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segunda-feira, 15 de maio de 2017

Excesso de apego! - (Amora)


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Excesso de apego!
(Amora)


Ganhei um lindo vaso de porcelana chinesa, em meu aniversário, virando objeto de estimação.

Coloquei-o em cima de uma mesinha da sala e, como era uma antiguidade, chamou bastante a atenção.

No dia da faxina, Marlene, empregada de tantos anos, pegou-o meio sem jeito,  para tirar o pó!

Adverti-a que tomasse cuidado, pois era muito valioso e querido.

Não deu outra. Antes tivesse calado. Deixou-o escorregar e, meu vaso predileto, foi ao chão, quebrando-se todo.

Eu fiquei com muita raiva na hora, e, ela, bastante assustada!

Queria comprar outro e colocar no lugar, mas dei uma risada nervosa, sabendo que nunca poderia substitui-lo.

Mandei-a embora, na hora, arrependendo-me depois.

Essas coisas acontecem! Foi excesso de apego meu, despedindo uma auxiliar de confiança por causa, apenas, de um vaso!


Fiquei meio triste, no íntimo, mas ... Um vaso! Que grande importância tem?...

O prefeito.- (Amora)


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O prefeito.
(Amora)

Tibério, filho de importante fazendeiro da região, mimado e caprichoso, aprontava, desde cedo, muita traquinagem na pequena cidade de Ventura, onde vivia.

Cercado de amigos que o seguiam nas malandragens, compartilhando defeitos e males que, muitas vezes, causavam. Foi crescendo e desenvolvendo personalidade fria e calculista.

Mandão, temido pelos moradores da região, era obedecido em qualquer tipo de  ordenança!

Com a morte do pai, envelhecido prematuramente de desgosto pelo filho que criara, Tibério tornou-se praticamente o senhor da cidade, fazendeiro rico e importante, o coronel, como o chamavam os mais antigos.

Ambicioso, louco por aumentar seu patrimônio, Tibério resolveu comprar as pequenas fazendas do entorno.  Eram vizinhos antigos, amigos do seu pai, que não aprovavam os métodos de enriquecimento do jovem, e  enraivecidos  negaram-se a vender-lhe seus bens.  

Para força-los inventou de candidatar-se a prefeito de Ventura, sondando alguma lei que os obrigasse a vendê-las.

Auxiliado pelos falsos amigos, gananciosos como ele, fez grande campanha eleitoral e, ganhou a eleição para prefeito, afastando o antigo Dr. Honório eleito e reeleito, várias vezes.

Assim que tomou posse, cercado de capangas e amigos corruptos, como ele, inventou que iriam construir uma estrada de rodagem, de grande importância, passando justamente nas terras que ele tinha interesse.  Dessa maneira seriam obrigados a vendê-las por um preço mínimo, como benfeitoria à cidade. Era projeto do Governador do Estado! – argumentava ele.  Teriam que acatar.

Desgostosos, os fazendeiros consultavam-se  sobre o que fazer, diante de tal ordem, dada por tal prefeito, conhecedores que eram de suas habilidades para o mal.
Uma nova estrada seria muito boa para Ventura, aumentaria o fluxo  comercial, traria facilidades de transporte, mas, e eles, como ficariam! Empobrecidos, sem herança aos filhos, sem capacidade de se manterem. Só sabiam lidar com fazendas e gado!

Um deles, mais instruído,  resolve ir até o Governador do Estado, sondar de onde viria o dinheiro para o projeto da rodovia. Quem tivera dado esta ordem! 

Fica sabendo pelo Governador, Dr. Dantas,  conhecido pela honestidade, que não havia verba destinada para tal empreendimento. Ao contrário, a cidade de Ventura era pobre, contribuindo para o Estado com pequena produção de leite e  carne que enviava às outras regiões. No momento, tal construção seria inviável ao Estado. O venturense enfureceu-se com as bravatas de Tibério, e ali mesmo viu o Governador  tomar uma decisão,  mandando ao prefeito, Tibério, uma intimação para comparecer à sede do governo para prestar declarações. Não se brinca com o dinheiro público nem com as mentiras ordenadas ao povo!

