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quinta-feira, 9 de março de 2017

A BUSCA DA FELICIDADE! - Dinah Ribeiro de Amorim (AMORA)

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A BUSCA DA FELICIDADE! 
Dinah Ribeiro de Amorim (AMORA)

  “Buscai antes o reino de Deus e todas estas coisas vos serão acrescentadas...” (Lucas 12:31)

  Caminha um homem muito triste e abatido, cansado e decepcionado com as amarguras do mundo. Seus problemas foram tantos que abandona tudo e sai à busca da felicidade ou, pelo menos, momentos felizes.

  Percorre caminhos estreitos, perigosos, que se abrem em montanhas e vales. Atravessa rios perigosos, riachos profundos, cachoeiras volumosas que terminam em lagos quietos, tranquilos...

Conhece pessoas, grupos espalhados aqui e lá. Aparentemente felizes, cantadores, tocadores, dançarinos, rindo e brincando o tempo todo. Beberrões, tornam-se briguentos quando o álcool lhes sobe à cabeça. A alegria transforma-se em raiva, apartada pelos mais velhos. Falta-lhes domínio próprio!

  Alguns grupos que encontra na sua caminhada são cultivadores da natureza. Alimentam-se do que  plantam. São os naturalistas. Sente-se bem com eles, permanece ali certo tempo até que percebe: também brigam muito. Dedicam-se exageradamente ao sexo, possuindo seus homens inúmeras mulheres e grande número de filhos. Não há paz entre eles! Gera contenda e acalmar mulheres ciumentas é difícil, sem falar na criação da meninada, competindo o tempo todo. Problemas no relacionamento!

  Continua sua jornada, ainda desgostoso da vida, procurando um povo feliz e sem problemas para terminar seus dias e descansar finalmente.

  Chega a um lugar repleto de construções: casas, templos,  prédios. Homens trabalham o tempo todo. Mulheres e crianças também na lida. Não se importam  com a  plantação, com a terra, mas com o que podem tirar dela: sementes para vender, madeira para utilizar, borracha para transformar. Possuem petróleo nas terras. Isso os torna ricos e prósperos. Dão muito valor ao dinheiro e ao que podem adquirir e aplicar para conseguirem mais. Aparentemente, a fartura, a riqueza e o conforto imperam. Seriam felizes?

 Permanece por um tempo observando a fisionomia das crianças, mulheres, jovens e velhos. Não têm sentimento. Agem mecanicamente! Não expressam alegria. Verdadeiros robôs dedicados às finanças. Excesso de materialismo!

Não, também não são felizes, afasta-se e reinicia sua caminhada.

Cansado, senta-se em um local sombreado, cheio de árvores frutíferas que caem na sua cabeça. Observa ao redor, curioso e percebe muita água: lagos, rios, fontes, muita fartura de peixes e terra boa e úmida para plantação. Procura seus habitantes. Encontra-os  espalhados, indolentes, gordos e ociosos, comendo e dormindo a maior parte do tempo.

Tomam sol se é dia bonito e recolhem-se às choças de palha, nas chuvas fortes. Não possuem grandes preocupações, mas não se dedicam a nada. Gostam de comer e, para isso, utilizam-se da fartura da terra que possuem. Não trabalham, permanecendo obesos e aparentemente doentes. Até as crianças não correm e brincam. São apáticas e muito robustas.

O velho homem medita e chega à conclusão que também ali não permaneceria. Fartura demais naquela região. Embora fosse um presente dos céus, seus moradores não tinham objetivos a não ser comer e o excesso de comida acaba com eles. Transforma-os em preguiçosos e doentes. Não dão valor ao que têm!
Restabelece-se do cansaço e continua suas andanças pelo mundo.

Chega a um lugar fortificado, com estrondo de bombas e  tiros. Seus habitantes, continuamente em guerras, já não sabem como viver, a não ser odiar, guerrear e matar. A cidade apresenta características tristes e grotescas. Um eterno construir e destruir, atacar, defender, recomeçar.

Para entrar nesse lugar é feito prisioneiro, recebendo inúmeras perguntas. Quem era? O que queria? O que fazia?

 Amedrontado, justifica-se como pode, até que o largam a um canto, percebendo que era inofensivo.

