PROBLEMAS
ACONTECEM!
Dinah Ribeiro de Amorim
Acordo de madrugada com
batidas fortes na porta. A campainha, acionada, muitas vezes, deve ter queimado
ou não a escutei. Fiquei indecisa, quem será a esta hora? Duas da manhã. Não
vou abrir. Estou com medo.
Fecho os olhos e tento
dormir, novamente. As pancadas na porta se tornam pesadas e contínuas.
Levanto-me rápida, espio
pela abertura e avisto um homem encapuzado. Quem será? O medo aumenta por não
perceber o seu rosto. Consigo gritar: “O que quer? Quem é você?”
Com certeza, alguém que
sabe que estou sozinha! Penso…
Ao ouvir minha voz, bate
novamente e exclama alto: “Abre logo essa porta, senão arrombo e dou um chute
com o pé!”
Corro ao celular,
carregando no banheiro. Nada, não funciona.
Lembro-me do meu telefone
antigo que às vezes, tem sinal. Trêmula, procuro discar o telefone da polícia.
Não me lembro ao certo, pego a caderneta que está logo abaixo, encontro-o e
disco. Uma voz sonolenta responde :Alô, qual é o problema?
Queixo-me que alguém,
àquela hora, está batendo na porta de minha casa e não identifico a pessoa. “É
melhor verificarem o que está acontecendo”, explico.
A voz, talvez de um
policial, do outro lado, manda tentar conversar com a pessoa, enquanto iria
tomar providências… e pede-me o endereço.
Já bastante medrosa e
irritada, detesto ser acordada e ainda por algum provável assaltante,
encosto-me à porta e pergunto o que quer?
O encapuzado responde:
“Apenas um lugar para comer e dormir!”
_ Por que, a minha casa?
Pergunto, logo.
_ Você me conhece. Sabe
quem sou. Ele responde.
_ Não o conheço, não, nem
vejo seu rosto. Nenhum conhecido meu viria aqui, nesta hora, principalmente sem
avisar. Deve estar enganado, confundiu-me com outra pessoa, retruco meio
desesperada.
_ Sou aquele rapaz que
você acolheu em sua igreja, naquela noite em que fugia de um assalto e entrei
lá para me esconder. Ninguém queria ficar perto de mim. Só você me encorajou,
me atendeu, aliviou meus machucados e me ofereceu auxílio, quando precisasse.
Lembra-se? Perguntou o estranho.
Dou tratos à bola. São
tantas as pessoas que nos procuram na igreja, não consigo lembrar-me, mas, com
certeza, deve ter acontecido mesmo. É bem comum eu agir assim, quando estou
muito envolvida e cheia de fé.
_Mas, como sabe meu
endereço? Seguiu-me até aqui? Deveria ter procurado o pastor, respondo.
_Fiquei confuso, meio
tentado várias vezes a voltar, sair dessa vida complicada, cheia de altos e
baixos. Acompanhei-a de longe, várias vezes, encantado com sua generosidade.
Faltou-me coragem. Hoje, envolvido com drogas, fomos atacados por policiais aqui
perto e consegui chegar até sua casa. Levei um tiro e lembrei-me de você.
O encapuzado respondeu-me
isso e foi escorregando até cair ao chão. Escutei o barulho e senti remorso em
não atendê-lo, deve ter desmaiado.
Mais um que cai no
perigo, na vida fácil, enganadora, sem forças para a remissão. E agora, lembro
que a polícia logo chega.
Verdade, quando tento
abrir a porta, compadecida, a polícia chega e o homem acorda, assustado.
Levam-no logo ao camburão
e ele , aos gritos, xinga-me: Sua velha, filha da pu..., mentirosa, chamou a
polícia. Uma falsa mesmo...
Tudo se acalma, volta o
silêncio na rua e eu, confusa , sinto como se tivesse perdido algo importante.
Não me importou ter me chamado de pu... Doía-me muito suas palavras finais: “É
uma falsa mesmo!”
Não consegui mais dormir
naquela noite!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.