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quinta-feira, 30 de abril de 2015

A primeira vez - Suzana da Cunha Lima








 A PRIMEIRA VEZ
Suzana da Cunha Lima

Moro numa rua arborizada com ipês amarelos que suspiram à menor brisa,  espalhando seu delicado perfume sem parcimônia.  Voltado para o oeste, nosso bairro tem o mais esplendoroso pôr do sol de São Paulo, que não canso de assistir à minha janela.  Só me falta bater palmas, como o pessoal do Rio de Janeiro faz, assistindo a outro pôr do sol notável, na praia do Arpoador.

 Cheguei do Rio há trinta e cinco anos e  o que me vem sempre à memória, são estas imagens floridas e  os jardins bem cuidados, explodindo em azaleias rubras e brancas. Naquela época, São Paulo pareceu-me um lugar encantador para se morar.

E até hoje, eu tenho a mesma opinião.  Foi aqui que meus filhos passaram sua meninice brincando, jogando bola, andando de bicicleta e festejando São João com fogueiras na rua, numa vizinhança  alegre e acolhedora. Foi aqui que eles se formaram e casaram e nasceram meus primeiros netos.

 Foi aqui que me formei e consegui o primeiro trabalho como profissional, que comecei a lidar com a infância carente e empobrecida, e conheci tantas almas boas que me ajudaram neste espinhoso caminho social. Até hoje, o desrespeito com as crianças me aflige tanto quanto minha impotência para minimizar este imenso problema sempre esquecido nas políticas sociais deste país. 

E foi aqui que  segui meu caminho, como tantas mulheres,   entre casa e trabalho, marido,  filhos, amigos, obrigações e lazer, risos e lágrimas,  alegrias e decepções, como é a vida, este cadinho de sentimentos e vivências que nos tornam tão humanos.

Quando, 16 anos atrás, o falecimento de meu marido, após quarenta anos juntos, me deixou só. De uma hora para outra, vi-me senhora de meu destino, num tipo de liberdade inusitada e até assustadora.  Mas foi também  meu divisor de águas, porque resolvi que ia reconstruir minha vida outra vez, desta vez à minha maneira.

 Além do trabalho, a quem me dediquei muito apaixonadamente,  joguei vôlei pelo Brasil afora, também apaixonadamente. E me aventurei a andar de balão e de tirolesa,  até andar em corredeiras e fazer rapel.  Viajei bastante por este mundão, conheci muitas pessoas interessantes, vivi encontros e desencontros. Enfim,  parodiando Roberto Carlos, se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu senti. E, de certo modo, estas vivências me prepararam para o que veio a seguir.

Pois naquela noite especial, linda e fresca,  tudo  isso me veio a mente, num caleidoscópio fantástico, de imagens, sons, cores e aromas. Enquanto no céu, a lua, curiosa e bela, parecia espreitar o encontro que ia acontecer.

E seria um encontro que mudaria minha vida outra vez, uma guinada para outro futuro que eu mal pressentia,  e estava prestes a acontecer.

O lugar era perto de casa, um restaurante cercado de árvores, sem edifícios que impedissem a visão daquele luar encomendado para esta primeira vez.

Primeira vez de tudo é algo muito especial... Pode ser muito além ou muito aquém de nossas expectativas, mas certamente é algo que nunca se esquece, muitas vezes marca para sempre uma experiência, um desejo, um sonho, a própria existência.

E esta foi a nossa primeira vez, nosso primeiro encontro. Eu o vi, no alto da escadaria, a me esperar, sorrindo, de um jeito que até hoje me encanta.  E este sorriso me abraçou enquanto eu subia e ele descia, até nos encontrarmos exatamente no meio,  como a marcar que, se até então, caminhávamos sozinhos na vida,  dali por diante, estaríamos juntos, qualquer que fosse o caminho.