E assim, desacreditado, chamado de mentiroso, Tibério, amedrontado, fica obrigado a deixar a prefeitura, passar seu cargo ao vice-prefeito, da oposição, retirando-se à sua fazenda e ainda respondendo a um processo por calúnia!

Desgostoso, lembrou-se, pela primeira vez, da responsabilidade e caráter que tinha seu pai.  


Sorte ou proteção divina! - (Amora)


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Sorte ou proteção divina!
(Amora)


Mário, homem trabalhador, é mandado embora do emprego de tantos anos, por falência da firma.

Entristecido, percorre várias outras, consulta jornais, tudo que falasse sobre “procura-se”! Envia currículo de contador e aguarda respostas, ansiosamente!
Com o tempo, nada surgindo, a situação familiar também vai deteriorando, muitas brigas com esposa e filhos, terminando por ficar só.

Sua angústia vira forte depressão, culminando com uma ideia fixa: o suicídio! Desistiria de viver.

Escolhe uma ponte bem alta da cidade e, subindo no parapeito, atira-se para as profundezas do rio. 

Não cai na água, mas dentro do convés de um barco que, por ali navegava, assustando muito o pescador Pedro, que voltava para casa.

Com muita raiva, Mário ergue-se e faz menção de atirar-se n’água, firme na sua vontade.

É impedido por Pedro que, segurando-o inibe o movimento. Através de uma boa conversa, é dissuadido pelo pescador, que tenta animá-lo, acabar com essa ideia, recomeçar a viver.  Seria, no momento, seu auxiliar, pois com a velhice chegando, o trabalho estava muito cansativo.

Assim Mário renasce para a vida, entre rios, mares, peixes, a calmaria das águas e da natureza, que tanto lhe faltava!

             

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Marilda - Christianne Vieira


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Marilda
Christianne Vieira

O Sol  estava alto, Marilda vinha caminhando a passos largos pela calcada,  preocupações assolavam sua mente. Com certeza seria um dia complicado, teria que escolher sobre qual caminho deveria seguir dali para frente. Mudar de cidade, e trabalho era uma atitude bem radical e definitiva. Não se sentia confortável, seus instintos a alertavam que não seria feliz. Mas, se comprometera com Henrique, seu noivo, ele seria transferido.

Pensava enquanto caminhava. Como poderia dizer não a ele?! Eles namoravam há cinco anos, fizeram muitos planos. Num passe de mágica haviam desparecido. Perguntava-se se realmente o amava? Talvez estivesse acostumada, desde que esse assunto rondava seus dias, ela vivia tensa, e as noites mal dormidas, pioravam ainda mais seu humor.

Marilda se sentia desanimada, ainda mais por ter guardado um segredo sobre sua origem.  Sabia que não conseguiria enganá-los para sempre. Quanto mais se aproximava, seu possível casamento, inevitavelmente teria que contar a verdade.

Sabia que tinha sido fútil, e desonesta, ao esconder sua historia, mas depois de tantos anos, como poderia contar?

Sempre que falava de seus pais, dizia que estavam viajando para o exterior, montara um  álbum de fotos, de uma vida que não era a sua.

Ele acreditou nas mentiras dela, por terem amigos  parecidos, que mal tinham contato com seus  filhos. Naquele  mundo artificial, tudo era possível. As mentiras se avolumaram de uma forma, que não  tinha como voltar atrás.

No ultimo mês, conhecera Raul, seu colega de trabalho,  a amizade entre eles se estreitara devido ao projeto que comandavam juntos. Ela o achava envolvente, bonito, pensava que ao seu lado sua vida poderia ser mais dinâmica  e divertida. Há algum tempo estava entediada. Os dias sempre iguais e monótonos, Henrique sempre se dizia cansado, sem disposição, não saiam juntos, ou faziam algo interessante, como ir ao teatro ou assistir a um bom filme.

