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quinta-feira, 22 de junho de 2017

O DUAS CARAS - Francisco Lucio Pereira


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O DUAS CARAS
Francisco Lucio Pereira

Ao ser apresentado a alguém, ele olhava de cima para baixo, com aquela cara séria esquisita, alguns mais ousados diziam:

— Ta me medindo por que vai me dar um terno?

A resposta era imediata:

— Quem sabe, um terno de madeira!

Assim era o senhor Ricardo, dono de muitas terras no interior de Pernambuco, ainda na época da escravidão.

Os escravos eram tratados com rigidez. Alguns até eram colocados no tronco por desobediência, outros sempre acorrentados.

Ele dizia que os negros de canela fina eram fujões, por isso aquele tratamento. Com os familiares, cara sempre fechada. Só com poucos mudava por pouco tempo.   

Os filhos começaram a ir embora. Até a esposa também.

Sozinho, amargurado, começou a andar pela floresta. De repente viu vários macacos, um estava quase morto caído, chegou perto, os outros correram.

O fazendeiro levou o bicho para casa tratou-o, e ao se recuperar o macaco disse gritando com medo:

— Onde estou? Cadê meus amigos?!!

— Calma, está em minha casa. O que? Você fala? Macacos não falam!

— Mas eu falo e cuido da minha família, onde estão?

— Ao redor da casa, pulando. Calma.

Uma grande amizade se formou naquele momento.

Depois de medicado o bicho pulou no colo do patrão.

— Obrigado. Tenho até nome, que o senhor me deu.

- É claro, Chico. Seremos sempre amigos, aliás meu único amigo, os outros se foram.

O tempo passou, quando Marcelo pensava nos familiares, vinha a tristeza, o macaco fazia macaquices tentando animá-lo, mas nada, via o patrão definhar naquele quarto sombrio sem esperança, depressão profunda, à noite choveu .
Ao amanhecer o sol raiou, Chico correu abriu as cortinas fazendo muito barulho.

De repente a porta se abriu, apareceram como por encanto, três garotos pequenos, trigêmeos, olharam fixo, sorrindo gritaram em coro:

— Vovô!!! Vovô!!! Marcelo Vovô!!!

 Logo todos se abraçaram

— Viemos, pai, viemos para ficar.


O fazendeiro se recuperou com rapidez. Passou a tratar todos de forma diferente. A cara mudou e daí pra frente foi só felicidade infinita.

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