 Adormece pensando “logo que puder, fujo daqui. Detesto  guerras e nem sei o por que de tanta luta, nem eles mesmos sabem. Se houve motivos, já se esqueceram! Virou um vício! O cultivo do ódio, do ataque, da defesa. Armas nas mãos de crianças! Excesso de ressentimento! Falta de amor e perdão!

 Afasta-se dali com o descuido da guarda e, mais infeliz e abatido, caminha um dia inteiro, só parando à noite, para descansar. Dormiria e, no dia seguinte, pensaria o que fazer de sua vida. Não aguentaria muito tempo. Talvez estivesse no fim!

Olhando para o céu escuro, cheio de estrelas que cintilam variadas cores, longínquas, inatingíveis, ofuscadas  por  uma lua cheia, clara, risonha, que insiste em se mostrar a ele, fecha os olhos. Qual seria esse mistério? O grande mistério do universo que ninguém ainda conseguiu desvendar. Também, poucos se interessam por isso! Nem o notam!

Sonha. Um anjo aparece e o conforta, dando-lhe uma paz incrível! Sente-se transportado em espírito. Uma voz suave, doce,  fala ao seu ouvido: “volte, retorne aos seus familiares, ao seu povo, recomece sua história. Escreva suas experiências. Sua procura pela felicidade fora de si mesmo. A felicidade que procura está dentro de nós, de nosso coração, de nossa mente, de nossa ligação com o Absoluto, de nossa ligação com Deus!”



Carta de Gerusa - Rejane Martins


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Carta de Gerusa
Rejane Martins

Começo este relato, num rompante de quase desespero. Forcei o afastamento de todos pensamentos que invadem minha mente. Dirigi-me à escrivaninha, desembainhei uma caneta e com ela firo ferozmente a folha de papel à minha frente. Estabeleço o início do testemunho simultaneamente com o amanhecer.
É certo que o dia a pouco iniciado será irritantemente interminável, afinal hoje completo 30 anos. Tentei retardar ao máximo o meu despertar, mas logo o som insistente do telefone, agindo como um cruel carrasco, obrigou-me a atendê-lo.
Ergui o rosto após lavá-lo, e assustei-me quando meus olhos se cruzaram com o seu reflexo no espelho. Não havia muitas rugas, como dizem os mais condescendentes “apenas linhas de expressão”, mas era a falta de brilho no olhar o que mais me incomodava.
Na tentativa de camufla-lo, optei por radicalizar e escolhi mentalmente uma roupa descolada para vestir neste dia. Melancolicamente constatei que minhas vestimentas compartilhavam da opacidade interior.
Por onde andará aquela jovem que até ontem mesmo habitava dentro de mim? Aquela que sempre desfilava com algum vestido florido, um batom vermelho, uma sandália de salto alto com algum brilho. Em vão, vasculhei mentalmente algum esconderijo dentro de casa que abrigasse alguns destes objetos cheios de vida ansioso pelo seu resgate, e assim cumprir a sua mais nova missão que era a de suprir estas novas carências.
Em meio a este turbilhão de emoções, a única certeza que me acompanha é a intenção de imortalizar toda a minha indignação e resiliência, e renascer tal qual uma fênix.
Varro para longe as cinzas que encobre aquela chama quase extinta que abriga o verdadeiro eu desta Gerusa. Mas, ao mesmo tempo, temo que a explosão de vida aflorada em mim nesta manhã, possa cair no esquecimento e perder sua intensidade com o passar dos dias.
Como guardiã do brilho no olhar reacendido neste exato momento, deposito esta carta, juntamente com uma foto atual, em uma fenda na parede do porão. No futuro ela será o testemunho fiel da forte determinação ocorrida na Gerusa, a anciã precoce.    

EXEMPLO DE VIDA. - Do Carmo

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EXEMPLO DE VIDA.
Do Carmo



Com todo respeito, ouvi o relato de uma das colegas de oficina literária, o qual me comoveu às lágrimas.. . 

Contou-nos que perdeu um filho de nove anos, cuja causa da morte foi o medo que sentiu ao ser descoberto por uma professora, que o ameaçou de expulsá-lo do Colégio, por ter riscado uma parede do quarto de brinquedo, com giz colorido.

A autenticidade de sua narrativa, sua fé ao dizer que tudo o que acontece na vida tem um propósito e que seu sofrimento foi um sinal de alerta pois, estava no caminho inverso de suas crenças.