Durante os almoços  com o  Raul, seus olhos brilhavam ao escutar o que fizera no fim de semana, sua vida era muitos mais emocionante. Mas ela não, ela teria que se mudar para Rondônia, lhe parecia o fim do mundo, seria ainda mais infeliz.  A aproximação com o Raul lhe deixara com muitas duvidas sobre a sua vida.

Conhecer  Raul, parecia uma oportunidade de recomeçar uma nova vida longe de tudo isso, sem mentiras. Ele era uma pessoa simples, com uma vida parecida com a dela. Teria a chance de ser ela mesma.

Aproveitando da situação que se encontrava, deveria romper com Henrique, culpando a transferência de cidade, ou talvez, mesmo sendo cruel, dizer que havia conhecido outro homem. O que em parte era a verdade.

De qualquer forma, ela o magoaria, e tinha que se preparar para isso. Combinaram de se encontrar a tarde. Ele muito empolgado pela oportunidade no  trabalho, discorria seus planos, sobre a mudança , e o casamento, Marilda, estava atônita, não sabia o que responder. Tentava em vão mudar de assunto, Ela ao contrario, sentia dor no estomago, enxaqueca, um mal estar generalizado.

Disse que precisava descansar, Henrique estranhou os constantes desencontros, e sentia que alguma coisa ela devia estar escondendo. Perguntou se ela precisava de ajuda, e como ela disse que não, foi para casa aborrecido.

Durante mais uma noite de insônia, Marilda resolveu que logo pela manha, resolveria a situação.

Ligou logo cedo para Henrique e disse que gostaria de falar com ele na hora do almoço, pediu para ele ver a sua agenda e retornar assim que pudesse.

Ele foi buscá-la, e durante o trajeto até o restaurante, ela foi dizendo que não andava bem, e que estava pensando em adiar o casamento. Henrique parou o carro na primeira vaga que encontrou, estava indignado, de forma muito grosseira, perguntou se era brincadeira?

Marilda, encolhida atrás de sua vergonha, disse que não, não era uma brincadeira, havia tomado uma decisão, que há muito tempo deveria ter sido tomada.

Abriu a porta, energicamente, e  a bateu  com forca, saiu andando rapidamente pela calçada, sem olhar para trás. Nos dias seguintes, não atendeu as ligações dele, bloqueou seu contato.

Henrique, estranhando tais atitudes, foi esperá-la na saída do trabalho, quando então a viu conversando sorridente com Raul.

Sem que ela o visse, saiu apressado, entrou no  carro e partiu em disparada. Quando ao virar a rua deu com um caminhão carregado, e em instantes, seu mundo se apagou.

Foi  um grande acidente. Levado pelo pelos socorristas ao hospital mais próximo,  lá permaneceu inconsciente, na UTI. Sua família foi avisada. Abalados, permaneceram no saguão aguardando o boletim médico, ou informações a seu respeito.

Ao amanhecer ligaram para Marilda contando sobre o acidente, ela imediatamente se encaminhou para o hospital, tomada de culpa, não conseguia  dizer nada. Henrique continuou em estado, vegetativo durante muitos meses, os médicos não sabiam como, ou quando ele se recuperaria.


A partir deste dia, ela se apagara para o mundo, apenas cumpria suas atividades básicas, e rezava muito, para que nunca ninguém soubesse o que de fato ocorrera. Sentia-se uma pessoa péssima, em seu intimo, imaginava o que acontecera, pela proximidade de seu trabalho e o horário do acidente. Fora longe demais, suas mentiras, e sua ganancia  haviam acabado com a vida de seu noivo, que durante aqueles cinco anos, estivera ao seu lado.