Isso soubemos imediatamente quando  nossas mãos se uniram e nossos olhos se  fundiram numa única certeza. Nossa busca havia terminado.



A Fada e o Acauã - Jany Patricio


A Fada e o Acauã
Jany Patricio

Maria caminhava lenta. Pés descalços, cabelos desalinhados. Na cabeça, lata d’água vazia. Flor, sua filha, a acompanhava a passos mansos. Seus olhos vivos, cor de mel, seguiam curiosos o voo do Acauã.

A mãe procurava o riacho que passava perto da pedra, onde o pássaro pousara. Uma lágrima saiu do canto do olho, escorregou pela maçã do seu rosto e molhou a terra seca.

Acauã levantou voo e sumiu no céu sem revelar seu canto.

Voltaram para o rancho na boca da noite. Maria entrou, enquanto Flor encostou-se no pé da cerca para admirar o espetáculo do céu, carregado de estrelas.

Quando de repente: Sssssss! Sssssss! – Sorrateira, uma cobra se aproximava.

Va-voom! – Surgiu do céu o Acauã. Pegou o réptil e voou para uma aroeira.

Flor observou o pássaro, que satisfeito lançou um olhar para Luzibel, uma fada de asas verdes e vestido azul que caia do céu, meio desengonçada. 

Trash! Trá! Prá! - derrubou as cuias secas sobre a cabeça da menina.

— Desculpe! O que posso fazer para me redimir?

— Precisamos de água. O rio está seco e minha mãe chora.

— Bom... minhas asas não me obedecem. Já sei! Aquele Acauã vai nos levar até o rio. Vamos! Suba!

Voaram alto e chegaram.

— Agora vou usar minha varinha mágica...Huuum...Acho que a perdi. Não faz mal. Que planta é aquela?

— É um mandacaru. – disse a menina.

— Então vá até lá e arranque um espinho. Vai ser minha nova varinha!
Diante da expressão de receio no rosto da garota, por medo de espetar o dedo, a fada disse:

— Bah! Está bem, está bem! Pegue aquele galho seco mesmo! Quem não tem cão caça com gato! – falou Luzibel, enchendo as bochechas e franzindo a testa, com cara de enfezada.

O rio, achando engraçado o jeito da fadinha, começou a rir. Mas riu, riu tanto que passou a chorar de rir. As lágrimas eram tão grande quantidade, que começaram a inundar o leito e subir, subir até as margens. E mais, fizeram brotar as minas lá no rancho da Maria, que agora ria, ria, ria.

Após deixar a Maria e a Flor felizes, a fadinha despediu-se e voltou para as estrelas levada pelo Acauã, que finalmente liberou seu canto!

— Acauã, Acauã, Acauã...


A Sabedoria contra a Esperteza! - Dinah Ribeiro de Amorim




A  SABEDORIA CONTRA A ESPERTEZA!
Dinah Ribeiro de Amorim

O coelho andava todo prosa, sabendo que, dos animais pequenos, era o mais rápido. Ninguém o vencia, nem mesmo as emas e avestruzes,  conseguiam competir  com ele.

Adorava comer cenouras, muitas cenouras, antes de qualquer partida. Eram o seu ponto fraco ou a sua tentação, levando horas mastigando com prazer.

Uma tartaruga muito idosa, mas de grande sabedoria, espalhou a notícia na floresta que conseguiria vencê-lo.

“Como!  Perguntavam todos, dando gargalhadas - Lenta, velha, pesada, ganhar de um coelho rápido e corredor, é muito difícil.“

A tartaruga, conhecendo o percurso a ser feito, espalha cenouras no trajeto, colocando-as em lugares estratégicos, favoráveis a descanso e sonecas.

No dia da partida, dada a largada, os dois animais saem.

O coelho, muito rápido, encontra a primeira cenoura. Mastiga-a saborosamente e tira um cochilo.

A tartaruga, calma, segue lentamente.