Depois  que narrou  sua história com detalhes, eu comecei a analisar minha vida e percebi o quanto eu era feliz e nunca tinha dado o valor devido,
pois apesar de ter enviuvado muito cedo e com dois filhos pequenos, consegui educá-los formaram-se na carreira que escolheram, constituíram ótimas famílias e hoje tenho três netos magníficos.

Toda a história dessa mãe, contada no lugar e hora certa, mostrou-me o quanto eu deveria amadurecer, usar meu tempo livre com coisas simples, sem grandes projetos, sem muita expectativa de futuro e com simplicidade, respeitando meu ritmo inerente a minha idade..


Decorrido algumas horas, senti-me tranquila, humilde diante de tanta plenitude demonstrada, mesmo depois de tamanho sofrimento.

CRUZEIRO MARÍTIMO - Ricardo Augusto


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CRUZEIRO MARÍTIMO
Ricardo Augusto


Quase todos os meus amigos são casados e me convidaram para um “cruzeiro marítimo” nesse final de ano, saindo de Santos, passando por várias praias e cidades portuárias do sul do Brasil, até Bueno Aires.

Estou pensando e repensando ... será que vale a pena ir numa viagem com gente casada?

Sozinho, no meio de casais que brigam, discutem mas, sempre acabam se entendendo por se conhecerem há muito tempo?

Durante o dia, vai ser até engraçado, brincadeiras, piscina, muita ginástica, uma cervejinha para refrescar, almoço e jogar muita conversa fora. 

À noite é que a coisa muda, depois do jantar, tem sempre um joguinho de baralho, bingo, sala de conversação, onde se fala muito e mal do próximo, mas , mais tardão ainda, tem boate e ai então vou ficar com vontade de paquerar ...

Resolvi então, não aceitar o convite e passar o Natal e Reveillon na Europa, para ser mais exato, o Natal em Paris e Londres e me soltar naqueles “Night Clubes”, onde vai toda a moçada em busca de alguém novo, para passar o tempo.

Tudo já aconteceu comigo há uns quarenta anos passados, era jovem e cheio de energia, gostando de desbravar a vida em bisca de novos amores, conhecer gente nova e falar em outros idiomas.

Trago boas lembranças vividas nos anos setenta ... Nossa, como curti a noite de Natal em Paris seguindo, dois dias depois, para Londres onde fiquei até depois do Ano Novo.

Estava com um grupo brasileiro, todos jovens, na faixa de dezenove e vinte anos, meninos e meninas, todos a fim de conhecer o mundo que naquela época vivia o BOOM de Liberdade : Beatlos, Pink Floyd e tanta coisa nova que nos levava ao delírio.
Tais experiências ficam para sempre na memória de quem sabe separar o joio do trigo mas, quando se é jovem, tudo é “ o que há atrás daquela porta”?

Então vou repetir a dose com um diferencial ... Já passei daquela fase de descobertas e agora vou curtir o cenário e os personagens, confortavelmente,  posto no lugar do observador tranquilo e experiente.


É bom viajar acompanhado? Não sei, pois sempre viajei sozinho e nessas, conheci muita gente como eu ... que gosta de conhecer gente nova para troca de informações e aprender novas palavras noutras línguas, sem perder a oportunidade de estar trocando vibrações com personagens de outras estórias muito diferentes das nossas.

O trem - Jany Patricio


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O trem
Jany Patricio

Levanto os olhos e vejo um homem com semblante repressor. Os braços cruzados, me encarando. Fico assustada. Olho em volta. Só eu e ele no vagão do trem. Meu coração dispara.

                Para onde foram as pessoas? O que pretende este homem? Meu Deus! Eu sozinha aqui. Vejo que a porta está aberta. Faço menção de sair. Ao levantar, o livro cai das minhas mãos e eu caio em mim. Não ouvi as chamadas de recolher do trem. Estava absorvida pelo livro.


                Sem graça, saio acompanhada pelo olhar de reprovação do homem de preto.

Uma Verdadeira Festa Popular - Rejane Martins


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Uma Verdadeira Festa Popular
Rejane Martins

Atualmente vivemos a intensidade do frio nunca visto desde 1994, mas para pessoas com muito mais idade como eu, vem à mente os invernos de minha infância quando o inverno igual ou mais acentuado que este, se apresentava no máximo a cada doze meses.

