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quinta-feira, 18 de maio de 2017

Balé fantástico - Ana Catarina SantAnna Maues


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Balé fantástico
Ana Catarina SantAnna Maues

     Tenho vários nomes, sou muito conhecido, quem me vê jamais esquece, tremendo só em lembrar. Aguardo ansioso o período em que sobe o calor do oceano e da água que evapora, acelerando-me. Como mágica surjo doido a girar e girar, encorpando a cada volta, com excepcional coreografia a meu bel-prazer.   Ano passado alcancei três pontos na escala, saí em noticiários, fui capa de revista, mas este ano será melhor, superarei em muito o rastro que deixei, já me sinto forte, imagina daqui uns dias.
        Passado algum tempo o calor aumenta e a evaporação cresce acentuadamente.

       Acordei bem-disposto, com sorrisinho no canto da boca, presságio de deleite.  Hoje bailarei por sobre o campo, arrancarei árvores, postes de luz, derrubarei casas, destelharei outras, erguerei pesados caminhões e tratores, e os lançarei longe só pra escutar a ferragem se quebrando ou o fogo da explosão quando tocarem o chão novamente. Folhas, galhos e muito pó irão fazer-me companhia num bailado inebriante. O furor me levara a extrema satisfação. Alcançarei o auge e inchado de prazer vou dissolver-me. Mas o melhor de tudo é ver o rosto pálido dos humanos diante da devastação total. Inertes ficam assim por dias. Suas vidas tão bem organizadas de uma hora para outra reviradas. Nivelo a todos, rico, pobre, velho, jovem, preto ou branco. Como um severo juiz, condeno-os à ajuda mútua por bem ou por mal. Levo-os a refletir conceitos e valores, forçosamente terão que meditar sobre o que realmente vale a pena. Dou-lhes a magnânima oportunidade de reiniciar.

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