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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

CORRENDO ATRÁS DOS SONHOS - Claudionor Dias da Costa

 

O que o motivou a sair de uma aldeia distante, se aventurar e chegar a outro país com dificuldades tão grandes?

Naquele universo que vivia onde transcorria a vida rotineira, tudo era previsível. O que acontecerá com Antônio e seus sonhos?

Sua aventura foi motivada por eles que não cabiam em sua pequena aldeia?

 

 


CORRENDO ATRÁS DOS SONHOS

Claudionor Dias da Costa

 

Era um modesto agricultor em sua terra arrendada. Este era o Antonio, vivendo com muitas dificuldades, se angustiava em ver sua Rosa, esposa dedicada a ele e aos dois pequeninos, frutos de um amor autêntico acontecido na simplicidade de sua aldeia, se esforçar por aceitar tudo aquilo como se fosse predestinada.

Não se continha em contar e contar à sua amada os sonhos de partir para outros lugares buscando vida melhor para eles. Ela ouvia olhando para o vazio, sem murmurar uma palavra.

Enquanto vivia nesses pensamentos, eis que aparece a convocação para ir à guerra. Todo jovem a partir de vinte anos deveria se apresentar.   Era o ano de 1917, em plena Primeira Guerra Mundial e seu Portugal aderia à Aliança dos países envolvidos.

Com seus parcos conhecimentos de artilharia, lá foi ele com coragem e ideal para a região de Flandres na França.

Será que Antonio sobreviveria para voltar à sua Rosa e se alegrar com o nascimento da filha Maria? Era o que a esposa ansiosa, grávida e preocupada desde que ele foi para lugar tão longe, passou a esperar junto aos parentes mais próximos.

Esse português sonhador entre tiros de canhões que disparava e recebia, queria sobreviver e se angustiava por uma juventude inquieta e preocupante deixando sua terra e seus amores.

Foram tantos os pedidos e orações que Deus ouviu os apelos e resolveu pôr um fim naquela guerra. E assim foi...

Em 1918, após um período não muito longo de combates, Antonio regressou à sua querida aldeia a tempo de ver o nascimento da Maria.

Escapou da terrível gripe espanhola que consumia muitas vidas e amedrontou mais do que a guerra. Foi um período difícil para a humanidade.

 A vida corria entre tirar a sobrevivência da terra e sonhos de conquistar o mundo, e assim nasceu o filho Manuel para sua alegria e alívio, pois seriam mais braços e fortes para ajudar na lavoura.

Com tantos percalços e emoções, após escutar vizinhos falarem de uma terra de esperança distante, “onde se plantando tudo dá” chamada Brasil, resolveu entender um pouco melhor do que se tratava esse paraíso que convidava.

Após conversas regadas a vinho, sardinhas assadas e risadas, a empolgação de se aventurar tomou conta dele novamente com muito mais força.

E tão empolgado ficou que correu com alguns vizinhos para se inscrever na lista de candidatos à imigração, assim que ouviu o chamado daquele sisudo alistador postadoà porta da pequena igreja de sua aldeia.

A noite empolgado contou tudo à Rosa, e desconfortado acrescentou que partiria para o Brasil por enquanto sozinho. Quando conseguisse a tão procurada estabilidade mandaria chamá-la junto os pequenos para viverem a vida na beleza e prosperidade do novo país.

Rosa no seu amor paciente ouviu...e ouviu...

Se aquietou e fez orações em silêncio. Mas, acreditou que tudo poderia dar certo.

Nada como a esperança com fé.

E após despedidas, não sem lágrimas da Rosa e dos filhos, Antonio com a garganta engasgada pela emoção e os vizinhos desejando boa sorte, ele partiu.

O que o motivou a sair de uma aldeia distante, se aventurar e chegar a outro país com dificuldades tão grandes?

Naquele universo que vivia onde transcorria a vida rotineira, tudo era previsível. O que acontecerá com Antônio e seus sonhos?

Sua aventura foi motivada por eles que não cabiam em sua pequena aldeia?

Ficaram os questionamentos por conta do destino...

 


 SEGUNDA PARTE


 

A SAGA DE UM SONHADOR

Claudionor Dias da Costa

 

O que o motivou a sair de uma aldeia distante, se aventurar e chegar a outro país com dificuldades tão grandes?

Naquele universo que vivia onde transcorria a vida rotineira, tudo era previsível. O que acontecerá com Antônio e seus sonhos?

Sua aventura foi motivada por eles que não cabiam em sua pequena aldeia?

 

Com essas perguntas, Claudio voltou-se a seus dois filhos Leonardo e Daniella fazendo suspense pelo interesse demonstrado em saber quem era aquela figura na fotografia antiga, amarelada e meio desbotada.

