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quinta-feira, 18 de maio de 2017

Perdão e Pesar - Ana Catarina SantAnna Maues

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Perdão e Pesar
Ana Catarina SantAnna Maues

                   Levando uma vida comum, assim estavam Nelson e Dalita. Ele era eletricista e ela ajudante de padeiro. Ambos com personalidade tranquila, eram bem discretos. A relação entre eles era marcada pelo respeito e afeto. Exibiam na mão direita o único bem valioso, a aliança em ouro adquirida com sacrifício. Sem ajuda dos parentes preparavam-se para casar. Tudo caminhava harmoniosamente entre eles até que a padaria foi vendida para um jovem bonito e solteiro. Esse fato mexeu bastante com o humor de Nelson, que passou a buscar Dalita no trabalho. Numa tarde ele ficou espreitando e viu quando o jovem proprietário acariciou o rosto dela. Mais do que depressa ele atravessou a avenida e entrou na padaria querendo confirmar o que vira. Indagando sobre o que ocorrera, Dalita explicou que havia machucado o dedo, e que o proprietário ao vê-la chorar ofereceu-lhe um lenço, mas sem tocar no seu rosto.  Isto não ficou bem esclarecido na cabeça de Nelson que passou a desconfiar da fidelidade da noiva. Quando indagava sobre seu dia no trabalho era com sarcasmo e  Dalita reagia indignada iniciando assim mais uma discussão.   As brigas passaram a ser frequentes pelos motivos mais fúteis, e cada vez mais violentas, com Nelson dando apertões, beliscões e vez por outra até tapas no rosto de Dalita. Ela vivia deprimida, amargurada, insegura com o temperamento oscilante do noivo, mas com muita esperança de que tudo passasse.  Lutava com a arma da paciência e do perdão, não queria desmanchar o compromisso, pois o amava de todo coração.  
                      No final de uma tarde, chovia bastante, e Dalita recebera o aviso de que Nelson não viria buscá-la. Ao sair, dirigiu-se ao ponto de ônibus, e lá estando viu chegar de carro novo, Cláudio, seu irmão mais velho. Ele a viu na parada e ofereceu carona, que ela aceitou muito feliz. Chegando em casa qual a surpresa, Nelson a estava esperando, e a viu sair do carro. Cego de ciúmes não reconheceu o futuro cunhado ao volante.  Imediatamente ali na rua mesmo, a briga começou. Ela já entrou chorando e gritava que queria acabar com o noivado. A discussão ficou maior e maior, caminhavam por o espaço da casa, até que chegaram na cozinha e Nelson enlouquecido lançou mão de uma faca sobre a mesa e transpassou o corpo dela que caiu imóvel.
                  Atônito, saiu dali, correndo e chorando sob a forte chuva. Foi em direção a única ponte da cidade, conhecido palco de suicídios. Dalita meu amor o que fiz meu Deus perdão éramos tão felizes como tudo chegou a ficar assim burro burro ciumento egoísta meu amor perdão a vida sem você não tem nenhum valor meu Deus por favor faz com que tudo isso seja um pesadelo que acordarei logo mereço o inferno matei o amor da minha vida Dalita te amo te amo nunca mais te verei meu amor pois você vai pro céu e eu para o inferno merecido
            Nelson chorava muito equilibrando-se na parte mais alta da ponte, pronto pra saltar a qualquer momento. Gritava o nome de Dalita forte e bem alto, estava fora de si. Já ia saltar quando escutou a voz da noiva chamar por ele. Olhou pro lado e a viu caminhando com dificuldade em sua direção toda ensanguentada. Pensou em milagre e desceu de onde estava, vindo encontrá-la. Entre beijos e caricias ambos choravam, ele ajoelhou-se e prometeu diante de muitos que acorreram ali, acompanhando toda aquela situação, e prometeu jamais repetir aquele ato, pedia perdão soluçando. 
             O tempo provou que o perdão de Dalita e o arrependimento de Nelson foram verdadeiros, e como num conto de fadas vivem felizes até hoje.   