Alcança a primeira parada do coelho, acordando-o rápido e  saindo em disparada à sua frente.

Logo encontra uma segunda cenoura, muito gorda e atraente, parando para degustá-la.

A tartaruga lenta encontra-o novamente, desta vez com mais sono e menos vontade de correr.

Ultrapassa-o sem acordá-lo e, ele, logo desperta, disparando outra vez à sua frente, não entendendo como ela conseguira alcançá-lo.

Uma terceira cenoura, mais atraente que as outras, aparece novamente no caminho do coelho que, antecipando a vitória, detém-se para comê-la. Adormece profundamente, sendo ultrapassado pela tartaruga que, sorridente, chega ao final da corrida.

É aplaudida vitoriosamente, deixando uma interrogação no ar. “Como conseguira tal proeza?”

“Quase sempre a esperteza e a vaidade perdem para a sabedoria e inteligência dos mais velhos”, responde tranquila a tartaruga.


Como Araras Azuis, uma jararaca e o Acauã - Jany Patricio




As Araras azuis, a Jararaca e o Acauã      
Jany Patricio

Um casal de araras azuis sobrevoava o relevo  avermelhado da Chapada dos Guimarães. O olhar esperto dos bichos avistou uma fonte de águas cristalinas atrás  de rochas musgosas. Desceram num mergulho, mas foram surpreendidas com a presença de uma jararaca que repousava sobre as pedras, aquecendo-se ao sol.

Por sorte encontraram o réptil desprevenido que, sendo pego de surpresa, fugiu, indo se esconder.

Um  Acauã observava a cena pousado nos galhos de um buriti.

— Não confiem nesta jararaca, ela pode voltar e dar o bote. – disse ele.

 As aves seguiram o conselho e alçaram voo.


O prevenido morreu de velho, e o desconfiado ainda hoje é vivo.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

CONCURSOS LITERÁRIOS 2015 - PARTICIPEM !

PREMIO SESC DE LITERATURA 2015
Até 1 de março 2015

Aos autores iniciantes, que ainda não tiveram chance de mostrar ao público suas ideias e sua criação, este é o caminho. As inscrições para o Prêmio Sesc de Literatura são gratuitas e aceitas em todo o Brasil. Basta preencher o formulário disponível neste link. Cada concorrente poderá participar com apenas uma obra por categoria (Contos ou Romance). O livro deve ser inédito, não valem os já publicados, mesmo que apenas na internet. O vencedor terá seu livro publicado e distribuído pela editora Record. Participe! Esta pode ser a chance de sua obra chegar às principais livrarias do país.

Veja o Edital: http://www.sesc.com.br/premiosesc/docs/edital2015.pdf


____________



Veja abaixo outros Concursos para os quais você poderia enviar seus textos:


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REGULAMENTO DO CONCURSO CULTURAL INSTITUTO ANN SULLIVAN E VOCÊ 

POR UM MUNDO DE DIFERENÇAS 







CONCURSO DE CONTOS NA CIDADE DE ARAÇATUBA / SP







CONCURSO PARA ROTEIRO  - PORTUGAL 
ATÉ 31 DE MARÇO 2015:


Prémio dedica-se exclusivamente à modalidade do

 roteiro escrito, subordinado ao tema "Dê Lugar ao 

Amor".










CONCURSO DE CONTOS NO ESPÍRITO SANTO  
ATÉ 30 DE MARÇO DE 2015











CONCURSO DE POESIA  -IDIOMA: ESPANHOL 
ATÉ 28 DE FEVEREIRO DE 2015 


IV Certamen Poético Internacional - Rima Jotabé 28/Fev










E MUITOS OUTROS CONCURSOS LITERÁRIOS PARA ESTE ANO DE 2015:











CONCURSO DE POESIA - INSCRIÇÕES ATÉ 30 DE MARÇO DE 2015

III CONCURSO DE POESIA “NARCISO ARAÚJO”