Aparecia um homem alto, forte, com sorriso sóbrio, cabelos até que alinhados vestindo camisa branca e calça preta amparada por suspensórios, acessório até bem curioso para as duas crianças, e segurando um chapéu que elas não entendiam para que servia. O pai sorria e explicava.

Naquele chão de madeira, sentados frente a frente pai e filhos se sentiam donos de uma história que começava a empolgá-los cada vez mais.

Enquanto Claudio continuava com seu ar de mistério falando de uma terra distante, de pequena aldeia onde morou aquele homem, os olhos das crianças brilhavam e o interesse aumentava.

E a narrativa continuou.

Seu nome era Antonio. Vivia numa aldeia. Nesse instante Claudio se deteve para explicar o significado e detalhes desta palavra, não sem fantasiar e contar curiosidades desse lugar.

Assim, surgiu a pequena igreja, feita com pedras que eram abundantes na região, com sua única torre com a cruz no topo, até meio desproporcional que chamava muito a atenção. A porta de madeira imensa e as janelas pequenas nas laterais. As casinhas no entorno, até bem construídas que compunham um cenário interessante. As ruas de terra onde carroças passavam transportando produtos das lavouras e, que serviam aos domingos para os encontros na igreja. Todos os moradores com os seus “trajes de missa” compareciam e, após o culto ficavam conversando sobre os acontecimentos e últimos detalhes das colheitas. Também falavam de política, muito embora as informações chegassem bem depois dos fatos acontecidos.

Novamente uma parada para explicar que naquela época não havia os recursos modernos de televisão, celulares e mesmo telefone. Acrescentou que no máximo chegavam as informações pelo rádio e jornais. Na mente das crianças tudo soou estranho e muito distante.

Daniella segurava a foto em suas mãozinhas inquietas e Leonardo espichava o pescoço para ver melhor aquele personagem que parecia ter saído de um filme.

Contou sua história com a esposa Rosa, descrevendo-a como moça simpática, de rosto redondo, alegria contida, mas com certa melancolia, talvez causada pela luta difícil e preocupante de ajudar Antônio na lavoura e ainda cuidar da casa e dos filhos. Procurou mais fotos naquela caixa velha de papelão e justificou que não encontrou a foto dela no momento, mas, procuraria com calma no seu amontoado sótão e com certeza encontraria e continuaria a história outro dia.

Leonardo não perdeu tempo e exclamou:

— Papai, mas quem é esse homem afinal? Ele é seu amigo?

Claudio sorriu, ficou pensativo, olhou para a claridade que entrava da mansarda e com os olhos que começavam a ficar úmidos disse:

— Sim... Ele era um grande amigo... Era o bisavô de vocês...

 

Um relato - Alberto Landi Jr.

 

 


Um relato

Alberto Landi Jr.

 

A minha felicidade hoje é quase que completa, porque agora vivo em kahala, um planeta que orbita a estrela Ramis, localizada na constelação de Nazca.

Longe do planeta Terra, a vida aqui é quase eterna, não tem guerras e nem doenças.

Desde o tempo estudantil, sonhava em conhecer e viver em outro planeta.

Uma certa ocasião assistia uma palestra, onde o tema nesse dia era a vida extraterrestre e a possível comunicação entre os seres humanos e os alienígenas.

Esse assunto começou a me fascinar.

No decorrer da palestra perguntei ao professor:

O senhor acredita que algum alienígena possa ter recebido mensagens de humanos?

Professor: mesmo que isto seja possível demoraria muito para chegar até nós e vice-versa.

Professor, talvez essas comunicações não sejam tão impossíveis assim, afinal se outras civilizações forem muito mais avançadas que nós, as mensagens enviadas por nós não seria tão problemático assim.

Pensei, e me convenci que ir embora para outro planeta seria a melhor escolha.

Quanto mais admirava o céu estrelado, mais sentia vontade de ir embora.

Comentei isso com amigos e todos riram dizendo que tudo isso era loucura.

Retruquei, tudo é possível nesse universo.

Os amigos comentaram, o homem mal chegou a Marte e você quer ir viver em outro planeta?

Os amigos me alertaram para parar com essa loucura.

Vocês não entenderam, eu quero ir para uma civilização mais evoluída e não voltar mais.

Comecei a comprar e pesquisar material que falava sobre ufos, galáxias, planetas e assuntos afins.

Com a intenção futura de ser abduzido comecei a ler e treinar sobre telepatia.

Comprei telescópio e comecei a observar diariamente a galáxia.

Com o tempo me tornei um astrônomo amador, convicto de que algum dia eu iria embora para outro planeta.

