

Mãos pequeninas, em particular, a fascinavam! Suas donas normalmente eram crianças ruidosas, que mergulhavam dedos apressados em baldes de pipoca.

E tinham as mãos com veias saltadas e manchas senis no dorso: essas eram as de sua mãe e, quando acariciava seu rosto, tinham um perfume que lembrava as manhãs de outono.

Como seria a mão de Deus? Pensava. Só sabia que eram mãos grandes, pois sentia-se sustentada e amparada por elas!

Lembrava-se agora de como havia conhecido Juliano naquele ponto de encontro da comunidade surda, no shopping...lá se iam dois bons anos!

Mãos fortes, ora amparando a cabeça displicente que pendia para um dos lados do corpo; ora mergulhadas no espaço, dizendo coisas enquanto sorria.

A amizade era profunda, o carinho mútuo. Tinha vontade de se declarar, mas até ali tinha lhe faltado coragem...

Mas não naquele dia! – decidiu, batendo a porta atrás de si.

O shopping era próximo, ela estava ofegante.

Chegou quase correndo e cumprimentou o grupo, disfarçando a ansiedade.

Juliano estava na mesa ao fundo, como se a esperasse.

Quando percebeu, estava diante dele. Seus lábios silenciosos se moveram, seus olhos brilhavam e suas mãos, enfim, falaram daquilo que estava cheio seu coração!
Com um doce sorriso, fechou o punho delicadamente e levantando os dedos mínimos, indicador e polegar ela se declarou na linguagem dos sinais.

Juliano entendeu a mensagem em libras:“eu te amo!” e sorriu retribuindo.
Deram- se as mãos e um beijo os uniu.

Não houve mais dias infelizes depois daquele dia.


INACREDITÁVEL - Hirtis Lazarin



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INACREDITÁVEL
Hirtis Lazarin

Dinho que já foi Nandinho e que nasceu Fernando foi abandonado num orfanato nos primeiros dias de vida.

A freira Tereza encontrou-o num carrinho confortável e preparado com todo cuidado.  Ao lado, uma mala com roupinhas finas e todo treco que um bebê necessita.

Aquela coisinha fofa causou um rebuliço no orfanato  Os indícios eram que pertencia a uma família abastada.  Nunca conseguiram localizar sua origem e Dinho cresceu ao lado de outras crianças sem família.

Ainda pequenino, já se sobressaia nas missas rezadas na capela.  Decorava num estalo as músicas cantadas e não desgrudava do moço do violão.

Na sala de aula, enquanto o professor ensinava, ele perdia-se em pensamentos que percorriam distâncias e os dedinhos tamborilavam na carteira.  E as lições... sempre incompletas.  Foi até diagnosticado como portador de "déficit de atenção".  Mas a freirinha Bety, sensível e observadora, corrigiu o falso diagnóstico, presenteando-o com um violão.  O menino sarou.

Dinho, o violão e a música nunca mais se separaram.

Corria solto por todos os cantos colhendo sons que a natureza lhe oferecia: pingos de chuva batendo no telhado, o farfalhar das folhas tocadas pelo vento, o canto afinado das aves (era apaixonado pelo bem-te-vi), o vento forte que arrastava coisas.  Sua inteligência musical permitia-lhe identificar sons, sequências musicais, ritmos e timbres.

Tudo se transformava em notas musicais que viravam melodias.  E as melodias eram reproduzidas no violão.  Dinho fazia o violão chorar ou cantar de alegria. Música e letra brotavam e germinavam sem o mínimo esforço. E os dedinhos, embora ágeis, ainda não conseguiam alcançar todas as cordas do violão.

Começou a ser convidado pra tocar em missas solenes.  Foi avaliado por "experts" em música.
 
Um menino prodígio.  Era muito mais que talento.  Era um dom. Talento a gente conquista com esforço e persistência.  Dom é nato, é dádiva, é presente.

Mas de onde veio esse garotinho tão valioso?  Quem seriam seus pais?  Que tristeza uma mãe não ter essa preciosidade em seus braços!  Foram várias tentativas pra encontrar essa família...

Bem longe dali, um homem morria num leito de hospital.  Sua filha Verônica, sua única companheira.

A doença consumia-lhe a carne e o remorso consumia-lhe a alma. Não morreria em paz.

Antes da hora derradeira, puxou a filha pra junto de si e balbuciou algumas palavras.  Ela aproximou-se mais até entender aquele emaranhado de sons.