Uma pessoa do mal - Henrique Schnaider


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Uma pessoa do mal
Henrique Schnaider

Hildebrando nasceu como algumas crianças nordestinas em uma família abastada, filho de um Coronel, destes que, mandar matar era quase como um habito diário. O menino cresceu observando todas as maldades que o pai cometia, inclusive a forma como tratava seus empregados, verdadeiros escravos.

Certo dia Brando estava cavalgando, e mesmo sentindo a respiração apressada do animal, não estava satisfeito, e já demonstrando o que aprendera com o velho Coronel,  rolava as esporas de sua bota na barriga da égua que toda ligeirinha relinchava e não gostava daquela situação desagradável.

De repente Brando ouve barulho na mata e gritos desesperados. Freou o cavalo e cheio de curiosidade aproximou-se vagarosamente, procurando não fazer barulho para não chamar atenção. Sentiu um frio na barriga, pressentindo o que iria presenciar. O suor escorria pelo seu rosto e costas, tal a ansiedade de decifrar os gritos horrorizados que ouvia. De repente deu de cara com o capataz Tibúrcio que usava um motosserra para esquartejar vivo Antônio de Jesus vizinho da fazenda, que teria se recusado a vender o pequeno sitio onde tinha uma plantação de mandioca, para seu pai que pretendia aumentar a propriedade.  

Estranhamente, o rapaz não sentiu pena do pobre Antônio que estrebuchava dando os últimos suspiros antes da morte, pelo contrario, sentiu certo prazer sádico ao presenciar aquela cena pavorosa. O sangue, os gritos, a morte com a motosserra, tudo lhe dava prazer. Uma indecifrável alegria o dominou. Teve uma vontade incontrolável de algum dia cometer essa mesma barbaridade com suas próprias mãos. Brando olhava para Tibúrcio que sorria não demonstrando o menor arrependimento da barbárie que acabara de cometer,  aliás, possuía o olhar frio de um assassino sanguinário.

Hildebrando Paschoal tornou-se um adulto inescrupuloso como era de esperar. E, por desejo de seu pai, entrou na politica e não demorou muito tempo para que realizasse seu desejo íntimo e há tanto tempo acalentado.

A política de Cabrobó dos Montes era dominada por duas famílias, Oliveira e os Paschoal sendo que ao longo de tantos anos os assassinatos ocorriam entre as duas famílias.

Brando candidatou-se a Prefeito nas eleições daquele ano,  tendo como concorrente João Oliveira, o que demonstrava que agora as duas famílias mais ricas do lugar não disputariam apenas propriedades e dinheiro, mas também poder político.  

A disputa estava extremante acirrada,  cada vez mais inimizando Paschoal e Oliveira. Na cabeça de Brando começou a se repetira ideia alimentada desde garoto, pois matar alguém com a motosserra era ainda seu maior desejo. Começou a traçar um plano que julgava infalível,  tratava-se de uma tocaia para esquartejar seu concorrente João Oliveira. Naquela semana nenhum outro assunto o tocava, nada lhe atraía mais que planejar sua realização. Até que chegou o dia em que tudo poderia dar certo. Pegou o velho motosserra.  de seu pai, lubrificou-a enquanto matutava e sorria. Depois seguiu para o ponto de encontro,  e pôs-se aguardando escondido na estrada vazia, onde sabia que seu inimigo passaria.



João surgiu na curva empoeirada, estava sozinho, como sempre fazia. Tinha na cabeça as eleições que estavam por alguns dias. Tinha como certa sua vitória, pensava enquanto abria um sorriso plano. Vinha montado num trote lento completamente distraído sem ver nada a sua volta. Nem percebeu o inimigo por perto. Brando  aproveitando-se da absorção de Oliveira, rendeu-o  obrigando-o a ir para a mata fechada, lugar que bem conhecia desde quando assistiu o serviço de Tibúrcio, e lá sob o silêncio das copas, praticou o bárbaro crime matando seu concorrente com a motosserra, tendo assim realizado o maléfico sonho de muitos anos.

