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quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Suspense - Dinah R Amorim

 


Suspense

Dinah R Amorim

 

Naquela noite não estava ventando, mas a porta dos fundos bateu com força; o ruído estremeceu os vidros, causando grande impacto por todo o apartamento. Dona Alice se dobrou sobre si mesma, paralisada pelo medo que já lhe era familiar.

Ah! Como ela ansiava por uma manhã iluminada! Tentava dissolver seu nervosismo arrumando os livros na estante do quarto. Mas eis que outros sons estridentes encheram o ambiente de maus presságios.

De repente, algo se fez forte em seu coração e ela, sem hesitar, saiu do quarto e disse em altos brados: “Quem está aí?” Nenhuma resposta.   Então, caminhou decidida até a entrada e certificou-se de cerrar as portas e janelas. Já voltando para o quarto, escutou novamente o ranger enferrujado das grades da área de serviço.  Agora tinha certeza: havia, sim, alguém entrando em seu apartamento.

Dona Alice sabia que aquele seu vizinho esquisito era uma ameaça constante. Ele tinha o olhar opaco de um ente quase sobrenatural, ameaçador como só os assassinos, os neuróticos conseguem ter. E, além do mais, ele já aprisionara e matara o cãozinho de estimação de que Dona Alice tanto gostava.

No meio do claro-escuro opiju0qiytritj das salas, ela pode ouvir estilhaços de vidros caindo no chão. Eram como pequenas facadas em seu corpo gelado. Dona Alice se trancou no quarto. Espiou pelo buraco da fechadura. Viu o homem sentado em frente à porta brandindo uma faca como se fosse um samurai enraivecido.

E então se fez silêncio.

Ela quis acreditar que ele poderia ter adormecido. Abriu uma fresta da porta do quarto. Estava tudo quieto. Mas havia um cheiro estranho, esgueirou-se até a cozinha e percebeu o cheiro de gás. Quando se voltou viu o homem se aproximar com sua faca; ela entrou no banheiro, se trancou, e com mãos trêmulas quebrou o espelho para fazer uma arma com os cacos.

A ferida em suas mãos sangrava muito. Os chutes do infeliz iam esburacando a porta até quase pô-la abaixo. Dona Alice ainda conseguiu cortar-lhe a veia das pernas. Saiu aos pulos sobre o corpo caído do homem, banhado no sangue misturado dos ferimentos deles dois, que fez um rio vermelho e tingiu o piso frio, o taco quente, o tapete persa  do hall...

 

 

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