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terça-feira, 13 de abril de 2021

A PROVA DO CRIME Um dia, num condomínio residencial. - Leon Vagliengo

 



A PROVA DO CRIME

Um dia, num condomínio residencial.

 

        Muita coisa pode acontecer num condomínio, na rotina de um dia qualquer.

Naquela segunda-feira, logo cedo,  Ariovaldo, síndico do Condomínio Edifício Oceano Pacífico, chamou o zelador Gregório ao corredor de entrada do prédio para algumas “observações”, conforme disse.

Aos trinta e dois anos de idade, Gregório, um simpático argentino, era o zelador daquele prédio já havia bem uns cinco anos. Cansado da vida rural que tivera em seu país, viera para o Brasil para viver no litoral do Oceano Atlântico, conseguindo esse emprego em Santos. Os condôminos gostavam muito dele porque era atencioso e bem-humorado, e até muito engraçado com as suas atitudes meio latinas.

Pela maneira como foi chamado pelo síndico, a quem já conhecia muito bem, sabia que viria encrenca. E tinha razão. —Ariovaldo ostentava a pose de austero, era um homem muito caprichoso, do signo de Virgem como a esposa deste narrador e – sei bem com é - deixava Gregório quase maluco por não admitir nada errado, sujo ou fora de lugar. Não deu outra: chegando ao local da ocorrência, Gregório viu que o síndico estava mesmo muito irritado.

Quem fez esta sujeira no corredor? – Perguntou a seco. Descubra o responsável para que eu lhe mande uma carta de advertência acompanhada da multa regulamentar. E procure também descobrir de onde vêm uns estranhos balidos ouvidos pelos condôminos durante toda a noite.

Antes mesmo que Gregório pudesse responder que não tinha ouvido nada e nem tinha visto o malcheiroso material até aquele momento, já estava incumbido de investigar sua origem.

Enquanto ele recebia as ordens do síndico, chegou para o seu trabalho a Jurema, a bela faxineira do primeiro andar, uma mulher batalhadora e muito séria, parecendo não perceber o frisson que provocava com o seu andar naturalmente sensual, interrompendo a conversa com a sua passagem e hipnotizando os olhares apaixonados de Gregório, e muito mais do que cobiçosos do síndico.

Vendo aquele mulherão a caminhar, eles ficaram mudos e paralisados por alguns instantes, até que caíram em si e perceberam o papelão que estavam fazendo. Voltaram logo à conversa para disfarçar, mesmo porque sabiam que Jurema não era sopa. Um dia ela havia defendido ferozmente uma criança injustamente acusada de roubo de uma ferramenta numa loja próxima. A sua ferocidade ficara conhecida por aquele episódio e lhe rendera temeroso respeito por parte das pessoas que a viam todos os dias no condomínio.

Para a sorte de Gregório e do síndico, Jurema não percebeu os seus olhares atrevidos; mas a cena não escapou à observação de Sarah, uma romântica jovenzinha de seus quinze anos, ainda com muitos sonhos cor-de-rosa, que a tudo assistia da varanda do primeiro andar.

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Estudante anteriormente muito aplicada, naquele ano Sarah havia se deixado levar pela paquerinha de um colega da escola, o Jonathan, relaxando em seus estudos. Como resultado, ao final do ano escolar acordou de seu mundo de sonhos de adolescente, chocada com o próprio insucesso nos exames, pois ficara em segunda época, uma experiência muito amarga para uma mocinha como ela, que sempre tivera sucesso na escola, orgulhando a seus pais, sua maior e natural referência.

Uma experiência dura e inesquecível. Quase em desespero ao ver a preocupação deles, Sarah estudou muito para os exames, mergulhando nos livros e cadernos, esquecendo-se de Jonathan, pelo menos por um tempo; e assim conseguiu, finalmente, a duras penas, a recuperação do ano escolar.

Agora sim, já estava em férias e podia fazer o que mais lhe agradava. Além, evidentemente, do namoro com Jonathan, Sarah tinha verdadeira paixão pela leitura. Lia de tudo: jornais, gibis, revistas e, principalmente, livros. Em apenas alguns dias após os exames, já havia tido o prazer de várias leituras, algumas bem interessantes.

Foi num gibi que leu as aventuras de Sycron, um grande robô revestido de aço, dotado de inteligência artificial auto evolutiva, inicialmente programado para o deslinde e o combate ao crime. Invulnerável aos projéteis de armas de fogo graças a seu revestimento de aço, representava um grande obstáculo para os bandidos, era um símbolo do Bem contra o Mal. Sarah riu-se ao pensar que aquele grande herói, de tão pesado, não poderia ser muito ágil e nunca conseguiria nadar. Gibis eram mesmo para crianças...

Numa revista de variedades, dias antes havia lido a história real de Thory, primeiro Super-herói brasileiro, pernambucano de vinte e sete anos, cujo nome verdadeiro e completo é Thoryvanderson Ferreira da Silva, nome esse elaborado com muito carinho por seu pai com base nos de jogadores estrangeiros, durante a Copa Mundial de Futebol de 1994, quando ele nasceu.

O artigo contava que Thory, leitor e releitor obsessivo de velhos e antigos gibis da coleção de seu avô, que encontrou quando ainda era menino, conseguiu a grande façanha de juntar um dinheirinho e migrar do sertão de Pernambuco para a Capital, onde procurava emprego como ator em algum circo, sonhando interpretar preferencialmente o Capitão Marvel, seu maior ídolo, inspirado naqueles gibis. Como não encontrou circos em Recife, estava ainda desempregado, chamando a atenção de quem o via passar pelas ruas com aqueles trajes estranhos.

Sabia que um de seus pontos fracos na interpretação do herói seria a sua incapacidade de voar, ou mesmo de provocar o raio que lhe daria esse poder ao chamar o mago “Shazan”; quando criança tentou tantas vezes, e não entendia porque com ele isso nunca funcionou, se funcionava tão bem com o Capitão Marvel. Ao ver os altos edifícios da cidade grande, até pensou em tentar um voo saltando lá de cima, mas desistiu ao lembrar-se de que não conseguiria o raio de Shazan, conforme disse sincera e candidamente a uma repórter que o entrevistou.

Sarah viu a foto de Thory na revista e logo estranhou a incoerência do rapaz na escolha do seu vestuário. Nem o Billy Batson, repórter que se transformava no Capitão Marvel, se vestiria, sem camisa, com um casacão daqueles, ainda mais no calor de Pernambuco. Esse é mesmo doido de pedra, pensou e riu, mas com pena dele.

Também nos jornais Sarah encontrava coisas assombrosas. Ainda no dia anterior lera a reportagem sobre Nickolas Sheldom, ou o “velho Nick”, como foi chamado pelo jornal. Tratava-se de um norte-americano de seus quarenta e poucos anos, que em sua juventude assistia a muitos filmes de faroeste, sempre identificando-se demais com os personagens dos mocinhos na luta contra os bandidos. Assim, desenvolvera um forte sentimento do dever de lutar pela Justiça a qualquer preço, embora não tivesse a noção necessária do respeito às leis. À medida em que o tempo passava, aquela obsessão pelo combate à injustiça foi dominando a sua mente de forma doentia. Equipou-se de armas e de outros aparatos de ataque e defesa, aproveitando-se da facilidade existente nos Estados Unidos para a compra de armas e munições. Ele sentia, cada vez mais compulsivamente, que tinha que fazer alguma coisa pelo Bem e pela Justiça,  e nada, nem ninguém, poderia impedi-lo. Num momento extremo de seu devaneio doentio, adotou até uma vestimenta de cowboy. Ao final, a sua figura despertava a atenção de quem o via, mas ninguém ousava interpelá-lo ou mesmo seria capaz de imaginar o que ele ainda faria...

