A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

AINDA HÁ TEMPO PARA AMAR - CONTO COLETIVO 2011

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

BIBLIOTECA - LIVROS EM PDF

quinta-feira, 22 de junho de 2017

O sonho de Mara! - (Amora)

Resultado de imagem para escritora

O sonho de Mara!
(Amora)

Desde pequena, Mara gostava de ouvir e contar histórias.

Quando entrou na escola, iniciando as primeiras letras, inventava pequenos textos, que, mesmo não bem escritos, para ela, significavam alguma coisa.

Ora um bichinho de estimação, uma boneca maltrapilha, uma casa de fazenda, crianças brincando, sempre imaginando começo, meio e fim.

Com a leitura e escrita, no decorrer dos anos, foi aprimorando seus conteúdos e escrevendo histórias bem elaboradas. Passou logo da fase infantil para juvenil e adulta.

Isso fez com que se tornasse conhecida como boa aluna em literatura, ganhando desde cedo valiosos prêmios.

Incrível e espantosa a facilidade com que escrevia, aceitando qualquer tipo de tema e recebendo muitas ofertas para participar de jornais e revistas.

Suas colunas, muito apreciadas, eram devoradas pelo público, desde frequentadores de bibliotecas, até ambulantes.

Sua habilidade como escritora chegou ao máximo, quando recebeu o maior prêmio dedicado à literatura, o Nobel,  suíço, pela ficção e descrição de uma viagem interplanetária, preocupação de alguns países ricos, no momento. Teve com ele o maior índice de vendagem. Fazia com que o leitor se transportasse para uma nova realidade, sentindo e vivenciando cada passagem lida.

Essa vida de escritora famosa modificou-se de repente.

Um impedimento ocular, transformando-se em doença rara, fez com que interrompesse suas atividades, deslocando-a para lugares de tratamento e tentativas de melhora.

Seu abatimento físico e moral foram grandes. Parar de escrever, a razão de sua vida.

Em tratamento, dedica-se a palestras para estudantes, ensino de elaboração de textos e correções para escritores iniciantes. Adapta-se, pouco a pouco, à nova vida, aceitando as dificuldades impostas pelo destino, recebendo talvez por isso, a mesma consideração e respeito de sempre.


Sua vida se tornou exemplo de força de vontade e capacitação à deficiência sentida.

BRUXA DISSIMULADA - Do Carmo

Imagem relacionada

BRUXA DISSIMULADA
Do Carmo


Eu nasci estranha. Minha mãe sempre repetia isso.

Mas, convivia muito bem com meus amigos.

Sempre achei que era uma meiguice em pessoa.

Por muitos anos tive que dormir no sótão, minha mãe tinha medo de mim.
Tinha dias que eu sumia de casa e voltava transformada, cheia de ódio.

Pensava que saindo sem rumo, aliviaria a humilhação que minha mãe me fazia passar na frente de meus amigos.

Ledo engano, eles começaram a acreditar que eu era realmente uma bruxa dissimulada.

Um dia provarei que não sou nada disso, em todas as hipóteses.

E vai ser hoje, no aniversário de minha mãe, que vou conseguir mostrar o que queria que todos pensassem.

Em plena festa, na hora da música de parabéns, na frente de todos, abrirei minhas asas e sairei voando 

O SEQUESTRO - Do Carmo


Resultado de imagem para mulher sendo sequestrada

O SEQUESTRO
Do Carmo



Que susto, nunca pensei que chegaria aqui.

Sequestraram-me em plena avenida, colocaram-me à força dentro de um carro escuro e passaram uma venda em meus olhos.

Que lugar é este! Qual o motivo dessa barbaridade?

Deveria estar com medo, mas não estou, pelo contrário, estou curiosa para ver até onde chegarão.

Encontro-me num salão iluminado, todo colorido, com bela música e odaliscas dançando.

Fico estupefata ao ver na parede um enorme quadro, com moldura dourada, é uma pintura a óleo e nele a imagem de Eli, meu ex namorado.

Ah! Agora entendi, sentiu a minha falta.


Eli apareceu com roupas diferentes. Aproximou-se, pegou a minha mão e disse que havia herdado grande fortuna de um antepassado árabe. Foi buscar-me, pois dentre todas as mulheres de seu harém, amor ele só tinha por mim. 

