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segunda-feira, 27 de março de 2017

A FESTA - Christianne Vieira

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A FESTA
Christianne Vieira

Clara levantou  cedo, estava muito animada, teria um dia cheio de compromissos  e uma festa a noite.

Pensara a semana toda no que vestiria, e desejava ser a mulher mais bonita da noite. No metrô, indo para a faculdade, pensava em seu armário e com a ajuda de uns looks, que vira em uma postagem, combinava suas peças.

Tinha uma grande amiga, Paula. Elas se conheciam desde o primeiro ano da faculdade, e agora, que já estavam quase se formando, eram inseparáveis.

Elas estudavam moda, o que tornava ainda mais difícil se imaginar maravilhosa em uma roupa. Passavam os dias montando figurinos, com  assistentes  na produtora onde trabalhavam.

Conviver em uma ambiente, repleto de celebridades, tinha um alto custo. A exigência era enorme, o tempo corrido, as produções,  feitas da noite para o dia com os prazos curtos demais.

Paula, vendo que Clara havia chegado muito preocupada, se aproximou da amiga, querendo saber o motivo? Clara lhe contou que a festa da revista que iriam a noite, teria muitos famoso, e mulheres lindas, bem vestidas, por mais que ela tentasse, não conseguia montar um look apropriado.

Ela sabia que encontraria Ronaldo, sua paquera  há muitos meses. Queria impressioná-lo, e estar maravilhosa.

Paula se lembrou de um vestido que uma loja nova havia mandado como amostra de sua nova coleção. Era de cor azul marinho, com caimento perfeito, nem justo, nem largo, ficaria lindo em Clara, já que ela tinha olhos azuis, e cabelo loiro cacheado.

Ela o experimentou, e por ser bem magra, ficou perfeito. Faltava um sapato, uma bolsa de mão e uma maquiagem bem feita.

Mas como ela poderia usa-lo?

No inicio, Clara não queria, mas depois, pensou melhor, e imaginou que esse empréstimo, não estaria lesando ninguém, ela era uma pessoa honesta e trabalhava na produtora há três anos. Cansara de ver roupas serem emprestadas.

Foram para casa, se arrumaram e partiram para a festa.

O evento aconteceria em um casarão antigo, com pequenos traços do já modernismo arquitetônico, decorado em estilo anos vinte desde a fachada de pedras com videiras até o cortinado pesado que cobria as imensas janelas. A banda tocava   Louis Armstrong ao vivo no jardim de inverno, e o estilo quase clássico dominava o ambiente.

As celebridades da moda, bafônicas, esbanjando  sensualidade, em vestidos de alta costura.

As amigas maravilhadas, estavam muito felizes, e saboreavam cada flash, cada minuto. Clara procurava por Ronaldo, já havia passado por todas as salas e não o vira.

A noite estava muito quente, e com tantas luzes, parecia ainda mais. Depois de várias tacas de espumante, Clara resolveu dançar, seria uma boa ideia para esquecer seus contratempos. Foi quando viu Ronaldo, ele estava aos beijos com uma ruiva.

Em um minuto tudo desmoronava, e seus sonhos com a noite especial, desapareceram.

Muito decepcionada, resolveu que seria uma ótima desculpa para beber ate não aguentar mais. Paula tentou em vão dissuadi-la, mas foi impossível. Após algumas horas, ela levou Clara para tomar um ar no Jardim, pensou que seria apropriado ela sentir a brisa, encher o pulmão de ar puro. O mundo dela estava do avesso, investira nesse sonho durante meses, pensava que essa noite conseguiria se aproximar dele.

Sentaram então no banco, os olhos de Clara cheios de lagrimas, o coração apertado, fechou os olhos, e adormeceu.


Quando acordou de um sono breve, não se lembrava de nada, a amnésia  era como um balsamo para aliviar a sua dor.

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