Uma noite já em altas horas dormindo, ouvi um barulho externo, parecia de um avião.

Acordei e corri para o meu quintal para ver o que era.

Olhei para o céu estrelado e pairado sobre o teto da minha casa havia uma grande nave emitindo luzes brilhantes, coloridas e lindas, de forma intermitente.

A nave era de cor prateada, sendo que a parte inferior se abriu e um SER que parecia uma mulher saiu de dentro da nave.

Vestia roupa de cor prateada e capacete prateado também

Nesse momento fiquei vislumbrado.

A mulher tirou o capacete e com um sorriso, observei a beleza e perfeição que ela tinha, nada comparado com os mortais do planeta Terra.

Olhos azuis, brilhantes, pareciam diamantes lapidados, de tanta beleza.

Pele branca com textura macia como se fosse uma pluma.

Sorrindo estendeu sua mão direita para mim, me convidando a entrar.

Dentro da nave havia uma outra astronauta mulher, mas, não tirou o capacete.

Através de alguns gestos, compreendi que era para me vestir com as roupas idênticas a elas.

 

Perguntei à elas: Por que vieram, e obtive a resposta em meu pensamento, ela me disse por telepatia:

Escutamos os seus pensamentos de decidimos vir buscá-lo.

Mais uma vez me convenci que estamos rodeados de belos planetas, repleto de belas e milhares estrelas.

TENTATIVAS - Hirtis Lazarin

 



 TENTATIVAS 

HIRTIS LAZARIN


Eram dezessete horas quando Cícero subiu no ônibus.  E assim fazia todos os dias.  

Do sonho nordestino em busca de uma vida melhor na cidade grande, restavam apenas fiapos.

O rosto vincado pelo cansaço, os olhos sem brilho mostravam qualquer coisa de assustado que lembrava um bichinho tímido.

Atravessaria a cidade toda até chegar em casa.  Uma viagem que lhe permitia recostar a cabeça na mochila gasta e tirar uma soneca.

 Ele vivia numa viela com esposa e três filhos miudinhos.

As construções pareciam grudadas umas às outras.  Todas as casas eram muito pequenas e nervosas.  Não mais que duas janelas pra espiar o mundo lá fora.  Tijolos à vista desequilibrados e cimento escorrido feito sorvete derretido.  Poucas árvores.  A maioria nus mais parecendo porta-chapéus à entrada de residências estilosas.

As ruas no conjunto eram um longo tubo cinzento e corredores úmidos.  Um labirinto.

Cícero preferia descer alguns pontos antes, adiando pouco mais a chegada em casa.  A caminhada e uns goles de cachaça no boteco faziam-no inventar uma esperança que o deixava mais sereno.

Trocava conversa com conhecidos no bar, quando rajadas de vento chegaram inesperadamente, levantando poeira das ruas, arrastando lixo e atirando longe coberturas improvisadas dos barracos.

Nuvens negras mexiam-se tanto no céu parecendo sopa em ebulição; a chuva despencou e os bueiros entupidos devolviam água suja e garrafas pets rodopiavam na loucura do abandono.  Em pouco tempo, ruas e calçadas ficaram inundadas.

Cícero tentou correr, mas não deu.  Abrigou-se no bar.  O celular sem bateria.  Sua casa frágil, o teto com goteiras que não se opunham nem aos pingos finos da chuva.  As crianças indefesas... A ansiedade ardia... Aceitar o fracasso?  Arrumar as malas e voltar pro sertão? 

A chuva finalmente afinou.  Já era possível ver o asfalto esburacado.  As pessoas se juntando solidárias pra refazer o que tinha que ser feito.  Tudo voltaria como era antes. 

Cícero sabia que a noite é apressada, que o dia amanhece rápido e que às cinco da manhã tem que estar novamente dentro do mesmo ônibus.  Tudo igual outra vez.

 

"Nada pode nos salvar da morte, mas o AMOR pode nos salvar a vida."

 

terça-feira, 10 de novembro de 2020

O BISBILHOTEIRO - Henrique Schnaider

 




O BISBILHOTEIRO

Henrique Schnaider

 

Se não fizesse o que fez, Antônio não teria passado pelo o que passou, foi uma experiência horrível que ninguém gostaria de passar.

Antônio é do tipo bisbilhoteiro e o pior de tudo é que fez com que Luiza passasse junto com ele a experiência inesquecível que viveram.

A vida seguia seu rumo, casado com Luiza, tinham dois filhos eram felizes, estabilizados financeiramente, tinham tudo do bom e do melhor, mas o problema era que o danado do Antônio, encrenca pouca é bobagem, ele sempre metia o bedelho onde não era chamado, já tinha passado por poucas e boas.

