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quinta-feira, 9 de março de 2017

O trem - Jany Patricio


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O trem
Jany Patricio

Levanto os olhos e vejo um homem com semblante repressor. Os braços cruzados, me encarando. Fico assustada. Olho em volta. Só eu e ele no vagão do trem. Meu coração dispara.

                Para onde foram as pessoas? O que pretende este homem? Meu Deus! Eu sozinha aqui. Vejo que a porta está aberta. Faço menção de sair. Ao levantar, o livro cai das minhas mãos e eu caio em mim. Não ouvi as chamadas de recolher do trem. Estava absorvida pelo livro.


                Sem graça, saio acompanhada pelo olhar de reprovação do homem de preto.

Uma Verdadeira Festa Popular - Rejane Martins


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Uma Verdadeira Festa Popular
Rejane Martins

Atualmente vivemos a intensidade do frio nunca visto desde 1994, mas para pessoas com muito mais idade como eu, vem à mente os invernos de minha infância quando o inverno igual ou mais acentuado que este, se apresentava no máximo a cada doze meses.

Aquela fria estação do ano tinha um glamour todo seu, os estudantes saindo de manhã em meio a forte neblina. O hálito quente em contato com a temperatura ambiente imediatamente transformava-se em vapor, este fenômeno logo incentivava todos a interpretarem um ou uma fumante elegante, aqueles que só apareciam nos filmes de Hollywood.

Mas para mim a representação máxima do frio era a festa junina patrocinada pela vizinhança. O evento acontecia numa noite pré-determinada pelas mães, cada uma levava um prato típico, os pais e irmãos mais velhos se incumbiam da confecção e manutenção da fogueira.

Naquela época era possível se pensar em fogueiras, pois ainda existiam vários terrenos vazios. Só nos afastávamos dela para dançar a quadrilha que era uma tarefa muito fácil, já que todos estudavam na mesma escola aprendíamos a mesma coreografia.

O clímax do encontro se dava com a proximidade do seu fim, a fogueira quase extinta tinha seu diâmetro reduzido e o entorno limpo, assim iniciava-se o momento mais esperado das crianças a atividade de pular a fogueira, nessa hora ninguém se incomodava com a baixa temperatura mais intensa devido ao avançado da hora.


Como nem tudo são flores, essa autentica festa popular muitas vezes aparece manchada em minha memória. Todas as vezes que minha mãe me obrigou a ir vestida de homenzinho, ou porque estava muito frio ou porque não tinha um vestido caipira para usar, isto me obrigava a fingir que não escutar a gozação das outras crianças diante daquela situação.   

A CARTA DE GERUSA! - (Amora)


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A CARTA DE GERUSA!
(Amora)

Gerusa, após assistir ao filme “Cartas para Julieta”, muito impressionada, teve grande ideia: escrever uma carta sobre sua vida, problemas sentimentais insolúveis e colocá-la entre tijolos do quintal, esperando sorte:

“Sinto-me infeliz pois já estou com mais de trinta anos e não aconteceu nada que sonhei.

Pensei estar casada, com muitos filhos, dedicando-me a um marido apaixonado e crianças muito amadas. Grande ilusão. Não deu certo.

Meus namoros, decepcionantes, fogem no tempo. Festas, novos relacionamentos, com a idade, desaparecem. Perdi o interesse também.

Desiludida sem as realizações de toda mulher, sinto-me velha antes do tempo. Invejo amigas da mocidade, casadas e felizes.

Gostaria de encontrar alguém que mude meu destino: solteirona e solitária. Filha única de pais idosos,  fadada a viver sozinha.

Será que há esperança para mim. Não sei. Talvez grande reviravolta transforme o rumo da minha vida.”

                                                                    Gerusa/1999.

quinta-feira, 2 de março de 2017

GENTE NOVA NO ICAL - OBA, NOSSA TURMA É NOTA DEZ!



Olha que mesa linda!
Casa cheia, uma delícia dar aula para vocês.