EM VISITA A UM MUSEU. - Do Carmo


Resultado de imagem para sheik de agadir

EM VISITA A UM MUSEU.
Do Carmo

Em viagem ao deserto de Saara, visitei muitos lugares interessantes. Mas, Agadir trouxe-me lembranças de minha sonhadora adolescência.

Além dos livros que faziam parte do programa escolar, a professora de Português pedia que, nas férias, lêssemos dois títulos de escolha aleatória, os quais fariam parte de prova oral.

Antes de terminar o semestre, consultei a biblioteca do colégio e encontrei um título que me interessou “O Sheik de Agadir”, não lembro o autor.
 
Apaixonei-me pelo protagonista, sonhava com o príncipe do deserto, de pele queimada de sol, cavalgando um alazão negro. Ao devolver os livros, a bibliotecária perguntou minha opinião sobre as leituras. Meu coração pulava no peito sempre que falava do Sheik. Sorridente contou-me que tinha a continuação do livro, “O filho do Sheik”, imediatamente peguei-o e li com voracidade. Mais e mais me emocionava com aquele desmedido amor.

Do segundo livro, esqueci completamente.

De repente, saio do torpor das recordações, pois vejo misturado com peças muito antigas, a lendária “Lâmpada de Aladim”, com placa de identificação como sendo autêntica.

Ah! Se eu pudesse comprá-la, realizaria um sonho de mais de cinquenta anos acalentados.


O DUAS CARAS - Francisco Lucio Pereira


Resultado de imagem para macaco e homem
O DUAS CARAS
Francisco Lucio Pereira

Ao ser apresentado a alguém, ele olhava de cima para baixo, com aquela cara séria esquisita, alguns mais ousados diziam:

— Ta me medindo por que vai me dar um terno?

A resposta era imediata:

— Quem sabe, um terno de madeira!

Assim era o senhor Ricardo, dono de muitas terras no interior de Pernambuco, ainda na época da escravidão.

Os escravos eram tratados com rigidez. Alguns até eram colocados no tronco por desobediência, outros sempre acorrentados.

Ele dizia que os negros de canela fina eram fujões, por isso aquele tratamento. Com os familiares, cara sempre fechada. Só com poucos mudava por pouco tempo.   

Os filhos começaram a ir embora. Até a esposa também.

Sozinho, amargurado, começou a andar pela floresta. De repente viu vários macacos, um estava quase morto caído, chegou perto, os outros correram.

O fazendeiro levou o bicho para casa tratou-o, e ao se recuperar o macaco disse gritando com medo:

— Onde estou? Cadê meus amigos?!!

— Calma, está em minha casa. O que? Você fala? Macacos não falam!

— Mas eu falo e cuido da minha família, onde estão?

— Ao redor da casa, pulando. Calma.

Uma grande amizade se formou naquele momento.

Depois de medicado o bicho pulou no colo do patrão.

— Obrigado. Tenho até nome, que o senhor me deu.

- É claro, Chico. Seremos sempre amigos, aliás meu único amigo, os outros se foram.

O tempo passou, quando Marcelo pensava nos familiares, vinha a tristeza, o macaco fazia macaquices tentando animá-lo, mas nada, via o patrão definhar naquele quarto sombrio sem esperança, depressão profunda, à noite choveu .
Ao amanhecer o sol raiou, Chico correu abriu as cortinas fazendo muito barulho.

De repente a porta se abriu, apareceram como por encanto, três garotos pequenos, trigêmeos, olharam fixo, sorrindo gritaram em coro:

— Vovô!!! Vovô!!! Marcelo Vovô!!!

 Logo todos se abraçaram

— Viemos, pai, viemos para ficar.


O fazendeiro se recuperou com rapidez. Passou a tratar todos de forma diferente. A cara mudou e daí pra frente foi só felicidade infinita.

INCERTEZA CRUEL. - Do Carmo

Imagem relacionada

INCERTEZA CRUEL.
Do Carmo


Aos trinta anos, ainda não sei quem sou. É muito estranho esse meu sentimento de insegurança.

Sou o caçula de quatro filhos, o único homem da casa. Vivo com minha mãe e três irmãs. Sempre convivi com mulheres.

Minha mãe trabalha como bibliotecária em uma escola de freiras, sai cedo e volta ao anoitecer. Nós ficávamos com uma babá e a vovó. Mais duas mulheres.

Em casa, as brincadeiras eram sempre com meninas. Na rua não podia brincar porque os moleques eram maiores. Restavam-me as meninas.