Aquela fria estação do ano tinha um glamour todo seu, os estudantes saindo de manhã em meio a forte neblina. O hálito quente em contato com a temperatura ambiente imediatamente transformava-se em vapor, este fenômeno logo incentivava todos a interpretarem um ou uma fumante elegante, aqueles que só apareciam nos filmes de Hollywood.

Mas para mim a representação máxima do frio era a festa junina patrocinada pela vizinhança. O evento acontecia numa noite pré-determinada pelas mães, cada uma levava um prato típico, os pais e irmãos mais velhos se incumbiam da confecção e manutenção da fogueira.

Naquela época era possível se pensar em fogueiras, pois ainda existiam vários terrenos vazios. Só nos afastávamos dela para dançar a quadrilha que era uma tarefa muito fácil, já que todos estudavam na mesma escola aprendíamos a mesma coreografia.

O clímax do encontro se dava com a proximidade do seu fim, a fogueira quase extinta tinha seu diâmetro reduzido e o entorno limpo, assim iniciava-se o momento mais esperado das crianças a atividade de pular a fogueira, nessa hora ninguém se incomodava com a baixa temperatura mais intensa devido ao avançado da hora.


Como nem tudo são flores, essa autentica festa popular muitas vezes aparece manchada em minha memória. Todas as vezes que minha mãe me obrigou a ir vestida de homenzinho, ou porque estava muito frio ou porque não tinha um vestido caipira para usar, isto me obrigava a fingir que não escutar a gozação das outras crianças diante daquela situação.   

A CARTA DE GERUSA! - (Amora)


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A CARTA DE GERUSA!
(Amora)

Gerusa, após assistir ao filme “Cartas para Julieta”, muito impressionada, teve grande ideia: escrever uma carta sobre sua vida, problemas sentimentais insolúveis e colocá-la entre tijolos do quintal, esperando sorte:

“Sinto-me infeliz pois já estou com mais de trinta anos e não aconteceu nada que sonhei.

Pensei estar casada, com muitos filhos, dedicando-me a um marido apaixonado e crianças muito amadas. Grande ilusão. Não deu certo.

Meus namoros, decepcionantes, fogem no tempo. Festas, novos relacionamentos, com a idade, desaparecem. Perdi o interesse também.

Desiludida sem as realizações de toda mulher, sinto-me velha antes do tempo. Invejo amigas da mocidade, casadas e felizes.

Gostaria de encontrar alguém que mude meu destino: solteirona e solitária. Filha única de pais idosos,  fadada a viver sozinha.

Será que há esperança para mim. Não sei. Talvez grande reviravolta transforme o rumo da minha vida.”

                                                                    Gerusa/1999.

quinta-feira, 2 de março de 2017

GENTE NOVA NO ICAL - OBA, NOSSA TURMA É NOTA DEZ!



Olha que mesa linda!
Casa cheia, uma delícia dar aula para vocês.



Christianne chegou já marcando sua personalidade nos textos com estilo maduro.



Francisco com textos bem humorados.



























E olha nossa presidente em ação:






quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O mistério da Ilha - Jany Patricio


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O mistério da Ilha
Jany Patricio

Naquele dia o mar estava revolto. Os cientistas australianos que procuravam a Ilha de Sandy no Mar de Coral ficaram apreensivos com a forte movimentação das ondas e resolveram retornar. Não conseguiram comprovar a existência da tal ilha, entre a Austrália e o território francês da Nova Caledônia.

        Na volta, o que os deixou intrigados foi a quantidade de cardumes de golfinhos e baleias que seguiam na mesma direção. Tiveram receio de serem atacados, porém os animais iam calmos parecendo acompanhar uma procissão.

        Peter Towned, um jovem cientista da expedição não sentiu-se satisfeito com o resultado da pesquisa. Sem comentar com os seus colegas superiores guardou consigo o desejo de refazer a viagem em outra oportunidade.

        Passados muitos anos, Peter tornou-se um renomado pesquisador em seu país e os seus feitos foram reconhecidos no mundo. Em uma ocasião foi convidado para fazer pesquisas sobre placas tectônicas no Japão. Nesta viagem foi acompanhado por seu filho Mark, que seguiu a carreira do pai.

