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quinta-feira, 19 de agosto de 2021

ZÉ BANANA - Henrique Schnaider

 


ZÉ BANANA

Henrique Schnaider

 

Carlos Gonzaga, apelido de infância (Zé Banana). Hoje grande artista, escultor famoso e pintor e respeitado e admirado. Já realizou várias exposições de suas obras, tanto de esculturas como pintura de quadros da natureza.

Atualmente trabalha em sua obra prima. É a pintura da floresta da Gávea. Para isso resolveu acampar no centro da mata. Ele quer viver e sentir na pele o quadro que está pintando. Ouvir os sons e os piados que vem de lá.

O Zé Banana montou uma barraca e aproveita o que a mata pode oferecer. O vento as vezes assobia nos seus ouvidos e a chuva molha seu corpo em dias chuvosos. A preocupação principal é proteger a sua obra das intempéries.

Um macaquinho visita o Zé Banana todas as manhãs fazendo micagens. Tornou-se um amigo curioso para ver aquilo que ele está tentando pintar e até parece que o símio entende e analisa a obra. Um papagaio tornou-se um frequentador do local, pousa na barraca e taramela, curupaco  papaco,  curupaco, papaco. Parece que ele tenta se comunicar e dar também a sua opinião.

Todos aqueles bichos amigos injetavam energia e inspiração para ele. Mas o Zé Banana não tinha pressa, demorasse o que demorasse, ele iria continuar ali e só iria embora do local, quando terminasse de realizar a sua inspiração.

O Zé Banana nasceu num lar pobre. Seu pai saia todas as manhãs com um carrinho de mão cheio de bananas. Que colhia na plantação nos fundos da casa, para vender. Todo mundo já conhecia a sua cantoria “Olha a banana, olha o bananeiro, eu tenho bananas pra vender”. O pai do Zé só voltava no fim da tarde, quando o carrinho ficava vazio.

Como o Zé vivia comendo bananas e estava sempre com uma na mão. Seus amiguinhos lhe deram o apelido carinhoso de Zé Banana. Mas ele era um artista nato. Tinha uma energia desconhecida, que o levava a fazer figuras de argila que ganhava na Escola e folhas de papel para fazer desenhos.

Os pais dele perceberam a vocação do menino e fizeram um esforço com os seus parcos recursos. Matricularam o filho numa Escola de Belas Artes. O menino Carlos não cabia em si de felicidade por estar aprendendo a desenvolver a arte que explodia de forma desordenada dentro de si e só precisava de um professor para pôr as coisas no devido lugar.

Este dom só podia levá-lo à glória de ser um grande artista. O prêmio viria com o tempo. O Zé tinha tudo e como tinha tudo para ser um artista famoso, ele conseguiu chegar lá.

Hoje o dia amanheceu com um sol resplandecente e os bichinhos seus amigos, já estão ali para a visita diária, e o Zé sentiu uma tristeza profunda por estar de saída. Sua obra está terminada e parece que o macaquinho dizendo, uuáá, uuáá, e o papagaio curupaco paco curupaco paco, admirados, estão aprovando a arte.

Nos anos vindouros o Zé Banana, que de banana não tem nada, vai atingir os píncaros da glória e sua obra prima tão valiosa provavelmente valerá milhões de dólares. 

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