A notícia do atentado praticado pelo “velho Nick”, em que algumas pessoas perderam a vida sem nenhuma razão, incomodara profundamente a jovem Sarah. A insegurança que sentiu ao pensar que qualquer maluco ou criminoso poderia dispor facilmente de armas e sair por aí metralhando as pessoas com quem cismasse, lhe pareceu algo muito insano. Isso depõe muito contra o pretenso bom-senso dos adultos, pensou decepcionada.

Essas leituras ficaram para trás.

Era segunda-feira, muito cedo, e Sarah já estava sentada numa confortável poltrona na varanda do apartamento do primeiro andar, lendo empolgada o livro com a história do mestre Ramos, um capitão que, naquele momento da aventura que lia, enfrentava uma violenta tempestade com a sua frágil traineira, preocupado em não perder a carga de peixes que alimentaria a comunidade de sua ilha por algumas semanas e, principalmente, preocupado com a sua própria sobrevivência, dada a violência da tempestade que enfrentava.  No retorno da pescaria, ele e seus companheiros foram surpreendidos por aquela tempestade, que poderia abalar a estrutura da embarcação tornando-a instável. Na tentativa de manter o barco na rota, os marinheiros caíram no mar e sumiram entre as águas. Assustado com o desaparecimento de seus companheiros, o Capitão implorava a Deus que o salvasse. Sozinho diante de um perigo como jamais enfrentara, teria que salvar a própria vida e a carga. Sua família o esperava, tinha que conseguir!

Atraída pela conversa do síndico com Gregório e desviando um pouco sua atenção da leitura, Sarah pode observar claramente, daquela posição privilegiada que lhe proporcionava a varanda do primeiro andar, a cena que se passava no momento da entrada de Jurema. E indignou-se: Síndico safado! Grudou os olhos no traseiro dela! Só não vou lhe contar porque é brava, é capaz de brigar com ele e vai dar confusão. Mas, em compensação...olha só o jeito que o Gregório olha para a Jurema! Parece que está gamadinho! Aaah! Isso eu vou contar!

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Enquanto Sarah matutava sobre o que vira, Gregório já examinava a cena do “crime”, ponderando para si mesmo que algumas pessoas não têm, mesmo, noção de higiene, respeito e civilidade. Via-se diante de uma tarefa difícil: como descobrir o responsável por aquela sujeira? Se não fosse a exigência do síndico, bastaria limpar aquilo e estaria tudo resolvido. Mas a situação, praticamente, o investira numa tarefa que seria própria para um detetive. Ao observar o montinho o seu pensamento ia correndo solto, e se divertiu ao imaginar-se vestido como Sherlock Holmes, com capa, cachimbo, chapéu e lupa, para uma importante investigação em busca do misterioso proprietário de um bichinho porcalhão, que não era, evidentemente um gato nem um periquito; certamente seria um cachorro e... um cachorro? Epa! Essas bolinhas eu conheço bem. São cocôs de cabrito! Sim! É claro! Isso explica também os balidos ouvidos durante a noite! Mas... Que absurdo! Quem teria escolhido um cabrito para pet, aqui no condomínio?

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O jovem veterinário doutor Alex vinha retornando da casa de sua noiva, que morava numa cidade próxima. Já era tarde da noite de domingo. De repente, os faróis de seu carro iluminaram um movimento agitado de um vulto branco bem mais adiante, ao lado do acostamento, chamando a sua atenção. Curioso, como a estrada estava sem tráfego pôde reduzir a velocidade enquanto se aproximava do local.

Ao chegar, parou a sua perua no acostamento, desceu do veículo, e viu que um pequeno animal estava se debatendo, preso em alguma coisa. Bondoso e fiel a seu ideal de veterinário, imediatamente se dispôs a acudi-lo; acendeu a sua lanterna e atravessou a pequena faixa de mato rasteiro até o animal, constatando, ao iluminá-lo, que se tratava de um cabrito preso numa cerca de arame farpado, já um pouco machucado e bastante assustado.

Antes de desembaraçá-lo da cerca, tomou o cuidado de prendê-lo com uma guia para que não fugisse, pois ele necessitaria de curativos. Depois, com alguma dificuldade, conduziu o cabrito até a sua perua e o alojou na gaiola que mantinha no veículo para o transporte de animais.

O doutor Alex estava bastante cansado e àquela hora não dispunha de um local adequado para deixar o cabrito. Não encontrando qualquer alternativa, teve a ideia maluca, mas única, de levar o cabrito para o seu próprio apartamento, onde o acomodaria de alguma maneira, apenas até o dia seguinte. Daria um jeito.

Ao chegar, todos no prédio já dormiam, inclusive o porteiro, como sempre acontecia.  

O doutor Alex abriu o portão com o controle remoto, estacionou a perua em sua vaga no pátio do prédio, pegou o cabrito pela guia, passou com ele através do jardim, mas não entrou pela entrada principal; foi até a entrada de serviço e subiu as escadas com o animal até o seu apartamento no terceiro andar. Ninguém os viu.

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Segunda-feira, ainda cedo, Jurema entrou no apartamento para o serviço diário e logo Sarah veio a seu encontro com aquela carinha maliciosa de quem sabe alguma coisa muito particular.

Tenho uma coisa para te contar – disse ela.

E contou mesmo, com detalhes, a cena que presenciara da varanda, descrevendo o olhar apaixonado que o argentino Gregório dedicara a Jurema durante a sua passagem na entrada do prédio. Prudentemente, nada disse sobre os olhares lascivos do síndico.

Ao ouvi-la, Jurema abandonou a sua expressão séria habitual e sorriu feliz com a notícia, sentindo-se envaidecida e agradecendo a Sarah por lhe confirmar aquilo de que já desconfiava. Agora iria pensar uma forma de facilitar as coisas para o Gregório, pois também gostaria de ser cortejada por ele.

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Quem teria um cabrito neste condomínio? Pensava ainda Gregório, exultante com a brilhante dedução que tivera no exame do cocô. Nesse momento, surge a solução, caída dos Céus. Ou melhor, vinda da entrada de serviços, por onde estava passando o Doutor Alex com o cabrito. Ao vê-los, Gregório correu afobado até eles, pisando desastradamente na prova do crime:

- Buenos dias, señor – Disse Gregório.

- Bom dia, Gregório – Disse o Doutor Alex.

- Bé é é é é é! – Disse o cabrito.

 

Enquanto Gregório explicava a situação para o Doutor Alex, aproximou-se deles o síndico Ariovaldo, que se espantara com a inusitada presença de um cabrito em seu condomínio.