Hoje sou eu quem escolhe ou desenha as roupas das minhas mulheres, como chamo as maninhas. Escolho complementos e acessórios. Sempre sou elogiado.

Bem no fundo do meu íntimo, sei que gostaria de jogar futebol, tênis, assistir lutas de Box, mas como sempre a maioria ganha, eu minoria calada, fico no “tudo bem”.

Sou o motorista, acompanhante, conselheiro, e mil títulos de serviçal às ordens.

É só acenar, que lá vou eu.

Sou carinhoso, sentimental e muito sensível, gosto de servir minhas mulheres e participar de suas vidas.


Será que sou gay?

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Pé Grande - Christianne Vieira



Pé Grande
Christianne Vieira

Osvaldo e Ester caminharam muitos quilômetros até chegar à clareira. A cada passo o caminho se tornava ainda maior.  Calcularam  andar vinte quilômetros por dia, mas essa meta estava longe de ser cumprida.

Uma viagem de Aventura, seria o  tempero para suas novas vidas.

O roteiro foi pensado, por meses. Atravessariam um grande parque estadual. Planejaram o tempo e as áreas de acampamento. A mochila, outro desafio, devia ter o menor peso possível.

Eles se conheceram em um grupo de ecoturismo,  ambos gostavam da Aventura, de Liberdade, do desconhecido.

Já haviam percorrido três dos pontos de apoio do roteiro. As pernoites anteriores transcorreram tranquilas, muito  cansados, apos o jantar, nem o céu estrelado os mantivera acordados.

A próxima etapa seria puxada, montanha acima, Trecho íngreme, cheio de precipícios.. A vista era um bálsamo, para aliviar  os pés doloridos e   bolhas. A felicidade  em  chegar à cachoeira dourada compensaria qualquer sacrifício.

Atravessaram a clareira cheia de flores. O sol brilhava inclemente, só o céu trazia ânimo. Até o acampamento  da noite faltava um bom trecho, resolveram acelerar o passo. Osvaldo dava as coordenadas  tentando manter Ester animada. O cansaço ia e vinha como a brisa.

Após duas subidas pararam para tomar água e descansar um pouco. As mochilas pesavam tanto, como se o mundo estivesse nelas.

Ester estava faminta, queria montar  o acampamento da noite. Osvaldo começou  pela  barraca, e o fogo com gravetos. A comida desidratada, parecia um banquete. Ela pegou uma toalha, o sabonete três em um,  e a  roupa. Foi até o rio  se banhar. Osvaldo lhe deu um beijo carinhoso, disse que logo a encontraria. Ao entrar na água fria seu corpo ficou  anestesiado, acalmando os ferimentos. Quando já estava acostumada à temperatura, começou a relaxar. Ouviu o marido se aproximar.  Ele entrou no rio também. Trocaram carinhos, brincaram na água.  Ao sair Ester não achou a roupa. Osvaldo vinha logo atrás dela, enrolado na toalha, também não as encontrou. Estranho, algum animal poderia tê-las levado.

Encafifados, seguiram para o acampamento. O cheiro de comida estava delicioso. Sentaram-se em torno da fogueira e jantaram. Anoiteceu depressa, apenas  conseguiam ver, o tapete de estrelas  forrando o céu, de uma noite escura. Até que o sono falou mais alto. Apagaram o lampião, deixando só a fogueira para manter o calor. Eis que um vulto enorme passou próximo da barraca.  Um gigante  chacoalhando as folhas , e um cheiro azedo ficou no ar.

Eles se abraçaram, assustados. O melhor seria ficarem em silêncio. Não conseguiram dormir e a noite se arrastou, lentamente, até o amanhecer.

Já claro, saíram da barraca, amassados e devastados pelo cansaço, foram em busca de alguma pegada deixada pela criatura.

Viram enormes rastros. Tão grande que Ester cabia inteira dentro delas. O que podia ser aquilo? Resolveram partir para o próximo ponto. No caminho havia um empório de suprimentos, poderiam se informar. Foi um trecho difícil de cumprir. 

Chegaram à loja no entardecer, e no balcão um homem baixo com bigodes volumosos os atendeu. Após separarem alguns itens, foram até o caixa, e perguntaram sobre o gigante. Ele respondeu que havia uma lenda sobre o Pé Grande.

A criatura morava  em uma caverna do Parque. Nas noites de lua minguante, saia para caçar. Suas pegadas eram assustadoras. Como um Alert, levava o que encontrasse, como roupas e suprimentos, por exemplo. Existiam muitas histórias a seu respeito, diziam que era inofensivo, se alimentava de pequenos animais, mas encontrá-lo certamente seria um perigo.