ANIVERSÁRIO DO ICAL COM A REVISTA EIXO CULTURAL 2017





O ICAL faz 8 anos em junho, e para comemorar essa passagem será publicada a Revista Eixo Cultural 2017.

Esta edição estará recheada de contos, casos e causos. 

Em brave maiores detalhes.

Para quem não conhece nossa revista veja os links abaixo.



REVISTA EIXO CULTURAL NÚMERO 2 - ICAL


REVISTA EIXO CULTURAL NÚMERO 4 - ICAL


EM BREVE.

Balé fantástico - Ana Catarina SantAnna Maues


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Balé fantástico
Ana Catarina SantAnna Maues

     Tenho vários nomes, sou muito conhecido, quem me vê jamais esquece, tremendo só em lembrar. Aguardo ansioso o período em que sobe o calor do oceano e da água que evapora, acelerando-me. Como mágica surjo doido a girar e girar, encorpando a cada volta, com excepcional coreografia a meu bel-prazer.   Ano passado alcancei três pontos na escala, saí em noticiários, fui capa de revista, mas este ano será melhor, superarei em muito o rastro que deixei, já me sinto forte, imagina daqui uns dias.
        Passado algum tempo o calor aumenta e a evaporação cresce acentuadamente.

       Acordei bem-disposto, com sorrisinho no canto da boca, presságio de deleite.  Hoje bailarei por sobre o campo, arrancarei árvores, postes de luz, derrubarei casas, destelharei outras, erguerei pesados caminhões e tratores, e os lançarei longe só pra escutar a ferragem se quebrando ou o fogo da explosão quando tocarem o chão novamente. Folhas, galhos e muito pó irão fazer-me companhia num bailado inebriante. O furor me levara a extrema satisfação. Alcançarei o auge e inchado de prazer vou dissolver-me. Mas o melhor de tudo é ver o rosto pálido dos humanos diante da devastação total. Inertes ficam assim por dias. Suas vidas tão bem organizadas de uma hora para outra reviradas. Nivelo a todos, rico, pobre, velho, jovem, preto ou branco. Como um severo juiz, condeno-os à ajuda mútua por bem ou por mal. Levo-os a refletir conceitos e valores, forçosamente terão que meditar sobre o que realmente vale a pena. Dou-lhes a magnânima oportunidade de reiniciar.

Tem acento ou não tem acento?

Nova Gramática
Nova gramática ortografia brasileira reforma revisão ortográfica acordo ortográfico gramatical português língua portuguesa acentos acentuação
Acentos
1) Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói.
Antes
Atualmente
alcatéia
alcateia
diarréia
diarreia
epopéia
epopeia
estréia
estreia
idéia
ideia
lampréia
lampreia
mocréia
mocreia
moréia
moreia
odisséia
odisseia
panacéia
panaceia
andróide
androide
apóia
apoia
apóio
apoio
bóia
boia
clarabóia
claraboia
humanóide
humanoide
jibóia
jiboia
paranóia
paranoia
2) Permanece o acento nas palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis.
papéis, herói(s), troféu(s)
3) Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i ou u tônicos precedidos de ditongo.
Antes
Atualmente
baiúca
baiuca
feiúra
feiura
4) Permanece o acento nas palavras oxítonas terminadas em i ou u seguido de s.
tuiuiú(s), Piauí
5) Não se usa mais acento em palavras terminadas em eem e oo(s).
Antes
Atualmente
crêem
creem
lêem
leem
vêem
veem
abençôo
abençoo
perdôo
perdoo
vôo
voo
6) Acabou o acento diferencial nos seguintes pares:
·    pára/para
·    pêlo/pelo
·    pólo(s)/polo(s)
·    péla(s)/pela(s)
7) É facultativo o acento em fôrma/forma
8) Permanece o acento diferencial em pôde/pode para designar pretérito perfeito e presente do indicativo na terceira pessoa do singular.
9) Permanece o acento diferencial em pôr/por para designar verbo e preposição.
10) Permanece o acento diferencial para designar singular e plural em ter e vir e seus derivados (conter, deter, manter, reter, convir, intervir, advir etc.)
ela tem - elas têm
ele mantém - eles mantêm
11) Não se usa acento agudo no u tônico dos verbos arguir e redarguir no presente do indicativo:
tu arguis
ele argui
eles arguem
12) Os verbos terminados em guar e quar admitem duas pronúncias em algumas pessoas do presente do indicativo e do subjuntivo e no imperativo.
·    Se for pronunciado com a ou i tônicos: (mais corrente nos estados brasileiros)
enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam, enxágue, enxágues, enxáguem.
·    Se for pronunciado com u tônico:
enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam, enxague, enxagues, enxaguem.