        Certo dia, enquanto jantavam em frente ao monte Fuji, Peter tocou no assunto da Ilha Sandy. Mark viu o brilho no olhar do pai e ficou curioso e entusiasmado pela ideia de visitar a região.

        Solicitaram ao governo da Austrália autorização para a viagem, que fariam com seus próprios recursos durante as férias. Foram num Dronimóvel equipado com  instrumentos de localização que adquiriram no Japão.

        Ao chegarem próximo à região observaram o mar revolto e os cardumes de golfinhos e baleias que circulavam certo local.  Ao anoitecer, viram algo brotando vagarosamente das águas. Neste momento os animais pulavam, como se fizessem festa. Estavam agitados, porém, pareciam felizes.


        O volume que emergia no mar começou a crescer e no centro dele uma luz verde movimentava-se em círculos como um farol. Os olhos incrédulos dos aventureiros viram centenas de discos luminosos saírem do centro da elevação e vinham em sua direção. Não houve tempo para retornar.

"Navegar é preciso" - Hirtis Lazarin


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"Navegar é preciso"
Hirtis Lazarin


          Na biblioteca pessoal de Olivier dá pra contar os livros que não se referem ao "Mar, seus segredos e mistérios".

          Essa paixão nasceu cedo, aos cinco anos de idade.  Foi quando passou férias,  pela primeira vez, em praias do Oceano Pacífico.

          A imensidão azul sem fim, o embalo ritmado das ondas volumosas quebradas contra os rochedos que, valentemente,  impediam que  ultrapassassem seus limites,  a brisa leve que despenteava os cabelos, o vento forte que revirava e arrastava os guarda-sóis na areia molhada, nada escapava aos seus olhos curiosos.  E o cheiro...Ah!  Aquele cheiro fresco e salgado impregnou-se pra sempre naquela cabecinha de cabelos cacheados.

          Aos sete anos, alfabetizado,  o menino já sabia escolher os livros que gostava de ler.  Sua biblioteca crescia e as miniaturas de navios, barcos, veleiros,  jangadas também.

          Estudou Oceanografia na Grã-Bretanha, a melhor escola da Europa.  Seu passatempo preferido era mergulhar em águas profundas.  Ali encontrou o  paraíso.  Paisagens intocáveis abrigando  animais de todas as formas, tamanhos e cores, vivendo em plena harmonia.  Além do prazer, adquiria mais conhecimentos que  complementavam  seus estudos.  

           Convenhamos, Olivier  era firme e decidido, traçou objetivos e corria atrás deles.

          Depois de formado, comprou um veleiro, idealizado todos os dias de sua  vida.  Depositou nele fantasias e muita esperança.  Esperança de não só enfrentar, mas desvendar segredos e  mistérios do mar.  O óbvio não lhe interessava.

          O rapaz organizou uma pequena expedição.  Juntou um colega de estudo,  mais três homens fortes e entendidos de mar.  Cinco homens a bordo. 

           O primeiro desafio já estava traçado.  Navegariam até  Sandy Island, a "Ilha Fantasma", localizada entre Austrália e Nova Caledônia.  Aparecia em mapas náuticos mais antigos sob a forma de um polígono preto.  Mas, inexplicavelmente, despareceu sem deixar vestígios.  A intenção era mergulhar na área em busca de materiais que comprovassem se ela existiu ou não.

         Tinham data marcada para o início da viagem, um mês calculado pra se chegar ao destino e um retorno incógnito.

          Já estavam em alto-mar há vinte e oito dias.  Alguns quilômetros apenas os separavam  da  área que seria explorada.  Tudo corria dentro do previsto.  Nenhum contratempo.

             Era  noite.  Uma pintura de céu.  As estrelas eram tantas que competiam espaço.  A lua, uma bola de fogo,  clareava o convés.  Os cinco homens esparramados bebericavam, jogando conversa fora até o sono chegar.  O dia seguinte seria de muito trabalho.

          Repentinamente, o veleiro se viu envolto por denso nevoeiro.   Uma ventania chegou virando e revirando tudo.  Objetos soltos misturaram-se num emaranhado de destroços e foram tragados por ondas gigantes e raivosas que rugiam feito animal acuado.  As velas e as estruturas metálicas dos mastros retorcidas sumiram como fumaça. 

          A tormenta durou poucos minutos...Intermináveis...  O suficiente pra destruir tudo.  Desapareceu do mesmo jeito que chegou.  Inacreditável!  