Verônica deu um salto transtornada.  Passou da lucidez  à loucura, da razão à ignorância, do silêncio ao gemido de muita dor, do gemido ao choro compulsivo.

  Não podia acreditar que seu pai foi capaz de tamanha crueldade com ela, sua única filha.

Agarrou-o pelo pescoço como se fosse enforca-lo, mas o corpo já estava morto.

A moça partiu na mesma noite.  Engravidou jovenzinha.  O pai, rico empresário e conhecidíssimo na alta sociedade, não suportou a ideia de vê-la casada com um simples guitarrista de banda.  Levou-a pra bem longe e no hospital, após o parto, Verônica foi avisada pelo próprio pai que o bebê nasceu morto e com problemas na formação.  Não seria aconselhável, segundo os médicos, que ela visse o feto.

Ele desapareceu com a criança, abandonando-a num orfanato.

Incansáveis noites perdidas chorando pela perda do menino.  Quanto sofrimento por nunca tê-lo colocado no colo, nunca tê-lo abraçado.  Agora, finalmente, iria encontrar o seu menino, o Dinho, agora com oito anos.  A maior preocupação seria recuperar todo tempo perdido.

Verônica dedicava-se à música desde os cinco anos de idade e hoje é a primeira violoncelista da principal orquestra sinfônica do país.

O PADRE MISTERIOSO - Henrique Schnaider



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O PADRE MISTERIOSO
Henrique Schnaider

Elza era uma mulher atraente, sua beleza resplandecia em  botões de rosa se abrindo para a vida. Trabalhava no campo, na fazenda de seu pai, colhendo maçãs, seus traços belos e rústicos, chamavam atenção daquele condado.

Todas as tardes, Elza pegava sua charrete, encilhava seu belo alazão cor de mel, ia passear pelas ruas do condado, fazer suas compras, prosear com umas amigas e porque não, desfilar sua beleza, perante os rapazes que só tinham olhares gulosos para ela.

Entrava no armazém do senhor Mauro, sempre religiosamente as quinze horas, assim que aparecia na porta, todos olhares, se voltavam para a sua beleza reluzente.

Terminadas as suas tarefas, voltava para casa, para ajudar sua mãe nos afazeres, inclusive o jantar, já que a garota era cozinheira de mão cheia.

Assim que chegou, Elza disse a sua mãe: “sabe que eu vi lá Igreja, que vai ter um curso profissionalizante, eu gostaria de fazer, começará a semana que vem, será dado pelo padre Luiz, que ainda não conheci”. Irene a mãe lhe disse, “filha, se te agrada fazer o curso, vá e faça”.

A garota na flor de seus dezoito anos, com a inocência de uma mulher interiorana, sonhava em achar seu príncipe encantado, construía seus castelos de sonhos, imaginando como seria lindo seu amor, pai de seus futuros filhos.

Assim Elza adormecia, embalada por seus sonhos encantados, dormia cedo, já que acordava no primeiro trinado, daquele pássaro azul, que sempre no mesmo horário pousava no parapeito de sua janela.

Na semana seguinte, Elza foi ao condado, pois iniciaria as aulas com padre Luiz, ansiosa para aprender uma profissão.

Chegando a Igreja foi direto a sala de aula, assim que entrou viu o padre, ele também percebeu, seus olhares se encontraram, foi como, cupido os tocasse, ambos sentiram um frio na espinha.

Durante a aula várias vezes seus olhares se cruzaram. Padre Luiz pensava, “não posso olhar esta mulher com os olhos do amor, mas não consigo evitar”, Elza por sua vez imaginava, “como posso me sentir atraída por ele, já que antes de ser um homem, é um padre, mas não consigo resistir”.

Os dias se passaram, a atração de ambos aumentava, até que acabaram se encontrando no campo, fora do condado, não resistiram, esqueceram de tudo que os impedia, se abraçaram, trocaram doces beijos, a paixão aflorava intensa, ficaram horas se amando.

Padre Luiz, pensava em abandonar a batina e se casar com Elza, ela por sua vez não via a hora disso acontecer.

No povo do condado, a fofoca rolava solta, corria de boca em boca, na missa com o padre, o burburinho não parava, a coisa foi ficando difícil, mas enquanto a situação não se resolvia, toda a madrugada um misterioso padre cruzava a pequena rua do condado. Fazia a travessia silenciosamente, tomando todas as precauções para não ser visto.