Na família era briga toda hora, o sabichão, cheio de sabedoria, se metia na vida de todo mundo achando que, só ele sabia o que era certo ou o que era errado.

Já diz o ditado que “em briga de marido e mulher ninguém põe a colher”, a irmã de sua mulher, a cunhada, vivia às turras com o marido, e Antônio ditava as normas como juiz, dizendo pra um e pra outro, que ambos estavam errados, que seguissem o que ele dizia que, daria tudo certo.

Ninguém mais aguentava a intromissão dele, poucas pessoas estavam frequentando a casa dele, ninguém contava mais nada para ele já que teriam que ouvir uma enorme ladainha.

Certo dia, lá ia o Antônio de carro com a mulher, quando viu uma grande aglomeração, lógico o intrometido parou o carro e foi ver o que estava acontecendo.

O problema é que o sujeito estava com uma arma apontada para a cabeça de uma mulher, Antônio metido a besta, passou a discutir com o suspeito, achando que o convenceria a libertar a mulher, mas ele não sabia que o indivíduo estava surtando, era esquizofrênico, a discussão seguiu acalorada, virou um sururu.

De repente, o louco larga a mulher e aponta a arma para o Antônio e rende ele e a sua esposa, ameaçando matar os dois. O  metido do Antônio suava frio, e situação fora de controle, a polícia tentando intervir, mas estava difícil controlar a situação.

Antônio se amaldiçoava por ter parado e se metido naquela encrenca, jurando que se não morresse, nunca mais se meteria na vida dos outros, sentia o cano duro do revólver na sua nuca, não resistiu a tamanha tensão que, sujou as calças, a humilhação foi muito grande.

A polícia trouxe um atirador de elite, que aguardava ordens, para atirar no louco, e no momento que o suspeito engatilhou a arma, ia atirar sem dúvida, levou um tiro no meio da testa, caindo morto no chão frio do asfalto.

Antônio com alívio, mas envergonhado com as calças sujas, seria cômico se não fosse trágico, o desconhecido ali morto , o encrenqueiro tratou de sumir dali o mais rápido possível, não sem antes prometer ao delegado, que depois ir em casa, tomar um banho e vestir roupas limpas, iria até a delegacia prestar depoimento.

A lição foi dura para metido do Antônio, mas “pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto”.

 

 

ALTEROSA E SUA VIDA PECULIAR - Henrique Schnaider

 





ALTEROSA E SUA VIDA PECULIAR

Henrique Schnaider

 

Arnaldo vivia na cidade de Alterosa, sujeito bom, pacato, vivia uma vida mansa, casado com Laura, se deram muito bem naquela vida de interior, mas ele tinha um defeito, as vezes metia o nariz onde não era chamado, acabava arrumando confusão.

Alterosa, cidadezinha porreta, gostosa de se morar, era uma delícia. A delegacia vivia vazia, já que não havia criminalidade, todos se conheciam, mas como toda cidade pequena, a fofoca rolava solta, a vida de todos, fazia parte das línguas soltas das comadres sentadas na praça, de olho em todos que que se atreviam passar diante delas. Um ninho de cobras.

Toda vez que chegava algum estranho, lá estavam as fuxiqueiras da praça, loucas para saber de quem se tratava aquele cidadão, quem poderia ser? De quem era parente? E oque estava fazendo na cidade?

Naquele dia fatídico, chegou no ônibus vindo da capital, um sujeito muito esquisito, que logo agitou as linguarudas, quem seria o tal sujeito? E por que veio à cidade?

O visitante se alojou na única pensão da cidade, provocando a curiosidade geral das pessoas, mas principalmente do Arnaldo, que não perdia a mania de bisbilhotar a vida dos outros, ficou se ardendo de vontade de saber de quem se tratava aquele desconhecido, porque veio a cidade?

A coisa foi esquentando, porque o estranho só saia bem tarde da noite a passear pela cidade, enrolado num capote enorme e com um chapelão preto, que lhe cobria o rosto. Arnaldo não sossegava o pito, nem dormia direito, ficava olhando pela janela a passagem daquela figura, o diz-me que diz-me rolava solto, histórias corriam pela cidade, invencionices, diziam que tinham visto ele entrar a meia noite no cemitério, que cavalgava num cavalo branco, que uma mulher o acompanhava.

Certa noite o xereta do Arnaldo, junto com Laura, resolveu seguir a uma certa distância o sujeito misterioso, que seguiu em direção ao cemitério da cidade, já era tarde da noite, mas os dois não desistiram, continuaram a segui-lo, ele entrou no cemitério e o Arnaldo abelhudo, seguiu atrás, o misterioso ser, parou perto de um túmulo, e, incrível, inacreditável, apavorante, de dentro saiu uma figura de uma mulher, ali ficaram um de frente para o outro.

