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quinta-feira, 8 de abril de 2021

O CAPITÃO RAMOS E JOHN O CAOLHO - Henrique Schnaider

 

O CAPITÃO RAMOS E JOHN O CAOLHO

Henrique Schnaider

 

O Capitão Ramos, velho marinheiro, já idoso era muito apegado ao seu velho barco pesqueiro, que nestes últimos 25 anos deu-lhe o sustento da vida de pescador. Mas desta vez a tempestade no Atlântico foi intensa. Ele ficou sem comunicação pelo rádio que está mudo. Mas, ele sendo um homem destemido, forte, curtido por anos de pescaria no sol inclemente ou nos mares revoltos, enfrentou.

O homem valente nunca se amedrontou. Audacioso, saiu para alto mar, mesmo com tempo ruim, confiando no sucesso de sua volta. Sendo um homem experiente e responsável, não adiou a partida. Desta vez seus dois marinheiros não o acompanharam. Foram só ele e seu velho amigo e querido barco, que até nome tem “John o caolho”. Seguiu, singrando as ondas todo imponente.

Conhecedor do Oceano o Capitão Ramos, parou onde havia cardumes de sardinhas e encheu o porão. Caminho de volta, mãos no timão cortando as ondas. De olho no céu que foi ficando escuro, no que seria o prenúncio, formando-se uma enorme tempestade, que desabou pesadamente, fazendo com que “John o Caolho” gemesse de popa a proa.

Ondas gigantescas trombaram com força no “John”, raios cortavam o espaço e se ouviam tremendos estrondos de trovões. Os demônios dominavam o céu.

Ramos, habilidoso e resoluto, enfrentava as forças dos elementos da natureza. “John o Caolho” resistia bravamente, e o Capitão confiante no seu velho amigo, seguia adiante, tentando escapar rumo a terra firme.

Houve momentos em que Ramos delirou e seu velho barco seguiu sozinho, parecendo conhecer o caminho de casa. O velho Capitão sempre foi incorporado ao ambiente do mar. Desta vez a situação estava feia para os dois. Ambos pensaram que tinham chegado ao fim da jornada da vida.

O ronco do coração do “Caolho” é de um motor a diesel de 300 cavalos de força, funcionando firme, Ron Ron Ron, sem falhar nenhuma vez. Oito horas de desespero no mar e o Capitão não esmoreceu e nem piscou o olho, rumo ao porto de Calais.

Finalmente a fúria foi se acalmando e o velho marinheiro finalmente pode respirar com o alívio de quem venceu a batalha contra o mar. Seguiu rumo ao porto agradecendo ao seu companheiro de tantas jornadas “John o Caolho”, que resistiu bravamente sob seu comando ao combate contra os caprichos da natureza.

Finalmente chegaram ao porto de Calais, ancorado no píer lotado de embarcações, cheio de marinheiros olhando admirados para o Capitão, imaginando o que ele e seu barco tinham enfrentado no Atlântico, que já levou ao fundo inúmeras embarcações.

O Capitão Ramos chamou duas pessoas que estavam ali paradas no Píer e prometeu ser generoso com elas, para que ajudassem a descarregar a carga de sardinhas do porão. Terminada a tarefa, vendeu toda a carga de peixes para empresas estabelecidas no local.

Com os bolsos cheios de dinheiro, o velho Capitão foi para casa feliz por ter feito uma boa venda e por ter mais vez escapado com vida. Deixou “John o Caolho” ancorado, descansando e aguardando o velho amigo vir novamente para mais um dia de aventuras no mar.

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