Christianne chegou já marcando sua personalidade nos textos com estilo maduro.



Francisco com textos bem humorados.



























E olha nossa presidente em ação:






quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O mistério da Ilha - Jany Patricio


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O mistério da Ilha
Jany Patricio

Naquele dia o mar estava revolto. Os cientistas australianos que procuravam a Ilha de Sandy no Mar de Coral ficaram apreensivos com a forte movimentação das ondas e resolveram retornar. Não conseguiram comprovar a existência da tal ilha, entre a Austrália e o território francês da Nova Caledônia.

        Na volta, o que os deixou intrigados foi a quantidade de cardumes de golfinhos e baleias que seguiam na mesma direção. Tiveram receio de serem atacados, porém os animais iam calmos parecendo acompanhar uma procissão.

        Peter Towned, um jovem cientista da expedição não sentiu-se satisfeito com o resultado da pesquisa. Sem comentar com os seus colegas superiores guardou consigo o desejo de refazer a viagem em outra oportunidade.

        Passados muitos anos, Peter tornou-se um renomado pesquisador em seu país e os seus feitos foram reconhecidos no mundo. Em uma ocasião foi convidado para fazer pesquisas sobre placas tectônicas no Japão. Nesta viagem foi acompanhado por seu filho Mark, que seguiu a carreira do pai.

        Certo dia, enquanto jantavam em frente ao monte Fuji, Peter tocou no assunto da Ilha Sandy. Mark viu o brilho no olhar do pai e ficou curioso e entusiasmado pela ideia de visitar a região.

        Solicitaram ao governo da Austrália autorização para a viagem, que fariam com seus próprios recursos durante as férias. Foram num Dronimóvel equipado com  instrumentos de localização que adquiriram no Japão.

        Ao chegarem próximo à região observaram o mar revolto e os cardumes de golfinhos e baleias que circulavam certo local.  Ao anoitecer, viram algo brotando vagarosamente das águas. Neste momento os animais pulavam, como se fizessem festa. Estavam agitados, porém, pareciam felizes.


        O volume que emergia no mar começou a crescer e no centro dele uma luz verde movimentava-se em círculos como um farol. Os olhos incrédulos dos aventureiros viram centenas de discos luminosos saírem do centro da elevação e vinham em sua direção. Não houve tempo para retornar.

"Navegar é preciso" - Hirtis Lazarin


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"Navegar é preciso"
Hirtis Lazarin


          Na biblioteca pessoal de Olivier dá pra contar os livros que não se referem ao "Mar, seus segredos e mistérios".

          Essa paixão nasceu cedo, aos cinco anos de idade.  Foi quando passou férias,  pela primeira vez, em praias do Oceano Pacífico.

          A imensidão azul sem fim, o embalo ritmado das ondas volumosas quebradas contra os rochedos que, valentemente,  impediam que  ultrapassassem seus limites,  a brisa leve que despenteava os cabelos, o vento forte que revirava e arrastava os guarda-sóis na areia molhada, nada escapava aos seus olhos curiosos.  E o cheiro...Ah!  Aquele cheiro fresco e salgado impregnou-se pra sempre naquela cabecinha de cabelos cacheados.

          Aos sete anos, alfabetizado,  o menino já sabia escolher os livros que gostava de ler.  Sua biblioteca crescia e as miniaturas de navios, barcos, veleiros,  jangadas também.

          Estudou Oceanografia na Grã-Bretanha, a melhor escola da Europa.  Seu passatempo preferido era mergulhar em águas profundas.  Ali encontrou o  paraíso.  Paisagens intocáveis abrigando  animais de todas as formas, tamanhos e cores, vivendo em plena harmonia.  Além do prazer, adquiria mais conhecimentos que  complementavam  seus estudos.  

           Convenhamos, Olivier  era firme e decidido, traçou objetivos e corria atrás deles.

          Depois de formado, comprou um veleiro, idealizado todos os dias de sua  vida.  Depositou nele fantasias e muita esperança.  Esperança de não só enfrentar, mas desvendar segredos e  mistérios do mar.  O óbvio não lhe interessava.