Arnaldo e Laura apavorados, saíram em desabalada carreira, loucos para chegar em casa, arrependidos de terem seguido o estranho.

Se não fizesse o que fez, Antônio não teria passado pelo que passou, foi uma experiencia horrível que ninguém gostaria de passar.

Se Antônio não fosse o xereta que era, e ainda por cima, fazer com que Laura estivesse com ele, acabaram passando os dois, por uma experiencia horrível e inesquecível.

Quanto ao estranho, do jeito que veio, foi embora sem falar com ninguém, todos ficaram morrendo de curiosidade de saber quem ele era.

 

 

 

O “LÍNGUA DE TRAPO” - Henrique Schnaider

 



O “LÍNGUA DE TRAPO”

Henrique Schnaider

Proverbio Chinês

Quando falares, cuide para que tuas

palavras sejam melhores do que o silêncio

 

Arnaldo era conhecido por ser do tipo linguarudo, a língua não cabia dentro da boca, como era costume se dizer, ele não era chamado, mas sempre queria dar o seu pitaco.

Costume que tinha desde pequeno, não foi à toa que seus amiguinhos o chamavam de língua de trapo; tinha encrenca toda hora. Lá estava o Arnaldo no centro da confusão. Apanhava de alguém da turma, em casa também, para aprender a mudar sua maneira de ser, mas ele não aprendia, mal acabava de sair de um furdunço, já entrava noutro.

Quando adulto, não perdeu o mau costume. Na escola, foi suspenso várias vezes pelas confusões que arrumava, “faz a fama se deita na cama”. Arnaldo quase não tinha amigos, pois todos tinham receio de sua amizade. Até para namorar foi difícil. Mas por sorte achou Araci, pessoa de gênio bom, santa criatura, ingênua, que acreditava em tudo que Arnaldo dizia, porque o danado, além de linguarudo, deu de mentir também.

Com Araci boazinha, crente nas invenções do Arnaldo, ele conseguiu se casar. No começo ela, ainda crédula, mas depois, aos poucos, ela viu as intrigas e mentiras; mas era tão boa, que em vez de achar ruim, começou a dar cobertura às pataquadas em que ele se metia, sempre testemunhando a seu favor, ajudando-o a afirmar como verdadeiras as lorotas e ele, com a língua solta demais.

Certo dia Arnaldo aprontou uma das boas. Fez uma tremenda fofoca, soltando para todo mundo que a esposa do Bruno o traia com um conhecido deles, Waldir. Foi um tremendo balaio de gatos!

O Bruno querendo tirar satisfações, Araci jurando que o marido estava dizendo a verdade, de repente vem o marido traído, com um revólver na mão, disposto a resolver aquele “disse que me disse”.

O susto foi grande e Arnaldo e Araci escaparam por pouco de serem mortos por Bruno que, com a honra ferida, estava disposto a terminar com aquela fofoca que sujava seu nome. Foi só por Deus que no último instante, o cornudo, desistiu de perpetrar aquela tragédia.

Arnaldo e Araci ficaram tão assustados que ambos, principalmente ele, juraram que iriam mudar de vida: nem mais uma intriga e nenhuma mentira. Será que Arnaldo conseguiria mudar o que estava profundamente enraizado na sua maneira de ser?

Provérbios Chineses, eles são bons nisso, que vem da sua sabedoria milenar, Confúcio que o diga. Exs. De alguns deles.

“O aprendizado é como o horizonte: não há limites”.

“Não há como ser forte, há que ser flexível”.

“Limitações são fronteiras criadas apenas pela nossa mente”.

“O cão não ladra por valentia e sim por medo”.

“Procure acender uma vela em vez de amaldiçoar a escuridão”.

“A palavra é prata, o silencio é ouro”.

 

O VIGÁRIO E O VIGARISTA - Leon Vagliengo

 




O VIGÁRIO E O VIGARISTA

Leon Vagliengo

 

O Padre Anselmo era o vigário da única igreja existente na encantadora e plácida cidade de Lindo Vale, situada numa região privilegiada pela Natureza, com topografia generosa para a existência daquela vegetação verdejante, viçosa e variada, alimentada pelas águas de um riacho que corria por entre belos e poéticos cenários, tudo compondo o quadro que justificava o nome da cidade.

Essas virtudes naturais haviam contribuído em muito para atrair uma significativa população de pessoas de muito boa condição financeira, que convivia com a comunidade formada pelos primeiros habitantes, geralmente bem menos favorecidos nesse aspecto.