Epopeia do pequeno Natan - Ana Catarina SantAnna Maues


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Epopeia do pequeno Natan
Ana Catarina SantAnna Maues

     O carregamento estava concluído. Vários animais de diferentes espécies seriam transportados para um bonito espaço e serviriam de atração aos futuros visitantes do local.  Arrumados em caixas sem muito conforto estavam, araras, periquitos, patos, gansos, uma cabra, um jumentinho, e alguns coelhos. A bicharada estava em polvorosa, cada um gritava mais alto que o outro. Na caixa dos coelhos, Natan era o mais animado, nada escapava a seus olhinhos curiosos e seu narizinho inquieto, viajava em companhia dos primos e agitado com tudo aquilo, pisava no pé de um, hora no pé de outro, que reclamavam e só silenciaram quando o caminhão deu partida e ali de dentro começaram a observar a paisagem que se descortinava para eles, pois deixavam a cidade,  com os prédios, carros e pedestres, avançando em direção a área rural, mudando por completo o visual.                                                                
           Chegando na autoestrada todo aquele verde tinha um cheiro especial, árvores enormes faziam sombra pelo caminho, ficando cada vez mais agradável tudo ao redor, a luminosidade branda, o vento fresquinho. Natan estava atento a tudo, vez por outra colocava o nariz pela fresta da espécie de gaiola e cheirava, e cheirava.  De repente o veículo fez uma curva e entrou numa estrada de terra, começando a   balançar muito quando o motorista desviava dos enormes buracos.  As caixas escorregavam de um lado para o outro, fazendo com que seus ilustres passageiros iniciassem novo alvoroço. Até que aconteceu algo terrível, o caminhão tombou derrubando tudo no chão. As caixas de transporte da cabra, jumento e patos, abriram com a queda, e os animais escaparam. Natan não tinha ideia do que sucedeu, só queria estar lá fora com eles  e por ser   magrinho  passou  por uma estreita  rachadura na caixa que o prendia. Solto apreciava a liberdade com cautela, em passos curtos afastava-se, desbravando os arredores, sem se importar com os apelos dos primos que ficaram presos.    
           Enveredou-se feliz mata  adentro.  Pegou confiança e corria e corria sem direção, extasiado. Passado algum tempo sentiu fome, e uma lembrança surgiu na mente. No seu pequeno mundo anterior não lhe faltavam cenouras, e agora perguntava-se, onde estariam?
      Próximo ao caminhão o motorista tratava de recolher os fujões. Deu falta de Natan, e como estratégia espalhou pedaços de cenouras para atraí-lo. Mas o tempo passou sem que ele retornasse. O socorro chegou e a bicharada seguiu viagem, deixando Natan para trás.

