VERDADE
OU MISTÉRIO?
Dinah Ribeiro
de Amorim
Desde a infância, ouvimos contar histórias
verdadeiras ou falsas, que significam e formam superstições. Algumas permanecem
algum tempo e depois desaparecem. Quando adultos, as esquecemos.
Outras, quando lembramos, não sabemos dizer se
são verdadeiras ou não. Cremos um pouco também nas superstições.
A casa dos meus avós tinha um quintal
comprido, com várias plantas e um galinheiro ao fundo.
Costumávamos roubar ovos de manhã, quebrá-los
e tomar a gema crua, antes de vovó ir colhê-los.
Ela ficava brava conosco e com as galinhas
poedeiras também. Uma delas, esperava meu irmão chegar e ia certeira bicá-lo,
já antecipando o seu roubo. Com o tempo, escondiam seus ovos em lugares que não
achávamos, ou faziam greve. Paravam de botar.
Tio Roberto cismou de fazer caretas com
melancias e abóboras, acendendo uma vela dentro, para ficarmos com medo à noite
e nos afugentar do galinheiro. Não é que deu certo! Acreditávamos serem
fantasmas protetores de aves, e não mais íamos roubar ovos. Só que as galinhas
também ficaram com medo e não botaram mais.
Pobre vovó, teve que comprar ovos no empório
da rua.
Em criança, sempre ouvíamos que passar embaixo
de escadas, era um azar danado. Principalmente em lugares em construção. Quando
víamos alguma, dávamos a volta e não passávamos. O pedreiro que estava perto,
morria de rir…
Também não acreditei nisso, quando cresci,
crendices de criança, falatórios do povo.
Tinha uma amiga da vovó, Dona Ana, muito idosa
já, sozinha, viúva e sem filhos. Muito religiosa, vivia pedindo a Deus para não
sofrer na hora da morte. Queria uma morte rápida. Quando morreu, soubemos que
passeava na cidade e passou debaixo de uma escada, quando caiu um tijolo em sua
cabeça e a matou rápido. Ficamos muito arrepiados quando soubemos, mas a sua
oração deu certo. Nem sentiu. Vovó
dizia: “ Foi atendida mesmo!”
Ficou a dúvida conosco: muita fé ou dá azar?
Somos um povo cheio de superstições. Basta
conversarmos com o pessoal do mato ou interior, longe da modernidade, que
aprendemos muito.
Em final de ano, tenho amigas que dão uma
folha de louro para todos colocarem na carteira. Quando pergunto o porquê, diz
que é para trazer sempre dinheiro. Oba, pego logo a minha.
As cores das roupas debaixo, também
influenciam a passagem do ano.
O vermelho significa paixão ardente, o branco,
paz infinita, o azul, tranquilidade e sossego, o amarelo, dinheiro e o verde,
crescimento e fartura. Não sei bem se está certo, cada um fala de um jeito.
Depende da crença.
Comer lentilha na ceia de final de ano, dá
sorte e sucesso. Comer aves como frango, pato, peru, com asas, dá azar, segundo
uma amiga. Ciscam para trás. O ano também voa para trás. Sei lá! Nós sempre comemos, não? O peru de Natal
sempre foi tradição para todos!
E os três pulinhos nas ondas do mar, à meia
noite, para quem está na praia? Todos obedecem a essa crença!
Lembro-me, em menina, que à meia noite, no
final do ano, Tia Ilda mandava bater no poste da rua para festejar. Não sei até
hoje para quê? Mas batíamos com gosto!
Pois é, crendo ou brincando, o bom mesmo é
fazer uma bela oração para pedir Saúde! Paz! Prosperidade! Sucesso! Livramentos
do mal e Proteção a Deus, é o que acredito! Amém! Feliz Ano Novo a Todos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.