Bé é é é é é! – Cumprimentou-o o cabrito.

 Isso deu ao Doutor Alex a oportunidade de lhe contar as dificuldades por que havia passado na noite anterior para acudir o animal, do qual já se afeiçoara bastante.

Ouvindo a história e compadecido com a dedicação e a bondade do veterinário, Ariovaldo abriu mão de seus princípios de virginiano e resolveu perdoar a multa, além de não fazer a carta de advertência. Deu ordens a Gregório para providenciar uma limpeza completa do ambiente e dar o caso por encerrado, declarando solenemente, ao vento:

A grandeza e a paz devem sempre prevalecer no Condomínio Oceano Pacífico.

 

Bé é é é é é é! – Agradeceu e aplaudiu o cabrito.

 

Avaliando bem as circunstâncias, o Doutor Alex achou melhor não abusar da boa vontade do senhor Ariovaldo e deixou para solicitar em outro momento a autorização para manter permanentemente o cabrito em seu apartamento, como animal de estimação.

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Na tarde daquele mesmo dia, ao sair do serviço, uma sedutora e perfumada Jurema, distraidamente, como quem não quer nada, deixou cair um pacote quando passava bem pertinho do apaixonado Gregório...

segunda-feira, 12 de abril de 2021

A fuga - Hirtis Lazarin

 


A fuga

Hirtis Lazarin

 

O convento dormia tranquilamente.  As freiras e as iniciantes acomodavam-se bem cedo.  Acordar às cinco horas da manhã exigia disposição para assistir à santa missa que durava horas de orações, a primeira obrigação do dia, mesmo antes do substancioso café da manhã.  Muitas religiosas dedicavam-se ao aprimoramento culinário, único prazer permitido entre aquelas silenciosas paredes coniventes, cercadas por altos muros cinzentos.

Havia dias em que Claire andava bem estranha.   Às vezes esboçava um sorriso maroto disfarçado de felicidade, outras fazia caretas de preocupação.  A madre superiora, vivida e ranzinza, já notara e estava de olho.

Claire nasceu no ano de 1866 em Paris numa família aristocrática, extremamente religiosa.  Religião e poder andavam de mãos dadas.

Ao completar dezoito anos, eram apresentadas às jovens três opções de vida: casar-se com alguém escolhido pela família, fazer votos religiosos ou permanecer solteira com o dever de cuidar dos pais e sobrinhos.

Claire era sensível e inteligente o suficiente para não ser aprisionada num destino programado.  Tinha ideias avançadas para sua época.  Tocava piano desde os cinco anos e seus desenhos gritavam criatividade e sensibilidade estética.  Mas tais qualidades não eram valorizadas no mundo feminino.  As mulheres eram preparadas para cuidar da vida privada da família e aos homens cabia o sustento.

"Constituir família com um desconhecido, nem pensar".  Se escolhesse o convento, teria tempo para pensar em outra saída.  E foi o que fez.

Claire consultou o relógio escondido embaixo do travesseiro.  Eram quase duas horas da manhã.  Certificou-se de que suas colegas de quarto dormiam profundamente, tirou a camisola branca de algodão cru que escondia um vestido reto e sem babados, usado debaixo do hábito.  Carregou uma mochila com poucas peças de roupa e saiu do quarto.

Pé ante pé, caminhou pelos imensos corredores familiares, atravessou salas e entrou na capela.  Apenas a lamparina do Santíssimo Sacramento acesa.  Orou poucas palavras,  pediu perdão a Deus. "A gente só vive uma vez".

Tão silenciosa quanto uma folha seca que se desprende do galho, andou até a porta principal.  Girou a chave pesada tão delicadamente que ela não teve coragem de ranger.  Olhou para todos os lados e desceu as escadas saltitando.  Atravessou o jardim florido chegando  ao depósito das ferramentas e apetrechos de jardinagem.  A escada estava onde deveria estar.  Era pesada, mas não mais que a vontade de fugir.

Subiu cada degrau pacientemente.  Uma queda quebraria todos os seus ossos.  Chegou à borda do muro e lá embaixo na calçada estava o amontoado de lixo que seria recolhido de manhã.

Ela nunca ouvira falar em super-heróis, mas, naquele momento, seria a primeira.  Num salto voador, viu-se misturada aos restos de comida que se soltaram de um saco furado.  O mal cheiro era forte.  Deu uma chacoalhada, sentiu-se livre e solta.

Nesse exato momento, lá na esquina, apontou uma carruagem num trote lento e compassado.

Claire postou-se no meio da rua estreita e gritou por socorro.  O condutor não teve outra saída senão frear os cavalos.  Assustados, relincharam alto.  Ela não pensou duas vezes.  Abriu a portinhola e pulou para dentro do coche.  Ela precisava fugir dali.

Jeremias aguardou um instante e como os passageiros não esboçaram qualquer reação, tocou em frente.

Então a fugitiva se deu conta de que não estava sozinha.  Dois homens bem vestidos e uma mulher exuberante com seios volumosos  pressionados pelo espartilho, riam  e bebiam champanhe.  Bêbados, descontrolados e felizes depois de uma noite prazerosa no cabaré ”Chat Noir" da rua Montmartre, não davam conta do que se passava ao redor.  Logo em seguida, todos adormeceram.   Só acordaram quando a carruagem estremeceu e uma das rodas se soltou.  O "coupê" perdeu o controle da direção e os cavalos assustados arrastaram todos, num zigue-zague, até parar no acostamento.

Todos desceram e só então a "intrusa" foi descoberta.  "De onde veio essa assombração"?  Antes que fosse atacada, em resumidas palavras, Claire deu-lhes uma explicação razoável.  

Já estavam a muitos quilômetros de Paris e era o momento necessário e oportuno para uma pausa.  Acomodaram-se debaixo de árvores corpulentas às margens de um riacho de águas rasas transparentes.  Fartaram-se de alimentos e frutas que carregavam.  Os cavalos, também famintos, perderam-se no descampado de grama verdinha.

Claire contou detalhes da sua história e teve apoio do grupo.  Gente boa e rica que sabia aproveitar a vida.  Eles pretendiam chegar à Florença, onde acontecia uma exposição com pinturas renascentistas.  Era tudo o que a ex-freira mais queria: contatar o mundo das artes, fugir da França e se esquecer da família que, certamente, a amaldiçoaria todos os dias de sua vida.

O calor estava intenso e as águas convidavam todos ao banho.  Os rapazes não se entusiasmaram em se desfazer de botas e tantas peças de roupa, mas as duas mulheres, desinibidas e sem pudor, despiram-se e não perderam tempo.

A carruagem estava consertada e os cavalos descansados e tranquilos.   Hora de partir.  O caminho à frente era longo.

O pescador e o mar - Adelaide Dittmers

 


O pescador e o mar

Adelaide Dittmers

 

Há dois dias que aqueles homens estavam no mar. Capitão Ramos olhou para o céu coberto de pesadas nuvens escuras, que eram empurradas por um vento cada vez mais forte. Conhecedor profundo do mar e das intempéries, coçou a cabeça preocupado e se perguntou se aquele velho barco aguentaria a fúria da tempestade que se anunciava.   Decidiu que era hora de voltar.  A pesca tinha sido boa e o caminho até a costa era longo. Chamou os dois homens, que o acompanhavam e comunicou-lhes que estavam retornando.   Direcionou o barco para a terra firme e iniciaram a viagem para casa.