       A noite chegou rapidamente. Na mata Natan não encontrou cenouras, mas uns arbustos saborosos mataram sua fome. O cansaço o abateu,  agora precisava de um lugar quentinho pra dormir. Procurou por ali abrigo, entrou no buraco de uma árvore, mas foi expulso por uma família de esquilos. Andou mais um pouco e avistou uma caverna, ficou de longe analisando se havia algum morador, foi quando presenciou a revoada de morcegos gigantes, ele não sabia que eram morcegos, nunca havia visto aqueles bichos, eram milhares deles. Natan esperou e percebendo que não voltariam, entrou sem temor.  Estava dormindo relaxado quando sons estranhos vindos do céu escuro o acordaram, uma forte chuva caia com trovões e raios que clareavam o interior da caverna, nessa hora viu uma enorme sombra tomar conta de toda a entrada. Quem seria? Seus olhinhos nem piscavam, a sombra veio entrando lentamente e acomodou-se lá no fundo. Natan sentiu muito medo, não quis arriscar servir de alimento e saiu dali. Já do lado de fora os pingos gelados da tempestade ensoparam rapidamente seu pelo até então quentinho. Dormiu sem abrigo. Quando amanheceu ainda chovia, e ele novamente com fome lembrou das cenouras. Desta vez não queria os arbustos. Caminhou cheirando tudo por ali, e veio aproximando-se da estrada. Que alegria quando viu pedaços de sua comida preferida. Saboreou-os lembrando dos primos, a saudade invadiu seu coração. Ficou parado roendo e lembrando, do caminhão, da bicharada.  Ao longe vinha vindo o motorista, jogando migalhas de cenoura por onde passava, Natan o reconheceu, e correu para saudá-lo, não via a hora de reencontrar sua amada família.      

terça-feira, 16 de maio de 2017

QUE SUSTO! - Dinah Ribeiro de Amorim


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QUE SUSTO!
 Dinah Ribeiro de Amorim


  — Moço, o Senhor sabe onde moro? É que eu não sei!

   Perguntei aflito, aos quatro anos, ao dono da banca de peixes, na feira perto de casa.

  Insisti com mamãe que queria acompanhar Dorita nas compras da feira, prometendo não largar da mão dela, até chegar em casa. De tanto ouvir falar que na feira tinha muita novidade, frutas gostosas, fiquei curioso em conhecê-la, como se fosse um shopping ou loja de brinquedos.

Dorita levou uma lista de coisas para comprar e eu ia segurando na sua sacola para não me perder.

 Fiquei meio atrapalhado com tanta gente falando e caminhando, misturando frutas, verduras, dinheiro, sacolas, discutindo preços, vozes altas demais. Dorita sempre me olhando e avisando para não sair de perto dela. Grudei forte em sua sacola, mas era tanta gente empurrando, ora eu ia para um lado, ora para outro.

 De repente, passamos por uma senhora muito gorda, maior que a Dª Ivete, lavadeira lá de casa, e fui jogado para trás, soltando minha mão e perdendo Dorita de vista. Tentei encontrá-la,  mas não consegui. Feira é um lugar perigoso para crianças, pensei! A gente fácil, fácil, se perde.  Nem sei como voltar para casa. Tomara que ela esteja me procurando! Acho melhor ficar aqui, no canto, até ela me achar.

 Esperei um tempão, assustado, no meio de tanta gente estranha... Todos vinham falar comigo: “Que criança engraçadinha!” “ Cadê sua mãe!” “ Está perdido! “ Até que um menino grande, desses que ficam rondando por aí, aproximou-se de mim, querendo puxar papo. Fiquei com medo e me aproximei da primeira banca que encontrei, era o homem que vendia peixes. “Será que me ajudaria a chegar em casa!” Perguntei.

  Ele coçou a cabeça, alisou seus bigodes pretos com as mãos sujas de escamas e respondeu:

—Não sei onde mora, garoto, mas espera um pouco que vou chamar um guarda e ele logo acha quem trouxe você  aqui! Pegou um alto falante, barulhento demais e avisou que tinha um menino perdido na banca de peixes! Morri de vergonha e logo avistei Dorita, toda descabelada, afastando todo mundo e chegando até nós, desesperada.