          O rapaz organizou uma pequena expedição.  Juntou um colega de estudo,  mais três homens fortes e entendidos de mar.  Cinco homens a bordo. 

           O primeiro desafio já estava traçado.  Navegariam até  Sandy Island, a "Ilha Fantasma", localizada entre Austrália e Nova Caledônia.  Aparecia em mapas náuticos mais antigos sob a forma de um polígono preto.  Mas, inexplicavelmente, despareceu sem deixar vestígios.  A intenção era mergulhar na área em busca de materiais que comprovassem se ela existiu ou não.

         Tinham data marcada para o início da viagem, um mês calculado pra se chegar ao destino e um retorno incógnito.

          Já estavam em alto-mar há vinte e oito dias.  Alguns quilômetros apenas os separavam  da  área que seria explorada.  Tudo corria dentro do previsto.  Nenhum contratempo.

             Era  noite.  Uma pintura de céu.  As estrelas eram tantas que competiam espaço.  A lua, uma bola de fogo,  clareava o convés.  Os cinco homens esparramados bebericavam, jogando conversa fora até o sono chegar.  O dia seguinte seria de muito trabalho.

          Repentinamente, o veleiro se viu envolto por denso nevoeiro.   Uma ventania chegou virando e revirando tudo.  Objetos soltos misturaram-se num emaranhado de destroços e foram tragados por ondas gigantes e raivosas que rugiam feito animal acuado.  As velas e as estruturas metálicas dos mastros retorcidas sumiram como fumaça. 

          A tormenta durou poucos minutos...Intermináveis...  O suficiente pra destruir tudo.  Desapareceu do mesmo jeito que chegou.  Inacreditável!  

          O veleiro transformou-se em pedaços de madeira assustados, flutuando em silêncio.   Serviam de apoio aos cinco homens abalados e feridos. O medo foi se exaurindo.  Ficou a perplexidade.

         "Seria um aviso?  Há algo sobrenatural neste pedaço de mar?  Fomos alertados de que o local é intocável?" 

          Olivier permanecia calado. Mas conhecendo-o como o conhecemos, ele não desistiria.  Essa era apenas a primeira tentativa de outras que viriam.   Tirou um celular à prova d'água, amarrado à cintura debaixo do colete e comunicou-se com a guarda costeira.  Agora era só ter paciência e esperar.

           E, nessa espera,  com a cabeça apoiada na madeira, Olivier resmungava baixinho: "navegar é preciso, viver não é preciso".


          As estrelas, todas estavam lá  no céu e a lua também.  Testemunhas caladas.

DICA: ONDE OU AONDE?


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Onde ou Aonde?

Onde

1.   Quanto à classe gramatical, onde pode ser advérbio interrogativo (quando usado para fazer perguntas diretas ou indiretas) ou pronome relativo (quando introduz uma oração adjetiva).

A cidade onde minha filha nasceu é linda. (pronome relativo)
Onde você colocou minha chave? (advérbio interrogativo)

Atenção: Quando onde for pronome relativo, poderá ser substituído por “em que”

2 - Quando onde indica lugar, só deve ser utilizado para indicar posição de algo ou de alguém. Portanto, deve ser usado ao lado de verbos que indiquem permanência ou estado. Veja o exemplo:
Onde você esteve até essa hora?
Até hoje não sei onde fica o hotel em que você se hospedou.

Aonde

1.   Aonde é um advérbio que, assim como onde, indica lugar. Entretanto, só pode ser utilizado como indicativo de movimento, por isso deve ser usado ao lado de verbos que indiquem esse deslocamento (ir, levar, chegar, dirigir etc.). Acompanhe os exemplos:
2.    
Aonde devo ir para resolver esse problema?

Aonde você pensa que vai?



Atenção: Como o verbo morar transmite a ideia de localização, “Aonde” NÃO pode ser usado ao seu lado.