Homem tranquilo e bonachão, de cabelos já grisalhos, sempre ostentando um sorriso amigo no rosto redondo, o Padre Anselmo Calamari tinha fé inabalável em suas convicções religiosas e assim conquistara, ao longo do tempo, a total confiança dos fiéis de sua igreja, que aprendiam com os seus sábios sermões boas regras para a vida e os caminhos para o Céu.

De hábitos rotineiros, após cumprir todas as suas obrigações diárias, à tardinha sentava-se na praça ao lado da igreja para ler as orações do breviário e deixar-se um pouco ao descanso antes do jantar.

Foi numa tarde de segunda-feira, quando já havia guardado o breviário após as orações do dia, que aquele moço se aproximou para conversar. Foi recebido com um largo sorriso de satisfação pelo Padre Anselmo, que de pronto o reconheceu.

Como vai, Belmiro? Há quanto tempo não o vejo! Por onde você anda?

A bênção, Padre Anselmo, respondeu Belmiro, também muito feliz em rever o amigo.

Eu consegui um bom emprego na Capital. Nestas férias voltei para ver os meus pais e a minha terrinha, depois de quase seis anos. Estava com muitas saudades daqui e de todos.

Enquanto conversavam, Padre Anselmo recordava-se do menino Belmiro, sempre muito comunicativo e muito esperto, que fora coroinha em sua paróquia, ajudando-o na celebração das missas. Agora ali estava ao seu lado um homem feito, embora ainda muito jovem aos seus vinte e poucos anos, que continuava bem falante a lhe contar, com entusiasmo, das boas experiências que vivenciara na Capital.

E assim foi aquele encontro, que se repetiu nas tardes seguintes, em que Belmiro contou ao Padre Anselmo que trabalhava no setor de compras de uma pequena indústria, e era responsável pelo suprimento dos materiais utilizados pelo setor de produção da empresa.

O que Belmiro não revelou ao seu amigo Padre Anselmo é que, aproveitando-se de sua função de comprador, já se acostumara a beneficiar-se de comissões irregulares que exigia dos fornecedores para realizar as compras. Evidentemente, essas comissões eram geradas por uma desonesta aceitação de acréscimo nos preços dos fornecedores, onerando os custos de seu empregador, o que não caberia nas conversas com uma pessoa tão correta como o Padre Anselmo. Se lhe contasse seria como uma confissão em que a própria decepção do amigo seria certamente uma insuportável penitência.

Por sua vez, nessas animadas conversas o Padre Anselmo foi contando a Belmiro, entre as historietas da vida da cidade nos últimos tempos, também as novidades da Paróquia, mostrando especialmente o seu entusiasmo com a campanha de arrecadação de recursos para as obras de caridade, que estava tendo bastante sucesso, especialmente em razão da colaboração generosa dos fiéis mais abastados.

Esses comentários do Padre Anselmo sobre a Campanha e alguns detalhes sobre a sua gestão, discretamente obtidos no transcorrer da conversa por Belmiro, acostumado a arquitetar artimanhas para conseguir dinheiro fácil, despertaram nele uma grande tentação, que já nasceu prejudicada pela barreira moral muito forte a transpor, representada pela figura bondosa e correta do Padre Anselmo, seu amigo.

Mas esse bloqueio não parou por aí.

O dilema que se instalou em sua cabeça fez desencadear a lembrança de tudo o que Belmiro aprendera com seus pais, que sempre o orientaram sobre o que era certo e errado.

Todas aquelas recomendações vinham agora à sua mente, provocando um grande conflito de consciência, especialmente quando voltava para casa e se defrontava com eles.

O carinho e a austeridade de seus pais, gente simples, mas muito correta, se transformavam em verdadeira admiração que demonstravam por sua realização profissional. Isso contribuía para martelar a sua consciência, fazendo com que se lembrasse de sua conduta irregular no desempenho de seu trabalho.

As conversas na praça como o padre Anselmo, no entanto, continuavam, e na quinta-feira já estavam bem animadas quando aquela belíssima moça dirigiu-se com seu melhor sorriso ao padre Anselmo, beijando-lhe a mão:

- A bênção, tio Anselmo.

- Deus a abençoe, querida.

Apresentada pelo padre Anselmo, aquela moça mestiça de olhos amendoados e cabelos negros era Ana Maria Calamari Yasuda, filha da única irmã do padre, que era casada com um japonês.

Nada além do nome dela foi registrado por Belmiro naquele momento, quase imobilizado pelo encantamento que sentiu ao ver Ana Maria, pela beleza de seu rosto moreno e de seu corpo delicado, envolto num vestido jovial, recatado, e pela graciosidade dos modos daquela moça. Ela também não ficou indiferente ao ver aquele jovem e atlético rapaz, de rosto másculo e lindos olhos que pareciam paralisados sobre ela.