Sem ninguém para opor a ele, Hildebrando Paschoal ganhou a eleição daquele ano,  e exerceu sua gestão a ferro e fogo eliminando todos os inimigos que se interpunham no caminho.

Sua carreira foi meteórica e logo foi eleito Deputado Federal, cargo em que se deu muito bem, já que o ambiente no Congresso Nacional é propício para todo tipo de politico.

Chegou facilmente a Presidência da Câmara e cometeu todos os tipos de barbaridades que se possa imaginar para chegar onde queria:  intimidou parlamentares e empresários, corrompeu, chantageou, e assassinou.

Mas Brando não contava com inimigos no Congresso, tão ou mais criminosos que ele. E, finalmente, fez-se a Justiça ainda que por vias tortas, Hildebrando Paschoal foi desmascarado, cassado, preso julgado e condenado.


Atualmente depois de longos quinze anos de prisão, conseguiu direito a prisão domiciliar e passa seus últimos dias de vida em casa sofrendo de um câncer incurável.       

Sonho não realizado - Henrique Schnaider


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Sonho não realizado
Henrique Schnaider



Sempre sonhei que algum dia na minha vida conseguiria ser um ator famoso, e para isto segui o caminho que todos sonhadores como eu  fazem, ou seja, matricular-se na Escola Estadual de Teatro.

No meu caso, porém, havia um problema que todos os jovens de família pobre passam, ou seja, nem eu nem meu pai, tínhamos dinheiro para bancar o curso de teatro.

Comecei a procurar um trabalho que me proporcionasse renda, com a qual pudesse seguir em frente com o meu sonho de ser ator.

Passei por vários empregos, mas não conseguia adquirir estabilidade devido a minha falta de experiência e dessa maneira o tempo passando e eu adiando o inicio dos meus estudos de dramatização.

Quando finalmente consegui um bom emprego, logo percebi que era muito eficiente naquilo que fazia. Vi aos poucos as tarefas sendo realizadas com certa facilidade e dinamismo, o que chamou atenção do gerente do departamento. Não demorou muito para que nova oportunidade batesse à minha porta. Chegou-me a proposta de que a empresa patrocinaria meus estudos desde que eu firmasse acordo de estabilidade, o que para mim seria muito bom.  Assim que aceitei a proposta, logo me veio uma promoção em que passava de simples funcionário a encarregado de departamento.

E iniciei meu tão sonhado curso de ator, que me levava a um mundo totalmente diferente do que eu vivia.

Durante três anos, batalhei duramente, não fraquejando em nenhum momento tanto no meu trabalho como na  Escola de teatro.

Aprendi muita coisa durante este período em que frequentei as aulas e muitos métodos de teatralização do famoso Stanislavski, sendo o mais utilizado e passando por Samuel Bekett, não deixando ver Grotovski e muita aula de psicodrama.

Com os personagens que aprendi a representar, me permiti um grande enriquecimento cultural. Conheci pessoas incríveis, todas com o mesmo objetivo de atingir a gloria.

Neste ínterim recebi mais uma promoção na Empresa me deixando num cargo de muita responsabilidade.

Findo o curso passei por várias experiências interessantes, apresentações em cidades do interior, teatros de circos mambembes.

Minha vida seguia certa rotina, até que um dia uma pessoa que assistia minha apresentação me convidou para um teste em um estúdio para participar de uma novela como personagem secundário, fato este que para mim já seria algo fantástico.

Finalmente começaram as gravações e fui tão bem e para minha enorme surpresa, o diretor da novela, gostou tanto de minha participação e acabou me convidando para ser o ator protagonista.

Foi grande o meu sucesso e tinha tudo para seguir uma carreira de glorias.

Até que um novo caminho me foi apresentado nesta fase da vida.