Uma ilha fantasma. - Dinah Ribeiro de Amorim


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Uma ilha fantasma.
Dinah Ribeiro de Amorim

Omarif, conhecido pirata dos mares do sul, possui imensa fortuna em roubos de joias e dinheiro. Saques que faz em navios, cruzando grandes oceanos.

Como todo ladrão, sua grande preocupação é onde escondê-lo.

Fica sabendo da existência de Sandy Island uma ilha misteriosa,  no mar de coral entre Austrália e nova Caledônia, no Pacífico Sul. Ora aparece, ora some, coberta pelas águas, confundindo geógrafos, nos mapas.

Difícil de ser localizada! Difícil de permanecer! Interessa-se por ela, achando-a um bom lugar para esconder seu tesouro.

Empolgado, para lá navega, transportando seu valioso baú.

Com sorte, pega uma vazante na região indicada, vislumbrando a bela ilha misteriosa, de um verde cintilante, confundido com o brilho das águas ao sol.

Aportando nela, percorre-a toda, escolhendo seu centro para fazer um grande buraco. Esconde ali seu tesouro, cobrindo-o com enorme pedra.

Parte com seu ágil navio, hasteando uma larga bandeira laranja, tendo ao centro enorme caveira preta. Vai em busca de novas conquistas ou novos roubos.

Com o tempo, algumas ilhas dos mares do sul vão desaparecendo, atingidas por grandes maremotos, ondas gigantes que as afundam, auxiliadas por avalanches de pedras das montanhas adjacentes. Sandy Island é uma delas, sumindo completamente dos mapas.


Omarif, ao saber disso, furioso, soltando fogo pelas ventas, em linguagem popular, faz diversas visitas ao local, não achando mais nada. Perdeu-se o esconderijo e seu precioso baú que, ao abrir no fundo do mar, espalha moedas de ouro, diamantes, joias preciosas, entre peixinhos coloridos que se deliciam, felizes, escorregando por elas.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

PROVA DE FOGO - Hirtis Lazarin

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PROVA DE FOGO
Hirtis Lazarin

          Jaime estranhou a correspondência via  SEDEX   que acabava de pegar na  portaria do prédio onde morava.   Era pra ele.  Nome e endereço completos.    Sem remetente.

          Dona  Josefina nem deu importância   ao  embrulho.    Até  sugeriu ao filho que atirasse tudo no lixo.  " Propagandas enganosas chegam a toda hora.  É muito dinheiro jogado fora com papelada inútil."

          É que Dona Joaquina se esqueceu  de que seu filho além de inteligente era curiosíssimo.

          Depois do jantar,  Jaime  trancou-se  no  quarto.   Abriu  o  envelope e  encontrou um livro fininho, três folhas apenas, além da capa.   O papel,  de tão envelhecido, exigia manuseio delicado.   As  folhas   amarelecidas e silenciosas escondiam muitas digitais.

          O texto não era em Português.   Uma língua bem estranha.   Jaime não conhecia.   Palavras compridas com muitas consoantes e poucas vogais.  Não dava nem pra silabar.   Algumas  palavras  apareciam  grifadas em vermelho e os poucos números circulados em amarelo.      Chamou-lhe a atenção as palavras BRASIL e SÃO PAULO  escritas em  letras garrafais.

          Jaime não tinha pressa.   Tudo correria na maior tranquilidade.    Lançou no Google a palavra que vinha junto ao vocábulo  BRASIL.   Talvez fosse um substantivo. Poderia ter a primeira pista.

          Palmas pro Jaime!  Descobriu o idioma do texto.  Era o russo.

          O rapazinho vivia num mundo tão pequeno.   Pouquíssimas vezes saiu dali onde nasceu.   Não conhecia estrangeiros.   Apenas um casal de bolivianos que costurava numa oficina próxima ao prédio.   Conhecia o bê-á-bá do inglês que aprendia com Dona Rosália.

          Todas as noites na quietude da madrugada, Jaime embrenhava-se no computador buscando respostas.    Cada palavra bem encaixada  fazia com que o menino acreditasse que tinha nas mãos o mapa de um tesouro.

