A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

SEM PERDÃO - Suzana da Cunha Lima

 




SEM PERDÃO

Suzana da Cunha Lima 

 

- Bom, para mim já deu! 

Ele levantou-se da mesa arquejante, tentando manter a raiva sob controle. Mas ao olhar o rosto neutro da mulher, quase cínico, a ira tomou conta de si, rompendo as comportas da educação e bom senso.

- Você é uma hipócrita, rancorosa e desalmada.  Toda hora está jogando na minha cara o caso que tive com Elaine há séculos, no mínimo cinco anos... Como é que pode?  Já me desculpei de todas as maneiras, o que é que quer que eu faça mais?  Aconteceu, pronto.  É tocar a vida para a frente.

Ela continuava a olhar para ele como se nada estivesse acontecendo, mas o seu coração fervia pelos anos de desprezo e negligência e pela constatação, que agora fazia, de que jamais o perdoaria. Não podia, o amara demais. Não, não fora só a Elaine, ela sabia, eram casos conhecidos de todos, que a humilhavam e a rebaixavam de maneira insuportável. Sem falar de agressões físicas insuportáveis.

Não meu amigo, não haveria volta nem tocar para a frente, era o fim mesmo.

Levantou-se devagar, deixando seu desprezo escapar aos poucos nos gestos lentos. Pegou a jarra de cristal que enfeitava o aparador.  Presente dos pais dele, coisa fina.   

Bateu na cabeça dele com todo o ódio acumulado naqueles anos de agonia.

E ele caiu no chão, bebendo seu próprio sangue, olhos abertos de espanto e dor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.

A ÚLTIMA CARTA - Helio Fernando Salema

  A ÚLTIMA CARTA Helio Fernando Salema     Ainda sentada em frente ao gerente do Banco, Adélia viu, no seu celular, a mensagem de D. Mercede...