Nesse momento, raios começaram a riscar o céu, seguidos pelos fortes estrondos de trovões.  Ondas enormes levantaram-se no mar revolto, batendo com violência na frágil embarcação, que subia e descia pelas grandes e assustadoras vagas.

Os três homens se esforçaram para manter o barco estável e no rumo certo.  Uma chuva forte começou a despencar com uma fúria descontrolada. A visibilidade era nula. O aguaceiro se confundia com as tenebrosas águas do oceano.

Capitão Ramos tentava acalmar os dois homens, que estavam aterrorizados, mas um turbilhão de pensamentos ocupava sua cabeça.  Como conseguiria levar o velho barco e aqueles homens, que tinham plena confiança nele, para a terra firme.  Um medo nunca sentido por aquele homem corajoso tomou conta de seu corpo e de sua alma.

De repente, uma onda gigantesca impulsionada pela ventania levantou o pequeno barco, jogando-o de um lado para outro.  Os dois homens que acompanhavam o marinheiro foram bruscamente lançados ao mar.

O velho lobo do mar, acostumado a várias situações difíceis, agarrado a um pequeno mastro, soltou um grito desumano, como um animal ferido, e um choro incontido e singular irrompeu naquele homem tão forte como as ondas desvairadas à sua volta. Era responsável por aquelas vidas.

Com grande dificuldade, ele se arrastou até o leme e o segurou firmemente e apesar do desespero e do terror de ver os homens, tentando se manter à tona das águas, dirigiu o barco para o mais perto deles, que   pode conseguir, lançando uma corda para tentar resgatá-los.  Um deles conseguiu chegar até a corda e segurou-a com firmeza.  Ramos tentava trazê-lo para o barco, mas a força do mar tornava aquele salvamento quase impossível, quando uma imensa vaga jogou o homem à beira do costado do pesqueiro e o capitão, reunindo toda a energia, que ainda lhe restava, puxou-o para dentro.  O pobre homem, que tossia e respirava com dificuldade, estendeu-se no chão para se recuperar.

Ramos olhou para fora, apreensivo, tentando divisar o outro pescador entre as grandes ondulações das águas, que se elevavam violentamente.  Ele desaparecera.  Um sentimento de impotência e de desalento tomou conta dele.  Tião era um companheiro de muitos anos, amigo fiel de muitas empreitadas e com quem compartilhou muitos momentos felizes. Não era jovem e por isso não tinha a vitalidade necessária para lutar contra aquele gigante e tempestuoso mar.

 Como se voltasse à realidade voltou sua atenção ao homem salvo, incentivando-o a reagir e ajudá-lo no difícil desafio de conduzir o barco à terra firme, com segurança.  Movido por uma força interior, muito peculiar à sua personalidade, bradou:

— Temporal dos infernos, você não vai vencer nóis.  Vamo consegui! Deixa de choradera, Quim e vem me ajudá!

Com destreza e a experiência acumulada durante muitos anos de pescaria, procurou manter o barco, o mais estável possível, levando-o a favor das ondas e quando não era possível, cortava-as de lado, com a velocidade reduzida e elevando a proa para não entrar água na embarcação.

Seus pensamentos estavam concentrados na luta contra aquele poderoso adversário.  Quim, por sua vez, tentava ficar de pé e auxiliá-lo a divisar alguma coisa em meio aquele aguaceiro.

Com ímpeto e segurança, conduzia o velho e alquebrado barco em direção à costa e, como um filme, que se ia desenrolando, lembrava-se de sua juventude cheia de dificuldades e do demorado aprendizado como marinheiro e pescador.  Suas memórias reviveram as adversidades vividas por ele, seus inúmeros irmãos e seus pais na luta constante pela sobrevivência.  Esta era mais uma delas e ele iria vencê-la.

Seus pensamentos voaram para as famílias que dependiam da pesca para ter o pão em suas mesas e para sua companheira de vida, que o esperava a cada pescaria, rezando por sua volta.  E essas reflexões lhe davam alento para continuar enfrentando a terrível tempestade.

Depois de algum tempo, a chuva e o vento começaram, aos poucos, a diminuir de intensidade e o oceano, súdito que era da natureza, foi se acalmando devagar.

Os dois homens se abraçaram aliviados.  Tinham superado o pior. Sem pressa e com muito cuidado foram se aproximando da costa, que já era visível, mas ainda muito distante.

Aos poucos, foram chegando mais perto da terra e começaram a avistar os morros verdejantes, que circundavam a bela e agreste praia em que viviam.  Uma enorme tartaruga passou pelo barco e eles soltaram uma gargalhada, descarregando parte da tensão, que tinham contido em seu interior. A visão do animal foi para eles um sinal da vida, que retornava.

Ao se aproximarem da praia, avistaram um grande número de pessoas, que se aglomerava à beira do mar, parecendo que a pequena vila de pescadores comparecera em peso para esperá-los. 

Vários homens e mulheres entraram no mar para recebê-los. Extenuados pela grande batalha contra a natureza bravia, desceram da pequena embarcação e foram ao encontro deles.

Suas emoções eram contraditórias.  Estavam felizes por estarem vivos e trazerem os peixes para aquelas pessoas pobres, e tristes pela perda do companheiro.

Uma mulher adiantou-se no grupo.  Era sua mulher.  Agarrou-se a ele, chorando convulsivamente e quase gritando dizia:

— Nossa Senhora me ouviu!  Nossa Senhora me ouviu!

A mulher e os pequenos filhos de Quim também o abraçaram chorando.

Era uma comoção geral.  Dentre o grupo, outra mulher afastava com os braços as pessoas e tentava chegar perto de Ramos.  Quando finalmente conseguiu se aproximar dele exclamou:

— Cadê Tião? Cadê Tião?

O velho marinheiro balançou a cabeça, impotente e com uma voz fraca, disse:

— Ah! Desculpa Joana! Ele caiu no mar! Não consegui salvá ele!

A pobre senhora ajoelhou-se na areia molhada e caiu num pranto sentido e desesperado.

Ramos ergueu-a e a abraçou, sem ser capaz de proferir uma palavra de consolo.  Estava desolado. Depois de alguns instantes, recuperou-se da emoção, fitou-a com compaixão e ternura e disse:

— É o destino! Não podemos fugir dele, minha amiga!

E olhando para as ondas brancas, que lambiam a areia delicadamente, exclamou:

— É a vida! O mar dá muito pra nóis, mais tira também!

Com a cabeça baixa e abraçando as duas mulheres, gritou para todos:

— O barco tá cheio de peixes. Descarreguem!

E seguiu para a vila.

GREGÓRIO - O DETETIVE - Alberto Landi

 


GREGÓRIO - O DETETIVE    

Alberto Landi

 

Gregório é um detetive argentino, que vive em Luján, nos arredores de Buenos Aires, aventureiro no ramo da investigação, engraçado, desastrado, atrapalhado, analisando uma cena de crime, a solução vem por acaso, às vezes com muita sorte!