Há anos trabalhando na mesma empresa fui galgando cargos de confiança até atingir o nível de Diretor. E numa manhã o Presidente do Grupo Empresarial me chamou para uma conversa particular que marcou minha vida para sempre. Ele simplesmente propôs a Vice Presidência de um dos maiores Grupos Empresariais do Brasil.  E ainda completou dizendo que, como não possuía herdeiros, eu seria o próximo Presidente no momento em que se afastasse das atividades. Era realmente uma proposta para a qual não se diz não. E ainda mais, fiquei soberbamente orgulhoso em saber que era tido em boa conta pelo dono da empresa. Aceitei sem relutar.


Hoje posso dizer que continuo a ser um ator frustrado, mas o Presidente de um grupo gigante industrial e totalmente realizado na profissão,  e confesso que não me arrependi da decisão que tomei.   

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Princesinha do Oeste - Ana Catarina SantAnna Maues


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Princesinha do Oeste
Ana Catarina SantAnna Maues

      Princesinha do Oeste, era nome nada adequado daquele vilarejo constituído de vielas e casebres onde barro e lixo faziam parte do cenário. Em contraste, um único imóvel de imponente construção no alto do morro, com visão privilegiada de toda aquela miséria. A economia do lugar girava em torno da casa grande, que era como os habitantes denominavam a mansão de Dona Santinha, proprietária de tudo por ali,  e que gostava de ser chamada assim, usando isto como artificio para camuflar seu caráter frio, que dissimulava com maestria.


Os homens do vilarejo trabalhavam com as inúmeras cabeças de gado e também com os cavalos puro sangue árabe, as mulheres na vasta plantação de arroz, horta e pomar, e as crianças, mesmo as bem novinhas, na casa grande, fazendo todo o trabalho doméstico, supervisionado de perto pela própria Dona Santinha.  Todos naquele lugar viam como natural os maus tratos sofridos pelas crianças. Dona Santinha sabia seduzir pais e avós que silenciavam em total aprovação aos mais cruéis castigos que aplicava em filhos e netos de seus empregados. Ninguém ousava argui-la quando  chegavam em suas casas com marcas de chicote ou queimaduras que pareciam ser de cigarro. Tratadas com chutes e puxões de cabelo era assim o dia a dia delas, mesmo com  tarefas bem realizadas. Quando alcançavam certa idade deixavam a casa e iam para os outros trabalhos, porém totalmente alquebradas com olhar sem vida, como robotizadas. As idas de Dona Santinha até o vilarejo só aconteciam, segundo ela, por uma boa causa,  visitar os mais idosos e os doentes. Para estes ela levava um chazinho especial, e isto significava muito para as famílias, era verdadeira glória, receber a visita de Dona Santinha, pois podiam ouvir as mais doces palavras ficando envoltos numa atmosfera mística num quase torpor e assim ficavam até sua saída.  Dali a algum tempo os visitados faleciam e todos  conformavam-se com a partida deles. 

A rotina da senhora de vida e de morte,  já perdurava  por décadas, mas certo dia entrou pela porta principal da casa grande, Martinha, menina  de aspecto franzino e tez pálida que despertou algo em Dona Santinha, que parecia ter sido contagiada por um sentimento, diferente dos que nutria. Sem saber definir, aproximou-se da menina e colocou-a no colo, acariciando seus cabelinhos cor de fogo, naquele instante decidiu que Martinha iria ser sua sucessora na administração da casa e dos negócios. E foi assim que todos  passaram  a ver a menina, como continuação de Dona Santinha. Martinha experimentava o poder a cada dia, e se fortalecia com isto, tornando-se com o tempo uma pequena tirana.  Certa noite, conversando com seus botões, chegou a conclusão  de que nada mais havia para aprender com Dona Santinha, e nesta hora  decidiu  ir  até o quarto  e   oferecer a ela  o chazinho especial, que a mesma  bebeu placidamente, confiando no sentimento que acreditava ter a menina  por ela. Com a morte de Dona Santinha, Martinha adotou o pseudônimo de Princesinha do Oeste, pois dizia a si mesma e a todos que ela era a cidade. Aquele vilarejo estagnado recebera por herança, novo período de dominação.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Metáforas e outras Figuras














CUMPLICIDADE DE AMIGO - Do Carmo


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CUMPLICIDADE DE AMIGO
Do Carmo


Fiquei sabendo, pelo meu filho, de uma ocorrência com um de seus amigos, que me emocionou deveras.