Organização: Academia Marataizense de Letras.
Inscrições: de 12 de novembro de 2014 a 30 de março de 2015.
Premiação: Medalhas,certificados e participação na V Antologia Poemas da Pérola Capixaba.
REGULAMENTO:
1. DA INSCRIÇÃO – As inscrições se iniciam em 12 de novembro de 2014 e se encerram, impreterivelmente, em 30 de março de 2015, valendo, para registro, a data da postagem nos Correios.
1.1. Podem participar do concurso todos os cidadãos brasileiros, maiores de dezoito anos, residentes em território nacional.
1.2. O tema do concurso é livre. Cada participante pode concorrer com apenas 01 (um) poema INÉDITO, escrito obrigatoriamente em Língua Portuguesa.
2. DO ENVIO (SISTEMA DE ENVELOPES) – O trabalho deve ser digitado em 01 (uma) só face da folha, em fonte ‘arial’ ou ‘times new roman’, tamanho 12; com o máximo de 02 (duas) páginas, numeradas no canto superior direito; constando apenas o título do poema, o pseudônimo do autor, e o poema concorrente.
2.1. O trabalho deverá ser remetido em 4 (quatro) vias, em envelope grande; o qual trará também, em seu interior, outro envelope menor, contendo sobrecarta fechada, com a identificação do candidato: título do poema; pseudônimo do autor; nome completo do autor; endereço completo; telefones com DDD; e-mail e breve biografia (no máximo, 5 linhas). Na parte externa do envelope menor, deverá constar apenas o título do poema e o pseudônimo do autor. Na parte externa do envelope maior deverá constar o seguinte endereço do ‘destinatário’:

ACADEMIA MARATAIZENSE DE LETRAS.
III CONCURSO DE POESIAS ‘NARCISO ARAÚJO’.
SISMAPKI-Sindicato dos Servidores Públicos de Marataízes
Rua Jacinto Romão da Silva, Nº 190.
Bairro Acapulco– Marataízes (ES) – CEP: 29.345-000.

SAIBA MAIS:



quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O VALE PRESENTE -M.luiza de C.Malina


O VALE PRESENTE
M.luiza de C.Malina

Lá estava eu com o presente dos meus sonhos nas mãos.

Não o abri, apertei-o bem junto de mim e corri para o meu quarto. “Minha mãe me deu dinheiro e disse que eu poderia comprar o que eu quisesse. A festa continuava. Eu fiquei escondidinho no meu quarto, sentado no chão pensando no que vou comprar...

Vou comprar uma passagem para a terra do He-Man. Vou conhecer a irmã dele, a princesa She-Ra. Vou lutar e vencer, mostrar que também sou valente tanto quanto ele e, ela vai se apaixonar por mim e vem morar no meu quarto. Ninguém vai acreditar!

—  Felipe, Felipe, onde você está? Venha jantar! - Chama a mãe. Felipe nada responde.

A mãe abre a porta do quarto e vê que ele dorme sobre as almofadas no chão, com o envelope sobre o peito.

Comovida ela sussurra na tentativa de acordá-lo:

—  Felipe, querido, venha vamos jantar!

Felipe, sonolento balbucia:

—  She-Ra, princesa do poder! Vamos fugir, venha! Tenho um castelo de Grayskull em meu quarto. Bem grande!  Cheio de brinquedos, eu deixo você brincar com eles...

A mãe percebe que ele está enlevado em seus sonhos. Descobre o primeiro amor de Felipe. A mãe o beija na testa. Deixa-o junto a sua She-Ra.


Felipe sorri, vira-se e continua a sonhar na certeza de seu beijo.