Ao perceber o que não declaradamente acontecia, o padre Anselmo ficou muito feliz em seu íntimo, pois sempre tivera especial carinho pelos dois. Mas nada disse, deixou à vontade divina do Criador, embora não sem torcer pelo bom desfecho.

Em pouco tempo aquele primeiro encontro entre Belmiro e Ana Maria transformou-se em namoro apaixonado, que permaneceria intenso mesmo após o enlace matrimonial.

Esta nova situação, ainda naqueles primeiros dias do namoro, foi decisiva para Belmiro. Apaixonado pela moça e novamente entre pessoas honestas, a quem não queria decepcionar, sentiu-se muito forte para resistir às ocasiões que faziam dele um vigarista. Procurou um novo emprego e nunca mais pensou em praticar desonestidades.

UNIVERSO - Alberto Landi Jr.

 




UNIVERSO

Alberto Landi Jr.


Olhe como são belas, e com milhares de estrelas.!

Rodeadas de planetas como o nosso, habitados provavelmente.

Dizem os cientistas que há milhões, talvez bilhões de planetas, só nas galáxias bem próximas.

Será que a vida existe como aqui?

Acho difícil visualizar planetas habitados com seres iguais a nós e vivendo também como nós.

Por que iguais e vivendo como nós?

É muita pretensão injustificável deduzir que só nós do planeta Terra tenhamos desenvolvido inteligência.

E os objetos de forma arredondada vistos em nossa órbita?

Muita gente os vê a olho nu,

Lí num artigo, que essas aparições são fenômenos naturais pouco estudados, ou maquinas voadoras, em experiências secretas.

Talvez em parte. Mas existem boas documentações e sinceramente não vejo motivo de espanto em supor que outros planetas do nosso sistema sejam habitados.

Mas os seres que comandam ou pilotam essas naves espaciais, por que não pousam e entram em contato?

Mas por que pensar que habitantes de outros planetas estejam interessados em dialogar conosco:

Esses engenhos talvez possam ser até minúsculos, comandados a distância.

Será que estão apenas nos observando e nos estudando?

Ou eles são tão diferentes de nós que não haja uma possibilidade de entendimento imediato.

Falariam línguas impossíveis de se aprender?

Quem sabe emitem ruídos, ou se comuniquem por gestos?

Nossos cientistas com certeza acabariam desvendando esse mistério.

Há muitas histórias sobre um ou outro planeta. Costumam inventar que seus habitantes possam ser monstros destruidores, interessados em dominar a galáxia.

Será que têm antenas na cabeça, quatro braços?

Gente normal como nós poderia se entender com seres assim?

Acho que nossa aparência é que os assustam tanto e os mantém em alerta.

Talvez a nossa maneira de viver seja  perigosa demais.

É provável que tudo isso seja ficção.

Bem, não pensemos mais nesse assunto, e cuidado com as antenas e 4 braços, podem fazer muito estrago! 



APENAS EXISTO - Leon Vagliengo

 





APENAS EXISTO

Leon Vagliengo

 

Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe”. Oscar Wilde

 

Numa monotonia sem fim,

Vejo o tempo passando por mim

E a vida sem graça a continuar

Sempre igual, no mesmo lugar,

Sem que nada me renove a esperança

De realizar os meus sonhos de criança,

Quando me via entre personagens heroicos

Sendo capaz de feitos fantásticos

Para conquistar toda a admiração

Daquela que me daria o seu coração,

Que ficaria para sempre ao meu lado

E me tornaria um feliz apaixonado.

Mas no dia em que finalmente a encontrei

Não consegui conquistá-la, fracassei.

Nada do que sonhei foi possível realizar,

E agora só me resta continuar a sonhar.

Enquanto isto,

Apenas existo.

 

OSCAR WILDE:

Oscar Wilde (1854-1900) foi um escritor irlandês, autor da obra “O Retrato de Dorian Gray”, seu único romance, considerado uma das mais importantes obras da literatura inglesa, em que retrata a hipocrisia da sociedade inglesa vitoriana. Escreveu novelas, poesias, contos infantis e dramas.

Os anos mais produtivos de Oscar Wilde foram entre 1887 e 1895, quando publicou poemas, contos, novelas e dramaturgia. Em 1888 publicou o livro de contos, “O Príncipe Feliz”, que teve boa acolhida.

Como autor de teatro, Oscar Wilde renovou a dramaturgia vitoriana com as obras: “Salomé” (1891), escrita em francês, “A Importância de Ser Sério” (1895), considerada sua obra-prima no gênero e muito encenada, cujo título original encerra um jogo de palavras entre earnest (sério) e Ernest (Ernesto). Foi mestre em criar frases irônicas e sarcásticas.

