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quarta-feira, 5 de novembro de 2025

UMA NOVA TERRA, UMA NOVA VIDA! - Dinah Ribeiro de Amorim

 



UMA NOVA TERRA, UMA NOVA VIDA!

Dinah Ribeiro de Amorim

 

Fui passear de manhã na praia. Um lindo dia de sol! Vários navios aportados descansam e se balançam, levemente, em ondas suaves.

Enquanto os observo, percebo que um deles acabou de chegar. Ainda despacha bagagens e vários tripulantes descem. Estrangeiros, imigrantes, na sua maioria.

Um casal um pouco diferente chama a minha atenção. Pele morena, vestimentas compridas, a mulher de cabeça coberta, devem ser remanescentes de guerras, penso logo. Árabes, com certeza, iranianos ou persas.

Lembro logo os resultados finais dos últimos noticiários.

Brasil, meu país, com tantos problemas, tantas preocupações, mas de coração grande, solidário, aberto a receber qualquer nacionalidade.

Quantas raças diferentes temos! Muita gente estrangeira fez parte da nossa civilização. E contribuíram muito para a nossa formação.

O casal continua desembarcando, descendo vagarosamente, medrosamente, as escadas do navio ancorado.

Percebo, na mulher, uma calma, uma paciência solidária, o conformismo e a sabedoria feminina que resplandece no rosto envelhecido.

O homem, seu companheiro, marido talvez, desce rápido, empurrando-a levemente, aflito, com sinais de um nervosismo evidente.

Procuram os dois, com olhares curiosos, alguém ou algum sinal de conterrâneos, à espera.

Ainda os observo e vou me afastando, sabendo que isso, esse transporte de pessoas de longe, não é mais novidade para nós. Simplesmente desejo que se adaptem e melhorem as condições de suas vidas.

Lembro-me, saudosa, dos meus familiares, tios queridos do lado materno, e das tias com quem se casaram, na maioria de famílias árabes, há muito tempo estabelecidas no Brasil.

Mamãe teve muitos irmãos e irmãs, família numerosa mesmo, descendente longínqua dos primeiros portugueses. Seus irmãos, meus tios, casaram-se com mulheres árabes, tias queridas, amigas, as minhas prediletas, de grande influência na minha infância e adolescência.

Atualmente, todos falecidos, guardo gostosas recordações.

Saudades da delicadeza, educação, fidelidade e amor ao marido e à nova família que receberam.

Gostavam também muito de mim. Não sei bem o porquê, talvez a neta mais velha, talvez, dos meus avós. Respeitavam muito a família.

Hoje, dia de finados, dia dois de novembro, o único do ano para recordar os familiares que já se foram, por coincidência, estou lembrando e pensando nas tias. Saudosa de todas elas. Nossas conversas, aprendizagens de comidas, passeios feitos, amava os comentários e preocupações comigo.

Família faz falta, sentimos isso quando diminuem, vamos envelhecendo e também a perdendo, em grande parte. Resta-nos uma boa lembrança.

Quem sabe ainda nos encontramos? Costumo sonhar às vezes com elas. Um novo nascimento na família é muito comum, eu sei. Afinidades que tiveram comigo, eu acho.

Saudades dos meus falecidos, hoje, ou a chegada dos novos moradores ao Brasil, sei lá! Mamãe, papai e meu pequeno irmão, quase um primeiro filho, sinto todos os dias!

Espalho retratos de comemorações pela casa toda. Era bom quando batíamos fotos e mandávamos revelar os filmes. Fotos pelo celular são práticas, mas ficam guardadas nos documentos, não mais se revelam, como antigamente.

Ah! Idade! Já estou preferindo o passado!

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