MEU PRESENTE PREDILETO! Dinah Ribeiro de Amorim




MEU PRESENTE PREDILETO!
Dinah Ribeiro de Amorim

  Papai faleceu muito cedo, deixando sozinhos, eu, mamãe e minha irmã, além de certas dificuldades financeiras. Como aprendera costura desde mocinha, mamãe começou a costurar para fora, ganhando confiança e aumentando freguesia em pouco tempo. Fazia de tudo um pouco. Seu sonho era ir aperfeiçoando material e máquinas para confecção. Cada dinheirinho ganho, empregava-o em alguma coisa.
  Não sobrava muito para nós, que namorávamos brinquedos modernos e atraentes só nas vitrines. Nossos coleguinhas possuíam quase todos, e aproveitávamos para usar os deles. Não era a mesma coisa, claro, mas era o que tínhamos.  

  Sabíamos que seu sonho, agora, era comprar uma máquina de overloque, adiantando muito seu trabalho, mas levaria certo tempo para  economizar o dinheiro. Torcíamos muito para que isso acontecesse!

  Qual não foi seu espanto quando soube por Maneco, meu amigo predileto, que eu também tinha sonhos: comprar uma bicicleta azul, igualzinha a do Francisquinho, nosso vizinho da casa ao lado. O menino era  chatinho e, quando estava de boa, deixava-me dar uma volta.

 Pegou suas pequenas economias e deu-me de presente. A quantia exata para comprar uma bicicleta. Fiquei muito contente e corri para a loja, mas, no caminho, havia outra loja: máquinas para costura e confecção. Fiquei super indeciso e confuso: comprar para ela a máquina tão desejada, ou a minha bicicleta tão sonhada!

Situação delicada, envolvendo sentimento de filho, esforço de mãe... Fiquei mesmo sem saber o que fazer!

Finalmente, o amor e a dedicação de minha mãe venceram! Comprei sua tão necessária máquina!

  Valeu a pena ver sua alegria e agradecimento pela minha ação! Dera de coração e não esperava que eu fizesse isso. “Eu estava sendo a recompensa da educação que me dera”. Abrir mão do que é meu para pensar primeiro na necessidade do outro!
  Com o tempo, nossas necessidades foram diminuindo e o trabalho de mamãe rendendo mais frutos. Compreendi que fizera mesmo uma boa ação em todos os sentidos, pois não demorou muito, ganhei de aniversário a minha bicicleta azul.

  Agora, somos dois, Francisquinho e eu, apostando corridas pelo bairro!

A JOANINHA E A IGUANA - M.luiza de C.Malina




A JOANINHA E A IGUANA
M.luiza de C.Malina


“Outro dia escutei uma conversa do meu pai com a minha mãe. Eu não queria escutar, mas eles pensaram que eu estava dormindo. Meu pai disse que...”

— Marta, por favor, Paulo é muito diferente de Alice, isso não vai dar certo – sua voz era calma e muito preocupada, e mamãe respondeu mais agitada:

—  E daí, eles cresceram juntos, já se conhecem muito bem.

Entendi tudo, estavam falando do meu irmão mais velho. Desde pequeno, eu conheci Paulo numa cadeira de rodas e andava de muletas. Para mim, ele era um super- herói dos filmes da TV, ele é forte e muito bem humorado, vive rodeado de amigas da faculdade.

Alice combina com ele sim, é mais alta do que ele, uma ruiva de longos cabelos que lembra a Rapunzel.

Mas, fiquei triste ao lembrar da Iguana. Ela come os insetos no aquário.  Só um ela não come. É a Joaninha toda enfeitada de vermelho e bolinhas pretas.  Ela sobe na língua comprida e a Iguana a joga na sua cabeça. Elas passeiam alegres e felizes pelo aquário. Acho que a Joaninha faz “cosquinhas” nas suas costas.

Numa certa hora ela voa. A Iguana a procura parada por toda a parte, vira a cabeça prá cá e prá lá, fica parada até encontrá-la.

Um dia pensei que era o fim. Que susto! Quase foi engolida.  Mas que nada! A Iguana deixou que ela passeasse pela língua e num vap-vup já estava nas costas e, os olhinhos da Iguana felizes rebolavam igual ao seu rabo no aquário.