— Onde se meteu, Jorginho! Sua mãe vai ficar louca comigo! Estou cansada de tanto procurá-lo, sem saber como fazer para encontrá-lo no meio de tanta gente.

  E eu, que nunca tinha me perdido antes, fiquei também sem saber como contar para mamãe o susto que passei e o que tinha realmente achado dessa bendita feira “perto” de casa!


 Com calma, mais tarde, mamãe achou melhor que eu andasse sempre com uma correntinha no pescoço, com nome e endereço gravado, quando saísse de casa com empregada, parecendo o cachorrinho de raça da vizinha, para não ser colocado na carrocinha. Desejei crescer logo! Não gostei muito de ser comparado ao cachorrinho. O melhor era não sair mais de casa! Por enquanto!

É difícil perdoar? - Hirtis Lazarin


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É difícil perdoar?
Hirtis Lazarin

          Cresceram juntos, na mesma rua, na mesma escola, na mesma classe.  Leo e Renato tornaram-se inseparáveis e cúmplices.  Nas coisas certas e nas molecagens.

          Tornaram-se hábeis em pular muros.  O preferido era o do orfanato, no horário em que as freiras e as internas se dedicavam às intermináveis orações matinais.

          O que os atraía era uma mangueira prodigiosa.  Seus galhos carregados de mangas, envergavam com o peso até alcançar o chão.  Era ali que os meninos faziam a festa.

          Uma vez por semana, no mínimo, iam à periferia da cidade.  Ruas sem calçamento e esburacadas eram perfeitas para o "rally" de bicicleta.  Não havia pneus que resistissem a tanto sofrimento.

          Nos estudos, as aptidões tomaram rumos diferentes. 

          Renato brincava com a matemática.  "Debaixo dos caracóis de seus cabelos" havia uma mente onde os números pipocavam.  O rapaz, com destreza, jogava-os pra cima, deixava outros caídos ao chão pedindo socorro, encaixava um "x" aqui, eliminava o "y" trapalhão, arredondava a raiz quadrada e a equação estava resolvida.  Seu jeito de lidar com as ciências exatas refletia no seu jeito de vestir.  Gostava de calça social, camisa bem passada e sapatos intocáveis no brilho.

          Leo era descolado.  Vivia de jeans desbotado, camiseta e tênis desamarrado.  Era o artesão das palavras.  Juntava palavras aqui, eliminava outras ali, encaixava algumas roubadas de Machado de Assis, copiava outras do vocabulário de Suassuna, inventava muitas inspirado em Guimarães Rosa.  Embaralhava estilos e no papel surgia uma obra de arte.  Houve tempo em que andava pra baixo e pra cima com Fernando Pessoa.  Deu pra escrever poesias.

          Os dois já rapazes, se complementavam como o côncavo e o convexo.  A lealdade entre os dois era coisa bonita de se ver.  A lealdade leva tempo pra se instalar.  Só acontece quando há verdade, entrega e sinceridade no relacionamento.

          Leo tornou-se responsável por uma coluna no jornal da cidade.  E, pra socorrer os pais em dificuldades financeiras, aceitou trabalhar num editora fazendo traduções do português para o inglês e vice-versa.

          Nesse período Leo afastou-se das festas e diversões e sobrava pouco tempo pra namorada Helena.  Era Renato quem, muitas e muitas vezes, acompanhava-a às festas.   A juventude quer a felicidade a qualquer custo.  Parece que o mundo está prestes a acabar.  Não há tempo pra perder.

          Bem, o tempo passou... As pessoas mudaram... A vida também.

          A situação financeira da família de Leo foi resgatada e ele, nos próximos dias, deixaria a editora pra cuidar da própria vida. No momento, o vestibular e a Helena eram sua prioridade.