          O veleiro transformou-se em pedaços de madeira assustados, flutuando em silêncio.   Serviam de apoio aos cinco homens abalados e feridos. O medo foi se exaurindo.  Ficou a perplexidade.

         "Seria um aviso?  Há algo sobrenatural neste pedaço de mar?  Fomos alertados de que o local é intocável?" 

          Olivier permanecia calado. Mas conhecendo-o como o conhecemos, ele não desistiria.  Essa era apenas a primeira tentativa de outras que viriam.   Tirou um celular à prova d'água, amarrado à cintura debaixo do colete e comunicou-se com a guarda costeira.  Agora era só ter paciência e esperar.

           E, nessa espera,  com a cabeça apoiada na madeira, Olivier resmungava baixinho: "navegar é preciso, viver não é preciso".


          As estrelas, todas estavam lá  no céu e a lua também.  Testemunhas caladas.

DICA: ONDE OU AONDE?


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Onde ou Aonde?

Onde

1.   Quanto à classe gramatical, onde pode ser advérbio interrogativo (quando usado para fazer perguntas diretas ou indiretas) ou pronome relativo (quando introduz uma oração adjetiva).

A cidade onde minha filha nasceu é linda. (pronome relativo)
Onde você colocou minha chave? (advérbio interrogativo)

Atenção: Quando onde for pronome relativo, poderá ser substituído por “em que”

2 - Quando onde indica lugar, só deve ser utilizado para indicar posição de algo ou de alguém. Portanto, deve ser usado ao lado de verbos que indiquem permanência ou estado. Veja o exemplo:
Onde você esteve até essa hora?
Até hoje não sei onde fica o hotel em que você se hospedou.

Aonde

1.   Aonde é um advérbio que, assim como onde, indica lugar. Entretanto, só pode ser utilizado como indicativo de movimento, por isso deve ser usado ao lado de verbos que indiquem esse deslocamento (ir, levar, chegar, dirigir etc.). Acompanhe os exemplos:
2.    
Aonde devo ir para resolver esse problema?

Aonde você pensa que vai?



Atenção: Como o verbo morar transmite a ideia de localização, “Aonde” NÃO pode ser usado ao seu lado.

Uma ilha fantasma. - Dinah Ribeiro de Amorim


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Uma ilha fantasma.
Dinah Ribeiro de Amorim

Omarif, conhecido pirata dos mares do sul, possui imensa fortuna em roubos de joias e dinheiro. Saques que faz em navios, cruzando grandes oceanos.

Como todo ladrão, sua grande preocupação é onde escondê-lo.

Fica sabendo da existência de Sandy Island uma ilha misteriosa,  no mar de coral entre Austrália e nova Caledônia, no Pacífico Sul. Ora aparece, ora some, coberta pelas águas, confundindo geógrafos, nos mapas.

Difícil de ser localizada! Difícil de permanecer! Interessa-se por ela, achando-a um bom lugar para esconder seu tesouro.

Empolgado, para lá navega, transportando seu valioso baú.

Com sorte, pega uma vazante na região indicada, vislumbrando a bela ilha misteriosa, de um verde cintilante, confundido com o brilho das águas ao sol.

Aportando nela, percorre-a toda, escolhendo seu centro para fazer um grande buraco. Esconde ali seu tesouro, cobrindo-o com enorme pedra.

Parte com seu ágil navio, hasteando uma larga bandeira laranja, tendo ao centro enorme caveira preta. Vai em busca de novas conquistas ou novos roubos.

Com o tempo, algumas ilhas dos mares do sul vão desaparecendo, atingidas por grandes maremotos, ondas gigantes que as afundam, auxiliadas por avalanches de pedras das montanhas adjacentes. Sandy Island é uma delas, sumindo completamente dos mapas.


Omarif, ao saber disso, furioso, soltando fogo pelas ventas, em linguagem popular, faz diversas visitas ao local, não achando mais nada. Perdeu-se o esconderijo e seu precioso baú que, ao abrir no fundo do mar, espalha moedas de ouro, diamantes, joias preciosas, entre peixinhos coloridos que se deliciam, felizes, escorregando por elas.

O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA - Pedro Henrique

  O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA Pedro Henrique        Curioso é pensar na vida e em toda sua construção e forma: medo, terror, desejo, afet...