Elas são diferentes, cada uma come o que precisa, vivem em seus ninhos diferentes, mas estão sempre juntas e felizes.

Pedro e Alice, amanhã vou contar isto para o papai.


Para a Alice, vou falar para ela colocar uma roupa vermelha de bolinhas pretas. Vai ficar mais bonita ainda e vai combinar com seus cabelos.

SAUDADE! - EDGARD RIBEIRO DE AMORIM




SAUDADE!
EDGARD RIBEIRO DE AMORIM

Quando findou
É que surpreende
Como o trivial
Foi essencial.

Um beijo de Mãe,
Uma brincadeira,
Um lar,
Um Natal, uma amizade,
Uma alegria escolar.

São honrosos
Os sucessos
Profissionais.

Porém, os pequenos gestos,
Os sorrisos, os carinhos,
À memória
Parecem valer mais!



-Edgard Amorim é irmão Dinah Ribeiro de Amorim-



PERDI O SONO - M.luiza de C.Malina






PERDI O SONO
M.luiza de C.Malina

Uma noite eu não conseguia dormir.

Girava e desvirava.  Acabei levantando.

“Vou fazer como minha irmã. Saio da cama e tiro o pijama. Desço a escada, abro a porta e já estou fora de casa”- pensei

Lá fui eu!   A rua estava meio escura.  Fui até a esquina, como quando a gente passeia com o Tutu, nosso cachorrinho.  Não passava nenhum carro na rua.
“Opa, onde estou?”

Achei melhor perguntar para um homem de capa preta.

— Moço, o senhor sabe onde eu moro? É que eu não sei.

— Ah! Menino, eu sei sim. Vou te levar pra casa. O que você está fazendo aqui fora pelado?

— Eu acordei, tirei o pijama e vim passear. A gente não passeia de pijama, não é? 

— Sua mãe vai levar um susto muito grande!

O vigia da rua olha as horas. São 3:00 da manhã, mas precisa tocar a campainha.

A correria da campainha se tornou um alvoroço maior com a surpresa do “malandrinho” correndo para os braços da mãe, justificando muito feliz:

— Fui passear e o Tutu não foi comigo!

— Dona! Olhe, o seu filho  saiu para a rua a esta hora da madrugada, e  saiu assim, pelado! Eu estava quase cochilando na guarita quando senti uma coisinha se mexendo no outro lado da calçada, pensei que estava sonhando. Firmei bem os olhos e vi que era seu filho, saí correndo e o trouxe. Agora, se ele virasse a esquina, nunca mais a gente iria encontrá-lo!

— Fui passear mamãe, e o Tutu não foi comigo!  - repeti.

Tudo em ordem. O guarda aconselha:


—Dona, sua casa precisa  de muro e portão. Vai que eu durmo numa noite destas!

À PROCURA DO NOSSO CRAQUE! - Dinah Ribeiro de Amorim



À PROCURA DO NOSSO CRAQUE!
Dinah Ribeiro de Amorim

   Estudo em uma escola estadual conhecida por ter o melhor time de futebol da região. Estamos ficando famosos, o que nos orgulha e envaidece, embora tenhamos relaxado um pouco nos estudos. Às vezes, levamos umas broncas dos professores e de nossos pais, mas, quando o time “Campeões” entra em ação, todos se esquecem e torcem com a gente.

  Somos mesmo fortes, sendo o nosso goleiro Gustavo, o melhor jogador de todos, nunca perdendo uma bola! Já o elegemos nosso capitão! Verdadeiro representante. Segundo os treinadores mais velhos, promete muito...

  Treinamos às sextas e sábados, quando não há partidas. Estranhamos que nos últimos treinos, Gustavo não apareceu. Foi difícil substituí-lo e logo pensamos em viagem ou doença. Não costuma faltar.