Ele é um personagem mais forte que o criminoso, por ser mais inteligente, competente e ágil. O papel do detetive é impedir a ação do criminoso descobrindo a sua identidade e com isso pôr fim ao mistério.

Até o momento em que o criminoso consegue esconder a identidade, ele é o protagonista da narrativa, mas quando é encontrado, torna-se um personagem secundário, fazendo do detetive o herói do conto policial. Herói porque encarna os valores da sociedade e luta por eles.

A história se passa num dia chuvoso e frio em Luján, em uma quinta feira do mês de julho.

Gregório foi encarregado de resolver uma série de crimes onde alguns homens eram seduzidos por uma bela mulher, e depois eram encontrados esfaqueados de forma cruel.

O detetive foi chamado pela chefia da polícia local, onde o Sr. Julián dono de uma sapataria foi encontrado estirado no chão, com marcas de facadas, só que dessa vez havia algo diferente.... Uma testemunha!

Era Juan um vizinho, assustado e desconfiado, mas com um enorme desejo de ajudar, contou ao detetive que pela madrugada viu Julián acompanhado por uma mulher loira, estatura mediana, cor de pele marfim, contrastando com a roupa de enfermeira que estava usando, usava cabelos cacheados até os ombros.

Gregório animado com a perspectiva de agarrar a psicopata, voltou para casa e contou os detalhes para a sua adorável esposa Perla. Sem notar que ela batia exatamente com a descrição de Juan e sua esposa exatamente trabalhava à noite num hospital da região do crime!

Estava desvendado o crime.  Sorte ou azar?


O SUCESSO DO DR. ALEX - Claudionor Dias da Costa

 



O SUCESSO DO DR. ALEX   

Claudionor Dias da Costa


O jovem de vinte e seis anos, Dr. Alexandre Pontes escolheu fazer sua residência médica, tão necessária para sua experiência na difícil profissão que escolheu, na cidade de Catanduva, interior de São Paulo.

Era conhecido como Dr. Alex. Muito simpático e comunicativo se relacionava muito bem com as pessoas tanto no hospital em que trabalhava quanto com os vizinhos e amigos.

Morava sozinho, por ser solteiro, numa pequena casa, não muito longe do trabalho onde costumava ir a pé.

Era uma pessoa simples e dedicada demonstrando que queria progredir e se realizar, após uma vida difícil que exigiu sacrifícios dele e da família para concluir os estudos.

Seu pai, operário de fábrica pequena de calçados e sua mãe trabalhando como doméstica conseguiram propiciar carreiras importantes a ele e seu irmão, que se formou em Direito.  

Os dias se sucediam numa rotina até bem cansativa de atendimento à pacientes que eram numerosos e exigiam atenção plena. Dr. Alex tinha por especialidade a ortopedia, mas, naquele hospital era obrigado a se envolver em diversos tipos de atendimento.

Numa tarde de sábado em que fazia plantão, recebeu o chamado do setor de Pronto Socorro para comparecer rapidamente, era uma vítima de acidente.

Ainda no corredor recebeu a entrada de maca com pessoa sangrando bastante, com muitas dores e exigindo cuidados imediatos. Solicitou à enfermeira que fizesse a triagem para medir sinais vitais, procurasse higienizar o sangramento e levasse para à sala ao fundo de cirurgia, pois a perna certamente necessitaria de cirurgia.

Trocou rapidamente o jaleco, colocou toca, luvas e correu para a sala.

E somente ali se deu conta que se tratava de uma moça que havia se acidentado em motocicleta e encontrava-se com uma perna e braço quebrados. Fez os primeiros cuidados auxiliando a enfermeira na assepsia e providenciou de imediato o Raio X dela.

A perna teve fraturas expostas que deveriam ser corrigidas na cirurgia, processo que durou aproximadamente duas horas. O braço foi engessado, coisa mais simples.

Maria da Glória teria que ficar mais algum tempo em observação, assim, Dr. Alex passou a acompanhar a recuperação dela.

As fraturas da perna exigiam maiores cuidados:

— Você deverá ficar algum tempo imobilizada, cerca de trinta dias. Após isto, devo examiná-la, avaliaremos melhor.

Contudo, ele passou a pensar insistentemente, no que aconteceu àquela moça que escapou por pouco naquele terrível acidente. Seu caso na perna não era tão simples. Não mencionou isto para não preocupá-la mais.

Depois de trinta dias, ela retornou ao hospital.

Dr. Alex a atendeu com a simpatia habitual e após examiná-la disse:

− Maria da Glória, você deve ter bastante paciência com sua perna. Faremos fisioterapia. Contudo, ainda terá alguma dificuldade para andar e provavelmente teremos que fazer nova cirurgia.

O caso daquela moça passou a interessá-lo muito. Não era fácil.

Começou a investigar próteses que deveria usar. Estudou bastante e em contatos com colegas que trabalhavam na pesquisa de equipamentos da área concluiu que havia algumas alternativas. Mas, eram adaptações do que precisava. Nessas pesquisas que duraram alguns meses, teve que prorrogar o tratamento para a Maria da Glória começou a redesenhar possível prótese que seria fundamental e precisa para ela.

Seus colegas em São Paulo o ajudaram a definir o material e formato do que precisaria. E assim, conseguiu chegar a um modelo adequado.

Marcou nova cirurgia e implantou a prótese elaborada por ele.

Muito tempo depois e mais seis meses de fisioterapia permitiram a cura de Maria da Glória, que foi festejada por todos que conseguiu envolver.

A prótese que criou foi divulgada em revista cientifica, patenteada e tornou o Dr. Alex muito conhecido, pois seria adotada para muitos outros pacientes.

O sucesso que obteve, não subiu à sua cabeça e nesse processo todo convém mencionar que ele e Maria da Glória se apaixonaram, casaram-se e hoje ambos correm atrás de dois garotos bonitos frutos desse encontro que começou com um acidente.  

GREGÓRIO - Alberto Landi

 



GREGÓRIO

Alberto Landi

 

Detetive argentino, aventureiro no ramo da investigação, engraçado, desastrado, atrapalhado, analisando uma cena de crime, a solução vem por acaso, muita sorte.

A síndica estava histérica. Quem fez essa sujeira no corredor? Contrata o Gregório, zelador do prédio para investigar a origem das fezes. Para isso, ele vestiu a capa, o chapéu e a lupa à mão, incorporou Sherlock Holmes para a tarefa.

A primeira tarefa era saber quem tinha pet no edifício. Depois mandou examinar os dejetos para conhecer a ração. O tamanho das fezes já eliminou os gatinhos, cachorrinhos pequenos, periquitos etc.

Examinando bem, concluiu que seria de “um grande cão”. Gregório se reúne com a síndica e investigam entre os moradores quem tem “cães enormes”.

Chegaram à conclusão que só poderia ser a “louca do 71” pois só ela tem um animal capaz de fazer uma sujeira tão grande. Mas quem iria bater  à sua porta?

Gregório estava receoso de interpelar a dona do cão, pelo seu histórico de agressividade. Resolveram então ele e a síndica munidos de muita coragem bater à sua porta e pedir que limpasse a sujeira. Da próxima vez pagaria multa.