O casal se entreolhou com expressão de dor e medo. Não gostariam de passar por isso novamente. Se amavam demais, nada de ruim os separaria.


Pagaram o homem, e seguiram para a Estrada. Iam pegar um ônibus de volta para casa. A aventura chegara ao fim.

Força da bondade - Ana Catarina Sant’Anna Maués

Imagem relacionada

Força da bondade
Ana Catarina Sant’Anna Maués

              Aprovado em concurso público Federal, dá para imaginar o humor de Beto. Contador recém-formado, obteve ótima classificação e preparava-se para o primeiro dia de trabalho, fazendo a barba em frente ao espelho. Ali sozinho, lembrava das noites em claro debruçado sobre livros, e nos milhares de exercícios praticados até a exaustão. Saiu de terno e gravata,  com peito empinado mostrando todo o orgulho.

              Chegou pontual, e após as apresentações de praxe, foi apontada sua mesa de trabalho, nela uma pilha de papéis. Ficou assustado, sem saber como começar. Um pouco atrapalhado pegava uma porção deles, olhava e largava, pegava outra, respirava e deixava ao lado. No segundo dia iniciou a leitura de um calhamaço qualquer, mas não deu saída. No terceiro, quarto, quinto e assim por diante, chegando à conclusão de que a teoria não tinha nada a ver com a prática. Esta conclusão foi estarrecedora.

           Conforme o tempo passava mais papéis iam sendo depositados na mesa, e seu desespero aumentava, pois não conseguia fazer nada, adiantar algo, progredir em dados, encaminhar; estava absolutamente paralisado. Começou a esconder os documentos dentro das gavetas, para que os colegas de sessão não percebessem o acúmulo. Nesta rotina de fingir trabalhar seguia Beto, até que outros setores começaram a cobrar informações, relatórios, despachos e ele dando desculpas esfarrapadas ia enrolando até que não deu mais, e resolveu sumir, não apareceu mais para o serviço.

             Os colegas ligavam para o celular, para o telefone residencial, e ele não atendia. Todos estavam preocupados com o sumiço, mas só seu Adamastor, um senhorzinho de cabeça bem branca, procurou o setor de recursos humanos, descobriu o endereço de Beto, e num final de semana tomou um ônibus e foi, pessoalmente saber o que tinha acontecido.

           Quem abriu a porta foi a mãe de Beto, que muito feliz recebeu o visitante, e convidou-o a ir até o quarto, dizendo que o filho estava em profunda depressão. Com muito custo seu Adamastor conseguiu fazê-lo falar. Beto contou tudo, falou sobre seu total fracasso no serviço.

            Seu Adamastor não tinha graduação alguma, ou qualquer curso importante. Era o mais humilde funcionário, porém com um conhecimento incrível de tudo, e colocou toda a sua experiência a disposição de Beto.

            Na segunda-feira Beto apareceu para trabalhar. Seu Adamastor cumpriu o prometido. Juntos foram retirando papéis importantes das gavetas e um a um, por grau de prioridade foram resolvendo os assuntos.


             Beto superou o trauma inicial, não sofreu constrangimento por parte dos colegas, e hoje é um contador muito respeitado.     

O VALOR DA HONRA - Do Carmo


Resultado de imagem para pasta de couro no chão

O VALOR DA HONRA
Do Carmo


Cabisbaixo, tal e qual um salgueiro, José caminha para casa e pensativo ensaia um diálogo adocicado para não chocar a esposa.

Pensava: A Elza é tão sensível, se souber da humilhação que sofri, irá banhar-se em lágrimas.

Segue andando quando algo lhe bate à perna, vê uma pasta de couro jogada na calçada.

Apanha-a pensando: será que o dono está desesperado por perdê-la? E se foi roubada, como estará? Assustada, chorando, quem sabe? Chegando em casa, vou abri-la e ver se contem alguma identificação e imediatamente avisarei que está a salvo comigo.

Apressa-se em chegar em casa.

Rapidamente conta para Elza a origem da pasta e colocando-a sobre a mesa, despeja seu conteúdo. Qual sua surpresa ao ver saindo dela, maços de dinheiro envoltos em elásticos, espalhando-se pela mesa. Cai também um comprovante de saque bancário, com o nome do favorecido e o endereço da agência.