  Na semana seguinte, tive uma forte dor de dente, fazendo com que mamãe, preocupada, levasse-me até o dentista. Enquanto esperava minha hora, folheei algumas revistas, principalmente de esportes, mas, outra, logo chamou atenção: menino desaparecido de casa há uma semana, chamado Gustavo. Fiquei super impressionado quando deparei com sua foto sorridente e amiga, numa manchete daquelas! Esqueci-me da dor de dente e quis sair imediatamente, ouvindo zanga de mamãe: “Está louco, filho! Já está chegando sua vez. Pode até dar uma infecção sem tratamento!” Não queria ouvir, só pensava no meu amigo, desaparecido; por isso, não tinha ido aos treinos.

  Fui correndo para a escola, reunir a turma. Tínhamos que fazer alguma coisa! Ver com a família quais foram seus últimos passos, se avisaram a polícia, que providências já tinham sido tomadas...

 Na sua casa, disseram que sua última saída fora numa sexta-feira, cedo, para ir ao ginásio, treinar. Não foi, não voltou, nem sabiam mais de nada.

  Conhecíamos times de outras escolas de olho em nós, com inveja de nossas vitórias, mas sempre achamos que não chegariam  a tanto. O espírito esportivo havia no meio estudantil. Pelo menos, achávamos!

 Pergunta daqui, escuta de lá, fizemos grande interrogatório em todo o bairro. Se a polícia estava agindo, nós também ajudaríamos. Ficamos sabendo de um tal Tonhão, meio perigoso, que costumava fazer apostas durante as partidas de futebol dentro dos colégios. Era o seu ganha-pão! Não foi muito fácil encontrá-lo! Ele escorregava dos lugares como bolas de sabão. Sumia no ar. Finalmente, encontramo-nos com ele num boteco afastado, namorando uma menina, e, após muita insistência e ameaças, concordou em falar conosco. Primeiro respondeu que nem sabia quem era Gustavo. Demos uma prensa, e ele disse que tinha um outro time, “Os Enquadrados”, de outra escola, que andava comentando que ele deveria ser afastado. Era bom demais e atrapalhava os outros times, que sempre acabavam derrotados. Isso não os estava agradando!

  Sem comentar muito, chegamos ao local que “Os Enquadrados” se reuniam para treino. Local bem afastado, preparando-se para uma partida de final de ano, importante. Ficamos sentados, assistindo ao treino, fingindo nem sermos jogadores de futebol. Nosso colega “Figura”, assim chamado por acabar observando tudo, sem que notássemos, descobriu um galpão, no fundo do terreno, bastante fechado. Achou que deveríamos dar uma olhada lá, meio disfarçados, pois poderia chamar a atenção e deveria ser local onde guardavam seus uniformes, bolas, etc... Figura foi andando, sozinho, à frente, no auge do treino, enquanto todos torciam. Reparou que tinha uma porta fortemente trancada, com uma pequena janela, meio escondida, mas semiaberta.

 Espiou através dela e quase não viu nada. Desconfiado, chamou por Gustavo e ouviu um barulho lá dentro. Chamou de novo e o barulho repetiu. Cauteloso, voltou para o resto da turma e disse que havia alguém preso lá. Fomos todos para lá e tentamos arrombar a porta. Figura, sabendo que os inimigos eram perigosos, chamou antes, a polícia. Fizemos tamanho barulho que o time parou de jogar e avançou em cima da gente. Foi um rolo de meninos se debatendo, esmurrando, empurrando pra valer, mas “Os campeões” venceram mais uma vez. Achamos Gustavo preso a uma cadeira, quase desfalecido, com a boca fechada por um pano.
  Pegamos o amigo, com cuidado, enquanto os sequestradores maldosos fugiam cada um para seu lado. A polícia chegou e pegou-os em flagrante. Não escapou nenhum!