          Enfim chegou o seu primeiro final de semana livre.  Sabia que Helena passaria alguns dias fora.  Procurou Renato e não o encontrou.  Ninguém sabia informar seu paradeiro.  Nem seus familiares.  Achou estranho. Um sempre sabia do outro.

          Uma semana inteira passou e Leo recebeu um postal.  Helena e Renato estavam juntos.  O convívio entre os dois foi transformando amizade em amor.  Foi evitado, negado, mas não teve jeito.  Aconteceu.  E era amor de verdade.  Foram leais e fiéis até quando deu.

          Difícil foi contar a verdade.

          Se a amizade vai continuar, não sabemos.  Só o tempo dirá.



BENDITA TRANSFORMAÇÃO! - (Amora)



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BENDITA TRANSFORMAÇÃO!
 (Amora)

Uma lagarta muito feia, escura  e espinhosa, caminha, lentamente, com suas pernas curtas, pelo jardim.

Encontra de repente, uma árvore de tronco largo, folhas e galhos verdinhos, apetitosa, resolvendo subir nela.

Escolhe um galho e lá permanece, iniciando seu casulo feito da baba que lhe escorre pela chamada boca!

Estando pronto, penetra nele permanecendo fechada e, escondida, como se estivesse morta.

Podia-se avistar um casulo marrom, pendurado no galho da árvore, por muitos dias! 

Vários meninos da redondeza atiram pedras nele, tentando acertá-lo. Felizmente, nenhum consegue.

Após vários dias, esse casulo arrebenta, aparecendo uma cabecinha, louca para sair. Vai quebrando-o aos poucos.

Quando se liberta totalmente, surge uma bela borboleta de asas coloridas, voando lindamente, cintilante ao sol. Rodeando a árvore e, alçando voo, para mais longe, baila, graciosamente, sobre as flores, enfeitando a paisagem!

Bendita transformação!

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Excesso de apego! - (Amora)


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Excesso de apego!
(Amora)


Ganhei um lindo vaso de porcelana chinesa, em meu aniversário, virando objeto de estimação.

Coloquei-o em cima de uma mesinha da sala e, como era uma antiguidade, chamou bastante a atenção.

No dia da faxina, Marlene, empregada de tantos anos, pegou-o meio sem jeito,  para tirar o pó!

Adverti-a que tomasse cuidado, pois era muito valioso e querido.

Não deu outra. Antes tivesse calado. Deixou-o escorregar e, meu vaso predileto, foi ao chão, quebrando-se todo.

Eu fiquei com muita raiva na hora, e, ela, bastante assustada!

Queria comprar outro e colocar no lugar, mas dei uma risada nervosa, sabendo que nunca poderia substitui-lo.

Mandei-a embora, na hora, arrependendo-me depois.

Essas coisas acontecem! Foi excesso de apego meu, despedindo uma auxiliar de confiança por causa, apenas, de um vaso!


Fiquei meio triste, no íntimo, mas ... Um vaso! Que grande importância tem?...

O prefeito.- (Amora)


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O prefeito.
(Amora)

Tibério, filho de importante fazendeiro da região, mimado e caprichoso, aprontava, desde cedo, muita traquinagem na pequena cidade de Ventura, onde vivia.

Cercado de amigos que o seguiam nas malandragens, compartilhando defeitos e males que, muitas vezes, causavam. Foi crescendo e desenvolvendo personalidade fria e calculista.

Mandão, temido pelos moradores da região, era obedecido em qualquer tipo de  ordenança!

Com a morte do pai, envelhecido prematuramente de desgosto pelo filho que criara, Tibério tornou-se praticamente o senhor da cidade, fazendeiro rico e importante, o coronel, como o chamavam os mais antigos.

Ambicioso, louco por aumentar seu patrimônio, Tibério resolveu comprar as pequenas fazendas do entorno.  Eram vizinhos antigos, amigos do seu pai, que não aprovavam os métodos de enriquecimento do jovem, e  enraivecidos  negaram-se a vender-lhe seus bens.  