Qual foi a sua surpresa ao saber que o cão havia morrido há 2 semanas. Voltaram à estaca zero.

Resolveram examinar as câmeras de segurança.  Foi grande a surpresa de Gregório quando viu que não era um cão e sim um homem.

Identificado o culpado, Gregório o interpelou e este muito envergonhado pediu desculpas dizendo que foi um desarranjo incontrolável que pode acontecer com todo ser humano.

Gregório satisfeito pelo caso solucionado guardou sua capa, chapéu e lupa para poder incorporar Sherlock numa eventual próxima investigação.


O CAPITÃO DAS ILHAS PERDIDAS - Dinah Choichit

 



O CAPITÃO DAS ILHAS PERDIDAS

Dinah Choichit

 

Josué tinha um barco muito grande e navegava por toda a costa do Brasil. Ia muito do Rio de Janeiro até a Bahia. Tinha 5 marinheiros que trabalhavam com ele. Todos da Bahia, e gostavam muito dele. Tinha muita paciência com seus empregados.

Na ida para a Bahia paravam em diversas cidades, desciam, faziam um lanche e voltavam para o barco. O serviço era pouco. Consertavam a rede, limpavam o barco inteiro e pintavam de verde e branco. As velas eram azuis com desenhos de estrelas e embaixo estava escrito, em letras garrafais: VIVA O BRASIL

Fizeram muitas viagens. O objetivo do barco era trazer peixes frescos para os Restaurantes de Classe. Sempre traziam novidades, além de peixes. E o principal eram as ostras frescas, nas sextas-feiras.

Na última viagem, quando estavam quase chegando ao Rio de Janeiro, em Angra dos Reis, caiu uma tempestade tão forte que o barco ficou balançando sem parar e a mercadoria foi se espalhando pelo convés, sem controle nenhum.  Os marinheiros ficaram apavorados, por mais que se esforçassem para juntar as cestas com os peixes eles caiam fora, era impossível juntá-los, de tão forte que o barco balançava. Até os marinheiros eram jogados de um lado para o outro e isso causou um desastre terrível. Um deles foi jogado ao mar e não houve chance de salvá-lo, sumiu engolido pelas ondas bravias.

O Capitão Josué ficou apavorado, mandou que todos se recolhessem e deixassem os peixes soltos. Não fazia questão da mercadoria e sim dos seus funcionários.  Tratava-os como verdadeiros filhos. A chuva, relâmpagos, vento forte continuavam. O Capitão não sabia mais o que fazer. 

Chamou o segundo Capitão, era seu sobrinho.  Mandou que ele tentasse manobras de segurança até passar o vendaval, ele precisava pensar. Mas quando Josué se virou, uma das velas girou no ar, e caiu na sua cabeça, deixando-o desacordado com desconforto respiratório.  O Capitão Josué estava desmaiado e teve que ser socorrido pela tripulação. Os outros marinheiros ajudaram na condução do barco pesqueiro na espera de que o Capitão Josué melhorasse e desse as ordens. Todos estavam em pânico, sem ação e chorando.

A chuva e trovoadas foram passando e o Capitão melhorou. Mandou recolherem os peixes, precisavam levar os pescados para o continente. Em minutos a chuva já estava calma, sem ondas agressivas, o barco já deslizava tranquilo, seguiram em direção ao Rio de Janeiro e fizeram suas entregas.

O Capitão reuniu os funcionários, avisou que no dia seguinte haveria uma missa para o marinheiro desaparecido, para toda a tripulação e suas famílias. Que estavam de folga, que aproveitassem, pois na próxima semana sairiam novamente.

DESAFIO - Hirtis Lazarin

 


DESAFIO

Hirtis Lazarin

 

O dia acordou ouvindo as preces desencontradas de três pescadores exaustos.  Palavras simples e verdadeiras em agradecimento a Deus.  Noites e dias tranquilos em alto mar e um barco carregado de peixes.

Missão cumprida.  Hora de voltar para a praia de Torrinhos, costa do vilarejo de São Miguel Gostoso.

Capitão Ramos, homem de corpo tonificado pela rudeza da vida, pele castigada pelo sol e pelo sal, beiços grossos e rachados, é o dono da embarcação.  A coitada está velha e necessitada de reparos.  Da pintura amarela, uma ou outra pincelada. No casco, sobraram algumas letras do nome batizado.

Os dois ajudantes ligaram o radinho de pilha e se acomodaram estendidos displicentemente no chão duro do convés.  Ramos assumiu o leme.  O caminho era longo.  Muitos quilômetros de água e uma vontade imensa de chegar.

Assim que aportassem, sentariam ao redor de uma fogueira e assariam alguns peixes.  Era a hora de beber, comer, contar causos sobre o mar, os desafios, o peixe perdido.  Um ritual que reforçava os laços de pertencimento.

O silêncio e a monotonia do balanço das ondas levaram Ramos à infância.  Sentiu saudade do pai, seu herói e professor. Desde pequenino, grudava-se nele, atento a todos os detalhes quando o assunto era o mar, sua fartura e seu perigo.

Aprendeu com ele tudo o que precisava saber: os movimentos do nascer e pôr do sol, o voar dos pássaros, a movimentação das nuvens, a direção e força dos ventos.

Era por volta das quinze horas, quando uma avalanche de nuvens acinzentou o céu e a chuva pesada desabou.  Embora apreensivos, os caiçaras estavam convictos de que seria passageira.

Não foi o que aconteceu.  A chuva virou tempestade e o dia virou noite.  Um vento uivante causava arrepios e formava ondas cada vez maiores.  Da proa à popa, tudo já estava alagado.

Os rapazes agarraram-se aos cestos de peixes.  Ramos agarrou-se ao leme para não perder o equilíbrio. Com os olhos fixos no horizonte, nada mais via a sua frente.  Assustador...

De repente, uma onda gigantesca engoliu e arrastou tudo que estava solto no convés e junto foram os dois ajudantes.  Nem tiveram tempo de gritar.

A embarcação era uma folha seca solta no oceano bravio.

Capitão Ramos estava só.  Em pânico, caiu de joelhos e vomitou.  O barco rodopiava aceleradamente.  Ficou cego.

Foi então que uma mulher vestida de azul, coroada com flores brancas e pés nus apareceu e caminhou lentamente sobre as águas em sua direção.   Aproximou-se e estendeu-lhe as mãos.

O capitão Ramos nunca mais voltou.

quinta-feira, 8 de abril de 2021

O NOVO SHERLOCK HOLMES DO BRÁS - Claudionor Dias da Costa

 

                                 


O NOVO SHERLOCK HOLMES DO BRÁS  

Claudionor Dias da Costa

Aquele emigrante argentino que deixou a cinco anos “La Boca” na sua Buenos Aires e veio arriscar a vida em São Paulo, passou a morar no bairro do Brás.

Seu nome Ramon Gregório Hernandez. Com seus cinquenta e cinco anos e ainda sonhador e romântico, conservava uma ingenuidade nata e declarava com seu sotaque imperdível:

− Por favor, “mi nombre es” Gregório.

E explicava que preferia ser chamado assim, devido sua mãe ser de origem grega e este nome significava “o vigilante”, o “alerta”. Com isto, queria apresentar uma altivez que não combinava com seu jeito simples e inocente.

