A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

AINDA HÁ TEMPO PARA AMAR - CONTO COLETIVO 2011

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

BIBLIOTECA - LIVROS EM PDF

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

PROBLEMAS ACONTECEM! - Dinah Ribeiro de Amorim





PROBLEMAS ACONTECEM!

Dinah Ribeiro de Amorim


Acordo de madrugada com batidas fortes na porta. A campainha, acionada, muitas vezes, deve ter queimado ou não a escutei. Fiquei indecisa, quem será a esta hora? Duas da manhã. Não vou abrir. Estou com medo.

Fecho os olhos e tento dormir, novamente. As pancadas na porta se tornam pesadas e contínuas.

Levanto-me rápida, espio pela abertura e avisto um homem encapuzado. Quem será? O medo aumenta por não perceber o seu rosto. Consigo gritar: “O que quer? Quem é você?”

Com certeza, alguém que sabe que estou sozinha! Penso…

Ao ouvir minha voz, bate novamente e exclama alto: “Abre logo essa porta, senão arrombo e dou um chute com o pé!”

Corro ao celular, carregando no banheiro. Nada, não funciona.

Lembro-me do meu telefone antigo que às vezes, tem sinal. Trêmula, procuro discar o telefone da polícia. Não me lembro ao certo, pego a caderneta que está logo abaixo, encontro-o e disco. Uma voz sonolenta responde :Alô, qual é o problema?

Queixo-me que alguém, àquela hora, está batendo na porta de minha casa e não identifico a pessoa. “É melhor verificarem o que está acontecendo”, explico.

A voz, talvez de um policial, do outro lado, manda tentar conversar com a pessoa, enquanto iria tomar providências… e pede-me o endereço.

Já bastante medrosa e irritada, detesto ser acordada e ainda por algum provável assaltante, encosto-me à porta e pergunto o que quer?

O encapuzado responde: “Apenas um lugar para comer e dormir!”

_ Por que, a minha casa? Pergunto, logo.

_ Você me conhece. Sabe quem sou. Ele responde.

_ Não o conheço, não, nem vejo seu rosto. Nenhum conhecido meu viria aqui, nesta hora, principalmente sem avisar. Deve estar enganado, confundiu-me com outra pessoa, retruco meio desesperada.

_ Sou aquele rapaz que você acolheu em sua igreja, naquela noite em que fugia de um assalto e entrei lá para me esconder. Ninguém queria ficar perto de mim. Só você me encorajou, me atendeu, aliviou meus machucados e me ofereceu auxílio, quando precisasse. Lembra-se? Perguntou o estranho.

Dou tratos à bola. São tantas as pessoas que nos procuram na igreja, não consigo lembrar-me, mas, com certeza, deve ter acontecido mesmo. É bem comum eu agir assim, quando estou muito envolvida e cheia de fé.

_Mas, como sabe meu endereço? Seguiu-me até aqui? Deveria ter procurado o pastor, respondo.

_Fiquei confuso, meio tentado várias vezes a voltar, sair dessa vida complicada, cheia de altos e baixos. Acompanhei-a de longe, várias vezes, encantado com sua generosidade. Faltou-me coragem. Hoje, envolvido com drogas, fomos atacados por policiais aqui perto e consegui chegar até sua casa. Levei um tiro e lembrei-me de você.

O encapuzado respondeu-me isso e foi escorregando até cair ao chão. Escutei o barulho e senti remorso em não atendê-lo, deve ter desmaiado.

Mais um que cai no perigo, na vida fácil, enganadora, sem forças para a remissão. E agora, lembro que a polícia logo chega.

Verdade, quando tento abrir a porta, compadecida, a polícia chega e o homem acorda, assustado.

Levam-no logo ao camburão e ele , aos gritos, xinga-me: Sua velha, filha da pu..., mentirosa, chamou a polícia. Uma falsa mesmo...

Tudo se acalma, volta o silêncio na rua e eu, confusa , sinto como se tivesse perdido algo importante. Não me importou ter me chamado de pu... Doía-me muito suas palavras finais: “É uma falsa mesmo!”

Não consegui mais dormir naquela noite!

 

 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.

PROBLEMAS ACONTECEM! - Dinah Ribeiro de Amorim

PROBLEMAS ACONTECEM! Dinah Ribeiro de Amorim Acordo de madrugada com batidas fortes na porta. A campainha, acionada, muitas vezes, dev...