A FADINHA FILI - Henrique Schnaider


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A FADINHA FILI
Henrique Schnaider

Tinha um voar sutil e silencioso, batia vagarosamente as asinhas transparentes, enquanto cantarolava. Era astuta, ágil quando precisava ser. Delicada e serena sempre. Aspergia gotículas de alfazemas quando espirrava. Fili era uma fadinha apaixonante.

Na verdade, ela era a famosa fada Sininho, quando nasceu num berço resplandecente, seu primeiro nome foi Fili, mas Peter Pan a chamava de Sininho.

Companheira do famoso herói, (o menino que se recusava a crescer), participava de todas as aventuras dele, em suas intermináveis lutas contra o Capitão Gancho.

Desta vez, Sininho voava em círculos sobre a cabeça de Peter Pan, aspergindo milhares de estrelinhas brilhantes que traziam ao ambiente uma luz inebriante para os olhos de quem via.

Iriam para a terra do nunca, pois o temível Capitão Gancho tinha tomado como reféns os meninos perdidos do mundo, urgia que fossem para lá mais uma vez, para enfrentar aquele gênio do mal.

Partiram num piscar de olhos. Chegaram de mansinho, tomando todo cuidado para não serem percebidos, já que os homens de Gancho, se espalhavam por todos os cantos.

Sininho recolheu as asas para não ser reconhecida, permanecendo nos ombros de Peter Pan.

Eis que de repente dão de cara com o temível Capitão Gancho, a luta se inicia de forma feroz, voando coisas para tudo que é lado.

Peter Pan com sua espada, e agilidade, deixa o Capitão tonto, com tantas manobras, sininho voa ao redor do temível bandido do mar, soltando fumaças pretas com um odor ruim, cegando o bandido, que não parava de tossir, permitindo ao nosso herói, amarrar o danado do Gancho, garantindo uma vitória rápida.

Preso o facínora, soltos os meninos perdidos do mundo, a festa começou, foi deslumbrante, a felicidade se espalhava por todos os cantos.

Peter Pan, Sininho e os meninos perdidos, resolveram ficar por um tempo na terra do nunca, aproveitando as coisas gostosas, o aroma que dominava o ambiente, com milhares de flores, dos mais variados perfumes, também os amigos que existiam por lá, gratos para sempre, por livra-los do inimigo mortal e terrível, Capitão Gancho, que iria passar uma temporada na prisão.


Um tacho com 77 vassouras! - Marilda Borelli Machado de Almeida.


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Um tacho com 77 vassouras!
Marilda Borelli Machado de Almeida.

Ela sempre foi assim! Desde pequena imitava o que acontecia ao seu redor, tudo à sua moda. Sua mãe professora a deixava com a babá  que a colocava para dormir após o almoço. Por sua vez, ela punha no berço suas bonecas e ia para o quintal ver o que sua pajem estava fazendo. Podia então brincar de casinha à vontade, com sua vassourinha limpava a casa, colhia hortelã para o chá e ia lidar com suas panelinhas. A preferida era a chaleirinha, seu tacho! Dava banho literalmente nas bonecas das irmãs, deixando-as irreconhecíveis. Acordava as suas e a todas servia o chá de hortelã. Conversava com elas, ensinando boas maneiras, fazer lição, vestir-se para a escola. Colocava-as em fila, examinava o uniforme e ralhava com elas quando não se comportavam bem! Aos domingos todos iam à Missa...Gostava muito das coisas do céu, por isso queria que suas crianças fossem junto. Aí estava realizada. ...Cresceu nesse ambiente de paz, foi para a escola, formou-se, casou e assumiu sua vocação de mãe, cozinheira, bruxa... Seus filhos logo perceberam e carinhosamente sempre a identificaram com o tacho, a vassoura. Assim, neste seu último aniversário, convocaram suas amigas e sugeriram uma festa surpresa: o bolo seria um tacho decorado com bruxinhas, as lembrancinhas, vassouras! Na hora de apagar as velinhas, a mãe, de vassoura nova, com suas 77 vassourinhas resolveram sair pela janela e a festa no céu foi um sucesso! Com esse sonho, até pensou que fosse verdade...Mas estava acordada, sentada na cama, terminando de escrever este conto!

PS:-Fada madrinha e Bruxa pertencem ao mesmo mundo infantil!  Hoje meu tacho é um Ipad!   

      A bruxa Abigail.

Quem era ela? - Hirtis Lazarin

  Quem era ela? Hirtis Lazarin     A rua já estava quase deserta. Já se ouvia o cri-cri-lar dos grilos. A lua iluminava só um tantin...