Após sobreviver com alguns “bicos”, conseguiu o tão ambicionado emprego de zelador naquele edifício velho com dois blocos de cinquenta apartamentos no fundo da rua de paralelepípedos do tradicional bairro paulistano.

Os dias passavam numa rotina modorrenta naquele edifício de moradores calmos e disciplinados, grande parte aposentados.

Ele aproveitava esta tranquilidade e tirava cochilos após seu almoço no pequeno cômodo ao fundo onde residia.

Num dia no meio da manhã, o Sr. João, morador do terceiro andar e síndico do prédio apareceu histérico chamando pelo Gregório. Este apareceu rápido, o que não era normal e com os olhos esbugalhados ouviu o berro dele apontando para um “cocô” no corredor:

− Quem fez essa sujeira?

− Procure imediatamente o responsável por essa imundice.

O zelador gaguejando prometeu resolver o problema e descobrir o meliante.

O fato de se encontrar fezes no prédio em lugar de uso comum, se espalhou rapidamente e começou a gerar fofocas e acusações.

No dia seguinte bem cedo, Gregório em seus aposentos, vestiu sua capa e chapéu, que usava nas noites de boemia pela fria Buenos Aires, pegou sua lupa que usava para ver melhor quando fazia palavras cruzadas e olhando no espelho, estufou o peito e sentiu-se o próprio Sherlock Holmes. Até mudou a expressão e confiante e célere saiu à caça do “criminoso”.

Parou no corredor de repente e, completamente embasbacado ficou olhando para tudo em volta, porque novamente apareceu mais um “serviço” do malfadado meliante.

Com sua lupa observou cuidadosamente e começou a pensar qual teria sido o roteiro para tal delito. Principiou a levantar que pessoas tinham “pet” e de que tipo no edifício. Por eliminação e devido ao exame feito, pelo tipo, tamanho e circunstâncias, chegou à conclusão de que seria algum cachorro e não muito pequeno.

Identificou oito moradores nessa situação.

E matutando:

− Seria da Dona Filomena, ou do Sr. Petrônio, ou ainda da bonitona do quinto andar...Hum...hum...

E lá ia o nosso detetive andando para tudo que é lado, inquieto e intrigado, analisando os donos dos “suspeitos”. Sabia que não poderia acusar ninguém previamente sob pena de até ser despedido por falta de respeito.

O síndico aumentou a tensão quando colocou nos elevadores avisos enérgicos sob os procedimentos e mencionando explicitamente o ocorrido e alertando para as multas que seriam fatais, principalmente porque aquilo ocorria várias vezes.

Como o prédio por medida de economia somente tinha câmeras nas entradas, não havia possibilidade de identificar precisamente o que ocorria.

Gregório resolveu ficar vigilante, principalmente no período da manhã quando os moradores saem com os cães para passeio. Assim, escondeu-se atrás da parede em que ficavam encostadas as lixeiras no corredor entre os blocos.

Parecia escutar aquelas músicas em filmes de suspense. Sua respiração ficou ofegante. Até suava, esperando o grande desenlace, para resolver de vez aquela situação que era cobrado a solucionar.

De repente, lá vem Dna. Eufrásia, caminhando calmamente com seu cachorro labrador, já não muito novo. O nosso Sherlock tinha uma certa reserva com ela devido à sua implicância com tudo. Ela reclamava de tudo com ele e sempre discutiu com outros moradores e era avessa a respeitar as regras do condomínio, bem diferente da grande maioria que era educada.

No seu íntimo sentiu que só poderia ser ela a responsável. Nunca levava recipientes para recolher as fezes.

E de repente, suas suspeitas se confirmaram. O cão parado repetindo no mesmo lugar o que fazia e a Dona Eufrásia parecia até ter satisfação em ver o que ocorria. Rapidamente, Gregório preparou o celular e foi tirando fotos.

Caminhou em direção a ela que já ia saindo e disse:

 No es possible  Dona Eufrásia tal procedimento. Vou informar o Sr. João.

Ela ficou muda por instantes e xingando bastante se dirigiu à rua.

As providências foram tomadas com punição com multa e os moradores aliviados passaram a olhar o zelador Gregório com mais respeito.

Ele todo orgulhoso pendurou seu disfarce num cabide bem evidente em seu quarto e ficou aguardando ansioso por novo caso a solucionar, já que agora sua fama se espalhou como o novo Sherlock Holmes do Brás.

GREGÓRIO - O DETETIVE - Henrique Schnaider

 


GREGÓRIO - O DETETIVE

Henrique Schnaider

 

Gregório é zelador de um prédio de luxo numa região onde só moram pessoas com muito dinheiro. Salário bom e o nosso herói vive uma vida muito boa. Mora no último andar reservado para ele. Apto grande com todo conforto onde moram ele, a esposa e dois filhos.

Nas horas vagas o Gregório aventureiro, gosta de ser detetive e parece se dar bem, tendo resolvido alguns casos intrincados na base da trapalhada, mas que lhe deram fama. Vira e mexe é chamado para resolver algumas encrencas cabeludas que exigem discrição, mas ele é, além de engraçado, também pouco discreto.

Analisando uma cena de crime, por acaso e pura sorte, elucida o caso. Sorte é o que não lhe falta, pois, o detetive trapalhão envereda por caminhos que um investigador não iria, e por acaso vem a solução.

Desta vez o caso aconteceu no prédio onde Gregório é o zelador. O síndico estava possesso por uma ocorrência inusitada que aconteceu no corredor do décimo andar, onde um animal de um dos moradores, fez suas necessidades. O caso não poderia passar sem que se descobrisse o responsável pelo cachorro. Iria pagar uma multa alta.

O síndico, ciente da fama do Gregório, o encarregou de investigar a origem das fezes até que descobrisse os culpados, o cachorro e seu dono. Nosso herói vestiu a capa, o chapéu e com a com a lupa na mão saiu investigando como um Sherlock Holmes, sem o Dr. Watson.

O detetive trapalhão começa a investigar usando o faro fino para sentir o cheiro dos dejetos, queria conseguir saber qual a marca da ração. De andar em andar e com uma lista de moradores donos de pets, saiu na caça do causador da imundície e seu dono.

Toca a campainha no primeiro apartamento e atende uma tremenda loira, dona de um Golden Retriever. Gregório ficou todo desconcertado engoliu seco e gaguejou perguntando:

— Por acaso, onde o seu cachorro faz as necessidades?

— Ele faz tudo aqui em casa ou quando saio com o carro, levo ele passear num parque e levo um saquinho. O Barney faz cocô e eu recolho, mas por que me pergunta?

— Nada não, é que algum cachorro mal-educado fez cocô no corredor do décimo andar, mas eu tinha certeza de que não era o seu, falou engolindo seco.

Assim foi o detetive de andar em andar sem conseguir avançar nas investigações. Quando chegou ao décimo andar, local do crime, não percebeu, pisou num novo cocô, escorregou e caiu sentado se sujando todo. Mas, para sua sorte, deu tempo de ver o dono do apto 102 entrando em casa com o cachorro.