          O bom é que Jaime era paciencioso e nada o desanimava.    Nem mesmo quando o velho e ultrapassado computador teimava em não funcionar por dias seguidos.

          Os seus pensamentos vez ou outra confundiam-no.   "Seria um recado de atentado?"   Os noticiários sempre recheados de homens-bombas espalhados por toda parte.   "Será que me escolheram pra participar de atos terroristas, uma vez que participo de movimentos sociais contra o capitalismo injusto?

          Mas uma vozinha interior gritava mais alto: "Você é corajoso.  Não desista".

          Numa dessas noites sem dormir, involuntariamente,   um grito  reprimido escapou lá de suas entranhas.    Depois de juntar palavras traduzidas a outras deduzidas, Jaime conseguiu traduzir uma frase completa:   "O dinheiro está no cofre 126 - Banco do Brasil - centro de São Paulo.

          Meses e meses se passaram.  Perdeu-se a conta de quantos até que o rapaz conseguiu a tradução completa.    Ou ele e sua mãe teriam a vida que pediram a Deus ou... quem sabe nem mais estariam  aqui pra  contar  essa história.

          Era sexta-feira. Jaime não foi à escola.  Tomou o ônibus.    Desceu no centro da cidade.   Andou alguns quarteirões.   Parou em frente ao  banco do Brasil.

           Pálido...Tremendo...Pisou firme.  Entrou.  Jamais entrara num banco.

Tão grande, tanta gente trabalhando e tantos clientes.   Perguntou pelo gerente e o funcionário levou-o a uma sala separada.

           Seguindo as orientações, mostrou-lhe um cartão com as letras SHURV.

Em poucos minutos recebeu uma chave e dois seguranças armados  levam-no a uma sala a meia-luz no final de um corredor sem fim.   À sua frente estava o cofre 126.

            As mãos trêmulas não conseguem encaixar a chave.   Respira fundo...

Dá um tempo...Disfarça. Enxuga o rosto suado...Gira a chave e nada...   Gira pela segunda vez...Gira pela terceira vez  e  num  som enferrujado o   cofre abre-se.   Uma luz amarela ilumina o seu interior.

           Jaime estica o pescoço e paralisado fica.    Mãos ágeis enchem  a  mochila com notas de cem reais.  Fecha  o  cofre  e  a  mochila.  Sente por dentro um vulcão pronto pra entrar em erupção.  Sorri e agradece os seguranças.   Entrega a chave ao gerente que insiste em servir-lhe um café.  Ao primeiro gole, um acesso de tosse.  O café é cuspido pra camisa branco total do gerente.

          Sem olhar pra trás, deixa o prédio a passos  tão largos capazes de provocar inveja ao mais hábil avestruz.   Embrenha-se na multidão.    Alívio de missão cumprida.  Flutua entre balões coloridos que brotam do chão. e  pipocam em todas as direções.   Dona Josefina aparece vestida de branco  voando entre os balões.

          Jaime para no ponto de ônibus lotado.    Dois  homens  de  terno   e gravata aproximam-se dele, um de cada lado.   O da direita cochicha-lhe ao ouvido.   Não tem jeito.   Entrega-lhe a mochila.  O homem da esquerda entrega-lhe uma caixinha.   Despedem-se dando-lhe beijos nas  bochechas ardidas e vermelhas feito pimenta.   "Dê lembranças a Dona Josefina."

           Já dentro do ônibus, abre a caixinha,   encontra um DVD e um bilhete:   "Obrigado Jaime por nos ter prestado tamanho favor de um jeito tão perfeito.   Sabíamos que era inteligente, mas você foi além de nossas expectativas.   Assista ao DVD.   Ali  encontrará respostas  a  todas as interrogações que atormentarão você. Abraços.
        