Para força-los inventou de candidatar-se a prefeito de Ventura, sondando alguma lei que os obrigasse a vendê-las.

Auxiliado pelos falsos amigos, gananciosos como ele, fez grande campanha eleitoral e, ganhou a eleição para prefeito, afastando o antigo Dr. Honório eleito e reeleito, várias vezes.

Assim que tomou posse, cercado de capangas e amigos corruptos, como ele, inventou que iriam construir uma estrada de rodagem, de grande importância, passando justamente nas terras que ele tinha interesse.  Dessa maneira seriam obrigados a vendê-las por um preço mínimo, como benfeitoria à cidade. Era projeto do Governador do Estado! – argumentava ele.  Teriam que acatar.

Desgostosos, os fazendeiros consultavam-se  sobre o que fazer, diante de tal ordem, dada por tal prefeito, conhecedores que eram de suas habilidades para o mal.
Uma nova estrada seria muito boa para Ventura, aumentaria o fluxo  comercial, traria facilidades de transporte, mas, e eles, como ficariam! Empobrecidos, sem herança aos filhos, sem capacidade de se manterem. Só sabiam lidar com fazendas e gado!

Um deles, mais instruído,  resolve ir até o Governador do Estado, sondar de onde viria o dinheiro para o projeto da rodovia. Quem tivera dado esta ordem! 

Fica sabendo pelo Governador, Dr. Dantas,  conhecido pela honestidade, que não havia verba destinada para tal empreendimento. Ao contrário, a cidade de Ventura era pobre, contribuindo para o Estado com pequena produção de leite e  carne que enviava às outras regiões. No momento, tal construção seria inviável ao Estado. O venturense enfureceu-se com as bravatas de Tibério, e ali mesmo viu o Governador  tomar uma decisão,  mandando ao prefeito, Tibério, uma intimação para comparecer à sede do governo para prestar declarações. Não se brinca com o dinheiro público nem com as mentiras ordenadas ao povo!

E assim, desacreditado, chamado de mentiroso, Tibério, amedrontado, fica obrigado a deixar a prefeitura, passar seu cargo ao vice-prefeito, da oposição, retirando-se à sua fazenda e ainda respondendo a um processo por calúnia!

Desgostoso, lembrou-se, pela primeira vez, da responsabilidade e caráter que tinha seu pai.  


Sorte ou proteção divina! - (Amora)


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Sorte ou proteção divina!
(Amora)


Mário, homem trabalhador, é mandado embora do emprego de tantos anos, por falência da firma.

Entristecido, percorre várias outras, consulta jornais, tudo que falasse sobre “procura-se”! Envia currículo de contador e aguarda respostas, ansiosamente!
Com o tempo, nada surgindo, a situação familiar também vai deteriorando, muitas brigas com esposa e filhos, terminando por ficar só.

Sua angústia vira forte depressão, culminando com uma ideia fixa: o suicídio! Desistiria de viver.

Escolhe uma ponte bem alta da cidade e, subindo no parapeito, atira-se para as profundezas do rio. 

Não cai na água, mas dentro do convés de um barco que, por ali navegava, assustando muito o pescador Pedro, que voltava para casa.

Com muita raiva, Mário ergue-se e faz menção de atirar-se n’água, firme na sua vontade.

É impedido por Pedro que, segurando-o inibe o movimento. Através de uma boa conversa, é dissuadido pelo pescador, que tenta animá-lo, acabar com essa ideia, recomeçar a viver.  Seria, no momento, seu auxiliar, pois com a velhice chegando, o trabalho estava muito cansativo.

Assim Mário renasce para a vida, entre rios, mares, peixes, a calmaria das águas e da natureza, que tanto lhe faltava!

             

O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA - Pedro Henrique

  O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA Pedro Henrique        Curioso é pensar na vida e em toda sua construção e forma: medo, terror, desejo, afet...