Tão logo amanhece, dirige-se ao banco para conversar com o gerente e enquanto espera o horário de inicio do atendimento, faz uma prece pedindo auxílio divino.

Nova surpresa, ao dirigir-se à sala do gerente, ouve vozes e claramente ouve as palavras  pasta de couro. Não pensou meia vez, entra na sala e diz:

- Senhor, olha ela aqui!

- Como o senhor está com ela?

Em poucas palavras ele conta o ocorrido e como localizou o banco. 
Entrega a pasta ao dono e pede que a examine para ver como tudo está como estava antes de perdê-la.

Muito emocionado, o senhor olha o conteúdo da pasta e pegando um dos maços, sorri e entrega-o para José. Este porém, com voz embargada de angustiante emoção, lhe diz:

Dinheiro não resolve a minha situação, porque ele acaba. O que eu preciso é de um emprego que seja duradouro.

Admirado e comovido diante dessa segunda atitude de honradez, imediatamente o convida para ser assessor do presidente da firma em que trabalha, uma vez que é o proprietário dela.

Naquele instante surge uma profunda amizade e a vida do casal José e Elza inicia uma nova fase de felicidade em suas vidas.

UMA HISTORIA VERDADEIRA - Do Carmo


Resultado de imagem para mulher digitando

UMA HISTORIA VERDADEIRA
Do Carmo

Conheci uma garota, hoje senhora, que teve uma reviravolta em sua carreira de trabalho, totalmente inusitada.

Recém-formada em economia, aluna exemplar de renomada faculdade paulistana, tenta conseguir emprego em algum grande banco, sempre se  decepcionando porque não tinha experiência na função pleiteada e desiludida sabia que seu currículo jamais chegaria nas mãos de algum diretor.

Mas, sempre há um mas, e o dela não foi muito ao encontro de suas expectativas, mas era uma porta que se abria para o futuro.

Soube que haveria concurso público para a função de escriturário, dois meses após a inscrição. Ansiosa, informou-se sobre o programa versado, comprou apostilas, frequentou uma escola de datilografia, na época não havia computador.

Finalmente chegou o sábado, dia da prova escrita, cujo resultado seria publicado na terça feira seguinte e os aprovados, fariam a prova prática no sábado seguinte, ou seja, datilografariam um texto com vinte linhas, computando o tempo e erros.

Cinco dias de alegria angustiante demorou uma eternidade.

Sexta feira ensolarada, lá vai ela correndo comprar o Diário Oficial do Estado. Avidamente folheia-o e de repente grita, passei, passei, vou fazer a prova de datilografia, amanhã! Mal conciliou o sono, foi uma noite de preces esperançosas. Queria sentir-se tranquila, porém, seu coração batia mais que um tambor. A sorte estava laçada.

Que alivio, terminou a doída espera do resultado.

Quinta feira, outra corrida à banca de jornal. Quando estava chegando, o garoto entregador correndo gritou:

- Você foi aprovada em décimo segundo lugar!

Sem saber se ria ou chorava, abraçou-se ao menino e depois de alguns minutos, voltou correndo para casa, sem pagar o jornal.

Dez dias depois estava empregada e foi designada para um grupo de engenheiros avalistas, de correntistas que necessitam de empréstimos.

A desiludida economista datilografava o dia inteiro. Mas...

Em certa reunião, foi solicitada para secretariá-los, uma vez que a secretária faltara.

Que dia iluminado!

Atenta ao que falavam, para não deixar escapar nada, percebeu que eles estavam aplicando um índice econômico errado. Sem se dar conta, falou:

- Se vocês usarem tal índice, será mais confortável para o cliente e a rentabilidade para o banco, será a mesma.

Indignado, um dos senhores disse:

-Como se atreve a falar assim? O que você entende de economia?

Altiva, segura e aparentando tranquilidade, contou sua história.

Outro senhor pediu para que trouxesse seu Histórico Escolar, para examiná-lo.

Com o coração aos saltos pediu licença para pegá-lo em sua mesa, uma cópia autenticada. Mal conseguia andar.


No dia seguinte, ela foi chamada para apresentar-se ao Diretor Administrativo, que depois de algumas perguntas, nomeou-a Economista Padrão.

O SIGNIFICADO DE UMA ROSA! - (Amora)



Imagem relacionada

O SIGNIFICADO DE UMA ROSA! 
(Amora)

John e Mary resolvem se casar, após dez anos de vida em comum.