Frases de Oscar Wilde:

·         A vida é muito importante para ser levada a sério.

·         Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal.

·         Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje tenho certeza.

·         Um homem pode viver feliz com qualquer mulher desde que não a ame.

·         A arte nunca exprime nada que não seja ela própria.

 

 

 

Se eu cair sete vezes, 8 vezes eu me levanto. - Alberto Landi Jr.

 






Se eu cair sete vezes, 8 vezes eu me levanto.

Alberto Landi Jr.

 

Esse provérbio define bem o caráter do povo japonês devido a exemplos de superação, que já demonstraram possuir desde tempos primórdios.

Somente quando há crise é que se pode conhecer o verdadeiro caráter do povo, e o Japão demonstrou isso várias vezes.

Em um país sem crises é muito fácil dizer que o povo é paciente, compreensivo ou cooperativo.

Mas é só em épocas de crise ou tragédia que podemos conhecer a dimensão das palavras como solidariedade, compaixão.

Quando houve terremotos e tsunamis, este país mostrou a sua força de superação, além de um comportamento notável diante de uma calamidade gigantesca.

O mundo ficou surpreso com a superação, sem reclamações nem revoltas.

É um povo civilizado que pensa no coletivo diante de todas essas tragédias. (Catástrofes).

Lamentações, se houveram, não foram percebidas.

Grande exemplo para a humanidade.

Nem saques e nem pânico.

Esse país nos ensina a cooperação entre pessoas, generosidade e comportamento civilizado, tão ausentes em nosso Brasil.

O Japão sempre consegue se recuperar e ficar ainda mais forte.

A cada tropeço se levanta e se torna gigante.

Acredito que esse provérbio se encaixa perfeitamente num país tão laborioso.

O SONHO DE LUCI UMA TEIMOSIA PACIFICA - Maria Do Carmo Giordano

 




O SONHO DE LUCI

UMA TEIMOSIA PACIFICA

 

Hoje Luci acordou resolvida, com muita disposição em iniciar a realização de seu sonho, há muito sepultado.

Já com dezoito anos, afligiu-se ponderando que o caminho para atingir seu objetivo era deveras espinhoso, faz-se urgente pôr em prática sua meta, pois longo será o caminho.

Pesquisou muito, mas encontrou Escolas de Ensino Fundamental próximas de sus casa, pois poderia ir a pé, mesmo tendo que andar bastante, mas não gastando nada. Entusiasmada, vestiu-se com cuidado, mas com simplicidade, roupa bem sóbria e tênis.

Queria trabalhar em uma escola, conviver com professores e com as crianças. Sonhava em cursar uma Faculdade de Filosofia, mas para isso precisaria de dinheiro, coisa inviável em sua família, sabia muito bem que eram modestos.

Mesmo que seu salário fosse pequeno, guardaria integralmente, almoçaria com marmitinha e se fosse vespertino, levaria um lanche, não usaria condução pública. 

Para não preocupar sua mãe, Luci contou o seu plano. Iria trabalhar em uma escola e guardar integralmente seu salário para ter como começar a cursar a tão sonhada Faculdade de Pedagogia.

Dois longos e angustiantes anos tinham se passado, sem nenhuma resposta positiva. Quantos “nãos” ouviu e sorria em lágrimas, mas nunca pensou em desistir. Estava determinada a vencer.

À noite no jantar, a família sempre se reunia e comentava como o dia tinha decorrido. Qual a surpresa de todos quando Luci, com olhos de âmbar, brilhantes, e docemente emocionada, participou que estava empregada em uma Escola de Ensino Fundamental do Bairro e iria começar a trabalhar na próxima segunda feira.  

Trabalharia no período da manhã. Deixou as tardes para as Aulas Particulares de Ajuda a alunos com algumas matérias pendentes, que conseguiu, através de pesquisas pelas vizinhanças. As noites eram de estudos com uns amigos que frequentavam aulas em Cursinhos. Todo o dinheiro que recebera nesse período estava muito bem guardado em um Banco e iria começar a ser usado no próximo ano, pois tinha total confiança e certeza de que seria aprovada no Vestibular.

Cinco anos depois, Luci, de beca e capelo, empunha seu duplo troféu tão sonhado: Pedagogia e Licenciatura em Literatura.

 

 

 “AS COISAS QUE QUEREMOS E PARECEM IMPOSSÍVEIS SÓ PODEM SER CONSEGUIDAS COM UMA TEIMOSIA PACÍFICA”

MAHATAMA GANDHI.

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