  Gustavo, feliz por ter sido encontrado, abraçou seus amigos e voltou para casa, recuperando-se logo do trauma e voltando ao seu time do coração. Resolvemos todos andar sempre juntos, para maior proteção.

  Quanto aos Enquadrados por serem menores de idade e primários, iriam responder em liberdade, mas, proibidos de jogarem por muito tempo, e sob observação da polícia.


  Foi um choque para o colégio de ambos os times, que não esperavam que a violência estivesse assim tão alastrada no meio estudantil. Resolveram trabalhar mais nesse sentido.

Resistir essa saudade - Jorge da Paixão





Resistir essa saudade
Jorge da Paixão

Quem gosta de fazer trovas,
se considere poeta....
que a rima é uma prova,
que a poesia está certa...

A vida é uma canção,
para quem sabe amar...
E expulsar a solidão,
para a esperança chegar...

Uma flor lá na janela,
à Natureza a enfeitar....
A vida é sempre bela,
para quem sabe amar...

Resistir essa saudade,
meu coração tem que fazer...
Hoje aqui nesta cidade,
não me esqueço de você...

Um amor tão diferente,
é que sinto por São Paulo,,,
Cidade apinhada de gente,

dedicada ao trabalho...

UM GRITO DE SOCORRO! - Dinah Ribeiro de Amorim



UM GRITO DE SOCORRO!
Dinah Ribeiro de Amorim

  Gosto muito de circo! É a maior atração de nossa pequena cidade. Quando chega, o povo fica alvoroçado, escolhendo os melhores lugares, disputando cadeiras e dias melhores.

  Na verdade, eu e minhas amigas gostamos das exibições, mas mais da movimentação de pessoas, principalmente dos rapazes que costumamos paquerar!
 Nesse ano, prometiam grandes atrações como peças de teatro, malabaristas, motocicletas que se cruzavam, bailarinas famosas e, como sempre, engraçados palhaços.

  Chegou o dia da apresentação e o circo logo ficou cheio de convidados. Eu e Marita, minha melhor amiga, procuramos lugares meio no fundão, de onde veríamos melhor a apresentação e, também, os frequentadores. Estávamos loucas para arrumar namorado! Já tínhamos catorze anos.

  Quando as luzes se apagaram, o palco iluminou-se e o dono do circo, todo paramentado, com um belo casaco vermelho de lantejoulas,  ia dizendo: “Respeitável público! Muito boa noite! Teremos hoje...Não chegou a terminar. Ouviu-se um grito estridente, pavoroso, vindo de alguém da platéia.

  As luzes se acenderam imediatamente e as pessoas se levantaram, rápidas, para ver o acontecido.

 Os empregados do circo vieram num corre-corre danado e examinaram tudo. Não conseguiram descobrir nada! Até que apareceu uma mulher, vestida com folhas, de longos cabelos vermelhos, pintura exagerada,  chamando pelo nome a sua bichinha de estimação, que havia escapado: “Maninha!”. Fazia parte do seu número. Surgiu de baixo de umas cadeiras, roçando nos pés das pessoas, uma horrorosa e amedrontadora cobra verde, muito comprida, que tinha escapado do seu viveiro e só obedecia à sua dona. O pânico dominou os presentes que começaram a sair, desistindo daquele circo.

  Eu e Marita, aborrecidas com o acontecido, principalmente pelo fato de não termos conhecido ninguém, saímos resmungando e lamentando o azar que tivemos.


  O circo ainda ficou alguns dias na cidade, mas com poucos frequentadores. Só os mais corajosos, munidos de lanternas e facões. Os artistas e seu apresentador, diante disso, perderam também o entusiasmo e foram rápido para bem longe, onde ninguém tivesse ouvido falar nessa história. O medo de ir ao circo logo se instalou na região!

O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA - Pedro Henrique

  O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA Pedro Henrique        Curioso é pensar na vida e em toda sua construção e forma: medo, terror, desejo, afet...