Não eram muito adeptos a cerimoniais, casamentos, papeladas, mas depois que John teve um mal súbito, ameaça de enfarte, Mary, muito assustada, resolve legalizar a situação e, sente-se finalmente grávida, um sonho antigo que ficara no esquecimento.

Como lua de mel, escolhem a bela Itália, Verona, Veneza, Firenze, Roma, Milão, sendo que na Ilha de Capri, têm uma surpresa!

Uma mulher morena, aspecto de cigana, oferece-se para ler a mão. Como Mary não crê nessas coisas, sorri amavelmente e nega-se ao pedido.

Olhando-a intensamente, a mulher estende-lhe uma rosa e pede que a guarde, como lembrança de viagem.

Após algum tempo, distraída, Mary deixa-a cair fazendo com que outra pessoa a pisoteie, sem querer.

Na volta ao hotel, preocupada, comenta com John sobre a linda rosa recebida que havia caído. Que pena! O marido, achando graça na história, prefere comentar sobre a bela viagem feita a Capri, finalizando as férias que tiraram. Voltariam a Roma, de Roma a Amsterdã e, em seguida, La Guardia, Miami, onde moravam.

Bela viagem, com certeza, pensa Mary emocionada. Tantas lembranças e cultura para comentar com amigos e familiares. Sabe Deus quando fariam outra novamente.

Durante o caminho de volta, John teve novamente um mal súbito, mal dando tempo de chegarem em casa. Mary, assustadíssima, leva-o ao hospital e, após alguns dias, recebe a notícia que houvera um novo enfarte e ele falecera.

Chorosa, entristecida, ainda cheia de malas, Mary volta para casa, tentando avisar parentes e amigos que voltaram de viagem e John falecera. Nem sabe direito como falar, engasgada pela emoção. Tão felizes com a viagem, e tão infeliz ela agora, completamente sem ação. Será que foi muita emoção contida! Muita correria! Dúvidas e perguntas que sempre fazemos diante de algo inesperado.

Desliga seu telefone pela décima vez e senta-se um pouco tentando colocar pensamentos em ordem.

Olha distraidamente para um vaso no armário e percebe uma rosa envelhecida, amarelada, sem cair nenhuma pétala, como se a esperasse inteira, antes de se romper toda. De longe, banhada pela luz do sol, parece dourada, transformando o vermelho púrpura em ouro velho.

Quem a colocara ali! Não se lembra de ninguém. A última rosa que recebera foi em Capri, daquela cigana insistente em falar-lhe.

Retira-a com cuidado do vaso e aí ela se desfolha toda! 

E tem gente que não acredita em nada, pensa Mary surpreendida! Talvez fosse algum aviso do perigo que sofreria!

UMA LENDA REAL - Do Carmo

 Imagem relacionada

UMA LENDA REAL
Do Carmo


Rodrigo, um jovem Antropólogo, professor de História, aproveita o período de férias de inverno da faculdade onde leciona, para viajar a procura de aventura.

De personalidade ousada, aventureiro destemido, tem como objetivo mergulhar em profundas águas à procura de seres desconhecidos.

Tão logo se acomoda no luxuoso hotel reservado, vai informar-se dos lugares turísticos e a possibilidade de mergulhar.

Que dia produtivo! Muito organizado, logo depois do jantar, vai para o quarto, faz um roteiro para os dez primeiros dias, deixando os dez dias finais, para repetir os passeios mais exóticos e interessantes.

Tudo muito bem organizado, adormece feliz, depois de duas régias doses de finíssimo wisky.

Mal amanhece, já Rodrigo está todo equipado para seu primeiro mergulho.

Está ansioso, o barqueiro, um senhor muito simpático e falante, já o espera e alegre logo perguntou:

- Você quer encontrar uma sereia?

Sorrindo com a curiosidade do senhor, disse amigável:

- Sim, e prometo levá-la para São Paulo, de onde vim e casar-me com ela. 
Prometo também, que o nosso primeiro filho será seu afilhado.

Rodrigo joga-se nas verdes e transparentes águas e desaparece.

Dois anos depois, o senhor barqueiro, muito sorridente, recebe como passageiros, nada mais, nada menos que:

Rodrigo, Rebeca e o pequeno Marco Antonio.


O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA - Pedro Henrique

  O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA Pedro Henrique        Curioso é pensar na vida e em toda sua construção e forma: medo, terror, desejo, afet...