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segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

A MACIEIRA e A MENINA - Alberto Landi

 




A MACIEIRA e A MENINA

Alberto Landi

 

Havia uma macieira num bosque, que amava muito uma menina.

Diariamente Maria Clara, a visitava, juntava suas folhas e com elas fazia ornamentos, imaginando ser a rainha daquele bosque.

Subia no seu tronco, balançava-se nos seus ramos, comia as suas deliciosas maçãs. Brincava com outras crianças e quando ficava cansada, dormia à sua sombra.

A menina adorava aquela macieira, como ninguém. E a árvore era muito feliz. O tempo foi passando, Maria Clara cresceu. E a árvore foi ficando solitária, sem as visitas frequentes dela.

Um certo dia, a menina veio visitá-la.  

— Minha menina, quantas saudades! Vamos, suba em meu tronco, balance nos meus fortes ramos, coma quantas maçãs queira, brinque na minha sombra como você sempre fez.

— Agora já sou crescida, disse Maria Clara, para brincar.  Quero comprar coisas e me divertir.  Você poderia me dar algum dinheiro?

— Minha Linda menina, disse a árvore, não tenho nenhum tostão, somente folhas e maçãs. Leve-as para casa, e venda no mercado ou em algum centro comercial, e assim, obterá dinheiro e ficará feliz.

E assim Maria Clara procedeu. Subiu no tronco, colheu todas as maçãs possíveis, colocou-as num cesto e as levou consigo. A árvore balançou seus ramos num sinal de felicidade.

A menina sumiu por um bom tempo, e a árvore ficou triste, novamente.

Decorridos alguns anos, a menina apareceu no bosque, para visitar a sua amiga.

— Suba No meu tronco, balança nos meus ramos disse-lhe a macieira, colha todas as maçãs que quiser.

— Estou ocupada agora, respondeu Maria Clara. Eu quero uma casa para viver, um marido e filhos. Você pode me dar uma casa?

— Eu Não tenho casa, disse a árvore. O bosque é meu abrigo, mas corta os meus ramos e construa sua casa, assim ficará feliz.

E assim foi feito, e a árvore ficou mais uma vez mais feliz.

Passado já algum tempo, ela voltou.

— Desculpe-me, disse a árvore, nada mais tenho que eu possa te oferecer. As maçãs já se foram.

Maria Clara disse para a macieira:

— Não se preocupe, os meus dentes já estão fracos demais para degustar as suas deliciosas maçãs.

— Também já não tenho ramos, lamentou a árvore.

— Eu não tenho mais idade para me balançar em seus lindos ramos, respondeu Maria Clara.

— Não tenho tronco forte e espesso para você subir, informou a árvore.

— Eu ando muito cansada de uns tempos para cá, disse Maria Clara.

A árvore suspirou e retrucou:

— Agora sou apenas um velho toco, não sirvo para mais nada.

Maria Clara retrucou:

 — Já não preciso de muita coisa, apenas um lugar sossegado para descansar. Um velho toco ainda é bom para sentar-se e descansar.

— Ah, então, anda, minha menina, senta aqui para descansar junto a mim.

E assim, a árvore e a menina, pela última uma vez, ficaram felizes!  

 

  

 

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