O MISTÉRIO DO LIVRO ESTRANHO! - Dinah Amorim

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O MISTÉRIO DO LIVRO ESTRANHO!
Dinah Amorim

Jaime, adolescente estudioso, após ter recebido um livro tão esquisito, de escrita indecifrável, desconhecida até por sua mãe, conhecedora de muitos enigmas, fica cismado pelos cantos, querendo desvendar o mistério.

Sua mente juvenil e curiosa o leva a viajar por várias hipóteses. Seria uma pista disfarçada para algum lugar diferente. Quem entregou esse livro, justamente a ele.  Revela alguma coisa, com certeza. Não parece  brincadeira.

Poderia ser também mapa de algum tesouro, um tipo de código a ser descoberto e decifrado, mas por quem. Para quê. Por que a ele.

Dúvidas e mais dúvidas que permanecem, ocupando-o totalmente, esquecendo-se de comer e dormir.

Mundo estranho esse que nos faz tão diferente, de repente. Alegre, falador, comilão que era, rapidamente se transforma.

Um simples livro mandado através do correio e deixado à sua porta o transtorna!

Senta-se à mesa do escritório de seu pai, repleto de livros, devora-os buscando alguma semelhança com a escrita recebida. Nada, nenhum desenho ou referência parecida.

Percorre as folhas e percebe que há intervalos entre algumas formas, maiores ou menores, semelhantes a palavras.

Vários pontos em relevo, interligados, horizontalmente, verticalmente, em maior ou menor quantidade. Formam desenhos diferentes, aparecendo salientes de um lado e profundos na página oposta.

O menino, de tão esperto, começa a decifrá-los pela diferença. Alguns iguais, outros não, parecendo mesmo um tipo de linguagem.

Quando percebe alguma palavra igual, mesmo sem conhecê-la, assinala com uma caneta de cor verde. Percebe assim que muitas se repetem. A  forma é a mesma.

Como é muito inteligente, percebeu que deveriam vir de algum tipo de máquina com tamanho igual para cada caractere. Acha magnífica sua descoberta. Falta saber o que significam.

Às vezes um ponto, às vezes dois ou três, numa mesma letra. Mudam as formas, mas nenhuma letra passa de seis pontos.

Letras sim, letras formando palavras, que formam frases.

Bastaria conhecê-las.

Dirige-se à biblioteca local e procura um livro sobre alfabetos. Quem sabe descobre a origem dessa língua tão estranha.

Começou pelos nomes de pessoas brilhantes que inventaram escritas diferentes. É um trabalho difícil, demorado, pesquisando várias passagens de nossa história. Chega, de repente, numa interessante: a vida de Louis Braille, um francês, que após ter ficado cego, compadece-se da situação dos deficientes visuais e cria um método que fica conhecido como método Braille, em sua homenagem. Dá origem à escrita que veio facilitar a vida estudantil de muitas crianças cegas.  É sentida e aprendida através do tato, significando cada formação de pontos, uma letra. Um ponto à esquerda seria a letra a ou número 1, outro ponto colocado logo abaixo do a seria a letra b ou o 1 e 2, e assim surgiu um alfabeto para o cego poder ler e aprender literatura, matemática, música, tudo enfim, bastando mudanças nas posições dos caracteres, sempre usando variações entre 6 pontos. Quando o relevo tem todos os pontos marcados, corresponde ao é (e agudo). Esse método progrediu muito, surgindo as primeiras máquinas Braille na Alemanha e estados unidos, facilitando pessoas cegas na sua aprendizagem.

Hoje em dia, os deficientes visuais fazem faculdades, trabalham como qualquer pessoa, têm vida normal, estudam e leem, o que é muito importante para qualquer um! Existem até computadores em Braille.

Louis Braille morreu há muitos anos, mas sua invenção permaneceu no mundo, beneficiando pessoas.


Jaime procurou conhecer a escrita Braille numa instituição para cegos, aprendeu a lê-la e escrevê-la, tornando-se um ótimo voluntário!

O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA - Pedro Henrique

  O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA Pedro Henrique        Curioso é pensar na vida e em toda sua construção e forma: medo, terror, desejo, afet...