Os jovens são, em sua maioria, desligados e talvez negligentes com os problemas que parece que realmente não os atingem.

O que meu filho contou-me, demonstrou exatamente o inverso, pois Rafael, garoto charmoso e muito galanteador, sabendo de seu prestígio entre as meninas, assumira uma postura de cumplicidade.

Estava ele conversando com um dos colegas de classe da faculdade, quando um  professor os abordou, dizendo ao seu colega que ele tinha colado durante a prova, que o vira remexer nos bolsos.

Imediatamente, Rafael adiantou-se dizendo que ele havia pedido emprestado uma caneta, pois a dele falhara.

— Solícito, ele procurou nos bolsos e entregou-me uma caneta com a qual consegui terminei a prova.

O professor olhou-o fixamente, ao que ele sustentou o olhar.

Dirigindo-se ao transgressor, o mestre estufando o peito, disse:

— Rapaz, você é um afortunado. Atualmente é muito difícil  se encontrar uma pessoa tão fiel e cúmplice como esse seu amigo.

Conserve-o para sempre.

FIGURAS DE LINGUAGEM


AMIGA DE VERDADE - Do Carmo


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AMIGA DE VERDADE.
Do Carmo

É muito difícil se certificar de que você tem um verdadeiro amigo. Para tal, se faz necessário a pessoa possuir alguns requisitos sendo que, ao meu ver, os essenciais e difíceis de encontrar são:  sinceridade, lealdade, fidelidade e cumplicidade

Na maioria das vezes, convivemos com pessoas que, embora muito próximas e compartilhando o dia a dia, nada conhecemos de sua essência, sentimos sempre uma dúvida sobre seus sentimentos.

Em contra partida, há outras que mesmo não sendo tão presentes, sentimos que podemos confiar plenamente e recorrer ao seu auxílio a qualquer momento.
Esse comportamento está presente em minha vida, através da Raquel, desde nossos seis anos de idade, quando ela veio ser minha vizinha na época.

Não  morando próximas, não nos vemos amiúde porém, nossa sintonia é imensa. Sempre que alguma de nós precisa de um abraço, de uma palavra amiga, sem motivo  telefonamos e muito rápido, estamos uma ao lado da outra.
Já houve um episódio, há alguns anos, que ela deixou um jantar com parentes para socorrer uma vizinha que se encontrava em apuros.

É raríssimo conquistarmos uma pessoa que se torna nossa amiga tão sincera, leal, fiel e cúmplice, como eu tenho a ventura de possuir.



UMA TURMA NOTA DEZ! GENTE NOVA CHEGANDO NA TURMA





ICAL COM GENTE NOVA NO GRUPO!
Oba, a turma está cada vez maior.

Seja bem vindo Henrique Schnaider.


Que este grupo lhe traga muita sorte e criatividade.



Henrique Schnaider




Rejane Martins




















quinta-feira, 4 de maio de 2017

O diário proibido - Christianne Vieira


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O diário proibido
Christianne Vieira

Valéria entrou em casa feito um tufão, estava muito atrasada, e ainda tinha muitas trabalho para entregar.

A agência de publicidade tinha enxugado o quadro de funcionários, e os que ficaram agora  acumulavam funções. Melhor é ter  emprego, pensava todos os dias, e  paciência, tinha que correr mais.