A investigação foi concluída com êxito apesar do Gregório ficar todo sujo de fezes. Recebeu do síndico um presente pelo seu êxito, um jogo de roupas novas. E o morador do apto 102 recebeu uma pesada multa. Mais uma vez o investigador Gregório fez jus à fama de detetive trapalhão, mas que resolve os casos que investiga.

O CAPITÃO RAMOS E JOHN O CAOLHO - Henrique Schnaider

 

O CAPITÃO RAMOS E JOHN O CAOLHO

Henrique Schnaider

 

O Capitão Ramos, velho marinheiro, já idoso era muito apegado ao seu velho barco pesqueiro, que nestes últimos 25 anos deu-lhe o sustento da vida de pescador. Mas desta vez a tempestade no Atlântico foi intensa. Ele ficou sem comunicação pelo rádio que está mudo. Mas, ele sendo um homem destemido, forte, curtido por anos de pescaria no sol inclemente ou nos mares revoltos, enfrentou.

O homem valente nunca se amedrontou. Audacioso, saiu para alto mar, mesmo com tempo ruim, confiando no sucesso de sua volta. Sendo um homem experiente e responsável, não adiou a partida. Desta vez seus dois marinheiros não o acompanharam. Foram só ele e seu velho amigo e querido barco, que até nome tem “John o caolho”. Seguiu, singrando as ondas todo imponente.

Conhecedor do Oceano o Capitão Ramos, parou onde havia cardumes de sardinhas e encheu o porão. Caminho de volta, mãos no timão cortando as ondas. De olho no céu que foi ficando escuro, no que seria o prenúncio, formando-se uma enorme tempestade, que desabou pesadamente, fazendo com que “John o Caolho” gemesse de popa a proa.

Ondas gigantescas trombaram com força no “John”, raios cortavam o espaço e se ouviam tremendos estrondos de trovões. Os demônios dominavam o céu.

Ramos, habilidoso e resoluto, enfrentava as forças dos elementos da natureza. “John o Caolho” resistia bravamente, e o Capitão confiante no seu velho amigo, seguia adiante, tentando escapar rumo a terra firme.

Houve momentos em que Ramos delirou e seu velho barco seguiu sozinho, parecendo conhecer o caminho de casa. O velho Capitão sempre foi incorporado ao ambiente do mar. Desta vez a situação estava feia para os dois. Ambos pensaram que tinham chegado ao fim da jornada da vida.

O ronco do coração do “Caolho” é de um motor a diesel de 300 cavalos de força, funcionando firme, Ron Ron Ron, sem falhar nenhuma vez. Oito horas de desespero no mar e o Capitão não esmoreceu e nem piscou o olho, rumo ao porto de Calais.

Finalmente a fúria foi se acalmando e o velho marinheiro finalmente pode respirar com o alívio de quem venceu a batalha contra o mar. Seguiu rumo ao porto agradecendo ao seu companheiro de tantas jornadas “John o Caolho”, que resistiu bravamente sob seu comando ao combate contra os caprichos da natureza.

Finalmente chegaram ao porto de Calais, ancorado no píer lotado de embarcações, cheio de marinheiros olhando admirados para o Capitão, imaginando o que ele e seu barco tinham enfrentado no Atlântico, que já levou ao fundo inúmeras embarcações.

O Capitão Ramos chamou duas pessoas que estavam ali paradas no Píer e prometeu ser generoso com elas, para que ajudassem a descarregar a carga de sardinhas do porão. Terminada a tarefa, vendeu toda a carga de peixes para empresas estabelecidas no local.

Com os bolsos cheios de dinheiro, o velho Capitão foi para casa feliz por ter feito uma boa venda e por ter mais vez escapado com vida. Deixou “John o Caolho” ancorado, descansando e aguardando o velho amigo vir novamente para mais um dia de aventuras no mar.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

A história do Capitão Ramos - Alberto Landi

 




A história do Capitão Ramos

Alberto Landi

 

A pequena historia se passa entre Peniche uma pequena cidade portuguesa e as ilhas Berlengas, tendo como protagonista o capitão Ramos.

O Capitão Ramos era um homem de meia idade, destemido, forte, valente, audacioso, corajoso, persistente, habilidoso, conhecedor dos oceanos, formado na Escola Náutica Infante D. Henrique, tinha uma experiência extensa no mar, enfrentando todas as condições meteorológicas que o oceano pudesse apresentar. Tinha conhecimento dos procedimentos de segurança, telecomunicações e sistemas de busca e salvamento marítimo, pois, estava habituado a navegar com grandes embarcações.

Nos seus períodos de folga, visitava com frequência Peniche e lá se encontrava com Josué um amigo e líder nativo das ilhas Berlengas que lhe fez uma proposta:

— Olá amigo, você gostaria de conduzir uma pequena embarcação, o Bretagne. Seria das ilhas até o continente levando 4 turistas, uma carga de peixes para os restaurantes locais e 2 marinheiros.

O Capitão Ramos, prontamente aceitou e começou a vistoriar o Bretagne.

Ele, que era considerado um mestre dos mares, começou a consultar como estava o clima. Temperatura, tábua de marés, ondulação e velocidade do vento. Monitorou os motores. Posição do leme. Verificou os cabos e equipamentos de amarração.

As 4 mulheres turistas sentadas à volta da embarcação, apreciavam embevecidas a belíssima paisagem que se descortinava, tirando muitas fotos.

O dia estava lindo, e o mar calmo. Eram aproximadamente 16 horas, quando de repente, desabou uma inesperada e forte tempestade. No início uma leve apreensão, mas ela se intensificou.......

O mar se encheu de ondas, e a chuva começou a encharcar o barco que tinha uma leve cobertura de plástico. No comando havia 2 marinheiros que controlavam a embarcação pelo motor de popa.

A chuva aumentava cada vez mais, ondas gigantescas. Molhavam todos os pertences como bolsas, documentos e dinheiro, mas esse não era o momento de se preocupar com isso.

O comandante Ramos gesticulava em meio à tormenta:

— Todos para o meio do barco.

Com os olhos pregados no horizonte o Capitão Ramos, tentava enxergar a pequena cidade à sua frente, corria para todo o lado sem saber o que fazer, mas sem perder a postura para transmitir   tranquilidade para as pessoas.

Não se via nada além do mar e das nuvens ao seu redor.

Dizia para si em voz baixa:

—Logo a mim, logo a mim, isso tinha que acontecer.

Capitão habilidoso não se faz em mar sereno, não é em terra que se fazem os marinheiros, mas no oceano, encarando a tempestade. Bons marinheiros nunca foram feitos em mar calmo.

Não sabemos quanto tempo se passou, mas com certeza, devido às circunstâncias, foi uma eternidade. Então, assim como começou a tempestade, foi se formando um arco íris no horizonte, tudo se tornou visível e o mar ficou sereno.

Chegando ao continente, ao pisarem em terra firme, todos agradeceram a Deus a grande habilidade, a calma e coragem do capitão Ramos em conduzir a situação e por estarem são e salvos. Até a carga de peixes foi salva.

O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA - Pedro Henrique

  O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA Pedro Henrique        Curioso é pensar na vida e em toda sua construção e forma: medo, terror, desejo, afet...