Sempre foi uma mulher ativa, acumulava um milhão de atividades em um único dia, agora, mãe de dois meninos, e trabalhando dobrado, parecia uma formiga atômica.

Deixava os meninos bem cedo na escola, e iniciava uma agenda, que só iria ser encerrada, após colocá-los na cama, lá pelas nove da noite.

Sobrava um tempinho para ela conversar com seu marido, antes de se jogar ,  um zumbi, na cama.

Arrumou uma nova empregada, e explicou várias vezes a rotina, mesmo assim não conseguia encontrar nada. Precisava achar uma caixa que trouxe da casa dos seus pais, da época da faculdade.

Depois de revirar, alguns armários, encontrou a caixa, com a tampa entreaberta, o que lhe pareceu muito estranho, e para a sua surpresa, seu diário da adolescência, estava, aberto.

Poderia perder alguns minutos, abriu-o e começou a ler. Nas primeiras páginas,   bateu o maior pânico, esse diário era do seu pior ano, onde sua rebeldia fez com que tivesse feito coisas terríveis, caso alguém soubesse, seria a maior vergonha. Pensava que ele tinha sido jogado fora, justo esse, o pior, estava ali na sua frente. Naquele ano, seus amigos foram  a turma do fundão, o terror da escola, seu rendimento escolar fora péssimo, seu namoradinho, uma tranqueira, e provavelmente tudo que escrevera naquelas páginas, lhe dariam enxaqueca. Gastou muitos anos de terapia, para esquecê-lo.

Era casada com Artur, um homem muito sério e tradicional, ele nem sequer poderia sonhar, que a mãe de seus filhos fora capaz de fazer tudo aquilo.

Mas, quem poderia ter o encontrado o diário antes dela? Só  poderia ter sido ele, ou a Nete.

Artur estava viajando a trabalho durante a semana toda, não seria bom  conversar sobre isso à distância. Toda vez que ela tinha algum assunto delicado para tratar com seu marido, procurava uma boa hora para fazê-lo. Definitivamente essa semana não teria esse momento.

Teria que se livrar daquele diário.

Primeiro, rasgou suas primeiras páginas, onde tinham seus dados pessoais, picou em vários pedaços, em seguida folheou, e  as que considerou serem  piores, arrancou, e picou também. Achou melhor levar o que sobrara para um lixo distante de casa, colocou dentro de uma sacola preta, lacrou com fita crepe, e jogou no porta-malas de seu carro.

Sua semana foi intensa, e passou rapidamente. Quando chegou a sexta feira, seu marido pediu que ela o buscasse no aeroporto,  estava com saudades.

Qual foi a sua surpresa quando abriu o porta-malas para guardar a mala, e encontrou o pacote, ela olhou para ele, desconcertada, e disse que mais tarde conversariam.

Artur achou a atitude estranha, mas estava cansado da viagem, e concordou em esperar.

Enquanto isso Valeria pensava  como poderia explicar, que  fizera tantas coisas erradas, no seu passado. Ela o amava demais, não queria carregar marcas de um passado sem juízo.

Tinham um combinado, deveriam ser  honestos e sinceros, um com o outro, naquelas páginas, um mundo distante de sua vida atual, como se relatasse os dias de uma estranha. No dia seguinte, encontrou um momento bem calmo, sentou no sofá ao lado de Artur , e lhe contou, omitindo várias partes, que aquele era seu diário, que encontrara e ela havia escondido, para que os meninos não o lessem.


Ele  a ouviu, calmamente, a abraçou e disse não se importar com esse assunto, recomendou que ela o jogasse fora. Valéria respirou aliviada, talvez seus segredos continuassem seguros e distantes, mas a dúvida, de quem o lera permaneceria para sempre. Por mais que tentasse, sabia que não poderia fugir daquelas páginas.

O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA - Pedro Henrique

  O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA Pedro Henrique        Curioso é pensar na vida e em toda sua construção e forma: medo, terror, desejo, afet...